A Bijuu esquecida escrita por Nanahoshi


Capítulo 12
Capítulo 11 - Niji no Sora


Notas iniciais do capítulo

BOA MADRUGADA MEUS DIVOOOOS !!
Como estão meus leitores? Passaram bem desses últimos dias que eu estive off?
Mil perdões pela demora T.T eu estava com um bloqueio criativo horrível. Mas agora eu detonei ele com um SUPPPERRRRR (leiam isso com a voz do Franky - quem não souber quem é apenas me ignorem) capítulo!!
Peço mil desculpas pelo tamanho! Eu sei que ficou super comprido... Mas é pra compensar o período que fiquei sem postar. Prometo não exagerar da próxima vez ;3;
Agora uma nota importante sobre o capítulo.
Meus divos leitores irão me perguntar:
Mas que porra de título é esse?
Explico-me: O título desse capítulo seria "Uma tigela de rámen", mas como eu achei meio tosquinho, fiquei um tempão ruminando outro nome. Então no final das contas, usei o nome da música/ ending de Naruto que me inspirou para escrever esse capítulo :3 Pra quem não sabe é a ending 34, Niji no Sora do FLOW (banda simplesmente perfect !)
Enfim ok, vou parar de falar agora UAHSUAHS Boa leitura pessoal!



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Kailina andava vagarosamente na retaguarda do grupo. Goro estava ao seu lado, à direita, e andava calado um pouco mais à frente. Três ANBUs os acompanhavam, cercando o grupo. E encabeçando o desfile silencioso, o terceiro Hokage.

Dos poucos que haviam se aventurado a sair naquele dia gelado, todos que cruzavam com ele na rua cumprimentavam o velho animadamente, e esse respondia com educados acenos de cabeça e bagunçando o cabelo de criancinhas. O Terceiro os guiava pelas ruas irregulares da Vila para o lugar que Kailina chamaria de “casa” a partir daquele dia.

Quando esse pensamento tomou conta de sua mente, a pequena Uzumaki se aproximou de seu capitão inconscientemente. Goro percebeu a movimentação da menina, mas evitou demonstrar qualquer coisa. Quanto mais afeto demonstrasse pela pequenina naqueles momentos finais, mais difícil seria a separação para ela... e para ele.

O Hokage estacou. Kailina quase foi de encontro à Hideo, que caminhava à sua frente.

–É aqui.

A menina ficou alguns segundos parada, mas, com muito esforço, abriu caminho entre os adultos e contemplou a construção à sua frente. Parecia um enorme condomínio de três andares, só que o prédio era torto e encardido. As telhas marrom-avermelhadas cobertas parcialmente pela neve eram totalmente assimétricas e se espalhavam quase que de forma aleatória. Canos com estalactites translúcidas eram evidentes sobre elas, e corriam dando voltas por tetos e paredes. Uma tosca pintura rosada desgastada cobria as paredes na parte de cima, enquanto tábuas pintadas de verde cobriam a metade inferior. Até essas últimas haviam sido remendadas diversas vezes, dando um aspecto de subúrbio para a habitação.

O único detalhe que lhe chamou a atenção foi uma porta numa das extremidades do terceiro andar. Senão fosse por uma armação de metal enferrujado que formava uma plataforma, a porta se abriria para o nada.

–Vamos. – disse o Hokage retomando a caminhada. – Vou levar você até o seu quarto.

Enquanto se dirigiam para entrada do prédio, dois garotos cruzaram o caminho do grupo. O mais gordinho trazia um pacote de batatas fritas e devorava seu conteúdo vorazmente. O que o seguia tinha os braços dobrados atrás da cabeça e carregava uma intensa expressão de tédio.

–Ohayo, Shikamaru, Chouji. – saudou o Sandaime.

–Ohayo, Sandaime! – saudou o gordinho de cabelos castanhos.

–Ohayooo... – arrastou o outro.

Kailina se encolheu atrás de Goro, mas sem sucesso. O entendiado a vira. Arregalou os olhos por um segundo, mas no instante seguinte já havia voltado à expressão lerda.

–Oh! – o Hokage se virou para trás. – Kairina, venha aqui. Quero te apresentar dois meninos.

Ela se moveu um pouquinho, o suficiente para mostrar metade do rosto por trás das costas de Goro.

–Não se acanhe, venha! – ele acenou com a mão.

Com muito esforço, prestando atenção no movimento dos pés, a menina se adiantou e parou ao lado do velho. Ele pousou uma mão de leve em seu ombro e sorriu.

–Shikamaru, Chouji, essa aqui é Jyuu no Kairina. Ela se mudou pra Konoha e provavelmente vai ser colega de vocês na Academia.

Os dois ficaram alguns segundos calados... Segundos longos demais. Foi aí que Chouji, o gordinho, salvou a situação:

–Oi! – ele levou um punhado de batatas até a boca. – Bem-vinda.

–Oi. – ela retribuiu timidamente.

Shikamaru a olhou com a maior cara de tédio do mundo.

–Oi... – ele coçou o ouvido.

Vendo que sua tentativa de enturmar a pequena não deu tão certo como queria, o Terceiro intercedeu:

–Bom, bom... Kairina irá ter muito tempo pra conhecer todos os seus colegas da Academia. Por hora, vamos ver seu novo quarto. Até logo, meninos.

Os dois já se distanciavam e acenaram rapidamente para o Hokage.

–Francamente... – reclamou ele ao entrar no prédio. – Essas crianças...

Subiram as escadas, o que fez a tensão da pequena aumentar.

A hora de se separar de seus amigos estava cada vez mais perto... e ela não podia fazer nada.

Chegaram ao terceiro andar. Um corredor sombreado se estendia à frente do grupo, do lado direito havia uma fileira de portas, e do outro uma grade de um metal enferrujado verde musgo. O Hokage se dirigiu para a terceira porta.

–Este será o seu quarto.

Ele colocou a chave e a porta se destrancou com um click alto. Rangendo ao se abrir, a porta de madeira deu passagem aos ninjas para um cubículo com uma porta à esquerda. O Terceiro também a abriu. O grupo adentrou um quarto relativamente grande, com móveis simples e pintura neutra. A cama era um pouco maior que uma de solteiro normal, e tinha lençóis azuis claros. Havia uma escrivaninha pequena na parede à direita, e ao lado dela, um armário baixo. Do outro lado do quarto, próxima ao armário, uma porta se abria para um pequeno banheiro. À esquerda, um cubículo se abria, revelando um fogão de quatro bocas e uma geladeira. As janelas ficavam na parede oposta a da escrivaninha, quase ao lado da cama. Um criado mudo de madeira clara separava a cama da parede da janela.

–E então? – perguntou o Hokage se dirigindo para a garotinha.

Kailina se adiantou e contemplou o cômodo.

–É um quarto muito bonito. – e era realmente o que achara. Chegava a ser maior que o que habitava na Vila dos sobreviventes.

O velho deu uma risadinha.

–Que bom que você gostou, Kairina. – ele se virou para a menina. – Você vai poder decorar ele como quiser, fazer as mudanças que quiser, mas com o seu dinheiro. - Ele estendeu um envelope de papel amarelado.

–Essa é a quantia mensal que eu te darei. Com esse dinheiro você deve comprar comida, água, roupas, utensílios para o quarto e para a Academia. O resto fica por minha conta.

Com as mãos levemente trêmulas, ela segurou o embrulho.

–Arigatô... – murmurou baixinho.

–E a chave... – ele estendeu o objeto que tilintou no ar. Kailina o recolheu.

–Bom, já está instalada. Qualquer coisa que precisar é só falar comigo ou com algum jounin da casa do Hokage. Alguma dúvida?

–Quando eu irei começar na Academia? – perguntou a menina.

Antes de responder, ele sorriu.

–Daqui a seis meses.

Ela assentiu em silêncio. O velho olhou para seus companheiros.

–Vocês têm mais algum assunto a tratar em Konoha, Goro-kun?

–Não senhor, Hokage-sama.

–Bem... Fiquem o tempo que precisarem.

–Não podemos mais ficar, senhor. – Goro lançou um olhar significativo para o velho, mas Kailina não percebeu. – O nosso ancião nos aguarda para iniciarmos outras missões. Temos poucos ninjas disponíveis.

–Entendo... Então acompanharei vocês até os portões.

A menina sentiu como se enfiassem uma faca em seu peito. Por que eles não ficavam mais? Só um pouquinho...

Agarrou-se às vestes de seu capitão.

–Não, Goro-senpai! Por favor! Fiquem mais um pouco!

Ele fitou longamente a menina. Era tão difícil ter que deixá-la ali sozinha...

–Nós não podemos, Kairina. E você sabe muito bem disso.

Ela parou de puxar o colete de seu líder, olhou com os olhos vidrados para o nada e, depois, abaixou o rosto. O tom seco de Goro apertara ainda mais o coração da menina.

–Hai...

Ela largou Goro e voltou ao seu lugar. Hideo e Michi a fitaram tristemente. O capitão se dirigiu para a porta. Os ANBUs apenas observavam.

–Hideo, Michi, iksô.

–Hah!

***

Kailina estava ladeada pelo Hokage e por um dos ANBUs. O time dos Uzumaki checava o conteúdo de suas bolsas de ferramentas ninjas e se preparavam para a viagem de volta.

–Bem... – Goro se aproximou do Sandaime. – Obrigado por tudo, Sandaime-sama.

Ele estendeu a mão e o velho a apertou com uma leve curva nos lábios.

–Vocês serão sempre bem-vindos em Konoha. Voltem quando quiserem.

Hideo e Michi imitaram o gesto de seu capitão. Por fim, voltaram-se para Kailina.

–Cuide-se, Kairina. Não vá aprontar besteiras.

As lágrimas se acumularam no canto dos olhos da garota.

–Shiksha... Hideo... Você sabe que... Eu tenho juízo. – ela soluçou segurando com muito esforço o choro.

Michi se adiantou e colocou a mão sobre a cabeça da menina.

–Coma bastante pra ficar forte. E não se esqueça de dormir bem. – e com isso, deu tapinhas que bagunçaram o rabo de cavalo da menina. Ela secou os olhos com a mãozinha e fitou Michi.

–Pode deixar, Michi-senpai... Você me ensinou muito bem como fazer essas coisas.

O Uzumaki soltou uma gargalhada alta.

Era a vez de Goro se despedir. Ele estava de costas para a menina, ajeitando a bolsa de ferramentas em seu cinto.

–Se você aprontar alguma coisa, Kairina... Pode ter certeza que eu vou vir aqui te dar uma bela de uma bronca. Eu não te ensinei para ser uma ninja indisciplinada.

Ela engoliu um seco. O líder virou-se lentamente para a menina. Caminhou até ficar de frente para ela e se abaixou. Seus olhos ficaram nivelados.

Agora ela chorava abertamente. Fungou ruidosamente e fitou Goro.

–Tome cuidado, se esforce na Academia, não leve os seus estudos com a barriga. Coma direito,durma oito horas por dia, se exercite. Continue treinando seu jutsus, ta?

Ela fungou e assentiu, limpando o olho direito.

–Você ta parecendo uma mãe, Goro... – zombou Michi.

–Cala a boca, imbecil... – o capitão devolveu com um olhar aterrorizante. O subordinado se encolheu.

Voltou os olhos para sua companheira de time.

–Não se esqueça de nós... Ok?

Ela voltou a assentir, agora soluçando.

Uma leve brisa brincou com os cabelos dos dois ninjas que se encaravam. Kailina viu algo tremendo no canto dos olhos do seu capitão. Pegando completamente todo o grupo, e principalmente a menina, Goro abriu os braços e envolveu Kailina. Ela congelou, os olhos vidrados focando o nada sobre os ombros do seu líder de equipe.

–Eu não vou me esquecer de você... Uzumaki Kairina...

Naquele momento, a garota se sentiu mais... concreta. Não sabia exatamente o motivo, mas se sentia tão... viva.

Ela não sabia definir. Era como se algo estivesse se encaixado dentro de si.

Eu não vou me esquecer de você... Uzumaki Kairina...

Sim. Estava viva.

Ela não esqueceria... e nem seria esquecida...

***

Sarutobi Hiruzen acompanhou Kailina para casa depois que seus companheiros se foram. Caminharam em silêncio por todo o trajeto, enquanto a menina chutava a neve cabisbaixa. Subiram ao terceiro andar novamente. Porém, ao passarem pelo corredor, uma porta foi aberta ruidosamente.

–Oh, Naruto... Você está aí. – riu-se o Hokage.

Kailina estacou e encarou o menino loiro de olhos azuis. Analisando-o mais de perto, notou os três riscos que atravessavam sua bochecha quase na horizontal, lembrando um bigode de gato. O óculos verde de aviador reluzia com a luz do mormaço. Ele amarrou a cara para o velho Sarutobi e disse:

–Ah... – confirmou.

Hiruzen colocou uma mão sobre os ombros de Kailina.

–Naruto, acho que seria interessante se você conhecesse a Kairina. Ela vai morar no quarto ao lado do seu.

A garota encarou os olhos azuis do menino. Uma sensação nostálgica lhe inundou o peito. Era como se... ela já tivesse visto aqueles olhos antes. Mas onde? Quando?

Sabia que os vira, mas não se lembrava o lugar nem em que dia. Era como um sonho muito real que se mistura com as lembranças. Você se lembra, mas não consegue se situar temporalmente.

Naruto continuava com a cara fechada. Encarou Kailina e revirou os olhos.

–Yo! – ele acenou com desleixo.

–Naruto... Cumprimente a sua vizinha direito.

Ele cerrou os punhos.

–Cala a boca! Eu tô sabendo que você colocou essa menina aqui só pra me vigiar!

O Hokage arregalou os olhos.

–Hm?

–Eu não vou cair nessa não, jiji dattebayo! BLEH! – e mostrando a língua para o Terceiro, saltou da grade e saiu correndo pelos telhados nevados.

O velho suspirou.

–Ai, ai... Desculpe, Kairina. O Naruto é um pouco problemático...

–Tudo bem, Sandaime-sama. – ela respondeu baixinho olhando na direção que o garoto desaparecera.

–Yosh. Agora irei voltar para as minhas tarefas. – ele pousou uma mão sobre a cabeça da menina. – Seja bem-vinda à Konoha! Qualquer coisa, me procure.

Ela assentiu.

–Arigatogazaimasu. – fez uma reverência.

O velho deu meia-volta e caminhou para a escada. Kailina esperou que ele sumisse de vista e correu para o quarto. Abriu a porta, tirou as sandálias, abriu a outra porta e depois a fechou com um baque atrás de si.

Estava sozinha.

Sozinha.

Curvou o corpo, dobrando-se sobre os joelhos e encolhendo-se contra a porta.

Em silêncio, Uzumaki Kailina chorou.

***

Perto das seis da tarde, a garota se trocou e decidiu caminhar novamente pela Vila. Decidiu seguir pela rua principal e foi andando silenciosamente, reconhecendo o ambiente. Nuvens carregadas se juntavam. Aparentemente, nevaria de novo.

Sem perceber exatamente aonde os seus pés a levavam, Kailina foi caminhando na direção da Academia Ninja. Antes de chegar à construção, ela percebeu um grupo barulhento de crianças fazendo uma guerra de bolas de neve. Seu coração palpitou.

Talvez as crianças a deixassem brincar.

Respirou fundo reunindo coragem e avançou para o grupo. Porém, um gritinho lhe prendeu a atenção. Kailina olhou para a direita e viu duas garotas rodeadas por um grupo de quatro outras meninas. Ela escutou uma delas rindo:

–Há,há,há! Nós não vamos brincar com essa testuda! Sai daqui!

–Ooiii... – a loira que estava protegendo a que estava caída no chão protestou. – Qual o problema da Sakura brincar?

–Ela é esquisita! Não queremos andar com gente esquisita! Como a gente vai chamar a atenção do Sasuke-kun assim?

O grupo riu. Kailina percebeu que a menina que estava escondida atrás da loira estava abaixada chorando. Seu cabelo rosa caíra completamente sobre o rosto, impedindo que a Uzumaki visse sua expressão por completo. Entretanto, os soluços curtos enchiam o ar, e era evidente o gotejar de lágrimas no queixo da garota.

Será que eu... devo ajudar?

Enquanto ponderava, Kailina percebeu algo vermelho meio enterrado na neve que estava atrás do grupo barulhento, porém um pouco afastado.

Ela ergueu o rosto e começou a caminhar.

***

As meninas haviam ido embora. Porém Sakura ainda se debulhava em lágrimas.

–Sakura! Já pode parar de chorar! Elas já foram. – ralhou Ino.

A menina soluçou em resposta, esfregando os olhinhos no braço.

–Sakura...

Ouviram passos. Ino virou-se rapidamente e viu uma garotinha morena se aproximando. Seus olhos azuis estavam levemente arregalados e o cabelo negro, com uma mexa ruiva de um lado, balançava vivamente enquanto ela avançava na neve.

–Quem é você?

Ela parou.

–Eu... Meu nome é Jyuu no Kairina. – ela estendeu a mão. – Isso aqui é de uma de vocês?

Ino olhou para o objeto que ela estendera. Sakura parara de chorar e espiava a recém-chegada através das mechas que lhe cobriam o rosto.

–Oh... Aqui sua faixa, Sakura!

Ino agarrou a fita vermelha e mostrou para a outra. Essa ergueu o rostinho e sorriu. O cabelo escorregou o suficiente para que Kailina visse os olhinhos verde-água da menina. A loira se abaixou e arrumou a faixa no cabelo rosa da amiga, dando um pequeno lacinho no topo de sua cabeça. Sakura piscou várias vezes como se sentisse falta do cabelo cobrindo-lhe os olhos. Lentamente, olhou para Kailina.

–A-arigatô...

Timidamente, a Uzumaki abriu um sorriso.

–N-não foi nada...

–Eu nunca vi você por aqui... – comentou Ino. – Você é estrangeira?

A outra voltou os olhos para a que perguntava.

–Sim. Quer dizer, eu me mudei pra Konoha hoje...

–Ah, sério? De onde você é?

Kailina ponderou. Não podia falar de onde ela realmente viera.

–De uma Vila pequena no País da Grama.

–Hum... – a loira agora analisava seu cabelo. Sakura se levantara da neve e se aproximara das outras duas.

–Seu cabelo é muito legal. – soltou a menina de cabelo rosa.

–Hã? – Kailina parecia confusa. Nunca haviam elogiado seu cabelo.

–A mecha ruiva... – ela apontou para a faixa de cabelo que caía do lado direito do rosto da menina. Ao fazer isso, corou.

–Ah...! – A Uzumaki parecia bastante sem graça. – Arigatô!

O rostinho levemente moreno também corou.

Um grupo de garotos passou correndo ao lado das três meninas.

–Testuda! Testuda! Testuda! – cantarolaram ao passar por Sakura.

Ela se encolheu automaticamente e seus olhinhos se encheram de lágrima novamente.

–Calem a boca! – berrou Ino brandindo os pequenos punhos cerrados. – Ninguém merece esses idiotas... Ah! Sakura... Não chore...

A menina já recomeçara a chorar. Puxou o cabelo rosado para a frente do rosto para esconder sua testa, desfazendo o laço feito por Ino.

–Argh! – a loira bufou.

A Uzumaki se adiantou e parou de frente para Sakura.

–Sakura-san – a de cabelo rosa ergueu os olhos chorosos. – Não liga pra eles não. Seu rosto é muito bonito. E seu cabelo também é muito legal.

E dizendo isso, deu um enorme sorriso.

Ino ficou calada. Sakura parou de chorar aos pouquinhos e arregalou os olhos para a que acabara de te elogiar.

–V-você acha? – disse ela ainda soluçando.

–Hum! – exclamou afirmativamente.

Aos poucos, um tímido sorriso brotou na boca da menina, e ela entregou a fita para Ino refazer o laço. Feito isso, a menina de cabelo rosa sorriu para as duas que a acompanhavam.

–Bom. – disse Ino – Eu tenho que ir. Minha mãe já deve estar preocupada. Até mais! Cuide-se, Sakura!

E dizendo isso, a loira saiu correndo rua acima.

–Eu também tenho que ir... – Sakura falou baxinho. – Senão minha mãe vai brigar comigo... Tchau! E...Obrigada!

–Tchau... – disse Kailina acenando devagar na direção da menina que se distanciava.

...Senão minha mãe vai brigar comigo...

...Minha mãe já deve estar preocupada...

Mãe...

Kailina sentiu uma asia no estômago. A mesma que há acompanhava desde sempre.

Suspirou.

Obrigada!

O agradecimento de Sakura ressoou em sua mente.

Seu cabelo é muito legal.

Um sorriso curvou os lábios da menina.

Com um risinho no fundo da garganta, ela abraçou a barriga e se encaminhou de volta para seu apartamento.

***

Depois que o sol se pôs, Konoha ficou bastante gelada. Um vento cortante soprava de vez em quando pelas ruas, fazendo a menina se abraçar com mais força. Felizmente, a Vila ficava bem iluminada durante à noite.

Kailina aproveitou a volta para casa para apreciar a movimentação noturna das ruas. Várias famílias caminhavam de mãos dadas se dirigindo para restaurantes e lojas de comidas. Barracas de bebidas quentes estavam bastante cheias.

Vendo toda aquela energia vinda das pessoas, Kailina se sentiu ainda mais gelada. Aquela sensação de inexistência ainda a perseguia como uma sombra, e seu quadro não se alterara nem com a mudança para Konoha.

Suspirou.

Sua respiração se condensou no ar.

Um menino de cabelos negros vinha caminhando lentamente na direção da pequena Uzumaki, mas nenhum dos dois percebeu a presença um do outro. Quando se cruzaram, o ombro do menino acabou esbarrando no de Kailina. Por pouco, não perdeu o equilíbrio e foi ao chão. Ele ergueu a cabeça e olhou para os lados. Quase não percebeu a presença da menina ao seu lado que se ocupava em massagear o ombro. Quando a viu, lançou um olhar fulminante em sua direção e continuou sua caminhada.

Nem pedira desculpas.

Kailina ergueu o braço e acenou.

–Oooi! Gomenasai...

Nada. Nem um olhar, nem um aceno da cabeça.

Foi aí que a menina percebeu que dois meninos observavam a cena. Um estava com um casaco puxado até a altura do nariz e usava óculos escuros. O outro tinha duas marcas vermelhas nas bochechas e carregava um filhotinho de cachorro no topo da cabeça que se aninhara entre o capuz do menino e o seu cabelo castanho.

–Aquele Uchiha... Se acha o cara mais poderoso de Konoha... – reclamou o das marcas vermelhas. O seu cachorro latiu, como se concordasse.

O outro murmurou alguma coisa que Kailina não conseguiu ouvir. Entretanto, esse último percebeu que ela observava, e encarou-a através dos óculos. A menina sentiu um arrepio e tratou de continuar andando.

Andando entre as barracas de comida, um ronco fez sua barriga vibrar. A pequena Uzumaki corou.

–Acho que é melhor eu comprar comida... – disse para si mesma lembrando-se da geladeira vazia do apartamento.

Foi quando se lembrou de que não sabia onde poderia achar um mercado. Suspirando, olhou em volta. Um garotinho de cabelos escuros extremamente lisos saltitava animadamente diante de uma barraca cheia de bichos de pelúcia. Kailina se dirigiu até ele.

–Oi... Com licença...

Ele se virou bruscamente.

–Yo! – ele disse erguendo a mão aberta.

–Você poderia me informar onde tem um mercado?

O menino piscou várias vezes. Uma garota de cabelos castanhos que estava ao lado dele começou a rir e entrou na conversa:

–Acho que o Lee não é a melhor pessoa para explicar isso. Tem um aqui perto. Desça a rua e vire a segunda à direita. É a terceira fachada à esquerda.

Kailina piscou duas vezes e sorriu.

–Arigatô!

Saiu correndo na direção que a menina indicara. Porém antes de se afastar, ouviu o garoto reclamando com a menina:

–Oi, TenTen! Você nem me deu chance pra responder...

***

Analisando o conteúdo das prateleiras do mercado, Kailina se perguntava o que cozinharia para a janta.

Como sempre vivera sem os pais, aprendera a fazer tarefas domésticas muito cedo, como cozinhar, arrumar a casa, lavar a louça, a roupa e separar o lixo.

A garota achou algumas embalagens de rámens instantâneos, mas preferiu comprar os ingredientes frescos para preparar seu próprio rámen.

–Hmmm, acho que vou levar mais. Melhor fazer um estoque né?

***

–Ah não, ah não, ah não! Não acredito que o rámen instantâneo acabou!

Naruto sapateava no meio do quarto com várias embalagens vazias de macarrão instantâneo espalhadas pelo chão. Correu para o criado-mudo e checou sua carteira.

–Ah... – ele suspirou. – Não tem nada na Gama-chan... O QUE É QUE EU VOU FAZER!?

***

Hinata andava lado a lado com seu pai, assim como seu primo, Neji. Sua irmã, Hanabi, saltitava cantarolando adiante do grupo. Caminhavam silenciosamente pela cidade, observando o show de luzes contra o branco da neve. Pequenos flocos brancos recomeçavam a cair.

Hinata ergueu os olhos e viu uma garota cruzando a rua perpendicular a que estavam. Ela carregava uma sacola de papel pardo cheia de comida e parecia com bastante frio.

É a Kairina-san!, exclamou mentalmente Hinata ao reconhecer a menina.

Ela ergueu timidamente a mão para acenar para a menina, quando notou o olhar reprovador do pai sobre si. Encolheu-se.

Entretanto, a menina se detivera no meio do cruzamento e olhava atentamente para o grupo. Hinata percebeu que Neji a encarava.

–OOI! Hinata-san! – a voz de Kailina os alcançou através do vento frio.

Hiashi pareceu irritado com o grito da menina. Hanabi parou de pular e perguntou:

–Quem é aquela lá?

Antes que Hinata pudesse responder, seu pai a segurou pela mão e puxou-a para o estabelecimento mais próximo. Ela se encolheu de vergonha e medo de Hiashi. Porém, antes de entrar, ela conseguiu lançar um olhar significativo para Kailina, e acenou timidamente com a mão livre.

Antes que seus olhos se preenchessem com o ambiente da loja que adentraram, Hinata viu uma mistura de tristeza e confusão preenchendo o rosto da garota que conhecera mais cedo naquele dia.

***

A água já estava fervendo na panela. Kailina cortava os vegetais e preparava a carne de porco.

Acho que vou fazer pra duas pessoas. Daí amanhã é só esquentar no fogo e comer...

A neve caía rápida lá fora. O quarto estava completamente fechado e com o aquecedor ligado. A menina estendeu a mão para a direita e segurou um pequeno rolo branco. Cortou o e contemplou a rodela pálida com um redemoinho rosa no centro.

–Naruto...

A menina lembrou-se do seu vizinho e de como ele amarrara a cara mais cedo para o Hokage e para ela, alegando que o velho a estaria usando para vigiá-lo.

–Ai...

Queria se aproximar do garoto, mas não via como. Nas duas vezes que o vira, Naruto estava gritando enraivecido ou com cara amarrada...

Creck, creck.

Um estalar alto de vigas de madeira veio da direção da janela. Desconfiada, a menina se acercou cautelosamente da parede ao lado da janela e espiou para fora. Visualmente não era possível identificar nenhuma presença.

Creck.

Novamente o estalido, agora vindo de cima. A menina fechou os olhos e prestou atenção no barulho. Alguém estava pisoteando o teto exatamente sobre a janela. Alguns minutos se passaram e o barulho não se repetiu. Suspirando, Kailina voltou para o fogão.

Creck, creck.

De novo.

Foi aí que a menina percebeu que havia uma pequena fresta na janela.

Ela abaixou os olhos novamente para a bancada e contemplou o naruto já cortado sobre a tábua.

Lentamente, um sorrisinho iluminou seu rosto.

***

Naruto entrou o mais discretamente possível em seu quarto pela janela. Fechou-a o mais rápido possível e se encolheu de frio na cama.

–Brrrrrr! Ninguém merece dattebayo! Nesse frio e não tem nada quentinho pra eu comer...

Lembrou-se do cheiro maravilhoso do rámen que sua vizinha preparava.

–Ah... – ele babava só de imaginar o prato pronto.

O garoto se esticou na cama e ficou contemplando o teto, ora pensando no rámen, ora reclamando da barriga que roncava.

Toc. Toc.

Ouviu uma batida na porta. Sentou na cama e olhou para os lados desconfiado.

Quem estaria batendo na sua porta àquela hora da noite?

O mais cautelosamente que pôde, o Uzumaki se levantou e se armou de uma kunai que achara perdida no meio da floresta de treinamento dos folhas. Acercou-se da porta e olhou através do olho mágico.

Não havia ninguém.

Mudou de lado, passando para o mais próximo da maçaneta e a girou lentamente. Quando sentiu que a porta estava aberta, abriu-a de supetão e apontou a kunai para o vão que se abrira.

Nada.

Apenas o vento gélido da noite de neve.

Naruto olhou para a direita, para a esquerda, olhou para a borda das telhas. Quando foi conferir embaixo da grade do corredor, percebeu que algo havia sido deixado ao pé da porta.

Uma enorme tigela branca coberta com um prato havia sido colocada ali. Era impossível ver o que havia dentro, mas o cheiro trazido pela brisa denunciou seu conteúdo.

Rámen!, berrou Naruto mentalmente.

Abaixou-se para pegar a tigela, mas percebeu que havia uma plaquinha ao lado da mesma.

Coma rápido antes que esfrie. Bom apetite!

O pequeno folha recolheu-a juntamente com a tigela e fechou a porta. Sentou-se escorado contra a parede e ergueu o prato. O cheiro do macarrão encheu o quarto, fazendo a boca do menino salivar.

–O cheiro é quase tão bom quanto o do Ichiraku...

Ele olhou novamente a plaquinha.

Um leve sorriso brincou nos lábios de Uzumaki Naruto.

***

Três ninjas estavam agachados sobre o telhado de um dos prédios de Konoha. Uma pequena camada de neve já cobria seus ombros imóveis.

–Goro, eu sei que você fez isso pro bem da menina. Mas ela vai correr mais perigo ainda se não estiver com o selo.

O capitão da equipe permaneceu em silêncio. Contemplou sua ex-companheira de time através da janela. Ela dormia profundamente com o corpo enterrado nas cobertas até o nariz.

–Goro...

–Eu já escutei, Hideo!

–Refaça-o logo. Temos que voltar amanhã pra Vila...

–Não íamos vigiá-la por mais um dia? – intrometeu-se Michi.

–Não, ela já está bem. – Goro apertou os lábios. – Vai ficar segura em Konoha.

Hideo olhou significativamente para seu líder.

–Então, faça-o.

O Uzumaki suspirou.

Kairina me desculpe. Isso é pro seu bem...

Ergueu os olhos e fixou o ponto em seu rosto no qual acreditava que, atrás, estaria a nuca. Ergueu dois dedos diante do rosto.

–Monowasure no Fuin...


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Notas finais do capítulo

E AÍ PESSOAR?? Desculpem a falta de ação no capítulo :( estão sentindo falta de lutchenhas? Eu prometo que já já vai começar a ação T.T Então o que me dizem do capítulo? Curtiram? Odiaram? Querem me queimar numa fogueira? - NÃO FAÇAM ISSO obrigada. Brincadeiras à parte, o que meus divos leitores acharam *u*? A opinião de você é muuuuito importante gente t.t Só assim eu tenho o controle de qualidade da história. Sugestões? Críticas?
Beijos mil pra vocês meus lindos e até o próximo capítulo!



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