A OFERENDA - Season 2 escrita por Lervitrín8


Capítulo 6
Capítulo 05.


Notas iniciais do capítulo

TCHARAMMMM! Olha quem voltou?
Não prometo postar tão rapidamente como antigamente, pois, ainda estou fazendo meu artigo, MAAAAS, me deu saudades e voltei antes do que o previsto.
Espero que gostem ♥



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― É a sua primeira lembrança? – assim que consigo acalmar Alynn, após encontrá-la em um beco escuro aos tremores, levo-a para o terraço de um pequeno prédio, onde acordei no dia anterior sozinha. Ela está visivelmente abalada e sei que não confia em mim. Não mais. Mas realmente acredito que posso reverter esta situação e não medirei esforços para isso acontecer.

― Sozinha naquela sala branca – ela assente com os braços em volta do seu próprio corpo, enquanto se escora na grade de proteção do terraço, umas das poucas coisas intactas do local.

― Passamos por muitas coisas no Vale – deixo escapar baixinho o que era apenas para ser um pensamento.

― Como é mesmo seu nome? – ela me olha intrigada, como se fizesse esforço para se lembrar dos acontecimentos ou de mim. – Desculpa, mas, não consigo recordar de nada.

Eva – respondo. – Sua melhor amiga no Experimento anterior – é claro que não fomos apenas amigas, claro que não. Mas como contarei isso? Penso que talvez seja melhor esquecer o assunto ou... Deixar que tudo aconteça naturalmente, como sempre foi.

― Por que eu não estava junto com vocês, então? – sua observação tem um leve tom de desconfiança.

― A última vez que nos vimos no Vale foi no dia em que saímos dele – explico. – Estávamos escapando e você ficou entre as últimas pessoas a sair da caverna e passar pela ponte, que desapareceu logo em seguida, fazendo você cair e ser carregada pela correnteza. Achamos que você seria arremessada para o ar, como geralmente acontecia, mas não foi. Depois disso apagamos e surgimos na sala também, estávamos todos juntos, exceto você, e então, pensamos que você havia morrido. Por isso fiquei tão surpresa ao vê-la, mas você...

― Sim – ela me interrompe, dando de ombros. – Me desculpe por aquilo, eu só estava...

― Assustada – digo, cortando-a. – Eu entendo. Não tem problema. Eu logo soube que alguma coisa não estava certa.

― Confesso que não imaginei que teria forças para derrubar alguém no chão – ela sorri levemente.

― Na situação atual, também diria que não – menciono. – Mas no Vale você demonstrou ter bastante força.

― E então – ela quebra o silêncio de longos minutos –, o que você acha que devemos fazer agora, Eva?

― Alynn, antes de qualquer coisa, você precisa saber que não pode confiar em ninguém – vejo-a olhando estranhamente para mim e capto o que ela está imaginando –, digo, em mim você pode confiar. Sempre pôde. O que quero dizer, é que provavelmente todos vieram para cá com o único objetivo de sair o quanto antes e, juntamente com isso, Ambrol comentou que quanto menos pessoas na cidade, mais tempo sobreviveremos.

― Você acha que estão matando uns aos outros? – ela me pergunta com olhar inocente e vejo seu corpo tremer. De medo.

― Tenho certeza disso – concluo.

― Você pretende ficar do meu lado? – ela me encara, como se estivesse ansiosa pela resposta. Um pouco preocupada também, talvez.

― Não tenha dúvidas – meus dedos tocam seu rosto, acariciando-o levemente. Percorro toda a extensão lateral da sua face e ela cerra os olhos por alguns segundos, apenas aproveitando a sensação que o contato entre nós duas oferece. Tenho vontade de sentir seus lábios junto aos meus, mas receio por sua reação, todavia, aproximo meu rosto do seu, posso sentir o ar saindo vagarosamente de suas narinas.

Um barulho quebra o clima e rapidamente levanto-me. Me aproximo o máximo possível da beirada do terraço para observar de onde ele vem. Observo Magrit levantando-se do chão e, logo em seguida, erguendo uma grande lata de lixo enferrujada, que provavelmente cortou seu caminho. Tento controlar, mas uma leve risada vem do fundo da minha alma e sinto prazer em vê-la sofrendo um pouco.

― O que foi? – Alynn questiona, ainda sentada no mesmo local.

― Magrit.

― Você conhece? – ela me olha confusa, sem lembrar da antiga rival.

― Sim, estava no mesmo experimento que nós – respondo. – Digamos que não é flor que se cheire.

― E o que você pretende fazer?

― Talvez deixá-la sozinha e torcer para que morra – Alynn me olha assustada: definitivamente, não é a mesma Alynn que conheci. – Ou talvez acolhê-la?

Confesso que existem benefícios em “acolher” Magrit, pelo menos por enquanto. Afinal, se estivermos em alguma situação de perigo, Magrit pode ser a distração necessária para que eu e Alynn possamos fugir com vida. A garota é quase um demônio, tê-la ao meu lado contra os outros sobreviventes dos Experimentos não seria uma má ideia.

― Acho que deveríamos trazê-la para cá – Alynn sugere, tirando-me do devaneio.

― Vou descer para chamá-la.

Ao contrário do que imaginei, foi mais fácil trazer Magrit do que eu pensei. Ela me pareceu bastante assustada com toda essa nova situação e, sem sombra de dúvidas, prefere estar com alguém que tem antipatia do que estar sozinha. Às vezes esqueço que Magrit é a mais nova do E21. Quando ela vê Alynn, esboça um pequeno sorriso, mas, ao mesmo tempo, se mostra bastante surpresa.

Uma nuvem de fumaça bastante espessa cobre o céu, tornando tudo um pouco mais cinza e desagradável, bem diferente da realidade do Vale. Desde que acordei não fiz nada, com exceção de encontrar Alynn e Magrit. Não fiz nada ao que se refere encontrar a saída deste local e confesso, pouco me importa descobrir o mistério que essa maldita cidade tem.

― Acho que devemos sair daqui logo – sugiro. – Ficar aqui não vai resolver nada.

― Concordo – diz Alynn, enquanto Magrit apenas assente com a cabeça. Alynn levanta-se e dirige-se à saída do terraço e olha para trás – E acho que devemos agora.

Magrit nos conta que acordou só, não muito longe de onde estamos. Segundo ela, não se sentiu confortável de sair do seu esconderijo no primeiro dia, já que também acredita que a matança deve estar acontecendo. Ela estava bastante assustada e resolveu permanecer praticamente imóvel durante o primeiro dia imóvel. Ouviu algumas pessoas passando por perto, porém, seu esconderijo não proporcionava uma visão ampla do espaço, logo, não conseguiu identificar ninguém. Por fim, concluiu que não se salvaria se lá continuasse, então resolveu sair do ninho e procurar a liberdade.

Caminhamos boa parte do dia rente aos prédios destruídos, cautelosas com tudo ao nosso redor. Magrit decidiu ir à frente do grupo, enquanto Alynn tomou a posição do meio. Não encontramos nada suspeito, bem como outras pessoas. Em certo momento parei para pensar sobre alimentação e então me dei conta que não senti fome desde a chegada a Maltrak.

Quando a noite começou a cair escutamos um estrondo forte vindo da dianteira, fazendo-nos parar rapidamente.

― Uma explosão? – pergunta Magrit, apoiando-se na parede do prédio ao lado.

― Parece algo caindo – Alynn dá alguns passos para trás, pisando em meus pés.

― Desabamento – sussurro.

Repentinamente, escutamos gritos que parecem vir de lugares distintos e, com eles, uma nuvem de poeira se aproxima rapidamente de nós. Alynn dispara correndo e só então eu e Magrit fazemos o mesmo. Os gritos se aproximam cada vez mais e, em poucos segundos, estamos todas dentro da nuvem de poeira, no qual é impossível enxergar um palmo a sua frente. Corro com os braços balançando de um lado para o outro, com o intuito de prever uma possível colisão e, por isso, diminuo as passadas, para que o impacto seja menor. Ao contrário daqueles que estão dentro da nuvem de poeira, permaneço em silêncio para não ser notada. Me perco de Magrit e Alynn, mas, não ouso gritar por seus nomes, sei que isso pode colocar um grande alvo em minhas costas. Sinto os gritos se aproximando de mim e decido correr mais rápido, até que a colisão com uma parede me faz ir ao chão em segundos.

Acordo com Magrit me sacudindo e posso ver o medo em seus olhos. Ela chama por meu nome repetidas vezes, até se certificar que estou, de fato, acordada.

― Você caiu? – ela ri levemente.

― Assim como você na lata de lixo – retruco. – Onde está Alynn?

― Não sei onde foi parar a sua namoradinha esquecida – ela responde e parece que temos a Magrit original novamente. – Vai ficar aí no chão por muito tempo?

― Vou procurá-la – digo ao me levantar e deixar Magrit para trás, todavia, percebo que ela me segue imediatamente. – Você não precisa vir comigo.

― Sei disso – ela responde.

― E então? – questiono.

― Não será hoje que acatarei uma ordem sua – ela retruca.

Não muito longe de onde estava, em uma rua lateral sem saída, avistei Alynn deitada. Não conseguia ver seu corpo inteiro, somente suas pernas, já que o restante se escondia atrás de algumas caixas. Corro em direção, gritando por seu nome, mas ela não responde.

― Óh não! – exclamo assim que me aproximo do corpo. Cambaleio para trás e sinto as mãos de Magrit em minhas costas.

― Que horror – ela diz, evitando olhar para o corpo morto de Alynn, pousando sua cabeça em minhas costas.

Seu corpo, jogado no chão, tinha um corte em toda extensão do pescoço e ainda havia resquícios de poças de sangue.

― Os gritos – digo ao virar para encarar Magrit, que se recompõe rapidamente.

― Havia muita gente na nuvem – ela dá de ombros.

― Como você sabe?

― Precisei me esconder dentro de um desses prédios para despistar dois sobreviventes – ela justifica, parecendo ser sincera. – Quando vi que eles não estavam mais por perto, resolvi sair e procurar por uma de vocês; foi então que te encontrei caída.

― Você reconheceu algum deles? – questiono, tentando verificar a veracidade da informação.

― Uma morena do E18, se não me engano – responde ela. – Junto com o oriental. O que você pretende fazer com o corpo dela? – ela muda de assunto, lembrando-me do acontecido com Alynn.

― Não sei onde colocá-la, então...

― Deixamos aqui? – ela pergunta.

― Me ajuda a rasgar essas caixas e cobri-la? – peço, pela primeira vez, tratando Magrit com delicadeza.

― É claro.

Não parecia ter se passado muito tempo após o estrondo, uma vez que o céu permanecia com a mesma cor, tampouco mais escuro. Magrit e eu decidimos permanecer juntas, afinal, duas cabeças – malignas – pensam melhor que uma. Após cobrirmos o corpo de Alynn, voltamos para o caminho que estávamos percorrendo até sermos alcançadas pela nuvem de poeira. Nosso objetivo é chegar ao local que julgamos ter acontecido um desabamento. Intercalamos entre corrida e caminha, sempre parando quando uma das duas demonstrava estar cansada demais para seguir em um ritmo acelerado.

Acredito que demoramos cerca de uma hora para chegar ao local. De fato, existiam vestígios de desabamento, porém, o que mais há por aqui são destroços, logo, não podemos concluir que este aconteceu há poucas horas.

― Olha ali – Magrit aponta para um local à direita do prédio desabado.

― O que exatamente é isso? – pergunto, em dúvida. Quando me dou conta estou me aproximando do que parece ser um cemitério extremamente desorganizado.

O local é extenso, logo na entrada existe um símbolo que lembro já ter visto em algum lugar, mas não consigo precisar onde. No final do terreno encontram-se tumbas, diversas dela. Logo penso que ex-sobreviventes encontram-se dentro delas. Todos eles já passaram pelo que estamos passando agora. No meio do terreno existem corpos misturados a esqueletos, jogado aleatoriamente pelo ambiente. Não creio que Ambrol se daria ao trabalho de continuar com um projeto de cemitério perfeito em uma cidade totalmente destruída. Quando é que nossos corpos vêm para cá? Quando todos morrem? Poderíamos ter trago Alynn para cá, pelo menos não estaria sozinha e, de certa, forma, estaria em um local apropriado.

― Vamos entrar? – proponho e Magrit me olha intrigada.

― Isso é sério? – ela retruca.

― Sim.

― Pode ser – ela dá de ombros e sai caminhando na minha frente.

Caminhamos lentamente, tomando cuidado para não pisarmos em nenhum osso ou corpo em decomposição. Conseguimos chegar bastante perto das tumbas e assim, conseguimos ver alguns nomes de ex-sobreviventes, bem como de quais Experimentos participaram. “Ka Telins – E02”; “Guisg Dolin – E02”; “Telmo d’Antonella” E-03”; “Marcela Cock – E05”; “Lorenzo Santt – E07”...

― Olha aquilo ali – Magrit sussurra próxima ao meu ouvido, desconcentrando-me da leitura dos nomes, enquanto caminhava vagarosamente entre as tumbas. Estava tão concentrada que não notei se aproximar.

Meus olhos acompanham a direção que Magrit indica, o que vejo é inacreditável, tanto que esfrego meus olhos para ter certeza do que há na minha frente: uma garota cavando desesperadamente um buraco em uma das tumbas.


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Notas finais do capítulo

E então? Estavam com saudades? Digaaam que sim!
Capítulo super bacaninha, com novas informações.

Em relações as outras fics, permanecerão paradas por mais um tempo, caso contrário, irei endoidar! KKKKK

Comentem, sugiram, critiquem... Ok? Beijocas no coração de vocês e até mais.