Cisne Negro escrita por Gerome Séchan


Capítulo 3
Story's End - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Para os leitores que costumam reler as histórias, não estranhem quando um capítulo parecer diferente dias depois de publicado. Tenho o costume de revisá-los enquanto vou produzindo a história.
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Personagens
Regina | Rumplestilskin | O Aprendiz | Killian Jones/Capitão Gancho (citado)



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Rumplestilskin murmurava durante o sono, agitando a cabeça para os lados enquanto palavras desconexas deixavam seus lábios em murmúrios indistintos.

— O que está acontecendo com ele? Ele estava tendo um sono tranquilo até agora há pouco. Por que ele teve essa reação do nada?

O mago ergueu a mão, pedindo que Belle se acalmasse. De olhos fechados, sua palma aberta desceu da testa do homem, indo em direção ao colarinho, medindo seu campo astral.

— Sua consciência está lutando para aceitar os atos de maldade que ele cometeu durante todos esses anos. Rumplestilskin foi responsável por atrocidades capazes de destruir a alma de um ser humano. Se ainda houver um resquício do homem que ele foi antes das Trevas o possuírem, então esse homem está além de toda salvação. Não se engane, senhorita Belle. Mesmo depois de acordado, ele terá muita dificuldade para fazer as pazes com seu passado.

Belle tentava fazer sentido do que ele lhe contava.

— O que isso quer dizer? Que ele... que ele ainda vai demorar a acordar ou...?

— Eu não vou mentir para você. Pode ser que ele acorde amanhã, ou daqui a um ano, ou dez. Não há como prever essas coisas. Rumplestilskin está passando pela batalha mais difícil que um homem pode enfrentar na vida. Ele agora se tornou refém de sua consciência. A partir do momento em que seus olhos se abrirem, o conflito espiritual dentro dele continuará torturando-o para o resto de seus dias.

— Mas ele vai sobreviver, não vai?

— Isso vai depender do quanto você vai ajudá-lo. Muitos homens não suportam conviver com seu passado e... escolhem a via mais fácil. –o mago acrescentou, hesitante- Se quiser que ele sobreviva à longa noite que o espera, você terá de ser forte, Belle. Por ele e por você.

Belle fitava o rosto contorcido de seu amado com preocupação. Mary Margaret pousou a mão em seu ombro e apertou de leve.

— Ele tem a você, Belle. Você é a coisa mais importante em sua vida. Ele não vai te abandonar. – ela disse com um sorriso terno.

— E se ele tentar fazer isso, ele vai ter de se ver comigo. – David acrescentou com uma piscadela.

Mary e Belle se encararam e abriram um sorriso. As palavras acenderam um pequeno ponto de esperança em seu coração desalentado. Ela não estaria sozinha. Rumple não estaria sozinho.

Em seu coração, Belle sempre quis ser uma heroína. Agora ela tinha a chance de realizar seu ideal, ainda que de maneira um tanto incomum: salvar um homem de seus próprios demônios internos. Não era a luta contra os sentimentos que enfraqueciam o melhor lado de um ser humano uma batalha contra o mal?

Regina, que não estava tão calma quanto os demais, achava que eles tinham de deixar Rumple para lá e pensar no problema mais imediato.

— Isso é loucura. Nós deveríamos achar um jeito de ir embora da cidade. Emma pode descobrir a farsa e voltar a Storybrooke. Nós deveríamos tomar providências para o caso dela aparecer de novo, e não fingir que vai ficar tudo bem! –ela exclamou, encarando a paisagem pela janela.

David estranhava o fato de Henry não estar com a mãe numa hora dessas.

— Você não deveria estar de olho no seu filho?

Regina fechou a cara e levou as mãos à cintura.

— Você realmente acha que eu deixaria o Henry sem proteção nenhuma? Ele está bem protegido. Melhor do que nós estamos. –ela insinuou, girando o rosto para o mago.

O homem continuava sem entender por que ela não vigiava o garoto de perto.

— Ele está mais do que seguro. Aquela vadia não vai conseguir encostar um dedo nele. –ela respondeu.

A campainha soou e todos trocaram um olhar tenso. O mago lançou um feitiço em direção à porta e exclamou um o quê?

— Quem está na porta? É ela? Emma? – David perguntou, ansioso.

— Não. É o seu filho. – o mago respondeu, virando-se para Regina.

...

— Pensei ter ouvido você dizer que ele estava protegido. – David insistiu.

Regina não respondeu e foi correndo atender a porta. Henry estava na soleira e falou com ela em tom de bronca.

— Você não devia ter prendido o Killian em casa. Ele pensa que você quis usá-lo como isca para armar uma cilada para a Emma. Você devia ter confiado nele! Se alguém está sofrendo com o que aconteceu a ela, foi ele. Por que você não levou em consideração a dor que ele estava sentindo?

Regina foi alvo de olhares acusatórios. Ela afastou o filho para um canto, dando-lhe bronca por ter deixado o esconderijo.

Rumplestilskin voltava a agonizar no quarto ao lado. O mago preparou um segundo feitiço que o fizesse cair em um sono profundo quando os olhos do homem finalmente abriram.

— Oh, meu deus! –disse Mary Margaret, levando as mãos à boca.

A primeira pessoa que Rumple identificou por meio de sua vista embaçada foi a mulher que tanto o amou e a quem ele causou as maiores decepções.

— Belle? –ele perguntou em voz fraca.

Ela fez que sim com a cabeça e, mal conseguindo articular sequer uma palavra coerente sentindo o peito apertado, se jogou para cima dele, dando-lhe um forte abraço.

— Belle... –ele começou, e sua voz deixava transparecer seu remorso- Eu não entendo... depois de tudo que eu fiz... –ele baixou a cabeça, envergonhado- Eu não tenho direito nenhum de pedir o seu perdão. As coisas que eu fiz... –ele repetia, levando a mão à testa – E tudo para quê? Bae está morto...

Belle tomou as mãos dele nas suas e disse:

— Não era você por trás de todas aquelas maldades. As trevas lhe cegaram com o desejo de poder. Eu sei disso agora.

Mas Rumple não era um homem afeito a nutrir falsas esperanças e se deixar levar por ilusões.

— Eu não sei se você ainda vai continuar gostando de mim. O homem por quem você se apaixonou...

— Sempre esteve dentro de você, esperando a chance para ficarmos juntos de verdade. – ela concluiu.

Seus olhos insistiam em ficar marejados e, a muito custo, ele conteve um soluço.

— Você é uma mulher fascinante, Belle. E eu sou um homem de sorte por ainda ter você ao meu lado. Eu... eu juro que, daqui para frente, eu nunca mais farei nada que te machuque. Nunca. –ele disse, puxando-a mais para perto.

Belle e Rumple selara a promessa trocando um longo beijo apaixonado após tantas semanas de dolorosa separação. Mary Margaret e David respiravam fundo, aliviados pelo casal estar reunido. Enquanto isso, o mago observava Rumple com curiosidade, resguardando seus pensamentos para si.

Atrás do grupo, a voz de Regina se elevou tanto que por um instante eles achavam que ela estava gritando com o filho.

— Por que você não me avisou disso antes?

— Porque ele me enganou! –Henry respondeu- Ele me prendeu enquanto eu dormia e fugiu. Eu só descobri que ele tinha roubado a adaga porque passei no cemitério antes de vir para cá.

— O quê? – fez David, assustado.

— Você está brincando. Killian está lá fora com a adaga de Emma? Sozinho? – Rumplestilskin comentou, prestando atenção na conversa.

— Não é possível. Killian não tem nenhuma chance contra ela. Se ela matá-lo, ela vai...ela vai.... – Mary disse, incapaz de completar a frase.

O coração de Regina disparou ao ouvir a confissão de Henry e ela se limitava a fitá-lo de volta com olhar perdido. Killian não teria como desfazer o feitiço que o mantinha preso. Somente um conhecedor de magia das trevas tão poderoso quanto ela era capaz de fazer isso.

Henry a fitou de volta angustiado.

— Mãe, eu acho que ele vai tentar encontrar Emma.

...

Nenhum dos ocupantes da casa sabia o que dizer. Um sentimento de opressão havia tomado conta do ambiente.

— Eu devia ter ido embora logo depois daquele ataque. – Regina disse em voz baixa, deixando o remorso transparecer.

Ela lançou um feitiço de proteção na casa, e mais outro. Não importa o que o mago dissesse; ela tinha medo de que a nova Rainha das Trevas pusesse suas mãos em Henry.

— Nós não deveríamos ir atrás de Killian? Se ele encontrar Emma, vocês sabem o que ela vai fazer com ele. – o garoto perguntou.

Mary Margaret e David se entreolharam por um instante, mas baixaram o olhar.

Belle também desviou o rosto e voltou a dedicar sua atenção somente a Rumple. Ninguém parecia disposto a se arriscar sair da casa.

Somente o mago ainda sustentava o olhar do garoto com expressão sincera.

— Escute, rapaz. A casa é protegida por uma magia poderosa, uma que nem mesmo as trevas podem violar. No momento em que qualquer um de nós pisar lá fora, não há garantia de que vai voltar vivo.

— Mas ele vai acabar morrendo se nós não formos atrás dele! – Henry insistiu.

Rumplestilskin fez um esforço para se sentar na cama.

— Garoto, ela praticamente tem a adaga. Killian já está morto. –ele disse.

Henry sacudia a cabeça, negando-se a aceita a resposta. O mago no fundo concordava com o garoto.

— Mesmo sabendo que Emma pode recuperar a adaga, nós temos de ir atrás dele. – o mago confirmou.

— Nós temos? Quem é esse “nós”? – questionou Regina.

O mago lhe lançou um olhar de reprovação.

— Primeiro nós temos de distrair Emma. Garantir que ela não encontre a verdadeira adaga.

— E como você pretende fazer isso? – Rumple perguntou.

— Eis o plano: encontrar Killian, trazê-lo para a casa com um feitiço e mandar uma ilusão dele se encontrar com Emma lá fora, portando uma falsa adaga.

Regina e Rumple se entreolharam, igualmente incrédulos.

— Ela vai perceber na hora que a adaga é falsa! – ela exclamou.

— Eu estou contando com isso. –o mago rebateu, surpreendendo-a por um minuto- o tempo que ela levar para descobrir a farsa será o suficiente para descobrir em que parte da cidade ela está e envolvê-la no feitiço que cria a dimensão. Ela será derrotada e ninguém será morto no processo. – ele concluiu.

Um momento de silêncio recaiu sobre a casa.

— Será que isso pode funcionar? – veio a pergunta tímida de Henry.

Todos fitavam os rostos uns dos outros, divididos entre a esperança e o receio.

Rumple fitou a paisagem através da janela e foi acometido por uma sensação familiar; uma escuridão que parecia oprimir seu coração, afastar toda memória de alguma felicidade que uma pessoa possa um dia ter vivenciado e substituí-las por nada além de um desejo cego de poder e vingança. Sua expressão se contorceu de temor e preencheu seu semblante.

Belle viu que ele havia ficado agitado de novo e tocou seu braço, debruçando-se sobre ele.

— O que foi? O que houve, meu amor?

Segurando a mão dela de volta, ele disse entre murmúrios assustados:

— Ela está aqui. Ela chegou. Emma Swan está em Storybrooke.


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Notas finais do capítulo

Emma volta a Storybrooke e confronta Regina sobre o paradeiro de sua adaga. Sem condições de vencer as trevas, o fim dos personagens de contos de fadas pode estar escrito.



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