Heróis das Seis Flores- Interativa escrita por White Rabbit


Capítulo 2
01- Onde as feras se divirtem- Parte I


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas, estou trazendo aqui um capítulo novo em folha. Esse capítulo mostra alguns acontecimentos do que aconteceu na Terceira vinda do Arquidemônio. Algumas lacunas foram deixadas de propósito e estas serão preenchidas durante a fic. Espero que gostem e boa leitura.



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Onde as feras se divertem- Parte I

“Temos que sorrir se quisermos superar dor, sorrir bem na cara do desespero”.

–Adlet Miyer, Rokka no Yuusha.

Guren no Yumiya- Linked Horizon

Um milênio antes da quarta vinda do Arquidemônio...

O homem aproximou-se da antiga construção. Era uma pirâmide de pedra engrenhada no meio da floresta, num local de difícil acesso. Estava velha e cheia de rachaduras, com aberturas em alguns pontos, o piso estava gasto e já não havia mais inscrição nenhuma, os grandiosos totens que se erguiam em volta da pirâmide estavam agora destruídos, arruinados pela passagem do tempo. Usando uma capa preta lustrosa e roupa feitas de couro tingidas de preto, o homem disfarçava-se na escuridão, não podia ser visto por ninguém- se é que havia alguém ali, atravessar a floresta fora difícil, até mesmo para ele, alguém colocara centenas de armadilhas nela, e se chegara ali, era porque é realmente bom no que faz, se perguntava quem havia marcado aquela reunião, seria um dos Usuários do Demônio como ele? Aproximou-se da pesada porta de pedra.

Na porta havia apenas uma fechadura circular dividida em pequenos outros círculos, que continham inscrições, os círculos menores eram rotatório e ele tinha de coloca-los na posição correta para destravar a entrada. Moveu o círculo maior calmamente até a figura que representava o fogo, o do meio, moveu com certa dificuldade até uma figura que representava um bebê e logo o nascimento, e por fim, o círculo menor, moveu até o símbolo que representava a morte, a senha era simples: O Fogo que nasceu para matar, ou o Fogo que surgiu para trazer a morte. Logo, o Arquidemônio.

Ouviu um estalar e empurrou a porta com força fazendo essa abrir-se com um grande estrondo. O homem adentrou cobrindo o rosto devido a poeira, com pequenos estalares de dedo liberava faíscas para acender as tochas iluminando o caminho. O corredor era longo e estreito e não havia nenhuma saída além da porta de entrada- ou seja, uma armadilha para intrusos- ao final do corredor duas sentinelas bloquearam o caminho com suas pesadas lanças. Homens altos e robustos que usavam máscaras que lembravam o jaguar- uma fera que habitava aquela região- e tinham um olhar assassino. Ele expôs o braço onde havia “a marca” e estes liberaram sua passagem.

Retirou a capa negra jogando-a no chão junto a outras que já estavam ali. Chegando próximo a um pequeno altar de pedra onde ardia uma pequena fogueira, puxou o seu punhal de estimação e cortou a própria mão sem cerimônia, deixando que algumas gotas de sangue ardessem nas chamas. Depois disso, atravessou para o seu destino. Era uma sala fechada e um pouco escura, uma mesa de pedra no centro da sala com exatamente seis lugares, outras cinco pessoas estavam presentes, que olhavam curiosas para o recém-chegado:

– Enfim chegou- falou um dos homens o encarando com certo desprezo, tinha a mesma marca que ele, porém esta estava localizada no pescoço- achei que tivesse morrido no meio da floresta.

– Não sou de se matar tão fácil, é necessário muito mais do que uma floresta par me deter. Muito mais- enfatizou o homem, sentando-se no último banco de pedra que estava vago- podemos começar então, não acham?

Todos os outros ergueram a mão direita sobre o seu respectivo símbolo. Fogo, Terra, Água, Ar, Céu e Floresta. Todos os seis haviam herdados poderes inimagináveis com um único propósito. Deter os inimigos do seu mestre, afinal, todos os seis possuíam uma coisa em comum. A “marca” do demônio, os escolhidos pelo Fogo Consumidor para deterem os heróis de destruírem os seus propósitos. Aquela marca, dava eles poderes sobre um determinado elemento e estes poderes poderiam ser usados conforme a sua vontade e representavam diferentes aspectos da personalidade do seu mestre, estas que quase destruíram o mundo duas vezes.

Todos eles eram deserdados da sociedade, expulsos de suas cidades e do seio de suas famílias por cometerem diversas atrocidades. E o Arquidemônio lhes deu o que eles mais queriam, riqueza e poder, em troca apenas de sua fidelidade. E como os Heróis já se direcionavam para lutar contra os demônios, eles precisavam se mobilizar o mais rápido possível. E cumprir o seu devido papel. Foram recrutados um a um nas últimas semanas e estavam ali para saber o que deveriam fazer.

– Eu tenho um plano em mente- um dos homens levantou-se com voz de líder- devemos capturar os heróis enquanto ainda estão separados, assim eles serão mais fracos e podemos garantir a vitória para o nosso lado.

– Acha mesmo isso possível?- respondeu uma das mulheres presentes- eles são os “heróis” lembra?

O homem apenas deu um sorriso enquanto fazia um sinal com a mão esquerda, um ruído pode ser escutado, como se algo fosse arrastado pelo corredor, e trazido por diversas vinhas que surgiram das brechas do local, estava o corpo quase morto de uma mulher, com cerca de trinta anos de idade, os cabelos e as roupas manchadas de sangue. Manchas roxas, inchaços e cortes eram bastante visíveis. O homem aproximou-se dela a passos duros enquanto que as vinhas e cipós a erguiam, colocando-a de pé, ela estava desacordada. Ele rasgou um pedaço de sua saia, mostrando a todos os outros presentes a famigerada “Marca das Seis Flores”.

– A capturei hoje de manhã- todos os outros gritaram surpresos- estão vendo companheiros? Eles são imbatíveis se estiverem juntos, mas quando estão sozinhos são fáceis de serem derrotados. Nós temos chances contra os heróis, basta apenas que usemos todo o nosso poder e montemos um bom plano, assim, um a um, os heróis irão cair diante de nós.

– Como você a capturou?

– Ela caiu em uma das minhas armadilhas esta amanhã, enquanto ia para as terras flamejantes, eu torturei ela para que me dissesse onde estavam os outros, mas ela se manteve calada. Não importa, o que temos que fazer agora é nos unir, e ter em mente que podemos vencer dessa vez. Que a deusa já não tem tanto poder quanto antes e que a nossa recompensa será gigantesca. Afinal vocês querem mandar neste mundo, não querem?

– E o que faremos com ela?- perguntou um dos homens, o outro apenas pôs as mãos em volta do rosto da mulher e o girou rapidamente, o som de algo sendo quebrado pode ser ouvido- pensei que pudéssemos usá-la como refém, mas não importa.

– E tem algum plano em mente?- perguntou uma das mulheres- se nos chamou aqui, eu acredito sim não é?

– Sim, eu tenho. E vamos pôr ele em prática hoje mesmo. Concordam?

– Se não concordamos, vai fazer o que? Nos matar?- outra mulher perguntou.

– Existem coisas piores que a morte senhorita, e acho que não vai querer descobrí-las.

Todos se entreolharam por alguns minutos. Era verdade o que eles queriam, fama, poder, riquezas, mandar naquele mundo inteiro. E o que tinham que fazer era apenas matar os heróis, não era tarefa fácil, mas não era impossível e a oportunidade estava bem ali diante de todos eles. Bastava apenas que dissessem um sim, e colaborassem uns com os outros.

– Estão comigo?- o homem perguntou com a voz firme.

– Sim- responderam num uníssono.

° ° °

A cidade em chamas, pessoas gritando e correndo por todos os lados, tentando salvar o que podiam. Uma nuvem negra de fumaça se erguia tingindo os céus de cinza, a família real fora morta, os soldados dizimados, e não havia ninguém ali para defendê-los, estavam largados a própria sorte. E em meio aos destroços, as cinzas e ao sangue, um único homem ria, gargalhava alto enquanto lançava faíscas pelas mãos iniciando novas chamas, as pessoas corriam dele como quem corre da própria morte.

Cabelos longos e vermelhos como fogo, sujos de fuligem, roupas de couro pretas, olhos também vermelhos e que emanavam uma aura de perigo. Pele bronzeada, alto e com poucos músculos, mas aquele homem colocaria medo em qualquer guerreiro apenas com seu olhar, um olhar demoníaco e assassino, um olhar que parecia amedrontar até os confins da alma, como um inferno sem fim.

– Se divertindo muito Raguer?- uma voz feminina chamou sua atenção, a mulher estava sentada atrás dele, sobre uma pilha de corpos incinerados, cabelos negros como a noite, lábios vermelhos e carnudos, uma roupa também preta que destacava todas as suas curvas- pensei que fosse se entediar, afinal incinerar cidades é bem fácil para o Usuário do Fogo, estranhei não ter acabado.

– Sabe que me divirto muito com isso Vishnur, transformar o mundo num inferno de fogo, é somente isso que eu quero- ele disse dando uma pequena risada enquanto limpava a fuligem das roupas- essa cidade era muito fraca, não me diverti muito por aqui.

– E não era querido, a diversão está para chegar. Isso foi para atrair os heróis até aqui lembra- a mulher pulou da pilha com maestria, limpando o sangue seco das roupas- aquela heroína de ontem não bastou, e convenhamos, ela era fraca demais.

– Tem razão, o que aconteceu com a deusa? Acho que desistiu de ajudar esse pessoal.

– Talvez, mas temos que cumprir nosso trabalho.

– E os outros?- perguntou Raguer intrigado.

– Em um... Serviço especial.

– Que tipo de serviço?- ele perguntou levantando uma das sobrancelhas.

A mulher apenas deu um pequeno sorriso enquanto olhava para o lado, onde um homem de armadura pesada corria na direção deles, brandindo uma espada longe e brilhante. Era possivelmente um dos heróis que vendo a destruição na cidade, resolveu ver o que estava acontecendo. Os dois Usuários do Demônio se olharam entre risos, estava na hora da diversão começar.

° ° °

Agora

O sol despontava no horizonte deixando uma coloração alaranjada para trás, as primeiras estrelas surgiam faiscantes no céu noturno. O garoto apressara o passo, em breve anoiteceria e os soldados fechavam o portão logo que anoitecia e ele já soubera de muitas crianças que foram devoradas por feras selvagens por ficarem do lado de fora. Cabelos marrons e espessos, corpo magro e ágil. Com as roupas sujas de lama e de grama, e carregando uma cesta maior do que podia carregar cheia de frutos, ele tentava andar rápido por entre a floresta, usando os antigos totens como guia.

Os totens eram esculturas de pedra bastante altas que representavam os deuses do seu povo, muitos deles já estavam gastos e cobertos de musgo, de modo que não se dava mais para ler as antigas inscrições, não que ele se importasse muito com isso. Os sacerdotes do templo se encarregavam de ensinar aos mais jovens os costumes e as tradições, de modo que sua cultura nunca se perdesse. Ele sabia que a Grande Vontade havia criado o mundo primordial onde os deuses viviam e estes por sua vez criaram as terras, o mar, os homens e os animais e faziam o que bem entendiam com sua criação. Não se diziam nessas palavras, mas eles eram brinquedos dos deuses.

Os últimos raios de sol se escondiam atrás das colinas, estava perto do portão. Juntou o resto de suas forças e começou a correr pela trilha improvisada que os camponeses fizeram, mas ao chegar em frente aos portões, soltou a cesta derrubando todos os frutos que carregara, os soldados que antes guardavam o portão, estavam agora despedaçados, mortos. Trêmulo o garotinho atravessou os portões da cidade. Estava destruída, casas incendiadas, corpos por todos os lados, gritos e choros, o tempo da cidade estava em chamas e não havia sinal de ninguém vivo por ali. Ele andou alguns passos para frente, com medo do que poderia encontrar. Olhando para os lados em busca de seus pais, parentes, ou qualquer um que pudesse aparecer. Ele sentiu as lágrimas caírem dos olhos, no fundo sabia que ninguém viria, sabia que algo de muito ruim estava acontecendo.

– Ora, ora, que surpresa temos aqui- o garotinho virou-se na direção da voz, apenas para encontrar seis pessoas, vestidas de capas pretas, um deles aproximou-se do garotinho, pegando-o pela camisa e erguendo-o além do chão- um convidado novo.

– Vamos logo com isso- disse uma voz feminina- temos que ir embora logo.

– Vou cuidar disso num instante.

O garoto olhava para o homem assustado, ele sentiu que a mão do homem esquentava e logo chamas surgiram. O fogo espalhou-se pelo corpo do garoto em segundos, ele fechou os olhos sentindo um ardor insuportável, em todo o corpo, era uma dor que ele nunca havia sentido na vida e o homem ria dela, o fogo ardia e consumia suas roupas e sua pele, consumindo-o lentamente. O garoto gritava desesperado de dor, se debatia, mas o homem o segurava firmemente. E logo parou de se debater, estava morto. O homem soltou-o e logo as chamas sumiram, deixando apenas o corpo carbonizado de uma criança cair num baque no chão.

– Podemos ir agora?- questionou-lhe um dos seus companheiros- temos muito trabalho a fazer.

– Claro que sim companheiro, afinal. Isto é apenas o começo!


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Notas finais do capítulo

Ficou mais curto do que eu queria, mas prometo que os próximos serão maiores- e melhores com certeza. O que são os Usuários do Demônio? Qual o plano que eles armaram um milênio atrás? Será que são os mesmos de antes que apareceram agora ou são novos escolhidos do Arquidemônio? Qual a importância deles? Muitas perguntas que sim, serão respondidas. Será que nossos heróis terão poder o suficiente para vencer o Arquidemônio desta vez? Até mais :3