Fragmentada escrita por A Shy Girl


Capítulo 2
Capítulo 2




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A chuva caía com força. Os pingos caíam calmamente sobre os cacos de vidros atrás de mim.
O lugar era desconhecido. Parecia um jardim de um palácio. Mas, bem mais assustador. Muito mais.
Eu usava um delicado vestido branco, que ia até o chão. Meus longos cabelos negros estavam soltos. Eu estava muito bonita.
De repente, eu ouvi gritos atrás de mim. Eram gritos agudos e desesperados por socorro.
Várias pessoas estavam vindo na minha direção. Mas, tinha um porém: Eu estava cercada de cacos de vidros. Apenas o lugar que eu estava, não havia cacos.
Porém, as pessoas pareciam não se importar com isso. Eles viam todos juntos, pisando nos cacos de vidro, que os machucavam e os faziam sangrar.
Então, tudo sumiu. As pessoas, os cacos. Era apenas eu em um jardim bonitinho. Mas, quando olhei para baixo, vi algo assustador.
O vestido branco estava manchado de vermelho na parte de baixo. Sangue. O chão estava banhado de sangue.
Eu queria gritar. Mas, não conseguia. De repente, ouvi alguém me chamar:
–Elizabeth, Elizabeth! Acorde!
Acordei com a voz calma de minha mãe me chamando. Ela me encarou:
–O que houve? Entrei aqui e vi você se debatendo na cama, chorando.
–C-Chorando?
–Sim. Chorando.
–F-Foi só um pesadelo.
–Imagino.-Ela respirou fundo.- Querida eu irei sair.
Eu franzi o cenho:
–Vai se encontrar com seu "namorado"?- Perguntei fazendo aspas no namorado.
Ela sorriu suavemente:
–Na verdade eu vou ao supermercado com Valerie. Mas, você me deu uma boa idéia.
Eu atirei um travesseiro nela:
–Que horror! Não consigo imaginar você namorando aquele velho careca!- Eu fiz cara de nojo.
Mamãe soltou uma gargalhada alta:
–Ah, Elizabeth. Só você para me fazer rir.
–Mas, é sério!- Esperneei.
–Eu já vou querida. Tchauuuuu.- Ela acenou.
–Tchau.- Falei desanimada.
Assim que ela saiu, eu me joguei na cama. Aquele pesadelo me deixou com um frio estranho na espinha. Eu precisava de algo para me acalmar. Mas, oque? Já sei!
[...]
A melhor parte de sua mãe não esta em casa, é que você pode fazer o que você quiser. Nesse exato momento, eu estou fazendo panquecas maravilhosas, com um suco de laranja e bacon.
É. Isso sim me acalma. Minha mãe sempre me pergunta qual é o meu segredo para não engordar, pois segundo ela, eu como, como e não engordo. Eu sempre dou risada, porque é a mais pura verdade. Nem eu sei como ainda não engordei.
Depois das panquecas ficarem prontas, coloquei em cima da mesa e comecei a comer.
Tão perdida naquele sabor maravilhoso de panqueca, que só voltei para a realidade quando ouvi um barulho atrás de mim.
Parecia que alguém estava mexendo nas panelas da cozinha.
Me levantei:
–Mãe? Mãe, você está ai?- Me aproximei da entrada da cozinha.
Entrei e vi a cozinha vazia. Olhei para as panelas e algo. Parecia um papel. Me aproximei e peguei a carta. Cautelosa, comecei a ler:
Querida Elizabeth:
Olá, sou eu de novo. Já sabe quem sou eu? Ah, se não, te daria a dica novamente: Volte ao passado.
Espero que você me perdoe pelo que eu vou fazer hoje, mas, é necessário.
Eu separei um presentinho especial para você. Espero que goste. Você é uma menina de ouro. Merece ser feliz.
Ah, já ia me esquecendo, deixei um caco de vidro especial no quarto da sua mãe.
E não se esqueça: Volte ao passado.
Beijos, minha menina.
É sério. Essa pessoa já está me dando medo. Essas duas cartas são tão sombrias e assustadoras.
"Volte ao passado". Sinceramente essa dica não está servindo para nada. Voltar ao passado. Que passado?
"Deixei um caco de vidro especial no quarto da sua mãe" novamente o que isso quer dizer?
Então me lembrei da conversa com o xerife:
"-Oh, não. A única pista que nós temos, são fragmentos de vidro.
–Fragmentos de vidro?- Eu perguntei, curiosa.
–Sim. E, particularmente, eu não faço idéia do que quer dizer."
Ai Meu Deus. Essa pessoa não. Não, não, não!
Corri para o quarto de minha mãe. Em cima da cama tinha um caco de vidro. Nem muito pequeno, nem muito grande. Apenas o suficiente para ser enxergado.
Peguei aquele caco e sentei na cama. Tudo bem. Eu só tinha duas opções.
Primeira: Esperar para vê se minha mãe chega antes do meio dia. Se ela chegar é óbvio que ela está bem.
Segunda: Ir correndo para o supermercado procurá-la.
Eu escolhi a segunda. Peguei um cachecol violeta, uma bolsa qualquer e fui.
Entrei no meu carro e dirigi o mais rápido que eu pude.
O supermercado estava movimentado. Seria difícil encontrar minha mãe ali.
Avistei uma cabeleira vermelha familiar. Valerie. Ela parecia perdida naquela multidão. Seus olhos verdes estavam desesperados. Parecia que ela procurava alguém.
" Não pense isso, Elizabeth! Sua mãe está bem" me repreendi em pensamento:
–Valerie! Valerie!- Gritei a melhor amiga de minha mãe.
Ela procurava de onde aquela voz vinha. Quando me viu no meio da multidão, seus olhos se arregalaram:
–Elizabeth! Liz!- Ela começou a me gritar.
Tentei passar pela multidão e não consegui. Resolvi usar técnica infalível: Empurrar todo mundo e passar.
Sai empurrando, adulto, criança Quem estivesse na frente:
–Desculpe! Licença. Obrigada. Licença, senhor.- Era essa minha situação.
Saí tão descabelada e amarrotada. Mas, o que importava era minha mãe.
Me aproximei de Valerie:
–O que houve, Valerie? Onde está minha mãe?
De repente, Valerie começou a chorar. Senti o meu coração congelar:
–Valerie?- Eu perguntei desesperada.
Ela limpou as lágrimas e começou:
–Chegamos juntas. Eu estava na seção de frios, quando ela disse que precisava pegar alguma coisa no carro.
–E depois?
–Eu esperei mais de dez minutos por ela, ai eu decidi pagar as compras dela, junto com as minhas. Depois eu...- Ela começou a chorar novamente.
Eu a abracei:
–Calma. Pode continuar.
–Quando eu cheguei no estacionamento, o carro estava aberto, mas sua mãe não estava lá. A bolsa, os cartões. Tudo estava lá, menos ela. Comecei a perguntar as pessoas, se tinham visto ela. Mas, ninguém tinha visto ela. Sua mãe sumiu!


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