Cisne Negro escrita por Gerome Séchan


Capítulo 4
Story’s End - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

[SHIP] Captain Swan
A chegada de Emma Swan a Storybrooke obriga Regina e os demais a pensarem em um plano. Com a ajuda de um certo pirata, eles talvez tenham uma chance contra o Cisne Negro.
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Capítulo dedicado a Deschain, cuja fé na história realizou o milagre de fazê-la chegar até aqui. E a extrabutton, que comentou primeiro e despertou na autora o desejo por uma continuação.
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Personagens
Killian Jones | Dark Emma | Regina | Rumplestilskin | O Aprendiz | Henry



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Killian jurava já ter passado por aquela esquina. O nervosismo lhe impedia de pensar direito. Todas as ruas pareciam iguais à noite. Ele tinha certeza de que havia se perdido no caminho.

O acontecimento dos últimos dias tinha sido como uma tempestade em alto mar. A tragédia havia surgido de repente e arruinado todos os seus planos. Em um momento, Killian tinha um futuro ao lado da mulher que amava. Mas bastou uma decisão para seu final feliz se estilhaçar contra a dura realidade.

O pirata se sentou no meio fio, alheio à sujeira e ao esgoto. Há duas semanas, Emma havia visitado Storybrooke. Quando ele a avistou caminhando pela cidade, ele estava certo de que teria a chance de um reencontro...mas ela estava mudada.

A heroína que ele um dia havia conhecido havia se tornado um monstro. Pior até mesmo que o Crocodilo.

— O que você fez, Swan? –ele perguntou à noite.

...

Ele escondeu a adaga em um lixão, onde ele sabia que ninguém iria se incomodar em vasculhar. Em seguida, ele observou de longe a loira entrar na loja de Rumplestilskin e desaparecer pela porta.

Killian pensou que agora era a chance perfeita para encontrá-la, mas o que ele testemunhou a seguir o fez mudar de ideia.

Ouviu-se uma explosão dentro da loja e o recinto foi reduzido a cinzas. Madeira e vidro foram triturados em um tornado que se formou espontaneamente no local. Os objetos que antes ficavam expostos na vitrine foram pulverizados.

Do epicentro da destruição emergiu Emma, que encarava os destroços com indiferença. Com um floreio de mão, ela afastou a poeira que havia caído em seu cabelo, rosto e vestido e caminhou triunfante até a casa do Sr. Gold, explodindo lojas e casas pelo caminho com um simples gesto.

Killian nunca sentira medo na vida, a não ser que ele tivesse sido acuado de todos os lados. Agora, ele temia por outra vida que não a sua. Emma tinha sido sua promessa de um final feliz. De ser mais do que um ladrão e um aproveitador. De provar a si mesmo que ele era capaz de tomar o leme de seu próprio destino e navegá-lo pelas águas turbulentas em direção a um futuro melhor.

Ele recuperou a adaga e a encarou em sua palma por alguns segundos. O nome inscrito na lâmina apenas abria ainda mais a ferida em seu coração.

— Emma...por que você escolheu jogar tudo para o alto? Meu amor valia tão pouco que você sequer considerou como eu me sentiria tendo de perder você? Como nós ficaríamos depois disso? –ele murmurou, dando voz aos sentimentos que o corroíam por dentro.

O pirata ouviu um silvo na calçada perto da rua onde estava, e depois mais outro. Uma voz infantil chamou seu nome.

— Henry? –ele fez, incerto, procurando na penumbra.

A fachada de uma casa surgiu de repente em pleno ar. O rosto do garoto apareceu detrás da porta.

— Entra. – ele pediu, e Killian não pensou duas vezes antes de obedecer.

...

Meia-noite. Storybrooke encontrava-se sob um estado de silêncio anormal.

Killian perambulava pelas ruas novamente, procurando nas ruas desertas por algo ou alguém.

— Killian? –chamou uma voz à distância, uma voz que ele reconheceria em qualquer lugar...

O pirata se virou muito devagar e se deparou com a visão de um rosto familiar. Ela o havia encontrado. Tal como ele havia previsto.

— Emma? – ele disse em voz incerta, caminhando a passos hesitantes até a mulher.

Vestida em trajes do negro mais profundo, era impossível discernir sua silhueta em meio à luz insuficiente dos postes. O vestido lhe emprestava um ar de realeza, emoldurado com um decote perfeitamente visível. Decorado com plumas negras, ele se estendia pela frente de seu peitoral, evidenciando seus seios.

Sua nova aparência não deixava mais nenhum resquício de dúvida. O coque alto em cabelos perfeitamente lisos, assemelhando-se a uma coroa e o rosto de olhos marcantes emoldurado por um par de brincos alongados deixavam claro o que ela havia se tornado: um cisne negro.

...

Killian correu em sua direção, gritando por seu nome. Sua voz ecoava pela noite feito o chamado desesperado de um náufrago preso em uma tempestade em alto mar. Ele precisava revê-la. Ele tinha plena consciência da presença das trevas. Mas ele precisava revê-la.

O pirata parou a poucos metros dela. Olhos que buscavam traços familiares em rostos, devorando cada centímetro...

— Emma... –veio o pedido desesperado, que não precisava de palavras para se expressar.

Killian segurou o rosto dela com as mãos e inclinou o rosto para beijá-la...

Mas Emma se afastou.

— Não. – veio a ordem, quebrando a magia daquele instante.

O pirata a fitava de volta com olhar triste, e a saudade era como uma luz melancólica que cintilava em seus olhos.

— Por quê?

— O beijo do amor verdadeiro. –ela se limitou a dizer.

É claro. O beijo que quebrava qualquer maldição. Inclusive a das trevas.

Killian abriu os braços, pedindo pelo menos um abraço. Ainda insegura, Emma se aproximou do homem e deixou que ele a segurasse. Seu rosto se inclinou e pousou em cima do ombro da jaqueta de couro que ele costumava usar, e cuja textura ela conhecia tão bem. A Rainha das Trevas estremeceu por um momento ao se recordar do conforto que aquele gesto sempre lhe proporcionou e sua muralha de gelo erodiu um pouco.

Killian sentiu que ela agora o abraçava de volta e deixou que ela ficasse aninhada na curva de seu pescoço por quanto tempo quisesse.

— Eu senti sua falta. – ela admitiu em um sussurro rouco.

— Eu também. – ele respondeu cheio de ternura.

Ela ergueu o rosto, fitando o dele com um olhar lânguido. Não, ela não poderia matá-lo. Não a KIllian. Ele era tudo para ela. Seu poder valia tudo, menos isso.

— Veja. –ele mostrou a adaga contendo o nome dela, escondida no bolso interno.

— Onde conseguiu isso?

— Eu roubei de Regina. Ela tentou me manter preso, mas não sabe que eu fugi. Venha embora comigo. – ele pediu de repente- Vamos fugir de Storybrooke.

Emma piscou, surpresa com a proposta inesperada. — Assim, do nada? E para onde a gente poderia ir?

— Opções não faltam, meu amor. –ele começou a circundá-la, enumerando as possibilidades- Você conhece magia, eu sou perito em me evadir das autoridades – e excelente em qualidades fundamentais para sobreviver, como roubar, mentir e chantagear -...com um pouco de prática, eu te ensino alguns dos meus truques, você me livra quando eu me meter em uma enrascada feia e voilà. Podemos virar uma dupla e tanto.

— De salteadores, você quer dizer, Killian? –ela insinuou, e um sorriso ameaçava se abrir em seus lábios.

— Bom, se você não gosta, sempre há o plano B.

— Plano B? –ela indagou.

— Podemos virar piratas.

Pela primeira vez em semanas, Emma riu. Não de malícia ou mórbida satisfação após torturar uma de suas vítimas, mas de alegria, pura e simples.

Ah, como ela sentia falta daquela sensação.

Seu coração se encheu da leveza típica da verdadeira felicidade e ela se viu desejando retornar aos dias antigos, quando ela era apenas Emma Swan e a vida era mais simples. Uma existência que lhe prometia mais surpresas, mais descobertas, mais emoções novas que valiam a pena ser vividas.

— Killian, eu...

Ele segurou o rosto dela com delicadeza.

— Você tem uma escolha. Sempre terá enquanto eu viver. O que vai ser, minha bela Emma?

Ele buscou os olhos dela, tão inseguros quanto os seus e se inclinou pela segunda vez...

Seus lábios se encontraram em um suave toque, que is se intensificando até virar um beijo ardente. Suas carícias derrubaram suas barreiras e a fizeram se esquecer completamente da razão de sua visita a Storybrooke por um momento.

Quando eles se separaram, Emma esperava ter perdido para sempre o poder das trevas...exceto que ele continuava se agitando furioso em seu íntimo.

...

A loira levou alguns segundos para entender o que havia acabado de acontecer. Seu olhar procurou o rosto de Killian e ela finalmente chegou à conclusão inevitável.

Seu feitiço agarrou o homem pela garganta e o elevou vários metros acima do chão, sufocando até ele dar seu último suspiro. O corpo do pirata se esvaneceu em pleno ar, bem como a falsa adaga.

Emma chamava o nome de Regina em voz alta enquanto marchava pela avenida principal de Storybrooke. Em seu caminho, as casas eram destruídas por uma força invisível. Nem que ela tivesse de arrasar a cidade uma segunda vez, ela obteria sua adaga de volta.

Escondido na casa do mago, o verdadeiro Killian afundou a cabeça nas mãos. Não havia jeito. Emma estava para sempre transformada naquele monstro. David pousou a mão em seu ombro, dando uma sacudida fraterna. Ele já havia perdido Branca de Neve uma vez. Ele sabia como o homem estava se sentindo.

A visão de Emma destruindo Storybrooke sem nada para impedi-la parecia perturbar Regina e a prefeita tomou a decisão mais arriscada de toda sua vida.

— Não faça isso, Regina! – o mago alertou, detendo-a com um feitiço – Você não tem poder para enfrentar as Trevas!

— Se você pensa que eu vou ficar acuada aqui, como um camundongo patético, até ela matar todos nós, você está enganado! – ela exclamou de volta, lançando um contrafeitiço.

Henry fez menção de segui-la, mas Mary o segurou, exigindo que ele ficasse.

— Essa louca não sabe o que está fazendo. – disse Killian, observando a mulher partir.

O rastro de destruição foi interrompido quando as duas mulheres se encontraram em lados opostos da avenida. A loira e a morena se mediam à distância, pela primeira vez detendo papéis invertidos em um confronto.

...

Os passos de Regina ecoavam na calçada, se distanciando cada vez mais da casa do Aprendiz. Quando ela se deparou com a figura distante de Emma, parada na avenida principal feito uma rainha sombria, foi como se alguém tivesse roubado todo o ar de seus pulmões.

A mulher que um dia lutou para ajudá-la a encontrar seu final feliz estava irreconhecível. Regina não sabia o que era aquela pessoa parada do outro lado da rua, mas de uma coisa ela tinha certeza: após todos os anos que a Rainha Má conviveu com nada além de trevas em seu coração, no coração de Emma agora havia somente a maldade, a ambição e uma sede infindável por poder.

—Swan. –ela disse, reconhecendo a mulher.

— A Emma não está mais aqui, Regina. Agora há apenas o Cisne Negro. – Emma respondeu em um tom glacial.

A ex-prefeita e a ex-xerife se mediam em silêncio. Desde a última vez que se viram, suas vidas tinham tomado um rumo completamente inesperado.

Quanto mais ela encarava o que Emma havia se tornado, mais Regina sentia raiva daquela mulher. Raiva não por ela agora ser a encarnação das Trevas. Mas por todo discurso que Emma um dia fizera no passado sobre as más escolhas de Regina, sobre como ela mesma tinha se condenado com sua falta de julgamento adequado, a Salvadora não poderia ter feito escolha pior.

— Sua estúpida. –ela disse com um soluço.

— Como é? – Emma respondeu em voz ameaçadora, e seus olhos faiscaram.

—Você é uma estúpida, Swan! –ela repetiu- O que você ganhou com aquele ato de sacrifício? Agora você está na mesma situação que Gold esteve. Não vê que se comprometeu de um jeito que agora, você está além de toda salvação?

— Sabe, eu não consigo nem calcular quanta ironia o seu destino teve! Você, a Salvadora, aquela que deveria colocar um fim em meu sofrimento, no de Mary, no de todos os personagens de contos de fadas, agora se tornou a própria razão de todos nós termos sofrido desde que o Autor nos criou pela primeira vez! Você nem pensou no seu filho quando usou aquela adaga!

A menção do menino acendeu um fogo no coração de Emma que até então estivera sufocado pelas Trevas.

— Henry...-ela murmurou, recordando-se de sua vida anterior por um instante- Entregue-o para mim. - ela ordenou em tom seco.

— Você realmente crê que eu vou entregá-lo de mão beijada para a encarnação das Trevas?

— Ninguém fica entre meu filho e eu. –Emma ameaçou, mandando que Regina o entregasse de novo.

—Nem que eu tenha de morrer, não vou deixá-la arrastá-lo para o caminho que você escolheu.

— Então você não me deixa escolha. – Emma disse com indiferença, arqueando uma sobrancelha.

Regina lançou uma saraivada de trovões, que faiscaram e rugiram na direção de Emma. A Rainha das Trevas estendeu seu braço à sua frente e uma barreira dissipou o ataque a tempo. Com um segundo movimento, Emma fez os trovões voltarem-se contra Regina com potência dobrada. A morena foi arrastada por vários metros até a força do feitiço empurrá-la e projetá-la com violência. Seu corpo desabou no chão com força e ela quebrou o braço, mais algumas costelas.

— Essa não. Regina... – fez Mary, assistindo a luta com David e o mago pela janela. Ao lado do casal, o coração de Killian estava dividido entre qual das duas mulheres ele deveria torcer. Ele não queria que Emma morresse. Mas se Regina não vencesse, as Trevas não desistiriam até encontrar a adaga.

Rumplestilskin veio mancando do quarto, ajudado por Belle e apoiado em sua bengala. Henry respirava ofegante, vendo as duas mães se enfrentarem daquele jeito. Ele estava tão concentrado na luta que levou um susto ao sentir algo pousar em seu ombro. Seu avô apertava seu ombro de leve, tão inquieto pelo destino das duas mulheres quanto ele.

Os ataques recomeçaram e Regina, agora curada após um rápido feitiço, usou-se de todo seu arsenal mágico para contra atacar. Línguas de fogo derretiam o asfalto enquanto avançavam em direção ao cisne negro. Trovões despencavam de nuvens de tempestade. Vendavais púrpuras brotavam de múltiplos pontos, de onde choviam criaturas humanoides armadas, que avançavam em Emma sem parar.

Quando ela havia se distraído com os atacantes, Regina tirou proveito do que poderia ser sua única chance. Ela invocou um poderoso feitiço de aprisionamento, que neutralizava os poderes de Emma e lhe impedia de se evadir.

A loira se agitou, sacudindo a cabeça até seu coque se desfazer. Do lado oposto da avenida, sua inimiga dava uma gargalhada triunfal.

— Não tem como se soltar, queridinha. Nem as trevas podem escapar deste feitiço.

O cisne negro ergueu um olhar sombrio e disse: — Quem disse que eu preciso escapar?

O sorriso de Regina se desfez ao sentir uma mudança no ar e os olhos de Emma adquirirem um sinistro matiz vermelho-sangue.

Palavra por palavra, ela começou a recitar a frase que o feiticeiro havia lhe entregado:

— Asz nagh akbaz tuvadis...

Ouviu-se o berro de um homem ao longe e um feitiço vindo de lugar nenhum. Antes que Emma completasse o ritual, foi como se uma mão de ferro se fechasse em sua garganta e paralisasse suas cordas vocais.

A figura inconfundível de um idoso emergiu no meio da rua.

— Regina, saia daqui. Leve os sobreviventes com você em segurança. Salvem suas vidas. –ele ordenou, encarando aquela que ele sabia ser a encarnação final das Trevas e a que precipitaria a destruição dos mundos.

...

Regina voltou para a casa do Aprendiz, transmitindo-lhes suas ordens. O grupo trocava olhares assustados e se sentiam perdidos.

— O que aconteceu? Por que ele resolveu confrontar Emma?

Rumplestilskin saiu do quarto e todos os rostos se viraram para ele por instinto.

— Ele vai se sacrificar. Ele vai sacrificar a própria vida para salvar os únicos sobreviventes dos contos de fadas.

Henry entrou em pânico e fez menção de sair pela porta, ma Mary e Regina o seguraram.

— Não! –ele gritava, tentando se evadir das mulheres.

— Henry, pare! Você não pode ir lá fora!

Regina forçou o filho a encará-la. — Você não pode sair!

— Mas ele vai morrer! Mãe, você não pode deixar. Você não pode deixá-lo fazer isso. – o garoto exclamou em voz aguda e chorosa, vertendo lágrimas sem saber.

Regina sentia seu lábio interior começar a tremer e ela o puxou para um abraço apertado controlando-se para não desabar.

— Me perdoe, meu filho. Não posso fazer nada para impedir isso. –ela disse em voz fina, suprimindo um soluço.

...

O Cisne Negro e o Aprendiz se mediam em silêncio.

— Feiticeiro, seu ciclo de destruição termina aqui. Esta é a última alma na qual você vai encarnar.

Um sorriso se formou no canto dos lábios dela.

— Quanta certeza. Você e eu sabemos que a história vai ser escrita de forma diferente desta vez. Porque agora eu tenho uma coisa que seu mestre escondeu muito bem de mim esses séculos todos...

O Aprendiz parecia inabalado pela ameaça.

— O feitiço não vai ajudá-lo em nada. Eu me preparei para esta batalha muito tempo antes de você possuir o primeiro humano. –ele respondeu.

Emma já perdia a paciência com aquele velho imbecil.

— Cale a boca. – ela disse, dando início aos ataques.

O Aprendiz sacou um objeto de suas vestes e o poder das Trevas foi sugado para seu interior. Emma interrompeu os ataques na mesma hora. Ninguém se evadia de um feitiço poderoso daqueles. Ela aguçou o olhar para ver que truque sórdido seu inimigo tinha usado.

Um chapéu. Azul escuro, com estrelas brilhantes.

O riso de Emma se elevou cada vez mais até virar uma gargalhada.

— Não poderia ser melhor. Eu venho para cá para recuperar minha adaga e o que encontro? O chapéu que pertenceu ao próprio feiticeiro!

— Você nunca terá o chapéu! – o Aprendiz gritou de volta.

A fúria de Emma tinha se multiplicado.

— Esse objeto não te pertence! Cretino! Seu mestre não passa de um rato! Um ladrão de magia, isso é o que ele é! Vocês dois são! –ela vociferou acima do estrondo dos trovões.

Os sobreviventes deixaram a casa, correndo o mais longe possível da cena de batalha. Emma estaria distraída com o Aprendiz e, com sorte, não iria reparar na fuga do grupo.

A feiticeira sentiu uma perturbação no ambiente e ergueu seu olhar para a zona limítrofe da cidade. Ali, dentre as pessoas que corriam pelas ruas, ela reconheceu a figura de um menino como só poderia haver um no mundo...

Seus sentimentos maternos afloraram na mesma hora. Um laço que transcendia tempo e espaço e os interligava, não importasse a distância, lhe dizia que seu filho estava bem ali.

Emma percebeu o plano daquele Aprendiz odioso e seu coração foi tomado pela fúria.

— Não! Ele vem comigo!

Um feitiço particularmente poderoso projetou o Aprendiz para longe e ela desapareceu numa nuvem roxa. Mas quando ela tentou se materializar ao lado de seu filho, uma barreira invisível a impediu.

Rumplestilskin abraçou Henry e o urgiu a se apressar. Seu feitiço havia evitado o pior. Mas na condição em que ele se encontrava, ainda debilitado após noites de pesadelo, o homem seria incapaz de lutar contra as Trevas.

Emma tentou fazer uma nova investida, mas algo a impedia de sair do lugar. El se virou e encontrou o Aprendiz a poucos metros de onde estava.

— Mas que feitiço você usou agora, seu maldito?

O homem estendeu o braço ao seu redor e uma redoma translúcida emitiu um brilho prateado antes de tornar-se transparente de novo. Os dois agora estavam presos em uma dimensão dentro de Storybrooke. As trevas jamais poderia retornar fisicamente para a cidade.

— Você é cheio de truques, velho. Mas você esqueceu de deixar o chapéu fora do meu alcance.

— Eu não esqueci, sua bruxa. –ele respondeu, cansado das provocações dela- ESSA será sua prisão para todo o sempre!

Emma gargalhou novamente ao vê-lo sacudir o chapéu na sua frente e retomou os ataques, procurando uma brecha. Quando o homem se distraiu, ela começou a recitar a frase mágica de novo, mas foi impedida de terminá-la.

— Você não vai conseguir o que deseja, Avatar da Ruína! – o Aprendiz exclamou, lançando um contrataque.

— O chapéu vai ser meu! – ela vociferou, retomando o ataque.

Rumplestilskin liderou o grupo até a fronteira da cidade. O sinal de Leaving Storybrooke pendia no meio fio, ligeiramente entortado. Quando estavam prestes a atravessar a linha divisória, Rumple e Regina tiveram uma breve visão da batalha. Por um instante, eles trocaram um olhar aflito.

— Ele não vai conseguir. –Rumple murmurou.

— Não podemos voltar. – Regina balançou a cabeça em desespero.

Ambos voltaram o rosto para a estrada com relutante resignação. Não havia alternativa. A única garantia de não serem destruídos pelas Trevas era deixar a cidade, onde a magia não funcionava. De agora em diante, eles teriam de de deixar seu passado onde ele pertencia, virar a página e escrever uma nova história em um mundo desconhecido.

Presos na redoma, os dois combatentes despejavam seu arsenal mágico contra o inimigo. Em dado momento, o Aprendiz conseguiu imobilizar Emma. Ele teria segundos para executar seu plano de emergência.

Um a um, os sobreviventes viram sua silhueta ser iluminada por uma luz azulada e desapareceram perante os olhos assustados dos outros.

— O que está acontecendo? – Henry exclamou, alarmado.

O garoto ouviu a voz do Aprendiz falando consigo em sua mente:

— Aconteceu o que eu temia, Henry. As Trevas aprenderam a invocar a Maldição Final. Nenhum poder do mundo pode quebrá-la, nem mesmo o amor verdadeiro.

— Então o que nós temos de fazer?

— Henry, com quem está falando? –exclamou Regina, entrando em pânico ao ver sua própria silhueta brilhar em tom azul.

— Uma vez que a Rainha das Trevas tenha absorvido meu poder, ela terá dado mais um passo para se tornar invencível. Nenhuma arma, não importa o quão poderosa ela seja, será capaz de ferir seu corpo. Mas ainda há esperança! Henry, ouça com atenção: procure pelo mestre que me treinou. Se alguém sabe criar a bênção que desfaça a maldição, é ele!

— Qual é o nome do seu mestre? – ele gritou.

— Merlin! Mago Merlin, servo e conselheiro na corte do rei Arthur!

Mary, David, Belle e Regina haviam desaparecido. Somente Rumplestilskin havia sobrado além do garoto.

— Você não precisa morrer! Venha com a gente, por favor! – Henry implorava entre soluços.

— Não, Henry! É tarde demais. Eu calculei mal. Por causa do meu erro, eu quase condenei todos vocês à minha sina. Mas ela deve ser só minha, e de mais ninguém. Você deve sobreviver! Se você deseja salvar os contos de fadas, então confie em mim! A esperança reside em você agora, rapaz. O futuro desta história depende de você! –o Aprendiz concluiu.

O homem despediu-se do grupo girando o rosto mais uma vez antes de ativar o feitiço que os transportaria para longe de Storybrooke em segurança. Henry começou a chorar, vendo que o Aprendiz lhe dava seu último adeus.

Uma esfera de luz envolveu a todos e eles foram projetados pelo espaço e pelo tempo para um lugar desconhecido. Antes de ficar inconsciente e o mundo se tornar um imenso negrume, Henry ainda teve a visão de dois seres engajados em uma intensa batalha que parecia não ter fim: um pássaro radiante feito de luz lançava-se de peito aberto contra uma longa serpente de escamas duras do negro mais profundo.

Ouviu-se uma explosão e o garoto não soube de mais nada, lançado universo adentro e içado em direção às estrelas pálidas no horizonte.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um dos capítulos mais trabalhosos que produzi. Do próximo arco em diante, pretendo trazer vários personagens de diversas obras da Disney, como Merida, Elsa, Hiccup e muitos outros. Mas sem o apoio dos leitores, fica difícil continuar.
Se você estiver acompanhando a fic, deixe um comentário. Assim que o último capítulo lançado alcançar um mínimo de 5 comentários, o próximo será postado, e assim por diante. Conto com vocês para ajudar a história a crescer.



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