A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 2
Good Girl, Bad Girl.


Notas iniciais do capítulo

Hey Hey!!

Então, eu estou oficialmente de volta. Eu sei que não é com Problem ou LFF, mas estarei postando essas duas quando eu puder realmente me dedicar a elas, e para isso eu preciso de um par de semanas a mais. Então, encontrei o prólogo dessa fic quando eu estava limpando meu notebook, e os capítulos seguintes vieram facilmente e com fluidez. Eu espero que vocês gostem de ler, tanto quanto eu gostei de escrever...
Boa leitura!!!



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OLIVER QUEEN

Observei mais uma vez a tela do celular perguntando-me se devia ou não tentar novamente entrar em contato com Megan. Emiti um suspiro cansado enquanto jogava o celular sobre a cama com certo descaso. Eu não era um tolo, eu sabia que meu casamento não ia bem e que possivelmente Megan estava nesse mesmo momento nos braços de um amante.

A minha única dúvida no momento era se essa era a primeira vez que minha esposa me traía.

Coloquei minhas mãos nos bolsos da minha calça e encarei o jardim abaixo, minha atenção se voltando para piscina, considerando seriamente se eu deveria entrar mais tarde e me perder por alguns momentos no exercício mecânico de dar braçadas vigorosas nela. Um observador distraído poderia entender errado minha aparente postura relaxada. Talvez pensasse que eu não me importasse em ser traído por minha esposa, e que talvez eu também gostasse eu mesmo de ignorar os votos que um dia fiz de honra-la e respeita-la. Não, não era assim. Eu não estava traindo Megan, e eu certamente não estava bem com sua possível traição.

Eu estava furioso com semelhante hipótese.

Megan foi a primeira mulher que eu deixei se aproximar desde a morte da minha primeira esposa. Depois de três anos consumido pelo luto e lidando com o fardo de criar duas crianças com a diferença de apenas um ano entre elas. Eu estava cansado de ficar só, de viver isso sozinho. Eu tentava se um bom pai, eu queria dar tudo que eles precisam e mais, mas que tipo de pai eu seria se negava a meus filhos uma figura materna? Era uma visão machista, eu sabia disso, mas eu estava assustado com os anos que ainda estavam por vir. Com tudo que eu ainda teria que lidar. Enquanto eles eram apenas bebês, sua felicidade se limitava basicamente em está nos braços de alguém carinhoso e ser amado.

Eu poderia fazer isso.

Eu os amava demais. Thea, minha mãe, meus amigos, também amavam meus filhos.  Juntos podíamos dar todo o suporte que bebês precisavam, mas eram as fases seguintes que me preocupavam.

Que me faziam questionar se eles não mereciam mais.

Então, eu não saí a procura de uma esposa, nada tão drástico, desesperado e tão evidente. Eu apenas me permiti pensar na possibilidade de dividir minha vida com alguém novamente. Fiquei aberto a conhecer novas mulheres e pensar nelas como alguém com que eu teria ou não um relacionamento sério. Alguém em quem eu poderia confiar com meus filhos.

Então tinha Megan.

A doce e tentadora Megan.

Megan não era uma nova mulher se aproximando, ela havia sido uma presença constante na minha vida. Ela havia sido melhor amiga de Samantha, minha falecida esposa, e sempre esteve por perto, dando-me suporte, sentindo o mesmo pesar que o meu. Eu havia perdido minha esposa, minha companheira, ela havia perdido sua melhor amiga, alguém que conhecia desde criança. Ela conhecia meus filhos, os tratava bem, e apesar de suas insinuações e flertes, nunca julguei que ela seriamente se aproximava de mim com um interesse além da amizade. Ao menos não enquanto eu era casado, e não até eu mesmo me aproximar, após os anos de luto.

Ela tinha a natureza coquete, era uma força da natureza, animada e sempre feliz. Não havia dúvidas que Megan amava a vida. Ela atraía a todos como um imã, era algo natural, ser puxado até ela de forma quase imperceptível. Mesmo enquanto casado, eu não podia deixar de notar quão linda e sensual era Megan. Quando me permiti pensar nela dessa forma, além de um ombro amigo, ela mostrou-se receosa no começo e então receptiva. Ela também se sentia atraída, o sexo foi incrível, a relação que veio a seguir veio com naturalidade, e antes que qualquer um pudesse perceber, eu estava cada vez mais envolvido pela loira de olhos azuis, que me mantinha na ponta dos seus dedos.

Eu a pedi em casamento, tão logo julguei ser adequado e após pedir um razoável tempo para considerar a responsabilidade de ser mãe de duas crianças que na verdade não eram suas, ela aceitou. Foi um casamento discreto, pois ela afirmou que não queria atrair olhares que nos julgaria, que não entenderia como tudo aconteceu, eu prontamente concordei. Ciente de que atenderia qualquer pedido seu, e emocionado pelo fato dela estar pensando em minha família quando o disse, a exposição a fofocas, a atenção e comentários indesejados.

Agora apenas dois anos depois, eu me perguntava se eu havia tomando uma decisão apressada.

Era evidente que sim, já que minha esposa estava mais interessada em viajar do que permanecer com sua família. Suas constantes saídas, suas explicações detalhadas e ao mesmo tempo vagas demais, me faziam acreditar que ela não só estava entediada com sua vida de casada, como também estava tendo um caso.

Eu estava decepcionado, e irritado comigo mesmo.

Sua traição me fazia perceber que eu não sentia nada forte por Megan, eu a desejava, e a química que nos uniu, não havia sumido. Sempre que ela voltava de suas constantes viagens, eu me sentia cada vez mais envolvido com ela.

Sexualmente.

Mas sua traição não me magoou, não veio o sentimento de perda, ciúmes. Havia pesar sim, por ser enganado. O mais provável era que o que mais estava afetado nisso tudo era meu orgulho, mas eu não estava triste.

Eu estava furioso.

Por não ter sido o suficiente.

Por ter sido tratado como um idiota.

E acima de tudo, por ter lhe dado tudo e ter recebido tão pouca consideração de volta.

Eu estava também preocupado.

Thea não suportava Megan, eu nunca pude entender exatamente a razão, mas meus filhos eram loucos por aquela que eles consideram sua mãe.  Mesmo minha mãe nutria certa fascinação por minha esposa, elas duas eram próximas.

Todos amavam Megan.

Como eles reagiriam quando eu trouxesse a questão do divórcio a tona?

Por que uma coisa era certa, por mais sedutora, e conveniente fosse nossa união. Tão certo quanto o céu era azul, Megan receberia uma surpresa não tão agradável quando voltasse para casa.

Após uma longa e honesta conversa, eu deixaria claro que entre nós dois dali em diante só existiria os papéis do divórcio.

FELICITY SMOAK

Quando se trabalha em um hotel na decadente e lasciva Vegas, você aprende a não se surpreender ou se chocar com muita coisa. E quando isso de alguma forma acontecia, você era treinada o suficiente para disfarçar tal reação de imediato. Como garçonete, arrumadeira e faz tudo eu tinha experiência o suficiente para desviar meu olhar de cenas e situações que usualmente me deixariam desconfortável. Então era mais do que um costume andar e entrar nos lugares sem ser realmente notada, com os olhos baixos e atitude servil eu conseguia com algum sucesso ser ignorada por olhares repletos de luxúria de hospedes ansiosos por encurralar alguma pobre moça, ou evitar contato visual com alguma mulher que se sentisse ofendida por tamanha ousadia, de alguém que estava ali apenas para servi-la. Então, quando eu entrei no banheiro do restaurante, minha intenção era verificar rapidamente se estava tudo em ordem e então fugir dali o mais rápido possível. Sempre arrumávamos os banheiros logo cedo, mas com o tipo de cliente que gostava de ingerir mais bebida do que comer, a necessidade de está sempre sendo supervisionado era presente.

Os banheiros precisavam estar sempre limpos, luxuosos e do agrado das socialites que ali frequentavam. Era nisso que eu estava pensando quando entrei neste banheiro, meus olhos notando vagamente a mulher parada em frente ao espelho, minha atenção se desviando rapidamente para olhar ao redor procurando por alguma imperfeição, eu deveria na verdade recuar e lhe dar privacidade. Voltar um pouco mais tarde e verificar melhor as cabines, mas eu estava cheia de trabalho para fazer, e tinha muita pressa, eu não podia me demorar muito hoje, não queria arriscar ser solicitada para ficar mais tarde e acabar perdendo minhas poucas horas que tinha para estudar para a prova de amanhã. Eu precisava urgentemente encerrar meu turno e ir embora. Então fiquei, aliviada pela figura feminina não ter dado nenhum indício de ter me notado chequei cada um dos compartimentos e com certo alívio, constatei que tudo estava bem, já estava indo embora quando me lembrei de olhar mesmo de longe se as pias estavam com sua usual quantidade toalhas para mãos, e se as loções precisavam ser reabastecidas. Foi então que cometi o erro de deixar meus olhos caírem no espelho, talvez procurando por manchas que só poderia tirar mais tarde, meus olhos só conseguiram fixar em outros tão azuis e semelhantes aos meus. Seu rosto uma réplica da minha. Tão assustadoramente igual que me fez perder o já conhecido profissionalismo, eu que nunca demostrei choque, ou um leve desconforto sequer. Encarei a desconhecida e soltei um surpreendente:

— Que diabos...

— Ora, isso sim é interessante. – Murmurou com um sorriso felino. Era estranho, estranho demais. Eu podia me encarar mil vezes em frente a um espelho, colorir meus lábios do mesmo vermelho vívido e jamais... Nunca. Conseguiria sorrir de forma tão sensual. A mulher era visualmente igual a mim, e eu conseguia me sentir inferior. Ainda chocada demais me limitei a encara-la enquanto ela dava as costas ao espelho e virava-se para me encarar deliberadamente. Seu olhar me avaliando com estranho interesse e me intimidando. Recuei um passo automaticamente. O gesto foi mais forte do que eu, e ela apenas me rodeou, assimilando provavelmente quão parecidas éramos.

Idênticas na verdade.

— Muito interessante. – Repetiu levando seus dedos ao queixo, enquanto descia seu olhar de cima a baixo. – Eu poderia estar me olhando no espelho. – Estreitei meus olhos a observando também. Ali estava uma mulher sofisticada, uma eu sofisticada, rica e de alguma forma, mais bonita.

Era perturbador.

— É nesse momento que você me diz que está tudo bem amar os dois? – Murmurei antes que conseguisse frear minha língua. Ela franziu no cenho, confusa. Não havia como ela saber que quando nervosa, eu tendia a falar besteiras.

— Perdão? – Questionou altiva.

— Você sabe. – Continuei nervosamente. – Boa garota. – Apontei para mim. – Garota má. – Apontei para ela. – Irmãos lindos lutando por nossa atenção, alguns caninos alongados e um diário que provavelmente tem mais folhas que qualquer outro normal? – Perguntei vergonhosamente fazendo o gesto de dentes pontiagudos. Ela inclinou a cabeça me avaliando. Talvez considerando se eu era louca. – Ok, então você não é minha doppelganger. – Murmurei caindo em mim, era uma situação estranha, a mulher podia ser minha gêmea, mas eu ainda era uma funcionária, e falei mais com aquela cliente mais do que deveria ter falado.  – Desculpe pelo inconveniente senhorita... – Murmurei, pois era incapaz de chamar a mim mesma de senhora. – Espero que nosso serviço esteja ao seu agrado, tenha uma boa noite. – Concluí em tom de despedida. Eu estava mais do que ansiosa para fugir dali.

— Espere!- Murmurou fazendo com que parasse de imediato. Sem muita animação virei-me para atender seu chamado. Minha mãe era do tipo que afirmava ter todo o tipo de premonição, e sensações. Eu era bem mais cética, mas ainda assim eu não conseguia deixar de pensar que nada de bom poderia surgir dali.

— Sim? – Murmurei assumindo uma postura servil. – No que posso ajuda-la, senhorita? – Ela voltou a se aproximar, dessa vez erguendo uma sobrancelha.

— Eu gosto dessa pergunta. – Murmurou simplesmente.  Eu odiei isso. Nada de bom podia vir dali. – Primeiro eu gostaria de saber seu nome, minha querida.

— Felicity. – Murmurei simplesmente. Ela me encarou ainda em expectativa. – Smoak. – Concluí ao perceber que era isso que ela esperava. Meu segundo erro, o primeiro sem dúvida nenhuma havia sido ter ficado invés de ter ido embora tão logo tive a chance.

— Por sua pressa em ir, eu posso afirmar que também notou certa semelhança entre nós duas. – Continuou. “Certa” era diminuir quão parecidas éramos. Resolvi permanecer em silêncio, pois uma vez que eu começava, eu tendia falar coisas desconexas que deixava maioria daqueles que não me conheciam, confusos, divertidos ou irritados. E provavelmente uma pessoa tão bem vestida, rica e de um mundo totalmente diferente do meu, não gostaria de ser descrita como igual a uma garçonete de um hotel em Las Vegas, mesmo que apenas fisicamente.  – Estou certa? – Perguntou deixando claro que exigia uma resposta minha.

— Tão certa que estou pensando em exames de DNA. – Murmurei com um sorriso forçado. Isso a irritou, pude notar pelo ligeiro franzir de lábios. Eu e minha boca.  – Eu sinto muito, eu não quis insinuar qualquer ligação entre nós duas, eu só tentava levar com humor. Eu juro que não sou uma gêmea perdida procurando por seu dinheiro.

— Claro que não. – Murmurou erguendo seu queixo. – Há de fato semelhança, mas não se engane minha querida, não há qualquer parentesco entre nós duas. Eu não quero ofendê-la, mas você não passa de uma faxineira.

— Não ofendeu. – Murmurei trincando os dentes. Ela podia ser mais bonita, mas eu certamente era muito mais educada e humilde. – Agora se me der licença...

— Ainda não disse como você poderia me ajudar. – Interrompeu-me uma vez mais. – Eu tenho um trabalho para você, talvez algo que a interesse muito.

— Não quero ofendê-la, senho...

— Megan. – Interrompeu-me bruscamente.

— Megan. – Concordei. Não deixei de notar que ela por sua vez não me deu seu sobrenome, embora tenha exigido o meu. Talvez a brincadeira de irmã pedindo dinheiro tenha sido longe demais. Eu ia acabar sendo demitida ainda essa noite. Inferno. – Sem querer ofendê-la, mas eu duvido muito que eu tenha interesse em semelhante trabalho. Já estou muito ocupada e atrasada no atual. – A informei o mais educadamente que pude.

— Você sequer ouviu o que quero que faça, e o mais importante, por quanto irá fazer. – Murmurou. – Eu sou muito generosa com nova amigas. – Prometeu.

— Somo amigas?- Perguntei cada vez mais tensa e desconfiada. Eu não poderia negar, a ideia de receber uma considerável soma de dinheiro, era mais do que tentadora, eu precisava muito de dinheiro. Minha mãe e eu dividíamos um pequeno espaço que ousávamos chamar de apartamento. O lugar não era lá grandes coisas, mas era o que dava para eu pagar. Minha mãe queria ajudar, mas devido a problemas de saúde ela não podia mais estar horas se dedicando a arrumar quartos, limpar banheiros e servir mesas. Ela tentava ajudar fazendo bordados, mas por mais que amasse minha mãe, ela era péssima em qualquer trabalho que envolvesse algum dom artístico.

Ela não vendia nada.

A verdade era que eu pegava alguns de seus bordados dizendo que eu ia vender, voltava de mãos vazias e algum dinheiro (Meu dinheiro) e a entregava, ela ficava feliz e me devolvia o dinheiro pedindo para que eu usasse para pagar alguma conta. Eu sorria e assentia e pedia em minha mente que não houvesse de fato um inferno, pois eu quase tinha certeza que minha vaga já estava reservada. Eu trabalhava e estudava em uma faculdade a distância, foi a melhor maneira que consegui de continuar trabalhando e não largar os estudos. Não era o melhor, mas era o que eu podia fazer.

— Oh Felicity, eu acho que podemos ser grandes amigas. – Despertou-me murmurando com aquele sorriso de volta. Pisquei concentrando-me no momento atual e deixando minha própria necessidade financeira de lado. Sim, eu precisava de dinheiro, mas não, eu não ia me meter com alguém que claramente tinha planos suspeitos para mim. Ela é rica, tudo nela gritava nisso, suas roupas, seus gestos e é claro, estar aqui. Onde os mais ricos ficavam. Eu conhecia pessoas desse tipo, nos viam como peças, nada de bom poderia vir dali. Sair correndo seria a resposta mais sensata para a situação, mas eu era educada demais e amava demais meu salário para apenas dar as costas e ir embora. Eu precisava sair sem ofender a mulher, não me envolver com seus planos e é claro não acabar sendo demitida. – Você gosta de arte Felicity? – Franzi meu cenho diante a pergunta. Tal como minha mãe, eu não tinha veia para isso. - Teatro, cinema? – Especificou cruzando seus braços.

— Não posso afirmar que tenha estado em um teatro antes, mas sim. Eu gosto de filmes. – Eu acho que teatro de escola não contava aqui, ela certamente falava daqueles enormes e luxuosos cuja entrada poderia muito bem pagar uma outra pendência minha. – Por quê?

— Você não gostaria de tentar? – Aproximou-se analisando com atenção meu rosto, esperando uma resposta ao que dizia em minha expressão.

— O quê exatamente? – Questionei mais curiosa do que deveria.

— Interpretar. – Murmurou sorrindo divertida. – Ser outra pessoa, Felicity. Alguém melhor, certamente melhor que a empregada de alguém. – Acrescentou com desdém. Ela tinha empinado o nariz ou era apenas uma impressão minha? - Com roupas elegantes, mais sapatos do que poderia contar, joias caras e brilhantes... – Parou bruscamente e então levou suas mãos ao fecho atrás do pescoço, tirando o pesado colar, com uma joia brilhante e que certamente valia muito mais do que eu poderia sequer imaginar. – Joias como essa. – Terminou pendurando o bonito colar em seu dedo, bem frente ao meu rosto. Como se mostrasse a fatia de um pão a um homem faminto. Eu suponho que ela queria que eu assentisse e me mostrasse ansiosa. Mas tudo o que eu conseguia era ficar cada vez mais desconfiada. Interpretar? Ter outra vida? Do que exatamente ela estava falando?

— Eu não tenho certeza exatamente de onde você quer chegar. – Murmurei séria e com sinceridade. – Você é uma caça talentos? – Perguntei apenas por perguntar, duvida de fato de que se trata-se disso. – Eu não sou uma atriz. – Falei em tom firme. Eu não era. Interpretar uma árvore foi meu grande estrelato. O que eu arruinei a ter uma crise alérgica e espirrar a cada dez segundos. Árvores não espirram.

— Eu definitivamente não estava caçando nada. – Negou prontamente. – Mas estou feliz de tê-la encontrado, você chegou exatamente no momento em que eu mais precisava. Por quanto tempo ela iria rodear até me dizer exatamente o que queria? Como negar sem ofendê-la e acabar perdendo meu emprego? Essas eram as perguntas que estavam em minha mante, mas tudo o que fiz foi perguntar:

— Cheguei?

— Eu tenho um papel para você, minha cara. – Murmurou por fim parecendo deixar de lado os rodeios. – O melhor, eu diria. – Algo em seu tom me fez desejar ser eu a empinar o nariz, não gostava de seu tom prepotente.

— Eu já disse, eu não sou uma atriz. – Neguei prontamente. – Eu não posso ajuda-la. – Certifiquei-me de deixar claro.

— Ah, mas você pode. – Falou não aceitando minha recusa. – Veja bem, esse papel lhe cai perfeitamente, o que mais você precisa, você já tem. – Explicou. – E o que ainda lhe falta, eu estarei feliz em treina-la e ajuda-la. Será um treinamento intensivo, pois não ficarei muito aqui, mas acredito que com dedicação, nós duas podemos sair ganhando.

— Que papel exatamente você quer que eu interprete? – Murmurei desconfiada e cansada. Algo passava em minha cabeça, mas eu me negava em sequer cogitar isso.

— É muito simples na verdade. – Sorriu amplamente. – Tudo o que você precisa fazer é interpretar a mim.

Pisquei incrédula enquanto ela me encarava com mais um de seus sorrisos. Estava claro que ela esperava uma reação mais do que positiva, talvez até mesmo um gesto comemorativo de minha parte. Entretanto, tudo o que eu conseguia pensar era se de alguma forma, ela não teria nenhum traço de loucura.

— Você está brincando, certo? – Perguntei após certo silêncio constrangedor.

— Você logo vai perceber, Felicity. – Murmurou seu sorriso diminuindo consideravelmente. – Que eu não sou uma mulher que costuma brincar. Não dessa forma. – Acrescentou. – Você ficaria em minha casa, com a família de meu marido, vivendo minha vida, e ganhando para isso. Uma soma muito atraente de dinheiro. – Acrescentou. – Algo que podemos até discutir.

— Seu marido. – Repeti cada vez mais incrédula. Olhei em volta percebendo que desde o momento que entrei, nenhuma mulher havia tentando utilizar o banheiro. Era uma pena, pois esta seria uma ótima maneira de fugir de tal proposta. – Você quer que eu finja ser você, inclusive para seu marido? – Repeti cada vez mais atônita com seu plano.

Principalmente para meu marido. – Assentiu sem se abalar. – Seria por alguns meses, seria algo divertido para alguém com uma vida com a sua, teria mais roupas do que imaginar, uma bonita casa para chamar de sua por esse tempo, e bastante dinheiro para brincar de família feliz com os Queen. Seria perfeito, enquanto você banca a Megan, mãe amorosa e esposa apaixonada, eu estaria longe de todos aproveitando tudo o que o meu atual amante pode me oferecer. – Deu de ombros. Ela devia ter muito segurança em seu plano já que não hesitava contar tudo em detalhes, sem temer que eu fosse de alguma forma usar essa informação contra ela. – O que me diz? Temos um trato?

— Hum... Não. – Neguei rapidamente e a surpreendendo. – Eu não posso me passar por você sequer por uma hora, quanto mais por meses, em meio a tanta gente que te conhece tão bem, e principalmente o que você está me oferecendo é crime. E eu não estou comprando uma ida para cadeia sem volta. Então, obrigada pela oferta, mas por mais tentador que seja viver uma vida que não é minha, ficar com um marido que nem você suporta, eu prefiro ter que correr atrás do meu pouco dinheiro mesmo.

— Se eu fosse você eu pensaria melhor em minha proposta. – Murmurou com extrema seriedade, seu tom chegando até mesmo a ser ameaçador. – Quanto você ganha limpando vasos Felicity? Por quanto tempo pretende continuar assim? O que estou lhe oferecendo, muitas outras se matariam para ter. Você já ouviu falar em Oliver Queen?

— Não está entre meus contatos. – Dei de ombros. – Obrigada pela oferta, Megan, mas eu acho que prefiro continuar sendo Felicity. – Murmurei finalmente lhe dando as costas.

— Você pode se arrepender de sua escolha. – Murmurou fazendo com que eu parasse hesitante, erguendo meus ombros e negando-me a tornar a encara-la e deixa-la me intimidar continuei andando até a porta.

— Disso eu duvido muito. – Murmurei antes de fechar a porta atrás de mim. Respirei fundo enquanto seguia com passos apressados até a área reservada para funcionários do hotel. Como eu esperava Helena estava lá, sentada no chão, contra a parede, pernas estendidas e tornozelos cruzados, em sua mão havia uma pequena bola que ela jogava para a parede oposta para então voltar para sua mão. Vestia uma saia preta e camisa branca, saltos igualmente pretos, uma gravata borboleta fina, e meia calça preta. Ela ergueu sua cabeça ao sentir me aproximar. Seu sorriso servindo de certo alívio para mim. – Você devia estar servindo mesas.

— E você não deveria estar cobrindo Sally nos banheiros, esse seu coração solidário ainda irá lhe meter em problemas Lis. – Murmurou me observando. – Veio trocar de uniforme? – Perguntou me analisando. Eu me vestia como uma camareira, mas esta noite eu deveria estar servindo mesas e usando uma roupa semelhante a de Helena. Para o seu desagrado eu realmente dei uma de boa samaritana e me ofereci para cobrir Sally.

— Não. Hoje não vou servir mesas. – Neguei sentando-me ao seu lado. Se nos pegassem seriamos despedidas, eu pelo menos. Helena se garante um pouco por ter tido o espirito de namorar ninguém menos que o gerente do hotel.  Mas o lugar que estávamos era mais escondido, e afastado, entre algumas caixas, dificilmente alguém ia vir tão longe só para checar funcionárias sumidas. Não sem um motivo pelo menos. Será que eu havia dado um motivo? – Talvez eu já tenha entrado em apuros. – Falei fazendo com que ela me encarasse confusa. – Eu acho que eu vou ser despedida. – Completei fazendo com que sua fisionomia se alterasse, passando rapidamente de confusa para assustada.

— Por que você está dizendo isso? – Perguntou preocupada.  – Algum cliente te encurralou na dispensa novamente? – Sua preocupação era válida, isso já havia acontecido, eu tinha conseguido me livrar do bêbado com destreza e um pouco de pânico, se eu tivesse reagido violentamente, no mundo em que vivemos, eu teria sido demitida e ainda por cima seria forçada a pedir desculpas a um bastardo qualquer que me abordou.  Meneei a cabeça negando rapidamente e tentando tranquiliza-la. – Então, o que aconteceu?

— Você não vai acreditar no que acabou de acontecer. – Murmurei ainda surpresa com tudo o que havia acontecido desde que eu havia entrado no banheiro. Achar alguém tão semelhante a mim. E essa mulher ainda por cima havia feito tal oferta, viver como ela, assumir seu nome?! Era surreal demais. – Lá fora, em algum lugar desse hotel, há uma mulher exatamente igual a mim. – Helena me encarou confusa.

— Não é tão raro assim encontrar alguém parecido com você, eu mesma já encontrei uma garota parecida comigo. – Deu de ombros. – É claro que eu sou mais bonita. – Concluiu arrogante.

— Não. – A interrompi. – Você não entende. Era como me olhar no espelho e me ver mais elegante, roupas mais caras, corte de cabelo diferente, mais ainda assim era eu. – Tentei explicar. – Ela é idêntica a mim, Helena.

— Ok. – Assentiu aceitando o que eu dizia. – É estranho, e raro, mas por que a preocupação? E por que você acha que será demitida?

— Por que essa mesma mulher viu vantagem em ter alguém tão parecido igual a ela. – Esclareci. – Ela me fez uma oferta, e eu recusei. E você conhece as riquinhas que andam por aqui. Tudo as ofende e entre uma cliente podre de rica e uma funcionária facilmente substituível... Você sabe como isso termina.

— De que oferta estamos falando exatamente? – Abri minha boca pronta para lhe informar, mas antes que eu pudesse lhe dizer qualquer coisa a mais uma voz masculina nos interrompeu.

— Smoak, Bertinelli. – Suspirei ao escutar o chamado feito por Rene. – Levante suas bundas magras daí e vão trabalhar.

— Eu não gosto da forma que você fala da minha bunda. – Helena protestou se levantando.

— Lide com isso. – Respondeu sem se aproximar. – Conte ao seu namoradinho se quiser. Eu tenho mais com o que me preocupar. E Felicity? – Suspirei me aproximando. – Troque essa roupa rápido. Precisamos de alguém cobrindo a cupido lá em baixo.

— Ótimo. – Suspirei desanimada. Cupido na verdade se chamava Carrie Cutter, por que ela preferia ser chamada de cupido apenas os senhores que ficavam no cassino e eram atendidos por ela, poderiam explicar. – Mais um monte de bêbado jogando e perdendo seu dinheiro enquanto baba em meus peitos. – Resmunguei. – Eu supostamente ia sair mais cedo hoje, lembra? Eu conversei com Michael, ele disse que estava tudo bem. – Continuei parando em sua frente. – Eu tenho prova amanhã Rene. – Ele suspirou desanimado. Rene tinha a fama de marrento e fechado, era desbocado e mal humorado. Cheio de marra, mas com um enorme coração. Ele era mais um amigo. Helena e ele viviam se bicando, mas apenas por que essa era a forma de eles demostrarem que se importava um com o outro. 

— Eu sinto muito boneca, mas não posso fazer nada. – Murmurou sincero. – Cupido pisou na bola e eu estou ajeitando as merdas dela. Se descobrirem que temos uma garota a menos lá em baixo eu vou ter que explicar o porquê, e eu não quero que a ruiva perca seu sustento, entende?

— Eu entendo. – Eu entendia, mesmo não gostando, eu entendia. Eu também não queria perder o meu, então com um último suspiro me encaminhei para meu armário e procurei pelo vestido justo, curto e brilhoso que as garçonetes usavam lá em baixo. Talvez mostrar serviço seria bom, caso a pretenciosa Megan resolvesse fazer alguma queixa sobre mim. O que eu não estava ansiosa é para ter que servir champanhe para um monte de velho tarado. Resignada com minha situação que nem de longe iria melhorar tão cedo, troquei-me rapidamente e fui cobrir a falta da cupido. Foi um saco, como sempre foi. Fugi de mãos bobas e sorri falsamente enquanto recusava um ou outro convite para subir para o quarto de um hospede confiante e com os bolsos cheios de dinheiros. Na primeira vez eles sempre saiam cheios de dinheiro, é depois que as coisas complicavam. Quando por fim dei a noite por encerrada e caminhei de volta até a área dos empregados eu não notei Helena em nenhum lugar próximo, ela devia estar encerrando seu turno também, logo estaria aqui. O melhor a fazer seria trocar a roupa ridícula por minhas roupas gastas e folgadas e espera-la na entrada dos funcionários, iriamos sempre juntas, com ou sem Michael, ela não gostava de me deixar voltar sozinha para casa.

Eu ainda arrastava meus pés para me aproximar de meu armário quando notei certa movimentação em torno dele. Franzindo o cenho me aproximei de Michael que estava na companhia de um senhor distinto e de um policial uniformizado.

Oh merda.

— Felicity Smoak. – Michael murmurou em tem tom de pena enquanto me apresentava para os dois homens. Michael era o gerente e namorado de Helena, eu podia ver que ele não estava contente com a situação, seja qualquer que fosse ela. Ele era um cara legal, e certamente já percebia que nada disso acabaria bem. Não erámos mais do que conhecidos, mas eu sabia que ele sentia-se simpatizado comigo.  – Esses senhores desejam conversar com você, parece que há um mal entendido.

— Eu não acho que haja um. – O homem mais velho murmurou. – Eu sou Ras’ Aghul, senhorita Smoak. Minha companheira de viagem acredita que você está em posse de um objeto que pertence a ela. Vocês se conheceram no banheiro, esta noite. Ela deixou esse objeto muito valioso sobre o balcão enquanto você arrumava o banheiro, ele desapareceu, assim como você.

— Ela disse que a roubei? – Murmurei incrédula. Isso era baixo demais. E nem um pouco surpreendente. Uma mulher que queria enganar a própria família, seria bem capaz de algo do tipo. – Eu trabalho aqui há um longo tempo, nunca nem mesmo um lenço sumiu enquanto eu estava responsável pela limpeza de um quarto ou de qualquer outro cômodo. Eu não roubei ninguém. – Afirmei mesmo sabendo que minha palavra pouco valia para os homens a minha frente.

— A dama em questão insiste que você a roubou. – O policial afirmou. – Precisamos verificar seu armário, senhorita. Este é um hotel famoso na cidade, seria muito melhor se tivéssemos sua cooperação, melhor para você. – O policial afirmou.

— Meu armário está trancado. – Murmurei. – Eu que o tranquei, eu não coloquei nenhum colar ali dentro. – Falei sentindo-me impotente e desarmada. O policial se endireitou ficando tenso.

— Nunca dissemos que se tratava de um colar. – Murmurou fazendo com que eu me esquecesse de respirar por míseros segundos. Merda, sem dúvida alguma eu compliquei ainda mais as coisas para mim. – A chave do armário senhorita. – Pediu.

— Se você não der, eu terei que dar minha cópia. – Michael murmurou pesaroso aproximando-se de mim.

— Isso é ridículo. – Murmurei procurando a chave. – Eu não roubei o maldito colar, e eu sei que é um colar por que ela exibiu em meu rosto, enquanto me oferecia uma proposta ridícula em que eu...

— Apenas abra o armário. – Seu amante murmurou me interrompendo. Eu sabia o que estava acontecendo aqui. Ela deve ter revelado o encontro para ele, ele não parecia nem um pouco surpreso com minha semelhança, sinal de que já sabia. E não estava interessado em me deixar falar.

Era uma armação.

E embora eu não soubesse como ela fez, eu tinha certeza que no momento em que eu abrisse o maldito armário. O colar estaria lá, entre minhas coisas.

— Eu juro que eu nunca roubei nada, de ninguém. – Murmurei um apelo com voz tremente para o policial que parecia cada vez mais impaciente.

— Sua hesitação me diz que é mais culpada do que afirma não ser. – Ele retrucou cruzando seus braços.

— Ela armou para mim. – Murmurei sentindo minha garganta fechar. Meus pensamentos em minha mãe recebendo uma ligação a esta hora, descobrindo que sua filha havia sido presa. Eu estava perdendo meu emprego, e talvez minha liberdade, o que aconteceria com minha mãe? Quem cuidaria dela? Donna Smoak era orgulhosa demais, Helena tentaria ajuda-la, mas ela tentaria se arranjar sozinha, e isso só agravaria sua frágil saúde. – Eu não quis fazer o que ela queria e ela está se vingando, ele sabe disso. – Murmurei apontando para aquele que havia se apresentado como Ra’s Aghul. – Traga ela aqui. – Pedi. - Você a viu? Você vai entender toda a história se tivermos frente a frente. – Prometi.

— Apenas abra o armário. – Exigiu sem se importar nem um pouco com meus apelos. Foi com pesar e resignação que me dei por vencida e fiz como ele pediu. Sem nenhuma surpresa encontrei o colar entre minhas coisas que estavam colocadas sem nenhuma organização, resultado da minha pressa em me trocar. – Felicity Smoak, você está presa por furto. – Falou em tom firme enquanto tomava meus pulsos e os colocava para trás em velocidade admirável. Senti o frio metal das algemas me prendendo e tentei a todo custo controlar minha respiração enquanto me dava conta de que isso realmente estava acontecendo. Escutava vagamente ele murmurar sobre meus direitos enquanto sentia o olhar avaliador de Ra’s Aghul em mim.

— Fale a verdade. – Implorei. – Eu não posso ir para a cadeia. Por favor. – Vergonhosamente apelei para o homem a minha frente. – Eu não... Eu apenas... Minha mãe depende de mim.

— Um minuto policial. – Ra’s murmurou seu olhar ainda sobre mim.  Esperança ameaçou se fazer presente em mim.

— Eu preciso leva-la agora mesmo. – Afirmou.

— Eu entendo que esteja ansioso para terminar seu trabalho aqui, e de quebra dar a noite por encerrada. – Sorriu mordaz. – Mas olhe para ela. – Apontou seu queixo em minha direção. – Eu acho que a senhorita Smoak está arrependida por ter feito o que fez com minha amiga. – Murmurou sem deixar de me encarar, suas palavras eram claras para mim. Não era do roubo que ele falava. – Eu acho que podemos cuidar disso de uma maneira melhor, talvez uma conversa a sós entre as duas mulheres? A senhorita Smoak deve estar ansiosa para encontrar minha amiga, informar que se arrepende e deixar tudo isso para trás. O que me diz senhorita Smoak?

Meu real desejo era mandar ele e sua “amiga’ para o inferno, mas o policial me encarava impassível. Eu não duvidava que ele receberia certa quantia generosa para nos deixar a sós, eu não duvidava de que ele seria muito bem pago para fazer exatamente o que o amante de Megan dissesse.

— Felicity, como amigo, eu aconselho que vá conversar com ela. – Michael murmurou cabisbaixo, o encarei com desconcerto. – Será melhor, para todos. – Completou. Então percebi. Seu olhar solidário e penoso, na verdade era de culpa. Michael estava envolvido nisso também, ele tinha a cópia das chaves, ele a ajudou. O encarei decepcionada e irritada. Indo para a cadeia ou não, eu daria um jeito de dar um telefonema para Helena e informa-la que seu namorado era um verdadeiro filho da puta movido a dinheiro.

— Eu quero vê-la. – Murmurei erguendo meu queixo. – Mas não por que sou culpada. Eu não sou, mas eu tenho uma ou duas coisas para dizer para ela.

— Cuidado, eu não gostaria de confundir um pedido arrependido de desculpas, com ameaça. – O policial murmurou.

— Onde ela está? – Perguntei encarando diretamente a seu amante e ignorando seu capacho.

— Seu amigo foi gentil o bastante para nos oferecer um quarto enquanto tudo isso era resolvido. – Ra’s respondeu. – Por que não vamos até lá? – Sugeriu. – Nesse meio tempo, eu acho que poderíamos deixar a senhorita Smoak um pouco mais confortável, não acha policial? – Perguntou apontando para meus pulsos. Com alívio senti meus pulsos serem livrados das algemas, durou muito pouco, mas me assustou como o inferno. Caminhei cercada pelos três homens, fui direcionada até um elevador e logo estava parada em frente a uma porta branca, com o acesso magnético R’as abriu a porta, mas antes que eu entrasse ele segurou meu braço me assustando. – Vamos deixar as duas a sós. – Murmurou encarando brevemente os outros homens. Baixando seu olhar até o meu continuou. - Entre. – Me ordenou em tom firme e autoritário que teve o poder de me irritar.

— Eu não acho que... – O policial começou mais foi interrompido por um olhar firme de Ra’s.

— Você não precisa achar nada. E tal fato será recompensado. – Murmurou sem qualquer escrúpulo, sem tentar esconder o que de fato acontecia. O silêncio de Michael diante tudo aquilo só me provava mais uma vez seu papel nisso. – Agora, senhorita Smoak. - Acenou quase como um cumprimento indicando-me que eu entrasse.

— Satã. – Acenei de volta e lhe dei as costas sem, no entanto perder seu sorriso como resposta. Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim.

— Você acaba de chamar Ra’s Aghul de satã? - A voz feminina e tão semelhante a minha perguntou com diversão. Girei meu rosto para encontra-la se servindo de uma boa dose de whisky.

— Desculpe. – Murmurei rangendo meus dentes. – Eu deveria ter guardado o elogio para você.

 - Você me parece um pouco irritada minha querida. – Murmurou impassível. – As algemas foram um pouco demais? Sempre tive uma tendência ao exagero. – Murmurou em tom confidente.

— Qual o ponto disso tudo? – Perguntei segurando a vontade de ir até ela. Repetia a mim mesma que violência só iria piorar a situação. Eu não era uma dama como ela, mas certamente tinha alguma classe. – Vingança?

— Não estou nem um pouco interessada em vingança. – Negou com descaso. – O ponto, Felicity Smoak, é mostrar o que Megan Queen pode fazer. O que você mesma poderá fazer. Eu consigo tudo que quero. Quando quero, e é claro, da forma que eu quero. Tão logo você perceber isso, melhor será para você. - Murmurou trazendo dois copos, um em cada mão. – Tome. – Ofereceu-me.

— Eu não bebo. – Murmurei segurando o copo em um gesto automático.

— Mas eu sim. – Retrucou. – Eu fumo, eu me divirto bastante em festas e viagens. Eu amo sexo. E odeio crianças, inclusive ou principalmente aqueles que chamo de filhos. Meu marido, Oliver Queen. É rico, bonito, sexy e o tipo de homem que qualquer mulher amaria ter em sua cama, mas um tolo que constantemente me irrita com seu tedioso ar familiar. Moramos com sua mãe, sua irmã, seu cunhado, seus filhos: William e Lexie e recebemos constantemente, mais do que eu gostaria, a visita de melhor amigo de Oliver, Tommy Merlyn e sua esposa Sara Lance. Por essa noite isso é tudo o que você precisa saber. – Concluiu antes de levar a bebida aos seus lábios.

— Eu não vou assumir sua vida. – Neguei com firmeza.

— Sim, você vai. – Murmurou se sentando confortavelmente no sofá. – Antes por que você precisava do dinheiro, agora por que você precisa evitar a cadeia, pagamento de fiança e a humilhação de nunca mais encontrar um emprego. Por que minha cara, eu sou rica, poderosa, e sou uma Queen. Um estalar de dedos e você terá novamente os pulsos algemados, sairá presa pela porta frente do hotel, sujeita a vergonha e humilhação. Seus familiares sofrerão com isso e eu encontrarei no mínimo certa diversão. – Engoli em seco imaginado cada coisa que ela descrevia, meus pensamentos voltados sempre em minha mãe. Ela percebeu que ganhava terreno, pois seu olhar me avaliou acompanhado daquele mesmo sorriso de quando nos encontramos no banheiro. – Dinheiro. Poder. Sexo. Luxo. Então, Felicity Smoak, agora você vê a vantagem de ser Megan Queen?

Respirei fundo percebendo que eu não tinha nenhuma escolha, que eu nunca tive. Ela me enganou a fazer uma pergunta horas atrás. Em nenhum momento foi uma pergunta, era uma declaração. Eu estava encurralada. Eu só podia ser esperta o suficiente para que de alguma forma, minha mãe saísse ganhando com isso.

— Você tem algo para me dizer, Felicity? – Ergui meu queixo não gostando nenhum pouco de sua expressão vitoriosa.  – Felicity? – Repetiu cansada de meu silêncio. Tentei a todo custo não assimilar sua aprovação, seu sorriso zombeteiro. Seu olhar astuto, e a vitória estampada em cada traço seu quando respondi:

— Eu acho que o que você quis dizer foi Megan. – Murmurei entre dentes. – A partir de hoje, eu sou Megan Queen.


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Notas finais do capítulo

Prontinho!! Capítulo entregue, fico na espera do feedback de vocês, vocês sabem o quanto eles são importante para um autor saber em que pé anda sua fic. Obrigada pela atenção e até a próxima.
Xoxo, LelahBallu.