Sombras do Passado escrita por Zusaky


Capítulo 11
Xl


Notas iniciais do capítulo

Hey, people! Aqui está mais um novo capítulo, e dessa vez temos mais um flashback da vida da Eileen.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/636476/chapter/11

Já fazia algum tempo desde que Eileen soltara seu último sorriso. Os dias agora passavam lentamente, mas ela pouco se importava com aquilo. A hora de dormir era sempre a mais esperada, uma vez que era o único momento em que poderia ficar sozinha.

Fazia alguns meses desde que Kalel avisara, entre lágrimas e soluços, que ela iria mudar de casa. Quando Eileen havia perguntado se seu irmão e a mãe iriam juntos, tudo o que recebeu como resposta fora um abraço apertado. Tinha sido numa noite fria de janeiro que um carro luxuoso aparecera em sua porta para buscá-la.

Eileen nada havia entendido. Por mais que já fosse uma adolescente, não era rebelde como os demais de sua idade, e obedecia sua mãe em tudo que ela falava. Por esse motivo ela não fugiu, tampouco fez algum drama, apenas tinha entrado no carro já com as malas prontas. A parte mais difícil, porém, havia sido se despedir de Caleb.

— Não vamos mais nos ver? — perguntou o irmão, abraçado às pernas dela, logo antes que ela se fosse.

— É lógico que vamos. — Ela se abaixou para que ambos ficassem da mesma altura. Tinha um sorriso triste nos lábios. — Farei o que puder para que voltemos a morar juntos.

— Tudo mesmo?

— Tudo.

Os planos de Eileen, entretanto, não saíram exatamente como ela planejava. O Sr. Thomas Garnet era um homem de quem ela não havia simpatizado desde o primeiro momento que o vira. Ele havia explicado a ela, ainda dentro do carro, que Kalel estava tendo dificuldades para cuidar dos dois filhos, além de estar ficando doente em intervalos pequenos; e logo o dinheiro deles se tornou ainda mais escasso.

Sendo o bom homem que era – assim havia dito –, ele contou ainda que tinha feito uma proposta à sua mãe no dia em que se viram pela primeira vez. Cuidaria da filha mais velha, ajudando ainda com o dinheiro para criar o outro filho, mas em troca disso, Eileen teria que estar prometida a ele.

Eileen cerrou o punho, sentindo as unhas machucarem a palma das mãos. Não conseguia acreditar em uma só palavra sequer daquele homem asqueroso. Mas não conseguiu ver outra explicação para aquilo. Não queria uma vida como aquela, sentia nojo só de pensar. Talvez pudesse fazer alguma denúncia a respeito, mas sua mãe também pagaria por aquilo, além de ela e o pobre Caleb irem parar em algum orfanato qualquer.

Sem mais nada que pudesse fazer, ela se resignou a viver na casa de Thomas Garnet. Era um lugar grande e ela por vezes sentia-se perdida ali. Por sorte, como era grande a quantidade de empregados ali, ela conseguia chegar onde queria.

Thomas saia sempre cedo de casa, logo após o café da manhã, em que ele tentava puxar conversa com a garota. Para alívio de Eileen, ele só retornava quando o sol já estava se pondo, permanecendo trancado em seu escritório. Ainda assim, não eram raras as vezes em que ele recebia visitas de amigos, passando a noite toda conversando e jogando cartas. Eileen odiava cada um deles sempre que os via, mas procurava não demonstrar tal desafeto em público, mantendo sempre um sorriso falso nos lábios ao cumprimentá-los.

Com o passar dos meses, Eileen ficava cada vez mais apreensiva. No início, Thomas ainda permitia que Kalel e Caleb fossem visitá-la, mas ela pouco falava. Os dois haviam engordado mais e agora vestiam roupas melhores, o que fez com que Eileen pensasse que talvez a decisão de sua mãe tivesse sido sábia. Não importava-se de ter que casar com aquele homem, desde que sua família ficasse bem.

As visitas foram ficando cada vez menos frequentes, até que acontecessem apenas uma vez a cada dois meses.

Quando faltava pouco menos de um mês para que Eileen completasse seus dezoito anos, ela já conseguia notar algumas investidas de Thomas. Embora não quisesse assumir, ela possuía um incontrolável medo daquele homem. Ele sempre que podia tentava gracejá-la com presentes e beijar sua mão de maneira demorada.

— Estava pensando sobre nosso casamento — ele comentou, enquanto eles tomavam café da manhã. — Queria que acontecesse uma semana após você completar os dezoito, minha querida.

Eileen limitou-se a levar a xícara de café aos lábios, para que não fosse obrigada a falar nada.

— Mas pensando bem, nunca foi meu desejo casar em meio à neve. — Ele a imitou, passando a beber o café nas pausas que dava. — Talvez possamos adiar esse evento para março ou abril. O que acha?

— Não me importo com a data. Faça o que quiser.

Eileen sentiu uma sensação reconfortante dentro de si. Era bom saber que ainda teria mais tempo para ficar longe daquele ser abominável. A feição desagradável que instaurou-se no rosto dele quase a fez sorrir com satisfação. Em todos aqueles anos juntos, ela nunca havia demonstrado qualquer sinal de afeição por ele, fazendo questão de mostrar o quão incomoda era a presença dele para ela.

Quando Eileen acordou na manhã de seu aniversário, foi com uma empregada batendo na porta, avisando que ela tinha visitas. Ela logo descobriu que Thomas havia saído mais cedo naquele dia e só voltaria horas depois, então saber que tinha uma visita fez com que uma ansiedade se espalhasse por todo seu corpo.

Sua surpresa foi ainda maior quando viu um rapaz jovem de cabelos loiros e feição séria encostado na parede.

— Caleb?

O sussurro que havia saído da boca dela foi o suficiente para fazer o rapaz levantar a cabeça e soltar um sorriso radiante ao vê-la. Eileen desceu as escadas mais que depressa, sempre pulando um degrau, até se encontrar protegida pelos braços do irmão.

— Você não cresceu nada desde a última vez, não é? — ele falou contra o pescoço dela, ainda a abraçando. Caleb ouviu uma risada vinda dela e se afastou, analisando a irmã, agora com mais olheiras do que nunca.

Eileen o conduziu para uma outra sala, onde os dois sentaram-se no sofá, um ao lado do outro. Fazia meses que não o via, e era claro que estava radiante por dentro. Caleb já deveria estar perto de completar quatorze anos, mas já parecia um homem formado, não fosse pela feição infantil que ele ainda possuía. Os olhos azuis dele, ela notou, ainda expressavam gentileza e amabilidade.

— O que faz aqui? — ela questionou, arqueando as sobrancelhas. — Quer dizer, o Sr. Garnet disse que você e mamãe tinham se mudado às pressas para outro lugar.

Caleb estreitou os olhos ao ouvir aquilo. Ele logo pôs-se a contar à irmã que o Sr. Garnet estava impedindo que ele a visitasse, alegando que sua futura esposa estava indisposta para receber visitas, não importando se quem se tratasse. Ao saber que ele nada contava a Eileen, o rapaz ficou furioso no mesmo instante.

— Suponho, então, que ele não tenha lhe contado a situação que nossa mãe está. — Caleb a fitou com um olhar sombrio. Quando Eileen negou com a cabeça, ele pegou as mãos dela com as suas e respirou fundo. Sentiu as lágrimas já quererem brotar em seus olhos, mas ele não choraria. Estava cansado de chorar. — Ela está com câncer.

Eileen sentiu todo o seu mundo desmoronar naquele instante. Aquilo não era algo simples para Thomas esconder dela. Sua mãe estava morrendo e aquela criatura nem ao menos tinha se dignado a contar a ela. Sentiu o ódio por ele crescer ainda mais naquele momento, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, seu irmão continuou.

— Eu o estivesse seguindo por vários dias, minha irmã, e descobri algo que pode ser sua liberdade — ele contou, ansioso. — Creio que todo o dinheiro que o Sr. Garnet possui é por meio de drogas ilícitas que ele contrabandeia.

Eileen arregalou os olhos, mas em momento algum duvidou do irmão.

— Drogas?

— Sim. Se eu conseguir algumas provas, poderemos colocá-lo atrás das grades.

Eileen sentiu-se ansiosa com aquela ideia. Ao saber do estado que sua mãe se encontrava, não poderia passar mais um minuto sequer naquele lugar. Sabia que Thomas tinha meios de encontrá-la caso tentasse fugir, mas se obtivesse alguma prova, enfim estaria livre dele. Seu coração ainda doía ao pensar na mulher que a tinha criado por anos e anos e fizera tudo para tentar dar-lhe uma vida digna.

Antes que os dois irmãos pudessem se levantar, algumas palmas foram escutadas de um outro canto da sala. Foi com o corpo tremendo que Eileen constatou que se tratava de Thomas Garnet.

. . .

Ethan foi o primeiro a correr até a cabana, cessando os passos assim que alcançou a porta. Os papéis que haviam saído do recinto estavam todos rasgados em minúsculos pedaços. Ele ainda tentou entrar, mas o fogo era agressivo demais e ele sentiu seu pulmão arder ao inalar a fumaça.

Provavelmente todos os equipamentos estavam danificados; nada sobraria daquilo. Sentiu uma agonia enorme ao ver a cena. Se preocupou tanto em querer pegar o assassino que havia esquecido daquele pequeno lugar, o único onde conseguia relaxar em paz, sem ser lembrado de suas obrigações.

Ele deu mais alguns passos, ansiando entrar novamente na cabana, mas sentiu alguém segurando seu braço. Ao olhar para o lado, de maneira vagarosa, ele encontrou Eileen o olhando seriamente.

— Se está pensando em entrar lá, pode tirar essa ideia da cabeça — ela disse, séria, ainda segurando o braço dele. — Não vou deixar que você se mate.

Quando eles menos notaram, o cientista finalmente havia mostrado presença ali, junto de várias outras pessoas, que vinham logo atrás dele com baldes cheios de água.

— Uma solução rápida.

Eileen não sabia como funcionava o serviço de bombeiros naquela época, mas julgou que ele deveria ser lento. Agradeceu mentalmente pelas pessoas que estavam ajudando, uma passando o balde para a outra, enquanto as crianças que estavam presentes corriam com os baldes vazios para que fossem enchidos novamente.

Ela logo conseguiu distinguir o barulho de sinos. Talvez aquele fosse um sinal para alertar os bombeiros. De qualquer forma, ela pôs-se a ajudar as pessoas, vez ou outra olhando para Ethan, que agora estava parado em frente a uma árvore, olhando-a fixamente.

— Entendo o que ele está passando — comentou Joshua, ao lado da assassina, também ajudando com os baldes. — Não é fácil perder as pesquisas e todo o trabalho que você se dedicou por tanto tempo.

Eileen não respondeu.

Eileen logo viu alguns homens com uniformes parecidos com os da polícia chegarem ao local. Julgou serem os bombeiros, mas mesmo sem ainda ter certeza, ela cessou o trabalho e foi até onde Ethan permanecia parado. O cabelo escuro deve estava bagunçado, com alguns fios grudados à testa. Impulsivamente, ela levou a mão até lá e arrumou.

— Ethan...

— Você estava certa — ele comentou abruptamente, interrompendo qualquer coisa que ela fosse falar. Ao ver Eileen franzir o cenho, ele mostrou uma folha que estava segurando. — Era ele. Sempre foi Aaron o tempo todo.

Sem perder tempo com questionamentos, a assassina pegou o papel e pôs-se a ler. Era uma carta que provavelmente fora escrita rapidamente.

“A cidade de Londres acordou com mais uma vítima. O homem da vez chamava-se Sebastian Warllow, cuja esposa foi brutalmente morta dois dias atrás. É sabido que a família Warllow, que antes fazia parte da elite da cidade, estava em decadência, cada vez mais sem dinheiro graças às jogatinas sem sucesso de Sebastian. Os cantos de Londres sussurram sobre um acerto de contas. A polícia ainda não deu informações sobre o ocorrido, mas já suspeitam que seja mais um trabalho artístico do serial killer que anda nos assombrando ultimamente.”

Eileen leu as palavras e ficou incrédula não só com aquilo, mas também com o fato de Ethan já saber que ela desconfiava de seu amigo. Se sentiu mal por ter escondido aquilo dele, mas, afinal de contas, ela estava realmente certa. Sabia que tinha sido Aaron o autor da carta, conhecia o jeito como ele escrevia as matérias, sempre procurando um jeito de se colocar em um altar. Aquela provavelmente era uma tentativa de ele mostrar o que faria a seguir, e sem medo algum de ser encontrado.

Trabalho artístico.

Ela lembrava-se de que havia certa admiração pelo assassino da parte de quem escrevia as colunas. Talvez Aaron estivesse tentando fazer seu personagem se tornar carismático, alguém para o público nunca esquecer. No fim, ela simplesmente não sabia ao certo dizer.

— Leia atrás.

Eileen prontamente virou a carta, lendo uma pequena frase.

“Quando aqueles que me procuraram me acharem, tudo já estará terminado.”

Os dois sabiam que aquilo não era um simples blefe.

. . .

Quando todo o trabalho dos bombeiros foi finalizado, Ethan deu uma rápida olhada no interior da cabana, mesmo sendo alertado de que ela poderia vir a desabar a qualquer momento. Papel algum havia sobrado lá dentro, além de os equipamentos terem sido completamente danificados. Era somente uma pilha inútil naquele momento. Ainda assim, ele sentiu falta de um equipamento.

Sabendo que não poderia ter como salvar nada ali, ele deixou o recinto, sendo acompanhado por Eileen e Joshua. A assassina tinha atualizado o cientista sobre a carta que viram e ele pareceu desolado.

— Aaron não foi embora de mãos vazias — disse Ethan quando os três já estavam dentro da carruagem. — Uma bateria sumiu.

Joshua levantou a cabeça no mesmo instante, parecendo surpreso.

— Bateria?

— Tesla estava trabalhando em algumas baterias antes de partir, tentando fazer com que a energia das lâmpadas passasse a ela, mas foi inútil.

O cientista olhou fixamente para Ethan, com as mãos tremendo. Eileen notou aquilo e no mesmo instante pensou que o velho estivesse prestes a ter algum ataque do coração. Ela nem conseguia pensar no que faria caso aquilo acontecesse.

— Sr. Caulfield, eu temo que... — ele começou a falar, com o olhar assustado, algo já típico dele próprio. — Tenho quase certeza de que os pósitrons podem estar presos nessa bateria.

Ao ouvir aquilo, Eileen teve mais certeza ainda de que precisavam achar Aaron. Não sabia o motivo que o havia levado a pegar aquela bateria, mas ela faria de tudo para obtê-la. Aquela era sua chave para casa.

. . .

Ao chegarem na casa de Sebastian Warllow, o mordomo os informou de que o seu senhor havia saído cedo naquela manhã, pois a Scotland Yard tinha enviado uma carta dizendo precisar de uma testemunha para fechar o caso da Srta. Warllow.

— Pensei que o senhor soubesse disso, senhor, já que pertence à Scotland — disse o mordomo, levemente inquieto. — Ou não é esse o caso?

— Eu vim para escoltá-lo, uma vez que não era sabido que ele iria tão cedo. Você deveria saber, estou certo, de que seu patrão não poderia sair por aí sem companhia, considerando a perda que acabou de sofrer. — Ethan não se preocupou em ser educado naquele momento. — Se me der licença.

Ele mais que imediatamente deu as costas, voltando pelo caminho que havia feito até a carruagem. Poderia muito bem ter aviso às autoridades, mas então seu nome estaria em jogo ali, pois ficariam ciente de que ele estava usando uma identidade falsa para se inteirar dos casos da polícia. Aquilo era um escândalo que não precisava.

Eileen estava desconcertada com a cena que tinha acabado de presenciar. Nunca antes havia visto o tão calmo e concentrado Ethan ser rude daquela maneira com alguém. O semblante deve estava mais sério do que nunca e ela julgou que ele deveria estar realmente enraivecido por dentro, embora tivesse um autocontrole perfeito.

Quando já estavam os três novamente dentro da carruagem, Ethan deu a ordem para o condutor os levar até a casa dos Lawrence. O homem, que já havia levado seu senhor lá várias vezes, atendeu prontamente a ordem.

Durante o caminho, tudo o que o cientista fez foi se ocupar em rabiscar números em alguns papéis que ele provavelmente tinha conseguido salvar do incêndio. Eileen vez ou outra observava Ethan, que vestia uma camisa branca por baixo de um colete e um sobretudo escuro. Ela julgou que ele ficava mais charmoso com a gola alta da roupa. Seu olhar ia da janela até ele várias vezes, até que não aguentou mais seu silêncio.

— Nunca pensei que veria o tão estimado Sr. Caulfield zangado — disse ela, com um sorriso de lado, tentando amenizar um pouco mais o clima. Quando ia encontrar-se com alguma de suas vítimas, ela sempre procurava estar o mais calma possível, para que nada desse errado; e era dessa maneira que queria estar quando encontrassem Aaron.

— É uma ocasião rara, tenha certeza disso.

— Bem, espero que você nunca se zangue comigo, então.

— Eu nunca seria capaz de ficar zangado com sua pessoa, Srta. Hawkins. — E foi somente nesse momento que ele a olhou, com o semblante sério, mas mais suavizado ao ouvir a voz dela.

Eileen desejou saber se ele manteria tal promessa ao saber quem ela era em seu século.

. . .

A casa dos irmãos Lawrence estava com todas as janelas fechadas e a visão do interior era obstruída pelas cortinas. Ethan bateu várias vezes na porta, mas absolutamente ninguém havia atendido. Barulho algum podia ser ouvido e ele considerou a hipótese de Aaron e a irmã, Anslee, não estarem em casa. Mas queria ter certeza.

Ele se afastou um pouco da porta e analisou o tamanho da força que teria de usar. Antes, porém, que ele jogasse seu corpo contra a madeira, uma outra voz surgiu, um pouco mais afastada deles.

— Se está procurando o Sr. Lawrence ou a irmã dele, meu caro, sinto em dizer que eles não voltaram para casa desde ontem.

Eileen quase revirou os olhos ao ouvir aquilo. Imaginou se todos os vizinhos daquela época vitoriana, não importando a idade, eram realmente tão fofoqueiros a ponto de saber se determinada pessoa tinha ou não voltado para casa.

Ela analisou a mulher, logo chegando à conclusão de que ela não deveria ter mais que trinta anos. Tinha traços delicados e um cabelo castanho amarrado numa trança que ia e uma lateral da cabeça até a outra. A desconhecida aproximou-se mais da cerca que separava as duas casas, com os olhos cor de mel fixos em Ethan.

Ele curvou a cabeça para ela, que logo imitou o movimento, segurando o vestido rosa.

— Posso perguntar como a senhorita sabe de tal coisa? — Ethan perguntou, impassível.

— Oh, é sempre um infortúnio quando eles chegam. Parece que não sabem entrar sem fazer barulho. Nessa noite, entretanto, eu pude dormir em paz — ela respondeu, soltando um sorriso em seguida. — Mas caso o senhor queira esperá-los em minha residência, não farei objeção alguma. Imagino como deva fazer frio nessa sua carruagem.

Eileen arqueou a sobrancelha ao ouvir a mulher. Duvidava muito que fosse comum que uma dama chamasse um cavalheiro para sua casa, a não ser que estivesse realmente desesperada para casar. Ela apostava até o último fio de cabelo que se tratava disso.

— Creio que não será necessário, senhorita. — Ethan ajeitou seu sobretudo. — Estamos com pressa. Mas agradeço pela oferta.

Ele voltou a curvar a cabeça, já se despedindo da mulher, que o olhou atônita, como se estivesse perdendo a chance de sua vida mudar. Eileen não pôde deixar de sorrir enquanto acompanhava Ethan de volta à carruagem.

O cientista, que havia permanecido lá dentro, os olhou com aflição ao notar que haviam retornado. A alegria dele de esvaiu no instante em que notou o semblante frustrado de Ethan, embora a assassina tivesse um sorriso satisfeito no rosto.

— Não o acharam? — ele questionou, querendo ter certeza. Estava realmente preocupada com aquilo. Se não achassem o assassino e, consequentemente, a bateria, ele estaria destinado a viver naquela época. Pensar naquilo fez seu desespero crescer ainda mais.

— Não — respondeu Ethan, ainda do lado de fora da carruagem, pensando ainda no que dizer ao condutor. — Srta. Hawkins, lembra-se do que estava escrito no verso da carta?

“Quando aqueles que me procuraram me acharem, tudo já estará terminado” — ela recitou a frase, sem saber o motivo da pergunta dele.

— Acho que sei onde Aaron possa estar.

Após dar um novo rumo ao condutor, eles, enfim, partiram, com a ansiedade corroendo o peito de cada um deles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E cada vez mais vamos nos aproximando do fim. E aí, gostaram de ver um pouco da relação da Eileen com o Caleb? Acho que algumas dúvidas foram esclarecidas nesse capítulo, o que é algo ótimo! Foi tudo bem calmo nele, mas no próximo terá mais ação, já posso adiantar isso.
Espero que tenham gostado. :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sombras do Passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.