A Mesma Face escrita por LelahBallu


Capítulo 13
Choose me


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas!!
Após esse capítulo lutar para ser postado, finalmente consegui!!
Então, eu só vou deixar aqui meu Xoxo especial para a "SaturnStar" a "Tricia" e a"Annearrow" por terem reservado um pouco do seu tempo para recomendar essa fic, obrigada meninas, espero que gostem d capítulo!!
Boa leitura!!



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FELICITY SMOAK

Fui agredida lentamente pelos sons que me cercavam e invadiam meus sentidos, nada melhor do que o amanhã lhe dando bom dia após uma noite mal dormida. Não precisei me virar para saber que Oliver já havia se levantado, essa tinha sido nossa rotina antes mesmo dele descobrir toda a verdade e se intensificou ainda mais.

Era estranho, eu não entendia ainda como estavam as coisas, as vezes ele era um mero conhecido. Alguém com que eu compartilhava a cama e nada mais, e as vezes ele era uma companhia silenciosa, sempre me observando, analisando. Tirando conclusões que não me eram conhecidas. E às vezes...

Às vezes ele parecia esquecer que erámos desconhecidos. Eu falava alguma bobagem e ele sorria, e me encarava como se eu fosse de fato alguém importante para ele. Como se minha presença fosse essencial em sua vida. Tocava-me sem ao menos perceber de forma carinhosa, e então recolhia a mão rapidamente, como se só então percebesse que havia ultrapassado algum limite.

Era confuso.

Era enlouquecedor.

Frustrante.

Por que eu também me pegava esquecendo os limites, esquecia que Oliver não era meu marido. Que logo eu iria embora, e aquela jamais seria minha vida.

O momento de dormir tornou a ficar constrangedor, voltamos a evitar qualquer contato físico. Deitávamos um para cada lado após um curto “boa noite”.

O mais irritante era continuar nossa terapia de casal, pois quando tentamos cancelar, a terapeuta afirmou que estávamos fugindo e que demostrávamos claramente novas falhar em comunicação. Após muito tentar convencê-la de que não precisávamos mais, Oliver cedeu, e eu tive que passar a ser analisada ainda mais meticulosamente por trás de suas lentes grossas.

Eu não o culpava, devia ser difícil dividir a cama como uma completa desconhecida, e ainda assim ela lhe ser familiar. Honestamente? Eu odiaria estar no lugar do Oliver.

Ele tentou me oferecer privacidade, e me ceder a cama, mas eu não via sentindo em fazer um homem grande daquele jeito sofrer se de qualquer forma estávamos compartilhando o quarto, além do mais, não era como se não tivéssemos feito isso antes.

Suspirei sabendo que logo eu teria que me levantar e enfrentar o dia e já sentindo preguiça quanto a isso, o que não fazia muito sentido. A verdade era, minha mãe sentaria no canto e começaria a chorar ao saber o quanto sua filha que sempre soube o que era trabalho duro havia se tornado uma vagabunda. Eu quero dizer, eu não fazia nada. Antes eu tinha as crianças para me distrair, e ainda ajudava sempre que possível Roy no lugar que ele era voluntário, mas eu havia me afastado das crianças, e meus horários como voluntária tinham sido modificados para os fins de semanas.

Senti a tristeza me dominar, ao me lembrar dos olhos magoados de Lexie quando eu disse que não poderia mais leva-la a escola por que havia assumido um compromisso pela manhã, Junto com essa desculpa vieram outras, cada momento em que eu passava com eles foram encurtados ou simplesmente substituídos por Thea, ou Oliver.

Will era um mistério para mim, Lexie já havia expressado o quanto sentia minha falta nos raros momentos em que ficávamos juntas sozinhas, mas Will parecia ter aceitado tudo com um olhar resignado, um olhar que uma criança jamais deveria possuir.

Queria conversar com Oliver, afirmar que era loucura, que me afastar das crianças só estava as prejudicando, mas parte de mim sabia que ele estava certo. Não era justo com essas crianças, logo Megan voltaria apenas para partir em definitivo, e então essas crianças não teriam mais uma figura materna para se agarrar, eles ficariam presos perguntando-se por que de repente sua mãe se afastou, era melhor que o processo já fosse iniciado. Para assim, não deixa-los tão confusos.

Eu não era sua mãe, nunca seria, e não poderia voltar a vê-los.

Seria confuso, não havia como explicar uma situação dessas para as crianças, e eu não poderia fingir ser sua mãe sempre que chegasse a vê-los. Se algum dia voltasse a vê-los, até onde eu sei, não haviam motivos para voltar a encarar os Queen depois que partisse.

Sentei-me na cama enquanto me alongava e afastei meus cabelos do rosto resistindo a vontade quase infantil de esfregar meus olhos.

— Assim como uma gatinha. – Levantei-me de súbito segurando um grito surpreso enquanto encarava Oliver que ainda estava deitado na cama, ele parecia ter acabado de acordar, e talvez eu fosse o motivo para isso. Ele sorriu, e esse sorriso me pegou de uma forma que eu não havia esperado.  – Você acorda com uma gata, se espreguiçando e têm esses pequenos sons...

— Pequenos sons. – Repeti ainda aturdida com aquele sorriso, Oliver ergueu seu tronco não me dando mais nenhuma explicação, e preguiçosamente esfregou seu peito, parecendo tomar seu tempo para “acordar”. – O quê... O que você está fazendo aqui?

Ele me encarou confuso com a pergunta, seu olhar indo por toda a extensão da cama, e então voltando para o meu.

— Eu estava dormindo, e então acordei, como todos os outros dias. – Respondeu franzindo o cenho. – Foi você que disse que estava tudo bem dividi...

— Eu sei, não... Não era sobre isso que estava falando. – Falei resistindo a vontade de arrumar meus cabelos. – Eu só não estou acostumada a acordar antes de você. – Falei vagamente, eu estava acostumada a acordar sozinha, sem ter que me preocupar com meus cabelos bagunçados, a cara inchada e as marcas do travesseiro em meu rosto. – Você não vai para a empresa hoje?

— Não. – Falou se levantando, parecia totalmente alheio ao fato que não vestia nenhuma camisa e apenas começou a puxar os lençóis da cama, sua intenção era clara, ele queria arruma-la, então automaticamente os puxei do meu lado, o ajudando. – Não há nada que eu faça lá hoje, que eu não possa fazer aqui em casa.  – Deu de ombros.

Eu tinha certeza que ele havia ido dormir com uma camisa.

Concentrei meu olhar em seu rosto.

— Então você vai ficar aqui o dia todo. – Observei.

— Sim. – Assentiu, então seus movimentos subitamente pararam. – O que você vai fazer?

— O mesmo de sempre. – Respondi alisando as rugas inexistentes. – Provavelmente farei algo com Thea, perseguirei Roy e deixarei Srª Johnson louca. – Respirei fundo. – Eu sei que ela me ama, mas ela tem um ciúme muito grande com sua cozinha. - dei de ombros.

— “Perseguirei Roy?” – Oliver repetiu.

— Oh eu só gosto de irrita-lo. – Sorri. Roy havia se tornado meu amigo, e isso o deixava desconfortável. Ser amigo da Srª da mansão. Então, eu me divertia fazendo perguntas impertinentes. Eu quase pude ver a cabeça dele explodir quando perguntei com havia sido sua primeira vez.

Encarei Oliver que ainda franzia o cenho.

— O quê?

— Nada. – Meneou a cabeça. Segurei a vontade de implicar com ele até receber uma resposta verdadeira, e olhei para baixo.

— Você é péssimo nisso sabia? – Ele me encarou confuso, então apontei na direção que havia olhado, seu lado da cama estava uma bagunça se comparado ao meu. – Você nunca precisou arrumar uma cama? – O provoquei.

— É claro que precisei. – Respondeu parecendo indignado. Fui até o seu lado da cama e tomei sua frente, arrumando novamente. – Na faculdade, quando eu não importava com isso, e apenas me jogava sobre ela no fim do dia.

Virei meu pescoço para encara-lo e lhe lancei um olhar divertido.

— Sem julgamentos. – Advertiu.

— Sem julgamentos. – Repeti com um sorriso. Ele seguiu me encarando até que seu sorriso diminuiu, então Oliver cruzou os braços e pareceu extremamente interessado no chão do quarto.

— Deve ser difícil. – Falou por fim. – Viver aqui, fazendo nada. – Limitei-me a encara-lo, tentando entender aonde ele queria chegar. - Você era uma garota trabalhadora. – Explicou. – Ajudava sua mãe, trabalhava 24/7, e estudava.

— Eu sou uma garota trabalhadora. – O corrigi. – Terei dificuldades em arranjar um emprego, mas encontrarei um jeito, e foi mais difícil, no começo. – Confessei. – Mas eu tenho minhas ligações com Helena, eu tenho Thea e Roy, e Srª Johnson, e agora quando eu não tenho mais ninguém para irritar, eu apenas vou para biblioteca. – Dei de ombros. – Se livros não são seus melhores amigos, então nada mais será.

Oliver me lançou um olhar triste.

— Você não falou nas crianças. – Comentou com pesar. – Por que eu tirei isso de você.

— Você não me tirou nada que fosse meu. – Dei de ombros e resolvi dar por fim a essa estranha conversa. – Se você ia leva-las para escola, eu acho que perdeu o horário. – Comentei pegando seu celular e dando um olhar na tela, apenas por que este estava mais perto do que o meu.

Infelizmente eu também tive acesso às notificações.

— Eu não perdi o horário, eu não ia hoje, Raysa os levou.  – Respondeu.

Estendi a mão lhe entregando o celular.

— Eu vou tomar meu banho e mudar isso. – Apontei para meu cabelo. – Você tem uma mensagem para responder, aparentemente Isabel precisa saber com que vestido ela deve ir a festa, hoje. – Falei fazendo com que me dirigisse um olhar preocupado.

— Nós vamos a negócios. – Apressou-se em responder. – Ela não devia estar mandando mensagens assim.

— Realmente não é da minha conta. – Falei. E não era, mas ainda que fosse, eu sabia que não poderia controlar as mensagens que Oliver recebe, não é como se eu não soubesse como Isabel é ardilosa. – Mas, por que eu não fui convidada? – Perguntei confusa. – Eu só estou perguntando por que eu ainda sou... Você sabe, para os outros, eu sou sua mulher. – Dei de ombros. – Não é normal você ir com sua mulher?

— Eu não quis te incomodar, esse jantar, é entediante e vamos falar sobre negócios. – Falou. – Você já está preocupada com o baile daqui dois dias. – Deu de ombros. – E Isabel vai ter que estar lá de qualquer jeito, eu sei que ela vai tentar lhe deixar desconfortável, já que você é minha mulher.

— Entendo. – Assenti. – Eu apenas vou... – Apontei para a porta do banheiro novamente. Ele assentiu mais uma vez, e caminhei até a porta a abrindo e fechando sem hesitar, mas acabei voltando a abrir. – Oliver. – O chamei.  Ele se virou encarando-me com expectativa. – Diga a ela para usar verde, combina com ela. – Sorri.

Ele franziu o cenho até entender que verde era a cor da inveja.

— Eu não vou dar quaisquer dicas de moda para ela. – Respondeu. – Ou qualquer uma.

— Bem, é uma pena. – Dei de ombros. – Eu ia pedir ajuda para escolher o meu.

Ele me encarou surpreso e parecia prestes a responder de volta, mas fechei a porta não lhe dando a chance para isso.

Eu só podia ser maluca.

Eu deveria estar procurando todas as desculpas para evitar Oliver, e não o contrário. E ainda assim, havia acabado de confirmar minha presença em jantar que ele seque havia me convidado. Quando finalmente saí do banheiro Oliver já não estava no quarto, devia ter levado suas coisas para um dos inúmeros banheiros que haviam na mansão, ele provavelmente estava me dando privacidade já que eu não havia me preocupado em pegar nada para vestir em minha pressa para fugir.

Quando desci havia certo tumulto. Oliver estava na sala, seus cabelos ainda úmidos, e roupas trocadas. Ele estava concentrado em Raysa, sua expressão de fúria.

— Ela é uma criança! – Gritou. – Ela não pode simplesmente ter sumido.

— O que aconteceu? – Perguntei apressando meus passos. Curiosidade logo sendo substituída por medo.

— Eu não consigo encontrar Lexie, Srª Queen. – Raysa murmurou nervosa, olhei para suas mãos trementes. – Eu... eu procurei por todos os lugares...

— Ela devia estar na escola. – Murmurei encarando Oliver. – Você disse que...  – Meneei minha cabeça, podia perceber que toda a razão se esvaia lentamente e não podia deixar isso acontecer.

— Eu saí para levar Will, quando eu voltei...

— Por que Lexie não foi também? – Oliver a interrompeu. – Os dois deviam estar na escola.

— Ela disse que estava doente. – Respondeu. – Disse que estava enjoada. Mas ela não tinha febre, e não parecia realmente estar doente, eu conheço Lexie, ela já havia feito isso antes, e como ela sempre acaba não indo, eu apenas pedi que os empregados a olhassem enquanto eu deixava Will.

— Por que você não veio até nós? – Oliver a recriminou. – Você não decide isso sozinha, você fala conosco, eu poderia ter convencido, eu... – Segurei o braço de Oliver o parando, ele havia avançado sem sequer perceber. Esse não era o momento para apontar dedos.

— Onde está minha filha? – Voltei a encarar Raysa. – Ela fugiu? Crianças não somem, elas são levadas, ou fogem. Essa casa parece um forte, então tenho quase certeza que não foi levada, e se ela fugiu, ela é apenas uma criança, deve ter deixado alguma dica, crianças que fogem querem ser encontradas. Eu apenas temo pelo o que pode acontecer nesse intervalo de tempo enquanto a procuramos. – Falei. Eu já havia fugido quando criança, o mais longe que pude ir foi o parquinho que minha mãe sempre me levava para brincar, carregava nada mais que um pacote de biscoito e água, por que foi tudo o que consegui pensar em levar.

Eu me lembrava vagamente de naquele breve tempo lamentar não ter levado chocolate.

Eu vivia em um bairro em que todos olhavam por mim, eu era filha de Donna Smoak. A simpática e sempre alegre Donna Smoak. Minha mãe era a pessoa favorita de todos, e eu era a pequena princesa naquele bairro acolhedor, eu não demorei a ser encontrada. Lexie era filha de Oliver Queen. Os Queens eram inalcançáveis, viviam cercados por mansões, ninguém olhava por ninguém aqui.

— Raysa? – A chamei. – Lexie deixou algo? – Perguntei. – Ela falou algo? Você realmente olhou em todos os lugares?

— Que tanto barulho é esse? – Ergui minha cabeça para encarar Moira Queen. Ela estava na escada segurando corrimão. – Oliver, os empregados estão fazendo muito barulho, eu não consigo descansar.

— Sua neta sumiu. – Falei a encarando. – Pedimos perdão pelo incomodo. – Murmurei irônica.

— Lexie?

— Não, Daphne. – Retruquei. Moira me encarou sem paciência. Senti Oliver apertar minha mão, sua cabeça apontando para Raysa que estava concentrada em nossa pequena discussão, ela voltou a falar quando percebeu que atenção estava novamente em si.

— Eu olhei em cada canto da mansão, quartos, banheiros, cozinha, biblioteca e salas, até mesmo seu salão azul. – Assentiu. – Ela não falou nada. – Negou. – Eu quero dizer, ela perguntou por você, eu não sabia se ainda estava dormindo, então disse que havia saído. Ela pode ter ido atrás?

— Claro que foi. – Moira respondeu. – Crianças sempre fazem tolices para chamar atenção de pais irresponsáveis. Liguem para a polícia, Oliver.  – Moira murmurou. – Eles vão encontra-la. – Suspirou, depois seu olhar caiu sobre o meu. – Quem sabe após isso, você pare de brincar com essas crianças.

— Moira, apenas vá...

— Megan. – Oliver interrompeu-me.

— Eu ia sugerir que ela tomasse uma xícara de chá para se acalmar. – Pisquei inocente. Voltei a encarar Raysa. - Você procurou apenas dentro da mansão. – Observei.

— E nos jardins. – Completou.

— Oh. – Eles focaram em lugares óbvios, não procuraram em lugares que apenas empregados entrariam. E se ela realmente havia ido atrás de mim, Lexie nunca havia saído da mansão.

— Você parece saber de algo. – Oliver comentou.

— Eu acho que sei onde ela está. – Falei o puxando comigo. – É nosso segredinho. – Murmurei automaticamente. Com um breve olhar para Raysa expliquei. – Não se preocupe, nós cuidamos disso, ela está aqui. E eu sei que não é sua culpa. – Ela assentiu alívio dominando sua expressão.

Pobre Raysa.

Minutos no inferno.

— Como você pode ter certeza que ela está aqui? – Oliver perguntou tenso. – Não podemos parar apenas por conta de um palpite. Talvez minha mãe esteja certa, talvez esteja na hora de chamar a polícia.

— Se eu fosse uma criança, e meu mundo estivesse abalando, eu procuraria um lugar onde eu me sentiria segura.  – Falei soltando sua mão e deixando que me seguisse.

— Seu mundo...

— Crianças são sensíveis, Oliver, não há transição suave. – Falei irritada. Eu não precisei dizer mais nada, ele sabia ao que eu estava me referindo.

— Você fala como se Lexie não estivesse acostumada a ter a mãe sumindo...

— Não eu.  – Falei o parando. – Megan sumia, ok, e quando ela estava aqui só os via o suficiente para se passar por uma boa mãe, que seja. – Cruzei meus braços. - Eu não sou sua mãe, eu entendo isso, mas eu estive aqui, todo o tempo, tentando ser. Então, não é como se mudar isso de repente fosse natural para eles, eles estavam acostumados com uma mãe ausente, e de repente esse padrão mudou.  Voltar ao que era antes, não vai ser fácil, nunca.

— Você me culpa. – Observou. – Por isso.

— Estamos perdendo tempo aqui, eu realmente acho que sei onde ela está, mas posso estar errada. – Falei voltando a caminhar. – Eu não quero estar errada. - Oliver não disse mais nada, ele apenas me seguiu em silêncio, seu olhar apenas se tornando surpreso quando entrei no quarto de dispensa.

— Abelhinha? – Murmurei ligando a luz. Por um breve momento achei estar errada quanto ao meu palpite e logo comecei a temer, mas vi seus pequenos all star vermelhos sobrando por trás de uma pilha de caixas e respirei fundo me acalmando.

— Ela não... – Parei Oliver apontando para os tênis. Seu rosto endureceu e seu corpo avançou, mas o impedi.

— Ela não está aqui. – Murmurei cruzando meus braços. – Eu acho que é hora de chamar a polícia. – Continuei. Oliver me encarou confuso sem saber ao certo aonde eu queria chegar. – Teremos que imprimir fotos e distribuir pelo bairro, colocar em caixas de leite, será difícil Oliver, primeiro eles vão suspeitar da gente, eu serei interrogada, talvez nunca mais a encontraremos, é uma pena. – Forcei um suspiro. - Mas por outro lado, Will disse outro dia que queria um irmãozinho...

— Eu estou aqui! – Ocultei um sorriso quando Lexie se arrastou e correu para longe da pilha de caixas. – Eu não quero ser substituída por um menino.

— Lexie.  – Oliver estendeu o braço para tocar sua cabeça, o alívio em seu rosto mesclando com irritação.  – Todos estavam procurando por você.  Você nos preocupou.

— Eu sei. – Assentiu parecendo arrependida. – Desculpe.

— Por que você fez isso?- Perguntei com um suspiro, só agora me permitindo realmente a sentir alívio. Eu não servia para isso, eu não conseguiria ser mãe. Foram poucos minutos entre saber que ela havia sumido, e encontra-la. E eu já sentia como se tivesse perdido anos da minha vida. Guiada pelo lugar onde eu me encontrava e ignorando o olhar avaliativo de Oliver, sentei contra a parede, como fiz tantas outras vezes. De repente senti falta da bola vermelha e aliviar meu estresse jogando contra a parede oposta, mas embora a bola estivesse por perto, eu teria que lidar com essa situação antes. – Vem aqui abelhinha. – A chamei. – Eu quero te abraçar.  – Falei suavemente, eu podia ver em seu rosto a vontade de chorar, e eu não podia fazer nada contra o desejo inerente de conforta-la.

O pedido não foi feito uma segunda vez, ela logo estava jogando em meus braços, abraçando-me pelo pescoço. Observei Oliver sentar ao meu lado, seu olhar fixo em nós duas, fiquei surpresa quando sentir seu braço nos envolver. Por um momento deixei-me enganar na falsa sensação de segurança que seus braços me traziam.

— Por que você fez isso? – Oliver murmurou trazendo-a para o seu colo.

— Eu senti falta da mamãe. – Falou. – Ela sempre vem aqui. – Explicou.  Seus olhos me encararam preocupados. – Desculpe mamãe, revelei nosso segredo.

— Está tudo bem, querida.  – Sorri. – Mas você deve prometer que nunca irá sumir novamente, Raysa estava preocupada, ela está acostumada a saber onde você está, sempre.  – Frisei. – Entende isso Lexie? Que você precisa dizer a um adulto aonde vai? Mesmo que seja aqui em casa? Nossa casa é grande, demora um pouco para procura-la, e ficamos preocupados, entende?

— Sim. – Assentiu. – Eu só queria vê-la. – Repetiu.

— Eu sempre estou por perto, querida. – Falei.

— Mas nunca comigo. – Negou. Olhei para Oliver sem saber ao certo como responder a isso.  – Will disse que você ia embora.

Pisquei surpresa com o que disse e voltei minha atenção para ela.

— Ele disse isso? – Oliver perguntou sério.

— Sim. – Assentiu. – Ele disse que vocês iam...  – Seu rostinho franziu. - Eu não lembro direito da palavra, mas que ia ser como os pais da Katy, eles não vivem juntos. E a Katy nunca vê o papai dela. – Falou.

— Eu nunca vou deixar de vê-la. – Oliver prometeu.

— Eu sei. – Respondeu voltando seu olhar para mim. – Mas a mamãe vai.

Oh merda.

Eu não queria ter essa conversa, e não agora.

— Isso... – Oliver começou, mas o interrompi segurando seu braço e meneei a cabeça em negativa, voltei a encarar Lexie.

— Querida, às vezes os adultos vivem melhor, quando estão separados. – Falei. – Seu pai pode ser mais feliz estando sozinho, mas ele sempre terá você dois. – Continuei. – E às vezes, eu não estarei aqui com você, mas isso não significa que eu não te ame.  – Sorri mexendo em seu cabelo. – Eu realmente amo você, e seu irmão, e eu sou feliz por ter tido a oportunidade de ser sua mãe, e isso nunca irá sumir.

— Você está indo embora? – Perguntou com voz tremente.

— Não. – Neguei, não agora. – Eu só quero que você saiba que indo, ou não, eu sempre irei amar vocês. – Resisti a vontade de encarar Oliver, eu sabia que ele me encarava, sabia que me analisava. Oliver estava calado, provavelmente por que ele mesmo não sabia como abordar tudo isso, não sem mentir e dizer que tudo ficaria bem. Ele sabia que esse havia sido o começo de uma despedida.

— Eu também te amo.  – Lexie sorriu.

— Eu sei disso, querida. – Beijei sua testa. – Agora vá dar um abraço em Raysa, e pedir desculpas, eu e seu pai vamos conversar um pouco mais.

Lexie assentiu se erguendo empolgada. O medo do abandono sendo rapidamente esquecido. Ao menos por agora.

Oliver a encarou com um olhar queixoso.

— Eu não recebi um “eu te amo”. – Reclamou.

— Papai só irá receber quando convencer a mamãe a ficar. – Lexie falou fugindo e fechando a porta atrás de si.

— Eu amo a sutilidade tão característica das crianças. – Brinquei. Ele sorriu por alguns meros segundos, mas logo tornou a ficar sério.

— Você quer conversar. – Perguntou parecendo desconfortável.

— Não. – Falei sincera. – Só vamos ficar aqui para parecer que conversamos.

— Eu não entendi. – Confessou.

— Crianças precisam se sentir amadas. – Falei. – Precisam saber que são, e elas precisam saber que não importa o que está acontecendo entre os pais, elas sempre serão prioridades.

— Então mentiu sobre a conversa. – Observou.

— Se estamos conversando significa que ela sempre será o elo entre nós. – Dei de ombros.

— Então, a deixou pensar que estaríamos conversando, para forjar esse elo. – Falou. – Mas não vai conversar por que não quer esse elo. – Deduziu.

— Oliver, às vezes eu te odeio. – Falei me erguendo.

— O que eu fiz? – Perguntou genuinamente confuso.

— Você foi aquele que insistiu para que eu me afastasse delas. – Virei-me para ele. – E eu entendi a razão, mas então você vem virar as coisas contra mim, como se eu não quisesse elo algum, por que eu tenho que me desdobrar em entender suas razões e você não pode fazer o mesmo por mim?

— Eu entendo. – Protestou.

— Não, você não entende. – Neguei.

— Eu entendo. – Repetiu. – Você não acha que eu não venho tentando em uma forma de resolver isso? Mas não importa quão longe eu vá, sempre termina você partindo e as crianças sentindo sua falta, e eu não quero que Megan tenha contato com eles, e não posso pedir que você finja ser sua mãe, por que não é justo, é egoísta, e injusto com você, Megan chegou e interrompeu sua vida, e eu não posso fazer o mesmo. Você é jovem, tem uma vida em Vegas, e com certeza vai encontrar algum sortudo que irá começar uma família com você, uma real. Eu não posso impor a você minha família disfuncional.

— Oliver...

— Então eu não posso pedir que fique, não posso impedi-la de partir. – Respirei fundo percebendo que em algum momento eu havia pensando que talvez essa fosse uma opção, desempenhar o papel de mãe separada, fingir ser Megan quando estivesse com as crianças, e era ridículo. – Não seria justo com você, nem com as crianças.

— Não seria justo consigo. – Assenti. O silêncio tornando a dominar por mais alguns segundos. – Eu acho que acabamos tendo a conversa. – Brinquei. – Então agora podemos ir.

— Sim. – Concordou. Virei-me caminhando até a porta, mas bastou um clique para eu saber que não tinha para onde ir. – Oh merda.

— O quê? – Perguntou preocupado.

— Sabe, pelo menos antes de eu começar uma família, eu já terei sido preparada por Lexie. – Afirmei.- Desde o amor incondicional a vontade irracional de coloca-la em um internato.

— O que houve? – Oliver perguntou se aproximando.

— A pestinha nos trancou. – Falei lhe dando espaço. Oliver avançou para tentar ele mesmo a abrir a porta. Ele balançou a maldita porta umas três vezes antes de por fim desistir. – Eu acho que na quarta você consegue.

Ele me lançou um olhar irritado.

— Não me encare assim.  – Falei. – É sua filha.

— Agora é só minha. – Reclamou. – Quando estava toda preocupada eu tenho certeza de ter ouvido um “nossa”.

— Eu deveria gritar? – Perguntei não me dando o trabalho de lhe responder. – Eu não trouxe meu celular.

— Eu trouxe. – Falou enquanto já tirava do bolso. – Para quem devo ligar?

— Raysa. – Falei. – Ela deve estar com Lexie, que está com a chave. Você acha que esse foi o plano desde o começo? Por que eu preciso dizer, eduque essa criança direito, por que ela tem a capacidade de dominar o mundo.

— Eu estou dando o meu melhor.  – Falou levando o celular a orelha. – Raysa, onde está Lexie? Para a escola? Eu achei... Ok? Ela nos trancou na dispensa. – O encarei divertida, por que ele estava extremamente sério enquanto falava. – Não, não foi em uma das de dentro da mansão, é a que quase ninguém usa, fora. Isso, eu não sei onde ela pegou a chave, eu esperava que você soubesse... Sim, eu estou com Megan, agora, Raysa apenas mande alguém... O quê? – Oliver encarou o celular. – Ela desligou!

— Você tem um pulso muito firme Sr. Queen. – Sorri. – Ligue de novo.

— Eu estou tentando, mas parece que ela desligou o celular também. Por que ela faria isso? – Perguntou surpreso.

— Eu não sei, me dê o seu celular. – Pedi. – Roy costuma vir aqui, ele guarda tudo a noite, ele deve ter uma chave extra.

— Você e Roy novamente... – Balbuciou enquanto me entregava o celular.

— Eu juro que não consigo entender essa sua fixação por ele. – Falei discando o já conhecido número.

— Você sabe o número dele decorado. – Percebeu.

 -Sim. – Falei lhe dando as costas. – Roy, eu preciso que você me salve.

Eu escuto isso todo dia de garotas bonitas. – Respondeu.

— Veja você sendo ousado com sua patroa.

Srª Queen?

— Sim.  –Sorri percebendo tardiamente que Roy só respondeu daquela forma porque ele não havia reconhecido o número que havia ligado.

O que houve?

— Minha pequena filha que vai ficar de castigo por toda a eternidade me trancou com o pai dela, eu preciso que você venha aqui e abra a porta.

Onde vocês estão?— Perguntou. – E por que ela fez isso?

— Por que ela é uma criança. – Respondi. – Você pode vir logo?

Desde que ainda não consigo me comunicar por telepatia, eu não tenho ideia onde vocês estão.— Retrucou. – Planeja me responder?

— Você está demitido. – Falei, o que ele não havia levado a sério, eu já havia demitido Roy umas dez vezes, nas três primeira ele pediu clemência, depois ele passou a entender meu humor. – Mas antes você vem nos soltar, eu estou no...

Um minuto.— Pediu me interrompendo. Estava claro que conversava com alguém. Tentei decifrar quem, mas o bastardo parecia ter coberto o microfone do celular.  — Eu sinto muito Srª Queen, mas recebi ordens de não abrir a porta.

— O quê?!! – Murmurei incrédula e atraindo a atenção de Oliver que havia se afastado. Ele imediatamente voltou. – De quem? Uma criança, eu juro por Deus, Roy, que você vai ser demitido.

Thea Queen. – Respondeu unicamente. – Ela também pediu para dizer que era melhor vocês se resolverem logo, eu não entendi essa parte. Mas com todo o respeito ao meu patrão, meu conselho é: Transem.— Falou antes de deligar.

— O que foi? – Oliver me perguntou após notar que eu apenas encarava o celular. – Felicity, o que ele disse? – Pisquei ao escutar meu nome.

— Eu não acho que você vai querer saber. – Sorri forçadamente. – Mas a questão aqui é que ele não vai nos ajudar.

— O quê?

— Ordens de sua irmã. – Falei.

— Minha irmã. – Repetiu.

— Thea Queen. – Assenti.

— Eu sei quem é minha irmã. – Retrucou.

— Você pareceu em dúvida. – Respondi. – Para quem você poderia ligar?

— Diggle. – Respondeu prontamente. – Eu acho que ao menos ele é fiel ao chefe.

— Ok. – Falei entregando o celular em suas mãos. – Faça a ligação. – Falei indo pegar a bolinha sobre a estante velha e sentando-me de volta no chão, não demorou muito e Oliver sentou ao meu lado, semblante derrotado. – Thea Queen é poderosa, heim?

— Eu não sabia o quanto. – Reclamou. - Vamos esperar um pouco, logo eles vão parar com essa brincadeira ridícula.

— Sim. – Concordei. Olhei para a bola em minha mão e a joguei contra a parede.

— Então é isso que você faz quando vem aqui toda noite com Roy? – Perguntou após um tempo.

— Primeiro de tudo, eu não venho todas as noites. – Falei. – E não com Roy, aconteceu de ele me ver aqui e eu pedi segredo, o mesmo com Lexie. Ela chegou a vir outros dias. Ela gosta daqui. – Sorri.

— De estar com você. – Completou.

— Em teoria, eu sou a mãe dela, é natural. – Falei.

— Por que você vem aqui? – Perguntou curioso. Dei de ombros antes de jogar a bola de novo, antes que eu pudesse pegar, Oliver estendeu seu braço a pegando em meu lugar. Ele me encarou esperando por uma resposta, mas eu não sabia ao certo se queria lhe dar.

Com interesse observei Oliver se levantar levando minha bola, ele mexeu em algumas caixas até que voltou com uma caneta na mão. Franzi o cenho não entendendo o que estava acontecendo.

— Ok. – Murmurou. – Eu não sei como você consegue não se entediar jogando uma bola contra a parede, mas eu vou tentar fazer isso interessante. – Ele foi até a parede, e desenhou três pontos, formando um triângulo. - Você joga, eu jogo, cada jogada uma pergunta.

— Você não quer fazer isso. – Falei.

— Eu quero. – Retrucou.

— Então eu tenho que acertar o ponto. – Falei.

— Sim. – Concordou.

— Isso é ridículo. – Falei. – Eu faço isso direto, eu não vou errar. Você vai ter que responder praticamente pergunta atrás de pergunta.

— Não pode ser perto, precisa ser exatamente no ponto.  – Alertou-me. - E a que está mais alta, é que vale mais.

— Como assim vale mais?

— Em grau de intimidade, teria que ser algo que você não diria a ninguém. – Explicou. – E então, não é como se tivéssemos algum lugar para ir.

— Você vai se arrepender disso.  – Falei.

— Eu te desafio. – Sorriu.

— Está bem. – Concordei. – Vá em frente. – Ele olhou para baixo, para a bola em sua mão e então voltou a encarar a parede, eu sabia que ele queria tentar a mais alta, mas seu foco acabou sendo em uma das de baixo, que ele acertou quase perfeitamente.

— Você tem experiência.  – Falei.

— Eu tenho boa mira. – Defendeu-se.

— Ok. - Cedi. – Faça sua pergunta.

— O que Roy realmente disse? – O encarei sem jeito. – Eu percebi como você ficou tensa, e parecia um pouco envergonhada, o que ele disse?

— Ele basicamente mandou a gente transar. – Cedi, tomando a bola das suas mãos, talvez fosse a vergonha em respondeu sua pergunta, ou o fato de que eu sabia que ele ainda estava me encarando, mas apesar de toda a minha bravata, eu errei, e nem era o ponto mais alto.

— Isso significa que eu posso fazer outra pergunta.  – Falou.

— Não. – Protestei. – Isso significa que é sua vez e você pode tentar outra pergunta.

— Você errou então sua pergunta vira minha. – Falou.

— Oliver você não pode mudar as regras no meio do caminho. – Falei o encarando.

— Mas eu gosto. – Sorriu.

— Apenas jogue. – Falei. Ele meneou a cabeça ainda carregando aquele maldito sorriso. Para minha completa irritação ele acertou de novo. – Eu te odeio.

— É, você já disse isso. – Falou divertido. – Posso fazer?

— Eu não sou uma má perdedora, apenas faça. – Resmunguei.

— Por que você vem aqui? – Perguntou sério.

— É onde me sinto em casa. – Respondi. – Eu venho aqui e faço ligações, para minha mãe, para Helena. Eu não podia fazer essas ligações na sua frente, então aqui, eu podia ser Felicity.

— Você tem o salão...

— É frio. – Falei. – Esnobe, é de Megan, eu me sinto melhor rodeada de produtos de limpeza e pilhas de caixas do que naquele lugar.

— Ok. – Entregou-me a bola. – Mire nas de baixo, eu ainda não estou pronto para grandes revelações. Ninguém está. – Falou. – Você devia ter escondido alguma bebida aqui.

— Para Lexie acabar encontrando? – Perguntei. – E eu não bebo.

Ele me encarou com um olhar desafiante.

— Eu não costumo beber. – Corrigi. – Eu tenho m&m.

— Você escondeu chocolate aqui.

— Era para Lexie. – Menti.

— Sei, vamos lá, depois se demorarem mais, eu ataco os seus chocolate, é mais inteligente racionar comida. – Sorriu. – Jogue a bola.

— Ok. – Falei dessa vez me concentrando em acertar o ponto dessa vez, não o mais alto, por que assim como ele, eu não estava pronta para perguntas profundas. Sorri ao ver que acertei.

— Lá vamos nós. – Falou.

— Antes de Isabel...

— Oh merda...

— Eu falei que você ia se arrepender. – Ri. – Mas, antes de Isabel... – Repeti. – Você já havia traído Megan?

Oliver me encarou parecendo hesitante em me responder. O que me fez ficar surpresa, eu realmente pensei que ele havia sido o marido fiel.

— Sério? – Murmurei incrédula.

— Você entendeu meu silêncio errado. – Falou com um suspiro. – Eu nunca tinha traído Megan, eu já quis. – Confessou. – Com Isabel, por que ela nunca me deu folga, enquanto Megan estava sempre...

— Te dando folga.  – Falei.

— Mas eu nunca tinha traído ela. – Falou. – Sempre odiei a ideia de machucar alguém em quem você suspostamente deveria confiar, que lhe dar confiança. Alguém que você deveria proteger, inclusive de você mesmo.

— Então por que você hesitou em responder? – Estranhei.

— Você não deveria jogar antes de fazer uma pergunta? – Questionou.

— Faz parte da mesma pergunta.  – Argumentei.

— Está bem. – Exalou. – De alguma forma, que eu sei que está errada, mas às vezes eu não acho que eu traí Megan. – Demorei alguns segundos para compreender seu ponto, e mesmo assim foi preciso que ele completasse a frase. – Eu sinto que traí você. E é por isso que me arrependo tanto, por que se fosse Megan, após saber tudo o que ela tem me feito, eu não daria um segundo de arrependimento para aquela noite.

— Você não me traiu. – Falei por fim.

— Eu sei. – Assentiu.

— Não estamos casados. – Esclareci.

— Eu sei disso. – Repetiu impaciente.

— Não somos um casal. – Oliver respirou fundo e assentiu. Entreguei a bola a ele sem lhe dizer nenhuma palavra a mais. E seguindo o mesmo exemplo, ele jogou a bola, sem esperar eu falar qualquer coisa ele jogou sua pergunta.

— Por que não? – Pisquei incrédula. – Por que não podemos?

— Você não me vê assim. – Falei desconfortável. – Nem eu te vejo.

— Mentira. – Acusou.

— Oliver. Você disse que não era justo me pedir para ficar. – Lembrei. – Falou que eu poderia construir uma família maravilhosa, com outro homem.

— Você já tem uma. – Cortou-me.

— Não é minha, Oliver. - Protestei. – Você sabe disso, nem você é.

— Eu não gosto da ideia de você com outra pessoa.

— Bem, isso não é uma escolha sua. – Falei.

— É sua. – Falou. – Tudo o que estou pedindo é que escolha a mim.

— Eu sabia que era um erro fazer esse tipo de jogo. – Falei me levantando.

— Do que você tem medo? – Perguntou se erguendo também.

— Típica arrogância masculina. – Meneei a cabeça. E virei-me para encara-lo. – Se não queremos algo com vocês estamos com medo, se é o contrário é apenas desinteresse por parte de vocês. Já passou por sua cabeça que eu não estou interessada em você?

— Sim. – Concordou. – Milhares de vezes, e não importante o quanto eu tente, no final a conclusão sempre é a mesma, é mentira, você gosta de mim.

— Você está confundindo as coisas. – Ele avançou até ficar um passo de distância. – Eu estou atraída por você. – Confessei. – Você é bonito, e sexy, tem esse maldito corpo e eu durmo todos os dias ao lado dele. Você dorme com camisa e acorda sem, e eu viro essa idiota que fica babando por você, eu quero transar com você, mas é só isso. Eu não quero ter uma vida com você, nem ter filhos com você. E eu não estou apaixonada por você. – Observei seu rosto endurecer em resposta. Doía, cada palavra dita doía, mas eu precisava fazer isso. – Eu gosto de você, Oliver, mas não da maneira que pensa. Você é um cara legal, mas não tem nenhum uso para mim.

— Não além de sexo. – Falou. Assenti para que dessa forma, ele não questionasse mais.

Quanto melhor deixar as coisas devidamente delineadas, melhor.

— Sim. – Respirei fundo.

— Melhor apenas superar isso então.  – Falou fazendo com que eu franzisse o cenho em resposta.

— Oliver, você...

E foi isso.

Em um segundo eu estava parada em sua frente, pronta para seguir argumentando, no outro eu sentia uma estante contra minhas costas, o corpo de Oliver me prendendo a ela e sua maldita boca calando a minha.

Eu poderia ter protestado, afirmado que nada mudaria, mas tudo o que eu fiz foi corresponder o beijo, foi receber sua língua com a minha e provoca-lo. Minhas mãos ávidas puxaram sua camisa, incitando-o a tira-la com um movimento ágil, a camisa caindo com um movimento fluído quase rendição. Empurrei meu corpo contra o seu, precisando, querendo mais contato, e abracei suas costas, minhas unhas apertando a carne, enquanto sua boca saqueava a minha, até sua atenção se desviar, seu olhar encontrando o meu, sua respiração ofegante. Inclinei-me beijando sua mandíbula, minhas mãos sobre seu peito amplo, meus lábios precisando toca-los, curvei-me beijando sua pele, necessidade dominando.

Oliver puxou meus cabelos, inclinando minha cabeça para um novo beijo.

— Fora. – Murmurou puxando minha blusa. Ergui meus braços facilitando o movimento. Ele não perdeu tempo, não fez rodeios, suas mãos foram para o fecho frontal e o abri com apenas um movimento. Eu era ciente de que em nenhum momento senti vergonha, nenhum momento omiti meu corpo, talvez eu devesse, mas eu não poderia, não com os olhos de Oliver ardendo de desejo, como se aquilo fosse único e perfeito. Suas mãos passearam pelo meu corpo, o toque leve e ainda assim abrasador, quase doce, até que elas pararam sob meus seios, os erguendo para sua boca.

— Oliver.  – Gemi seu nome, não consigo em pensar em nada além, eu não tinha coerência, eu não tinha argumentos. Eu apenas o queria e pronto. Eu queria aquilo.

Senti suas mãos irem para minha cintura, e com um movimento forte me erguerem. A fricção nublando ainda mais meus pensamentos, enquanto sua boca movia-se inquieta por meu pescoço.

Aquecendo minha pele.

Sua língua lasciva deixava rastros úmidos em meu ombro, seu corpo se afastou do meu, sua mão pesada contendo-me pouco acima dos meus seios. Oliver encarou-me fixamente por alguns segundos enquanto sua respiração lentamente se normalizava.

Eu podia escutar meu sangue pulsar em meus ouvidos latejantes, eu podia sentir meu peito subir e descer, o ar saindo e entrando com dificuldade, e eu podia sentir a tensão formada por aquela pausa, até que os olhos de Oliver desceram por meu corpo novamente, e sua boca após ter parecido ser uma eternidade tornou a dominar a minha.

Sua mão deslizou pelo meu corpo indo para trás e agarrando minha bunda, puxando-me contra sua ereção, eu podia senti-lo contra mim, duro e urgente.

Seu corpo moeu contra o meu arrancando suspiros meus, enquanto eu sentia seu hálito contra meu ouvido.

— Eu serei bom para você. – Murmurou seu timbre rouco e necessitado. – Eu vou fazer você vir, de novo e de novo, e só então quando seu corpo já estiver exaurido e ainda mais desejoso, eu vou entrar em você, e então você vai gozar, de novo.

— Oliver. – Murmurei sedenta de seus beijos, faminta por seus toques, nada parecia ser o suficiente.

— Eu vou ser duro, e gentil, e duro novamente. – Sua mão foi até meu queixo, fazendo-me encara-lo, seu polegar tocando meu lábio inferior. – Eu serei tudo o que você desejar, o que exigir, inclusive seu.

Pisquei incerta como responder a isso, seu peito esmagava os meus seios, seu braço me envolvia, e sua perna deslizava entre as minhas. Eu sentia cada polegada do seu corpo contra o meu, e estava enfeitiçada na cadência em sua voz, nas palavras que seduziam, meu cérebro era gelatina, meu corpo fervia, eu nesse momento seria incapaz de lembrar uma só razão válida para parar com o que estava por vir, então o mundo lá fora fez isso por mim.

Duas batidas fortes fizeram com que toda a realidade e bom senso voltassem.

Para mim.

Por que Oliver não parecia se importar nem um pouco, suas mãos me apertaram ainda mais e sua boca voltou a descer para meus seios.

— Sr. Queen. – A voz masculina que após alguns segundos reconheci ser de Diggle. – Eu consegui a chave. Deixarei a porta aberta. – Avisou.

— Oliver. – O chamei. – A porta. – Seu corpo moveu sob o meu novamente, segurei em um gemido em resposta.

— Eu ouvi. – Murmurou, sua respiração sob minha pele.

— Eu preciso ir. – Falei empurrando seus ombros.

— E eu preciso...

— Podem entrar aqui, Oliver. – Falei voltando a empurra-lo. Ele recuou seus observando-me atentos enquanto eu dispensava o sutiã, e vestia minha blusa.  – E isso... - Apontei para nós dois.

— Deixe-me adivinhar... Foi um erro. – Murmurou impaciente.

— Bem...

— Eu não ligo. – Falou tornando a dar um passo em minha direção. – Na verdade eu adoraria repeti-lo, mas sem interrupções. Por que nós dois estamos sempre sendo interrompidos?

— Por que alguém lá em cima, gosta de mim. – Falei esfregando minha cabeça, abaixei-me e peguei sua camisa. – E não vamos repetir, por que um erro é humano, dois é estupidez.

— Então me chame de estúpido. – Avançou mais uma vez.

— Merda.  – Murmurei desviando meu olhar do seu corpo.  – Você pode se vestir? – Entreguei sua camisa.

— Eu não estou nu. – Deu de ombros.

— Mas está no caminho. – Reclamei.

— Felicity...

— Não.  – Neguei. – Agora não posso lidar com isso, eu preciso de um banho, de uma bebida, e matar sua irmã. – Falei, então caminhei para a porta, mas parei virando-me para encara-lo. – Nada do que aconteceu agora, vai mudar o que falei mais cedo. – Falei.

— Se você diz. – Ele não pareceu levar isso muito a sério, por que seu semblante parecia inabalável. – Precisamos conversar mais tarde.

— Oliv...

— Com William. – Cortou-me. – Lexie escutou de William, e por ele ficar calado, eu me preocupo.

— Está bem.  – Concordei.

— Eu também acho que devemos deixar todo o lance de ficar afastada de lado. – Falou. O encarei sem humor.

— Como você deseja, senhor. – Murmurei acidamente. O canalha apenas sorriu.

— Eu só gosto de ser chamado de senhor no meu quarto vermelho. – Piscou.

— Imbecil. – Murmurei lhe dando as costas.

— Arisca como uma gatinha. – Escutei as minhas costas. Fechei meus olhos e ergui minha mão, mostrando meu dedo do meio. Escutei sua risada mesmo após fechar a porta.

Eu estava irritada, por que ele não estava me levando a sério.

Eu não ia ficar com ele.

Eu não ia me apaixonar por ele.

Isso não ia acontecer, eu sempre soube que apenas terminaria tudo aqui e iria embora. Eu voltaria para Vegas, para minha família.

A verdadeira e única.

Disparei irritada, meu caminho indo direto para o quarto de Thea, um erro que eu planejava nunca mais cometer. Por que meus olhos praticamente sangraram quando eu encontrei Alex sobre Thea, sua bunda em plena exibição.

— Ah inferno.  – Murmurei irritada antes de fechar a porta atrás de mim. – Quando terminar essa... Fornicação, eu pretendo te matar. – Gritei indo para o meu quarto. Quando ela voltou, meia hora mais tarde, seus cabelos úmidos, minha raiva tinha quase passado.

Quase.

Ela suspirou ao perceber isso meu rosto. Meus olhos fixaram-se na garrafa de vodca que ela carregava e dois copos.

— Tente não gritar comigo. – Pediu. – Acabei de ter uma recaída, e preciso brindar a isso. – Falou me entregando um copo.

— Eu ia te matar. – Falei. – Mas eu acho que você já punida. – Apontei o queixo com a porta. – Sério? Alex de novo?

— Foi sexo de despedida. – Falou. – Eu estou oficialmente me separando de Alex.

— Não podia concluir com um aperto de mãos? – Perguntei tensa.

— Eu podia, mas preferia ter um orgasmo. – Deu de ombros. – E maldito seja Alex, ele sabe satisfazer uma mulher na cama. Ele me devia um.

— Vou ter que confiar na sua palavra. – Murmurei levando o copo a boca.  – Eu quase transei com seu irmão, e é sua culpa.

— Eu não participei de uma brincadeira infantil da minha sobrinha para vocês ficarem no quase. – Reclamou.

— Realmente foi ideia de Lexie? – Perguntei curiosa. – Nos trancar?

— Ela planejou tudo. – Assentiu. – Mas ela precisava de alguém com autoridade o suficiente para impedir os outros de abrirem a porta. Então fiz com que Raysa negasse qualquer ajuda, impedi que Roy fosse ao seu socorro e escondi o celular de Diggle. Infelizmente não pude manter isso por muito tempo e meu irmão havia mandado uma mensagem. Eu não sabia a senha do celular, não dava para excluir.

— Duas vilãs. – Meneei a cabeça. – Eu não acredito.

— Eu só queria resolver o problema entre vocês dois. – Explicou. – As crianças sentem falta da mãe, mesmo ela estando em casa. Vocês obviamente não conseguem ficar em um lugar sozinhos, sem se pegarem, eu apenas facilitei para todo mundo.

— Você só piorou tudo. – Neguei. Thea suspirou antes de tomar a bebida das minhas mãos. – Alex realmente vai te dar o divorcio? – Perguntei ainda incrédula.

— Sim, ele já assinou. Sai daqui hoje a noite. – Sorriu. – Eu só precisei lembra-lo que Oliver já descobriu sobre um amante de Megan e seria lamentável se ele descobrisse do restante.

— Hum.

— O que aconteceu, onde está Oliver?- Perguntou preocupada. – Vocês realmente brigaram? Eu piorei tudo?

— Ele deve estar na biblioteca, havia dito que não ia sair hoje. – Expliquei. – Quero dizer, a noite ele tem um jantar.

— Com quem? – Estreitou os olhos.

— Pessoas da empresa. – Murmurei vagamente.

— Isabel? – Sondou.

— Provavelmente estará lá. – Acenei.

— E você?

— Eu havia dito que ia. Mais ou menos. – Respirei fundo. – Mas não é uma boa ideia, não mais.

— Felicity...

— Nem adianta, não vou mudar de ideia.

OLIVER QUEEN

Fechei a porta do carro e entreguei a chave para o manobrista, ajeitando meu terno subi os degraus até a entrada do hotel. Minha visão já fixando-se na mulher que me esperava na entrada.

— Pensei que havia desistido depois de tudo. – Isabel murmurou me encarando com um sorriso sedutor. – Eu sabia que você não me decepcionaria dessa forma.

— Esse jantar é importante para a empresa. – Murmurei simplesmente.

— Ainda irritado pelas mensagens? – Perguntou erguendo as sobrancelhas. – Será que acabei pisando no calo de Megan outra vez?

— Isabel. – Murmurei em tom de alerta. – Eu já disse, que só falaria unicamente de negócios com você, apenas isso, inclusive em mensagens, então eu peço que não volte a mandar mensagens insinuantes, ou fotos, eu não estou interessado. – Nada que eu disse a abalou. Seu sorriso continuou o mesmo.

— Você me disse o mesmo antes. – Comentou. – E você terminou na minha cama, pode me culpar por imaginar que no fim será o mesmo?

— Não será. – Respondi. – E pare de provocar minha esposa, ela não liga para suas mensagens, pare de tentar forçar algo que não existe, não pense que de alguma forma irá manipular o jantar de hoje.

— Ela não está aqui. – Observou. – Por que eu me preocuparia com isso?

— Eu conheço você, você dará um jeito. – Retruquei.

— Sabe por que você está na defensiva ,Oliver? – Perguntou se aproximando. – Não importa se Megan afirma que não se importa com nossa aproximação, que ela não ligue para as mensagens, você a traiu e cada momento que você passar comigo, ela sempre se perguntará se você não acabará cedendo novamente.

— Eu vou entrar. – Murmurei não querendo lhe dar o prazer de uma resposta. Ela segurou me braço impedindo-me.

— Nada cavalheiro de sua parte. – Meneou a cabeça. – Sequer iria me oferecer o braço?

— Você é uma mulher independente. Você pode entrar sozinha. – Respondi soltando meu braço do seu e avançando.

Todo o jantar foi maçante, e mais uma vez me forçado a me concentrar no que diziam. Não ajudou muito o fato que Isabel insistia em tentar me tocar sempre que possível. Estávamos em mais um dos milhares de brindes quando senti o toque de Isabel em meu braço.

— Eu te disse. – Murmurou em meu ouvido. – Megan nunca confiará em você novamente, por que outro motivo ela mudaria de ideia e viria ao jantar? – Com o queixo apontou em direção a figura feminina vestida em vermelho. Eu não pude impedir a mim mesmo, após o dia de hoje, após o que dissemos um ao outro, vê-la aqui era refrescante.

Eu havia dito a verdade, ela merecia mais, merecia ter sua própria família. Começar do zero, mas eu não conseguia, por mais que tentasse, deixar de ser egoísta. Eu sentia que não deveria apenas deixar Felicity partir. A observei com um sorriso, ela falava com a recepção do restaurante, provavelmente perguntando por nós.

— Com licença. – Murmurei para os senhores na mesa. – Eu preciso cumprimentar minha esposa. – Falei me erguendo, eles sorriram concordando e teceram elogios sobre ela. Deixei Isabel para trás uma séria em seu rosto, mas eu não me preocupava com isso, não agora.

Eu precisava conversar com Felicity e perguntar o que a havia feito mudar de ideia.

Foram apenas alguns passos de distância em que me permiti observa-la atentamente, admirando sua figura. Seu vestido era justo, sexy, elegante. Seu cabelo estava jogado sobre um ombro, permitindo-me admirar seu pescoço esguio.  Aproximei-me ansioso e ela virou o rosto, permitindo uma visão melhor de seu perfil, e foi quando vi o sorriso nos lábios vermelhos, o brilho ardiloso em seus olhos, eu percebi.

Aquela não era minha Felicity.

Era minha esposa, a verdadeira.

Megan.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, vejo vocês nos comentários!!
Xoxo, LelahBallu.



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