A Bijuu esquecida escrita por Nanahoshi


Capítulo 11
Capítulo 10 - Olhos brancos, olhos azuis...


Notas iniciais do capítulo

QUAASE QUE NÃO SAI ARRE!
Detesto quando eu fico brigando com um capítulo! Geralmente é quando o capítulo ou é grande demais ou tem menos ação...
Esse vai ser mais fraquinho, confesso... Kailina tem que encontrar umas pessoinhas antes da história dela em Konoha começar devidamente...
Então, antes de começar, queria dedicar o capítulo para a Thays e para a Ariele, que me fizeram ligar o desconfiômetro, sentar a bunda na cadeira e trabalhar nesse capítulo para vocês! Espero que gostem!
Boa leitura!



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Kailina olhava fixamente para o pergaminho sem exatamente saber o porquê. Todos se mantiveram alguns segundos sem se mexer, como se esperassem um novo ataque da loba branca ou que alguma outra coisa acontecesse.

Goro foi o primeiro a se mexer. Aproximou-se de Kailina e segurou delicadamente sua mão machucada.

–Dói?

Ela demorou um tempo para olhar para seu capitão, virando a cabeça lentamente. Assentiu com dificuldade. Goro levou a mão para sua bolsa de ferramentas ninjas e retirou um pergaminho. Abriu-o no chão e levou dois dedos diante do rosto.

Puf!

Uma caixinha branca com uma cruz vermelha na tampa apareceu no meio do círculo desenhado no rolo de papel. Em silêncio, o Uzumaki trabalhou na mão da menina.

–Malditos lobos. – cuspiu Hideo depois de um tempo. – Que coisa mais nojenta! Morder justo a Kairina...

O curativo ficou pronto.

–Arigatô... – Kailina finalmente pareceu despertar de um transe profundo. Olhou para a mão enfaixada que ainda lhe incomodava com pontadas.

Por que Lupa a mordera?

Não se esqueça do meu nome, está bem?

A voz de Lupa ecoou em sua cabecinha.

Olhou novamente para o curativo. Depois de uma mordida daquela, com certeza Kailina seria incapaz de esquecer a loba branca. Não sabia o motivo, mas não guardava raiva de Lupa por tê-la mordido.

Goro se levantou e andou até o pergaminho que a loba deixara. Kailina se agitou, seguindo-o. Porém, antes que ela alcançasse o rolo de papel, seu capitão puxou para si e, virando-se, abriu-o e conferiu seu conteúdo. Kailina observou atentamente qualquer sinal que o ninja fazia ao ler o pergaminho para tentar adivinhar que estaria escrito ali. Porém, Goro estava de frente para menina, com o pergaminho erguido de forma ocultar o conteúdo e seu rosto.

Seguiu-se um silêncio tenso, no qual os dois outros ninjas pareciam estar esperando que outro ataque começasse ou que aquilo fosse uma armadilha. Depois de alguns minutos, o Uzumaki abaixou o pergaminho, enrolou-o e fitou o chão com uma expressão séria.

–O pergaminho fica comigo. – e ao dizer isso, prendeu nas costas.

–O que estava escrito? – perguntou Kailina ansiosamente.

Seu líder fitou-a por um tempo longo demais e, por fim, respondeu secamente:

–Não é assunto para você, Kairina.

O coração da menina ficou apertado. O que estava acontecendo com Goro? Por que ficara todo frio depois da aparição de Lupa e do pergaminho?

–Vamos seguir viagem. Mais um pouco e estaremos atrasados. Konoha irá estranhar caso atrasemos. Não vamos querer nenhum empecilho na hora de entrar na Vila, certo?

–Hah! – assentiram os outros dois ninjas. Kailina guardou silêncio.

–Bom... Iksô!

***

A camada de neve que cobria o chão ia se tornando cada vez mais espessa. A pequena Uzumaki ficava cada vez mais irritada com o clima.

Próximo a Konoha, uma ventania particularmente gelada açoitou o grupo dos Uzumaki, fazendo a menina bater os dentes de frio. Enquanto se encolhia contra o vento, lembrou-se de sua missão em Suna.

Ah, o calor de lá era tão bom...

Uma imagem lhe preencheu a mente.

Um ursinho de pelúcia. O menininho ruivo de olhos verdes.

Como era mesmo o nome dele...?

O que será que ele estava fazendo agora?

–Alto!

Kailina se assustou com a ordem repentina do capitão e quase escorregou da árvore que pousara para tomar impulso.

–Estamos quase chegando em Konoha. Vamos repassar o que devemos fazer...

Naquele momento, um frio correu a espinha da menina. Um aperto no coração lhe arrancou o fôlego.

Não, não era o clima frio.

Tinham chegado ao fim. Kailina seria deixada pelos seus amigos numa Vila que nunca vira na vida.

–Está claro? – a voz autoritária de seu amigo arrancou-lhe de sua agonia interna.

–Hah!

A menina olhou triste para seus pés.

–Kairina, algum problema? – Michi se aproximou.

–N-não é nada...

O Uzumaki não insistiu.

–Vamos lá, pessoal! Direto para o prédio do Hokage! Sandaime-sama estará nos esperando lá!

–Iksô!

***

–Então, você é a famosa Jyuu no Kairina?

Um velho com cabelos espetados a observava com um sorriso gentil enquanto pitava em seu cachimbo curvo.

–H-hai... – gaguejou a menina, nervosa.

–Hahahahaha! – ele soltou uma risada gostosa. – Está tudo bem, tudo bem! Não precisa se acanhar. Eu ouvi muito sobre você, Kairina. Me disseram que já possui muito talento como shinobi.

A garotinha assentiu quase imperceptivelmente.

–A Kaomi-sensei me ensinou desde pequena... – ela começou a falar.

–Uzumaki Kaomi? – um dos ninjas que se encontravam na sala do Hokage exclamou perplexo. – A eremita do-

–Sim, ela mesma. – cortou Goro, seco.

–Sim, sim, eu me lembro dela. – disse o Hokage girando sua cadeira para a direita. – Era uma das melhores alunas da Academia Ninja de Konoha...

Kailina ergueu a cabeça e arregalou os olhos.

–A Kaomi-sensei estudou aqui em Konoha?

–Hum! – o Hokage bufou, concordou. – Alguns dos Uzumaki costumavam ser mandados para Konoha para treinar. Essa Vila é um refúgio seguro para seu clã, Kairina.

As palavras do Hokage, de alguma forma, acalmaram-na. Sua mestra havia estudado ali... E agora a menina estava seguindo seus passos...

–Yosh! Kairina, a partir de hoje você será uma cidadã de Konoha! – o Hokage se colocou de frente para a menina e tirou o cachimbo da boca. – Em alguns meses eu irei enviá-la para a Academia Ninja e, quando se formar, irá fazer parte de um time de ninjas como genin!

–H-hai! – o Hokage traçava rapidamente o futuro da menina que mal conseguia acompanhar. Nem lidara com o fato de estar se mudando para um lugar desconhecido e já estavam querendo que ela usasse uma bandana da Folha? Concordou automaticamente.

–Muito bem... Agora irei acertar alguns detalhes com o Hokage-sama. Kairina, espere sentada lá fora, ok? – ordenou Goro.

Kailina abaixou os olhinhos.

Que coisa chata.

–Hai... – concordou baixinho já virando as costas.

Uma risadinha encheu a sala.

–Hohoho, por que não vai dar uma volta por Konoha, Kairina? Afinal, será sua Vila a partir de hoje...

A menina fitou o velho.

Uma mistura de gratidão, insegurança, confusão e conforto misturou-se em seu coração pequenino.

Em silêncio, com um pequeno sorriso nos lábios, ela se virou para a porta. Abriu-a sem fazer barulho e saiu.

***

Kailina saiu discretamente da morada do Hokage e encarou a rua diante de si. Estava muito frio, então poucas pessoas andavam pelas ruas. Um vento gelado soprou do norte, fazendo a menina se encolher de frio. Esfregando seus braços inutilmente envolvidos pela manga de seu casaco, caminhou pela avenida principal de Konoha. Olhava para os lados, seus olhos brilhando trêmulos numa mistura de encanto e receio.

Fitava o rosto das pessoas com atenção. Apesar do frio, os habitantes da Vila da Folha pareciam estar felizes. Um grupo de crianças barulhentas passou correndo por Kailina, atirando neve para todos os lados. A menina parou de andar e os observou.

Será que faria amigos ali?

Será que as pessoas a veriam?

Um homem idoso puxando uma caixa cheia de potes de cerâmica esbarrou vinha caminhando pesadamente pela rua. Concentrada na bagunça dos meninos, Kailina não notou sua aproximação. A traseira da caixa acabou esbarrando no lado esquerdo da menina, que caiu rolando no chão gelado.

–Oi, o que foi isso?

O homem deu a volta. Demorou alguns segundos para perceber a presença da menina encolhida na neve.

–Ei, ei, garota! Você está bem?

Ele correu até ela e tocou gentilmente seus ombros. Ela levantou um pouco a cabeça e olhou assustada para o aldeão.

–Diga alguma coisa!

Ela piscou três vezes e, por fim, balançou a cabeça para tirar a neve do cabelo.

–E-eu... Tô bem.

O idoso suspirou de alívio. Ajudou a menina a se colocar de pé e, preocupado, colocou as mãos na cintura e meneou a cabeça alva:

–Menina, tome cuidado! Eu nem percebi você no caminho! Você é uma shinobi, é?

Kailina foi pega de surpresa pela pergunta.

–Hm... – ela não sabia se devia responder.

–Bom, se você não for, aconselho a seguir esse caminho. – ele voltou a agarrar a alavanca pregada na caixa retornando a sua tarefa anterior. – Sua falta de presença é invejável. Quase não te vi no chão...

Kailina ficou olhando o velho se afastar com cara de quem vira alguma aberração.

Falta de presença...

O que ele quis dizer com isso?

***

–Hokage-sama, existe alguns detalhes sobre Kairina que devemos deixar bem claro para o senhor.

Sarutobi Hiruzen fitou o Uzumaki com uma expressão tensa. Uma sensação de inquietação tomou-lhe conta do peito.

Danzou não pode saber sobre essa menina... Pelo menos, não seu sobrenome...

–Se não se importa. – Goro olhou para os lados. – Eu gostaria que fosse em particular.

Os ANBUs presentes na sala se remexeram, inquietos.

–Está tudo bem. – apaziguou o Hokage. – Não se esqueçam que os Uzumaki são nossos aliados desde a criação da Aldeia. Fiquem do lado de fora, por favor...

Visivelmente contrariados, um a um, os ANBUs se retiraram da sala do Hokage. Quando a porta foi fechada, Hiruzen olhou atentamente para o capitão do time dos Uzumaki.

–Bem, podemos começar...

Goro franziu o cenho. Parecia agoniado.

–Vou começar por uma coisa importante. Talvez a mais importante sobre Uzumaki Kairina.

O Sandaime ajeitou-se na cadeira.

–Existe um selo...

***

Kailina andava cabisbaixa pelas ruas mais periféricas da Vila. Como imaginara, apenas quando esbarravam nela é que percebiam sua presença. Numa rua cheia de pessoas, os outros passavam os olhos por ela como se nada houvesse ali.

Sua sina não seria diferente em Konohagakure.

Falta de presença...

As palavras do velho ainda lhe ressoavam na mente.

O que ele quis dizer sobre eu ter uma falta de presença invejável?

Ela olhou para as próprias mãos. Ela seria transparente ou algo do tipo?

Não, talvez fosse outra coisa...

Uma brisa soprou de leve e Kairina sentiu uma inquietação no estômago. A asia voltara de novo. Pousou as mãos na barriga e continuou andando. Uma nova brisa soprou e o vento trouxe sons de risadas debochadas de algum lugar não muito longe dali.

A inquietação de sua barriga piorou.

A menina ergueu a cabeça.

Novas risadas vieram.

Olhou para os lados. Não havia quase ninguém na rua. Passaria completamente despercebida.

Então, sorrateiramente, esgueirou-se para um dos becos e pulou para os telhados.

***

–Você é uma garota do clã Hyuuga, então mostra o Byakugan pra gente!

–Se você não quiser mostrar, vamos te dar uma surra!

–Que olhos estranhos são esses?

–Aposto que você é um monstro isso sim!

–Sim, seu demônio do Byakugan!

–Hahahahahahaha!

Então era daqui que vinham as risadas, pensou Kailina.

Um grupo de três moleques rodeava uma menina que teria mais ou menos a idade de Kairina. Tinha os cabelos curtos e lisos num tom azul escuro, quase negro. Como ela estava encolhida no chão, a pequena Uzumaki não podia ver seu rosto.

–Ei, vocês!

Um grito chamou a atenção da menina. Há alguns metros dali, um garoto loiro de olhos azuis corria desajeitadamente na direção do bando de garotos. Usava óculos de aviador na testa e um cachecol vermelho pendia-lhe do pescoço. Parou derrapando na neve e encarou-os ferozmente.

–Hum? – respondeu um deles, virando-se para o recém-chegado.

–Quem é você? – rebateu o outro.

–Eu sou Uzumaki Naruto! O Hokage do Futuro-dattebayo!

Uzumaki?

A dor no estômago de Kairina chegou num ponto crítico, e ela se encolheu em cima da árvore na qual estava escondida.

Ele disse Uzumaki?

Com esforço, ela se colocou numa posição que pudesse acompanhar a movimentação do grupo sem se levantar. Seus olhos corriam da menina encolhida para o garoto com óculos de aviador.

–“Hokage do futuro”? – os meninos repetiram zombeteiros.

–Você é idiota, por acaso?

O garoto ergueu as mãos diante do corpo e ameaçou:

–Preparem-se. Kage Bushin no Jutsu!

Uma explosão de fumaça cobriu momentaneamente a visão de Kairina, mas logo o menino apareceu novamente com a mesma expressão determinada. A única diferença era que no chão, próximo aos seus pés, havia duas pequenas criaturinhas que lembravam o menino loiro.

–Vou bater em vocês-ttebayo! – berrou o da esquerda com uma vozinha fina.

–Ttebayo! – ecoou o da direita com a mesma voz.

Os meninos caíram na gargalhada.

Kairina abafou um risinho.

Entretanto, enquanto o menino olhava decepcionado para seus clones em miniatura, um dos encrenqueiros correu até ele e desferiu-lhe um soco certeiro no rosto.

–Toma essa!

Os outros riram.

–Esse cara é divertido!

A pequena Uzumaki tremeu dos pés à cabeça. Um ódio que nunca experimentara na vida preencheu-lhe o peito. Se deixasse se levar pelo instinto, espancaria aqueles três em cinco segundos sem dó.

Enquanto encarava os meninos encrenqueiros, a menina de cabelos escuros se colocou de pé. Com seus sentidos bem treinados, de cima da árvore, Kailina conseguiu distinguir o tom esbranquiçado dos olhos da menina.

Mas que olhos... são aqueles?

Lembrou-se do que os meninos haviam dito:

“Você é uma garota do clã Hyuuga, então mostra o Byakugan pra gente!”

Byakugan...?

Os meninos avançaram para Naruto e agarram seu cachecol. Começaram a esticá-lo enquanto zombavam dele:

–Mas que grande “Hokage do futuro”, hein?

A garota de olhos brancos se encolheu, chorando. Kailina sentiu uma vontade imensa de pular no meio dos três e acabar com a brincadeira sem graça, mas algo lhe dizia para apenas observar. Além disso, a asia em seu estômago tornava quase impossível se mexer.

Depois, penduraram-se em uma árvore, usando o cachecol para se balançarem. Naruto permanecia no chão, nocauteado.

–Você não é nem um pouco forte!

Um deles pegou o tecido vermelho e jogou no chão, começando a pisoteá-lo. Os outros seguiram seu exemplo.

–Toma essa!

–E essa!

A garota apenas chorava, encolhida.

Por que ela não reage?, indignou-se Kailina.

Os meninos, após detruirem quase completamente o cachecol vermelho, saíram correndo e gritando:

–Oh, corram! O “grande Hokage do futuro” está atrás de nós!

–Salvem-se!

–Baka, baka, bakaa! Nem conseguiu defender um cachecol!

–Haahahahahaha!

Abaixada com as mãos na barriga, Kailina se dividia numa vontade imensa de espancar os arruaceiros e de descer para ajudar Naruto e a menina de olhos brancos. Entretanto, não conseguia mexer um dedo, então se conformou em ficar observando.

A menina de cabelos escuros esperou algum tempo parada e, depois, aproximou-se cuidadosamente do cachecol. Recolheu-o com muito carinho, dobrando-o com suas mãozinhas delicadas. Com ele dobrado entre os braços, voltou para junto do menino desmaiado.

Alguns minutos depois, Naruto levantou-se subitamente e começou a berrar:

–Eu ainda não acabei! Da próxima vez vou lançar um super jutsu e...

Olhou para os lados. Não havia mais sinal deles. Apenas a garota que acudira.

Kairina olhou para seu rosto inchado pelo soco. Mesmo meio deformado, notou novamente os azuis do menino. Sua barriga se revirou.

Naruto dobrou-se sobre os joelhos. A garotinha se aproximou, preocupada.

–Ah! – disse acompanhando seu movimento. – Você está bem?

–N-não foi nada...tteyo – disse Naruto massageando o rosto.

–Aquelas crianças... – começou ela estendendo o cachecol que estava em seu colo.

Naruto apenas balançou a mão, suspirando.

A menina abaixou os olhos, tristonha.

–Gomenasai...

–Não se preocupe!

Ela arregalou os olhinhos o suficiente para Kailina notar o leve tom lilás que eles tinham. O garoto que a defendera se levantou. Olhou para ela com um sorrisinho e saiu correndo. A outra se levantou rapidamente e, antes que ele desaparecesse de vista, chamou:

–E-ei!

–Hã? – ele parou de correr e se virou com uma expressão curiosa.

A garota hesitou.

–A-arigatogozaimashta! – soltou ela de uma vez, fazendo uma reverência.

Um enorme sorriso iluminou o rosto do menino, o que fez Kailina tremer de novo.

Aquele sorriso... Onde o vira antes?

Lembrou-se dos olhos azuis do menino.

Ela já os vira antes? Quando? Onde?

–Jyah nah! – disse ele animadamente correndo pelo corredor de árvores secas que levava de volta para a Vila.

Tanto a garota de olhos pálidos quanto Kailina observaram-no se distanciando lentamente.

A que estava no chão deixou um leve sorriso tomar-lhe conta dos lábios, e a pequena Uzumaki viu quando ela abraçou com mais força o cachecol vermelho...

***

Sem fazer barulho, Kailina desceu da árvore na qual se escondera. A dor de estômago deixara de lhe incomodar tanto e já podia se mexer. A garota de olhos lilás esbranquiçados ainda olhava para o caminho no qual Naruto desaparecera.

Não sabia exatamente porque, mas a visão da menina abraçando o cachecol lhe cativara. Queria se aproximar dela, queria... Queria...

Queria fazer uma amiga.

A pequena andou para o centro da estrada de neve e, sentindo suas bochechas esquentarem, abriu a boca para pigarrear, mas a menina de cabelos escuros virou-se subitamente.

Ambas se entreolharam por alguns instantes tensos, e instintivamente, Kailina deu dois passos para trás. A outra se encolheu, mas não recuou.

–Q-quem é você? – gaguejou ela.

A Uzumaki corou ainda mais e olhou para os lados, evitando os olhos pálidos da outra. Sentia como se ela pudesse ver através de sua alma.

–U... J-jyuu no Kairina! – ela exclamou depois de fazer um enorme esforço para responder.

A outra menina piscou duas vezes.

–Eu nunca te vi na Vila. Você é estrangeira?

A pequena se encolheu, envergonhada e receosa.

–E-eu... Vim de outra Vila. Estou me mudando pra Konoha ho-hoje...

A menina sorriu.

–Ah entendi! – ela inclinou a cabecinha. – Bem-vinda a Konoha!

Kailina sentiu o rosto ficando vermelho. Era a primeira vez que alguém desejava boas-vindas a ela sem que a situação exigisse. A menina morena percebeu seu desconforto e aproximou-se:

–Você está bem, Kairina-san?

–Hu-hum... – ela soltou seu típico muxoxo afirmativo.

A outra não se convenceu. Andou até ela e analisou seu rosto, um pouco encolhida pela timidez.

–Eu sou... Hyuuga Hinata. – disse ela pegando Kailina de supresa.

–P-prazer. – por reflexo, a Uzumaki estendeu a mão.

Hinata fitou a mão da garota por um tempo, e por fim, apertou-a. Seu toque era quente e macio.

–G-Gostei do seu cabelo. – soltou a Hyuuga.

Instintivamente, Kailina levou a mão para a mecha ruiva que pendia emoldurando seu rosto.

–A-arigatô...

Hinata riu de leve. A outra baixou os olhos para o cachecol.

–O que vai fazer com o cachecol?

A garota Hyuuga ficou mais vermelha que um pimentão Seus olhinhos brancos fixaram o tecido vermelho e, lentamente, um sorriso involuntário curvou seus lábios. O rubor diminuiu, limitando-se na região das bochechas.

Que bonitinha!

–A-acho que... – o rubor voltou-lhe à face.

–Hinata-samaaa!

Um grito sobressaltou as duas meninas. Um homem de cabelos castanhos usando uma bandana da Aldeia da Folha se aproximava correndo. Quando chegou perto o suficiente, Kailina percebeu que os olhos do homem eram iguais aos de Hinata. Ele parou ao lado da menina e agarrou sua mão bruscamente.

–Quantas vezes eu já te disse para não sair sem minha permissão, Hinata-sama?

Hinata abaixou a cabeça, tristonha. Sem sequer olhar para Kailina, o outro Hyuuga começou a arrastar a menina para longe. Ela agarrou-se ao cachecol e olhou suplicante para a Uzumaki. As duas sustentaram os olhares uma da outra por um longo tempo, até finalmente se perderem de vista.

Kailina continuou olhando para a atmosfera branca, enquanto suas coisas lhe tomavam a mente.

O rosto nostálgico de Uzumaki Naruto e a forma como Hyuuga Hinata notara sua presença.

***

Hinata era arrastada para longe por Koh. Via Kailina se distanciando cada vez mais.

Não sabia exatamente porque, mas a presença da menina lhe acalmara e a deixara mais à vontade.

Alguma coisa lhe chamara a atenção nela.

Ah, claro. O cabelo era bem diferente. Mas...

–Oi, Hinata-sama! Temos que andar rápido! Seu pai está nos esperando!

Hinata se indiretou e acompanhou Koh.

–Hai, Koh-san...

Apertou o cachecol vermelho contra o peito.

Uzumaki Naruto...

Um calor agradável aninhou-se em seu peito.

Uzumaki Naruto...

Lembrou-se dos olhos azuis do menino.

Tack!

Um estalo lhe vez arregalar os olhos.

Os olhos azuis...

Então era isso...

***

Hideo observava cautelosamente os movimentos de Kailina. Ocultado nas sombras, ele viu a menina conversando com uma aldeã quase da mesma idade que ela. Ao observar a cena, seu cenho franziu em agonia.

Kairina...

Um homem apareceu subitamente e puxou a menina para longe da pequena Uzumaki.

A agonia no peito de Hideo cresceu ao observar a confusão e a tristeza tomando conta do rosto da pequenina.

Era triste. Triste demais ter que privá-la daquilo...

Uzumaki Hideo abaixou a cabeça e sumiu num borrão negro contra o branco da neve.

***

Goro acabar de explicar tudo ao Hokage. Os ANBUs retornaram para sala.

–Entendo... – disse o Sandaime com uma voz pesada. – Bom, preciso esclarescer mais alguns detalhes para Kairina. Chame-a de volta para cá. Ela já deve ter conhecido um pouco de Konoha...


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Notas finais do capítulo

YEEEY! Meu casal favorito abrindo a historinha de Kailina em Konoha nhaaaa o O que acharam? Sugestões? Críticas?
Beijos no core de vocês, leitores divos!!!
Até o próximo cap!



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