Divergent escrita por GG


Capítulo 15
XIV


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!
Este é um capítulo bem parado mas é que eu precisava postá-lo já que ainda estou escrevendo o próximo e ando sem tempo, mas prometo que vou dar um jeito. Obrigada por tudo novamente, e boa leitura ♥



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Pela noite temos uma festa demorada, uma festa que celebra a permanência de quinze iniciados, que agora passaram da primeira para a segunda fase. Mas não consigo deixar de pensar em todos que tiveram que abandonar o complexo, só consigo imaginar como será a noite para tantos deles, eles irão se juntar e passar as noites frias juntos? Vão procurar por comida um na companhia do outro? Vão brigar entre si? Vão desistir? Vão ser corajosos e prosseguir? Não consigo deixar de pensar em todas essas perguntas sem respostas.

Não aguento ficar naquela confusão e por isso decido retornar ao dormitório, mas tenho uma surpresa, as beliches foram substituídas por camas 'normais', uma ao lado da outra, agora há espaço de sobra para quinze pessoas pernoitarem aqui. Tomo uma ducha gelada e ponho roupas apropriadas para dormir, tomo minha cama e me deito tentando encontrar o sono.

Mas a verdade é que eu passo noite inteira de olhos abertos, sem conseguir pegar no sono. São tantas as coisas que me perseguem...

+++

É dia da visita, mais uma vez.

Eu me levanto da cama e arrumo algumas roupas limpas, está na hora de usar meu dinheiro para incrementar o meu guarda-roupa, farei isso logo que tiver tempo. coloco uma saia e uma blusa quaisquer, mas paro de frente para o espelho de corpo inteiro do banheiro, com medo das marcas em minhas pernas, ainda estão arroxeadas, algumas cicatrizes mais profundas também estão ali, não...não posso usar algo assim. Mudo de roupa, tiro a saia e coloco uma calça preta, por enquanto não tenho coragem de expor tanto a minha pele, não antes de contar tudo para Tobias.

Suspiro.

Prendo meus cabelos em uma grossa trança escura e saio do banheiro rapidamente. É estranho ver apenas outras catorze pessoas dormindo aqui, antes era tão mais cheio.....

Saio logo dali antes que a vontade de chorar pelas pessoas que se foram me derrube. Apresso-me por entre os corredores tortuosos do complexo e nem olho pra frente direito, esbarro em alguém.

— Me...me desculpe. — digo enquanto me levanto, quando vejo em quem eu esbarrei, fico paralisada.

— Eu que peço desculpas, estava distraído. — diz ele com os olhos fixados nos meus. — Sou Adrian Castellan, prazer.

— É claro que é, eu o conheço. — digo timidamente. — Sou Lena.

— Tem vezes que me esqueço deste detalhe. — ele diz rindo. — Bem, o que estava indo fazer que a deixava tão apressada?

— Pensei que o distraído fosse você.

— Ah, bem, é verdade. — ele diz fingindo vergonha. — Me perdoe. É apenas curiosidade.

— Vamos dizer então que eu sou um mistério. — digo, pisco e saio apressadamente para fugir daquela situação, nem mesmo aguardo pela sua reação.

A proximidade com qualquer um desses líderes me deixa nervosa, só consigo lembrar da letalidade de Eric, de quão perigoso ele é, os outros devem ser igualmente terríveis.

Estou quase correndo, eu só preciso chegar na casa de Tobias e de Tris, eu só preciso falar com meu irmão, eu só preciso colocar tudo para fora de uma vez, parar de encará-lo e pensar no que passei e como eu gostaria de dividir aquilo com ele, como eu queria receber um abraço dele.

Quando finalmente chego, nem mesmo me dou ao trabalho de bater na porta, saio entrando. E logo dou de cara com os dois.

— Lena.... — diz Tobias soando surpreso.

— Precisamos conversar.

+++

Tris fez café e serviu uma generosa fatia de bolo de chocolate enquanto eu me sentava na mesa de refeições deles, ela sabia do que se tratava e parecia nervosa, quase tanto quanto eu estava naquele momento. Tobias me encarava fixamente e percebia meu nervosismo, eu pegava a xícara e ela balançava violentamente, quase escorregando dos meus dedos.

— Fale logo o que precisar falar. — ele pede ansiosamente, os olhos fixos nos meus, ele nem de longe parece interessado no café ou no bolo de chocolate que estão bem na sua frente.

— Eu estive guardando isso por muito tempo, eu me tornei um verdadeiro baú de segredos, mas isso vem me sufocando faz tempos, Tobias, eu queria poupá-lo disso mas não sou capaz de mantê-lo longe disso, eu precisava te contar, eu preciso muito fazer isso. — começo a voz vacilante. — Quando você foi embora, eu entendi os seus motivos, todos eles, e eles se aplicavam á mim. Marcus....ele....ele, você sabe, eu não preciso dizer. E também o jeito como...como eu me sentia isolada, diferente daquele lugar. O principal é que eu precisava te dizer que as coisas pioraram quando você foi embora, Marcus passou a descontar toda a raiva em mim e então eu entendi as marcas roxas no seu corpo, seus gritos, os seus pesadelos, tudo parece ter ido diretamente para mim....

E então elas chegam, sem aviso prévio, as lágrimas descem pelos meus olhos e parecem não parar de vir, elas vem e a cada instante parecem aumentar. Parece que eu tenho prendido elas por muito tempo, estava na hora de libertar toda essa dor, toda essa infelicidade de dentro de mim.

É aí que Tobias envolve os braços ao meu redor e eu enterro meu rosto em seu peito.

+++

Resisto á tentação de dormir ali, como eu adoraria dormir no quarto de hóspedes deles, mas não podia fazer isso, ao menos não antes da iniciação terminar por completo. O dia passou tão rapidamente que eu me assustei, eu contei absolutamente tudo para Tobias desde o dia em que ele partiu até o dia de hoje, omitindo a parte do pacto com Eric e sua obsessão por mim, contei inclusive sobre o bilhete que tinha assinatura de Evelyn, o nome de nossa mãe. Descobri que ela está realmente viva, eu não conseguia entender, era mais um segredo que Tobias manteve longe de mim ele explicou-me que ela era meio que uma líder dos sem-facção e era melhor eu não inventar nada perigoso como tomar um trem depois da meia-noite, mesmo que ideia parecesse tentadora.

Eu prometi que não faria nada estúpido.

Voltei para o dormitório e joguei o cobertor por cima do meu corpo, forçando-me a dormir pelo menos naquela noite. Fechei os olhos e sonhei com a minha infância, lembrei dos momentos que passei bom Tobias, dos dias que eu nunca irei esquecer. E parecia que os problemas não existiam mais.

Ao menos por uma noite nada importava de verdade.


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