A OFERENDA - Season 2 escrita por Lervitrín8


Capítulo 7
Capítulo 06.


Notas iniciais do capítulo

Diz aí, nem demorei tanto! HAHAHAHA. Estava super ansioso para postar esse capítulo, mas, alguns imprevistos me fez atrasar um pouquinho.
Espero que vocês não me matem :( MESMO! ♥ Boa leitura.



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― É o que acontece por não me escutar – ando de um lado para o outro, tentando aliviar a tensão de meus ombros e tentando me tranquilizar, embora não esteja tão fácil.

― Eu não sei se você percebeu, Mel, mas todos estamos bem e salvos – Diana tenta não se alterar, mas sei que ela também se assustou com o desabamento que, acredito eu, fomos os geradores e por fim, está tão nervosa quanto eu.

― Bom, não todos, né? – Thomas dá de ombros, sentado ao chão, com as costas encostadas em uma das paredes do prédio que encontramos recentemente.

― Qual foi o último momento em que escutaram ele? – Diana questiona, impaciente, batendo o pé no chão com frequência.

― Quer mostrar para todo mundo onde estamos? – não queria ser tão grossa quanto fui, porém, às vezes sinto como se precisasse tomar conta de tudo. – O barulho – indico. – Acho melhor parar.

― Só estou nervosa, desculpa – ela sussurra, admitindo seu erro.

― Foi Enricco que fez correr, assim que percebeu que a nuvem de poeira do desabamento do prédio tinha se transformado... naquilo – Thomas começa a repassar a situação, tentando verificar em qual momento perdemos Enricco. - Acredito que nuvens de poeira não devem sair sobrevoando a cidade como aquela fez, ou devem?

― Acho que não – Diana diz como se estivesse pensando alto.

― Enricco estava correndo ao meu lado o tempo todo – Thomas continua explicando –, mas quando vocês começaram a gritar eu achei que havia acontecido algo e tentei me guiar pelos gritos de vocês, já que era possível abrir os olhos em meio aquilo. Foi então que esbarrei em Diana e a fiz cair. Você notou – ele aponta para mim rapidamente – e parou instantaneamente, mas acho que Enricco continuou correndo.

― Falando nisso, como está seu joelho? – questiono, parando de andar perto de Diana.

― Não acho que ficará ruim – ela justifica –, só sinto a dor do impacto e essa ferida... Acredito que logo cicatriza.

― Sabe que precisamos que estejas bem logo, não é? – minha voz ecoa firme. Não estarei junto de ninguém que me atrasará.

― Sim – ela me encara por alguns segundos e depois olha para Thomas, e então, retorna a me encarar. Não sei o que aquele olhar significou, mas, estou em desvantagem aqui, quando se trata de Experimentos. Por Diana e Thomas serem ambos do E21, não acho que Thomas irá preferir a mim, caso precise optar. – Vou tentar descansar um pouco – avisa Diana. – Descobri que no andar superior tem algumas camas em bom estado. Há um banheiro também, mas a água parece podre. De todo modo, é bom marcarmos esse local, quem sabe pode virar nosso lar.

― Pode deixar, já está gravado aqui – Thomas bate com o dedo indicador duas vezes em sua cabeça, indicando que já registrou a informação. – Bom descanso, Di.

Após Diana subir a escada, demonstrando um pouco de dificuldade, começo a pensar no momento em que encontramos Enricco, que pareceu bastante aliviado em ter nos descoberto. Segundo ele, só mais um rapaz conseguiu sobreviver ao seu experimento e eles não criaram um vínculo muito bom. Após avistar o garoto correndo próximo ao cemitério, Thomas foi o único que teve coragem de segui-lo e abordá-lo. E então, o trouxe até nós.

― Viu isso? – Thomas interrompe meus pensamentos, assustando-me.

― O que? – não entendo o que ele quer dizer.

Thomas levanta-se rapidamente e dirige-se à janela mais próxima, com passos leves e tentando não ser visto por quem estiver do lado de fora. Ele faz um gesto para eu me abaixar e ficar em silêncio e, por não entender a situação, acabo obedecendo. Ele fica ao lado da janela, tentando espiar a movimentação do lado de fora.

― Não tenho certeza, mas acho que vi um vulto – ele fala baixinho, enquanto mostra com uma mão que devo permanecer abaixada.

Quem ele acha que é para me dar ordens? Se ele não tem coragem para espiar de maneira eficiente o que está acontecendo do lado de fora, creio que eu precise tomar uma ação. Claro que penso em todos os pós e contras, afinal, pode ser qualquer lunático tentando procurar o próximo sobrevivente para matar, mas, nunca saberei se não for verificar.

Levanto e vejo o olhar incrédulo de Thomas me seguindo, certamente, ele é muito mais prudente do que eu. Dirijo-me até a porta do local e vejo o rapaz balançando a cabeça negativamente, indicando que não devo abri-la. Tenho vontade de rir e, confesso que achei seu jeito um tanto quanto fofo. Com a mão na maçaneta, abro a porta silenciosamente e, aos poucos, vou para o lado de fora, fechando a porta logo em seguida. Olho para o lado da rua em que Thomas indicou o vulto passando, vejo outros prédios, com um pouco de dificuldade, afinal, a noite adentra e nos tira a luminosidade natural – que geralmente é pouca.

Thomas continua do lado de dentro e sei que me espia. Não acredito que exista alguém por perto, pelo menos, não consigo avistar. Existem diversas ruas laterais e, por isso, pode surgir alguém a qualquer momento. Caso alguém apareça, não indique onde seus colegas estão, mentalizo. Sei que precisarei correr e, caso Thomas não me ajude, vou precisar me virar sozinha, procurar algum outro lugar para ficar, mesmo que temporariamente. De todo modo, não me arrependo de ter vindo procurar. Avanço um pouco, em linha reta, com bastante atenção e cautela. Tento fazer o mínimo de barulho possível e, por isso, meus passos são lentos e calmos.

De repente escuto um barulho vindo pelas minhas costas e instantaneamente penso que cometi um erro primário: não olhei para ambos os lados ao sair do prédio. Sem muito pensar, começo a correr sem olhar para trás, tentando me afastar ao máximo do local onde Thomas e Diana estão, todavia, sou pega imediatamente pelo braço e forçada a olhar para o resto de quem me persegue: Enricco. Meu corpo relaxa no mesmo instante e ele sorri em troca, com a respiração ofegante. Meus braços envolvem seu pescoço enquanto o ritmo do meu coração volta ao compasso habitual. Com o passar dos segundos me sinto constrangida e me afasto de Enricco rapidamente.

― Desculpa – menciono. – Estava esperando um sobrevivente assassino.

― Eu imagino que sim, pelo jeito que correu – ele ri. – Não tem problema. Você está sozinha?

― Estou com Diana e Thomas – respondo. – Estávamos falando de você há minutos atrás.

― Que bom que encontrei você. Eu não iria descansar até encontrá-los.

― Thomas que viu seu vulto pela janela – informo ao apoiar minha mão em seu braço e nos encaminharmos para o “nosso lar”, como diz Diana. No exato momento, metade do corpo de Thomas aparece pela porta, acenando para nós dois.

Corremos até o prédio, onde Enricco foi recebido por Thomas com um abraço enérgico. Fechei a porta e empurrei um tipo de baú que havia na sala, para impedir que fosse aberta. Enricco se acomodou na cadeira em que Diana anteriormente estava sentada, Thomas voltou a sentar no chão e eu me ajeitei em cima do baú.

― E então? – Thomas sorriu ao questionar.

― Onde está Diana? – Enricco pergunta, ainda demonstrando cansaço.

― Deitada no andar de cima – responde Thomas.

― Estava correndo desde o momento em que saí da nuvem de poeira – ele diz, enquanto respira fundo –, me apavorei um pouco quando vi que vocês não estavam logo atrás. Não podia acreditar que tinha perdido o que recém havia ganhado.

― Já recuperou – menciono, sem dramatizar.

― Será que agora teremos tempo para conhecer um pouco sobre a sua história? – a pergunta é feita por Thomas e logo torço para que tenhamos uma noite calma. – Digo, sobre a história do seu Experimento?

― Não é melhor contar quando Diana estiver junto? – Enricco questiona.

― Não pude deixar de perceber que temos visita – ela responde do alto da escada. Enricco dirige-se ao pé da escada para vê-la. Diana desce lentamente e com certa dificuldade, seus olhos me encaram durante todo o trajeto, ela sabe exatamente o que estou pensando.

Enricco estende a mão e auxilia Diana na descida. Ela senta-se na cadeira – que por sinal, é a única no ambiente – e Enricco toma assento ao lado de Thomas.

― Como eu contei para vocês, somente eu e Scott saímos com vida do Experimento 26. Nosso Experimento era dentro de um hospital abandonado, era como se fosse um labirinto. Os andares eram infinitos, para cima e para baixo, a escuridão tomava conta do local e, por isso, nunca sabíamos quando era dia ou noite. Cada andar possuía apenas um imenso corredor, e nele, diversas portas, na maioria das vezes trancadas. As poucas que abriam estavam vazias ou possuía uma maca, ou algo do gênero – Enricco dá de ombros, lembrando-se da situação.

― E onde está Scott? – questiono.

― Também está na cidade – ele prontamente responde. – Ambrol mencionou que haveria outros sobreviventes de Experimentos aqui. O E26 foi concluído na tarde do último dia em que vocês estavam no centro dos russos. Eu e Scott estávamos em uma sala com pouca luminosidade e, aos poucos, eles foram aumentando, para que nos acostumássemos com a luz. Fomos alimentados com um negócio estranho e só saímos do centro na noite do dia seguinte, ou seja, na primeira noite de vocês aqui. Desde então não vi Scott e perambulo por essas ruas, tentando encontrar uma saída logo.

― Ambrol também mencionou que quanto mais pessoas vivas aqui, menor é o nosso tempo de vida? – me ajeito no baú, encostando minhas costas na porta.

― Comentou sim – ele responde. – Provavelmente Scott usará esta informação para acabar com qualquer um que ver pela frente.

― O que aconteceu para vocês se odiarem? – Diana parece desconfiada da história.

― Eu prefiro não falar sobre isso, desculpa – seu olhar se torna triste em questão de segundos, a lembrança com certeza o afeta.

― Sem problemas – ela dá um sorriso de canto, um pouco frustrada. – Vocês eram do mesmo experimento?

― Thomas e Diana sim – digo. – Eles eram do E21. Eu sou do E14.

― Fui o último a entrar no E21, dentro de uma espécie de casulo – Thomas relata algo que eu ainda não tinha conhecimento. – Enquanto alguns me salvavam, a garra pegou um dos habitantes do Vale, como chamamos o local.

― A morte lá era através de uma garra? – Enricco parece se surpreender.

― Isso – é Diana quem responde. – Anteriormente ela nos visitava uma vez por semana, depois, passou a ser diariamente. Esteve presente até no último instante, quando conseguimos fugir de lá.

― E como era no E14? – ele me questiona.

― Uma caverna. Também não tinha muita luminosidade, mas não era um breu completo. As mortes ocorriam por buracos, pequenas erosões que surgiam no chão, sem aviso prévio. Diferente do E21, não havia um período correto para eles aparecerem, mas, ao surgir, quando uma pessoa caía, o processo parava instantaneamente. Os buracos surgiam silenciosamente e como o ambiente era bastante escuro, só percebíamos quando surgia bem à frente de alguém, então a pessoa avisava aos demais e todos ficavam atentos para escapar e pular a qualquer momento. Eles se espalhavam pelo local até que alguém fosse pego. Carter quase caiu uma vez, mas conseguiu se agarrar em uma raiz tempo o suficiente para Lex e Edmund conseguirem erguê-lo. Logo em seguida um buraco surgiu exatamente onde Edmund estava.

― Praticamente um sacrifício – Enricco comenta, quase inaudível.

― Sim – também assinto com a cabeça. – Mas também tivemos algumas mortes sem ser por eles.

― Tipo? – Thomas parece intrigado.

― Tipo o grandão loiro que vocês viram no centro – esboço um sorriso.

― Acho que vou gravar essa informação – Diana brinca. – Com certeza vou.

― Ele não é de todo ruim, acreditem – expliquei, não queria parecer uma cobra falando mal de um colega. – Na realidade, ele matou uma das pessoas que ele mais gostava... Ela pediu. Estava sofrendo – me recordo da cena, segundo por segundo. Na época eu não medi esforços em deixá-la para trás. Egoísmo, talvez. Buscava alcançar meus objetivos e desejava apenas o que era melhor para o grupo e certamente manter Nico ou carregá-la por todo o trajeto não era uma das opções. Olho para Diana e sei que estou cogitando realizar a mesma ação, caso continue inválida por muito tempo. Meu único receio é seguir sozinha, já que provavelmente Thomas ficará com ela. Então meu próximo objetivo está traçado: preciso trazer Enricco para meu lado. E logo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam?
O capítulo está mais tranquilo, né? Voltado para a resolução de alguns mistérios, não todos, claro. E tenho certeza que, com a leitura da nota inicial, vocês acharam que alguém fofo morreria. HAHAHAHA. Como amo deixá-los nervosinhos.
Então, já vou dar spoiler aqui, próximo capítulo temos Lex, Jess e Olívia como foco principal, porém, acredito que surjam mais alguns aí no meio ;x
Beijocas, comentem, critiquem, sugiram, elogiem e mandem beijo pra mim. Postem as suas #s, eu amo!