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Ainda fico me perguntando o que realmente aconteceu naquela noite...

O despertador toca. Com os olhos pesados eu o desligo. Eu não havia dormindo quase nada á noite. Esfrego os meus olhos e levanto da cama com uma certa dificuldade e vou até o meu guarda-roupa. Tiro dele as roupas escolhidas para ir para escola e uma toalha. Saio do meu quarto e caminho até o banheiro. Termino de me arrumar lá dentro.

Saio pronta. Passo na frente do quarto do Mike e com força bato duas vezes, quando eu finalmente escuto passos apressados eu volto para o meu quarto. Eu me encontrava no automático. Coloquei os meus tênis, parei na frente do espelho e me olhei de cima a baixo.

Desta vez serei eu mesma... Cansei de implorar companhia dos outros. Se gostarem que fiquem, se não gostarem que vão embora. Não é tão ruim assim.

Coloquei a minha bolsa dependurada no ombro e sai do meu quarto. Antes de descer as escadas dei mais uma vez duas batidas com força na porta do Mike, e eu acabei escutando ele gritar:

– Quer parar!

– Era só para me certificar que você estava acordado, relaxa. - digo.

– O que você acha? - grita ele.

– Por que tão mal-humorado? Oxe.

Desci os degraus da escada e me dirigi para a cozinha. O babá estava lá, encostado no balcão com uma xícara de café na mão. Entro na cozinha em silencio evitando o máximo o contato visual. Caminho até a fruteira onde eu pego uma maça. Eu estava a poucos metros dele. Eu preciso saber disto logo...

– Babá... Sobre aquele dia da festa, o que realmente aconteceu? - pergunto ainda olhando para a maça nas minhas mãos.

– Aconteceu que as coisas passaram um pouco dos limite propostos á mim...

– Como um... - estava prestes a falar, quando Mike apareceu resmungando na cozinha atrapalhando-me de falar.

– O que foi? - perguntou ele olhando para nos dois que encarava-o do mesmo modo. - que coisa! - resmunga ele.

– Então eu já estou indo.

– Quer que eu leve vocês dois? - pergunta o babá. - consegui um outro emprego temporário numa escola.

– Não precisa. Já estou indo. Tchau. - falo saindo da cozinha.

Abri a porta e marchei para fora da casa já com o celular na mão procurando a trilha sonora da ida para a escola. Nada romântico e meloso, por favor! Parei, um pouco enfurecida comigo mesma.

"Será que eu só tenho musica mimimi?!"

Guns 'n' roses! Ufa! Já estava pensando em ir para escola em silêncio. O que seria muito estranho, afinal, eu não vivo sem musica.

Estava distraída, os olhos grudados na tela do meu celular, quando uma rosa vermelha surgiu na minha frente. Dei um pulo para trás com o susto. Olhei para a frente e lá estava a Zoey, rindo da minha cara.

– Muito engraçado! Rá, rá, rá! - falei, puxando a rosa da mão dela e indo em direção a uma lixeira mais próxima.

– Ei, não! Não precisa jogar fora! Ela não fez nada para você - ela disse, e tirou a rosa da minha mão com uma cara de expressão surpresa. - É só uma brincadeira. - E abriu um sorriso. Eu ainda me encontrava séria.

Precisava acabar com esse teatro todo dela. Respirou fundo. Tomei um pouco de coragem e pensei em tudo o que eu iria falar para ela.

– Certo, vamos para com esse teatro todo Zoey. - digo e vejo o seu sorriso desaparecer por completo.

– O que você esta falando? - pergunta ela sem graça. - que teatro?

– Esse... Só me responde uma coisa, a quanto tempo você e o Castiel estão juntos secretamente?

– Eu e o Castiel não... - ela parou. - quer saber mesmo?... Eu e o Castiel estamos saindo já faz algumas semanas... Não queria te magoar, mas você nunca foi a favoritas dos garotas. Bem, você era amiga sem graça, e eu, a amiga boa que queria "ajudar" a sem graça... E também tinha as suas vantagens de ter uma amiga inteligente...

– Então por que você queria que eu ficasse com o Castiel?

– Eu nunca quis! Lize, você é inteligente, nunca achei que teria que te explicar alguma coisa... Você e o Castiel estavam mais juntos do que o costume, e isso estava me incomodando um pouco pois eu gostava dele mais tempo que você e eu não achei justo... Então se eu começasse a andar com você eu também andaria com ele. Mas quando você falou que estava gostando dele...

– Não quero mais ouvir! - falo alto interrompendo-a. - Eu acreditava que eu havia ganhando uma melhor amiga, mas você não passa de uma garota com fogo no rabo!! - ela chegou mais perto e colocou o dedo no meu rosto.

– Olha lá como fala comigo. Pode baixando a sua bolinha, se você não está lembrada, mas eu ainda sei seus segredos, não me faça jogar sujo.

– Não tenho medo de você Zoey... Não preciso de você e muito menos do Castiel. Espero que os dois sejam felizes. - tiro o seu dedo do meu rosto. - quero que você saiba que eu não serei mais aquela idiota de antes. As pessoas uma hora cansam de serem usadas o tempo todo. Não tenho mais motivos para falar com você, ou ser a sua amiga de novo... Acho que preferia não ter te conhecido. Você foi o erro.

Viro-me e continuo o meu caminhando deixando-a sozinha parada lá.

– Eles nunca iriam saber quem você era. Quem você é naquela escola, foi eu quem ajudou, senão até hoje você seria sempre a ratinha escondida da escola! - berrou ela para mim.

Ela estava com razão, mas eu estava pronta a esquecer disso e volta a minha rotina antiga de antes. Ser invisível não era tão rumi assim tinha as suas vantagens e desvantagens. Na maioria da vezes passar despercebida por todos era um pouco constrangedor, mas tirando desconforto inicial, quando se já esta acostuma com isso, pode-se revelar coisas bastantes interessante sobre as pessoas a sua volta. Muita coisa mesmo! Ninguém daquela escola imaginaria o tanto de coisa que já caiu nos meus ouvidos durante os anos sendo invisível. bom, como eu disse, tenho as minhas vantagens.

Virando a esquina da escola dou de cara com o Castiel juntamente com um pessoal que eu não conhecia. Eles estavam rindo, menos o Castiel que estava serio. Sempre serio... Respiro fundo. Tento acalmar o meu coração que estava a ponto de querer acelerar mais que o normal. Passo por eles apertando com forças a bolsa que estava no meu ombro, e evitando o máximo o olhar com ele. Chego na frente da escola, já um pouco aliviada, cruzo o portão principal e entro no segunda porta que da entrada ao corredor lotado de alunos conversando e correndo para um lado e para o outro. Estava com saudade desse pessoal correndo e o seus gritos... Bom, passou agora. Vou até o quadro dos horários e gravo eles na minha cabeça.

Caminho até o patio e me sento em um banco vazio que eu encontro. E fico ali esperando o sinal tocar para as aulas começarem e eu colocar tudo em dia. Logo sentado no banco da minha frente noto um menino loiro que eu nunca tivera visto antes na minha escola, e deduzo ser aluno novo. Ele percebe que eu estava olhando-o e desvio rapidamente o olhar, e assim vejo o Castiel vindo na minha direção. Sem Zoey por perto.

– Você deixou cair. - sentou-se ele ao meu lado. Largado como sempre, noto o seu jeito de sentar. Entregou-me a pulseira que eu nem ao menos senti falta no meu pulso.

– Obrigada. - agradeço.

– Você foi a festa dos gêmeos, não é? Zoey me disse que você havia ido, mas eu não enxerguei você.

"Eu estava a poucos metros da sua frente..."

– Eu não me senti bem e fui embora. Não fiquei por muito tempo.

– Você não gosta muito e festas, isso já deu para perceber... Bem, era só isso piolha. - bagunçou um pouco o meu cabelo. - nos encontramos por ai.

"Odeio que ele me chame assim!" penso arrumando o estrago que ele tinha deixado.

– Antes que eu queria te perguntar uma coisa! - falo rápido e alto.

– Fala.

– Você e a Zoey ficaram bem chegados de repente... - digo olhando de lado. - vocês dois estão saindo? E desde quando?

– É. Estamos. Fazem algumas semanas, porque da pergunta assim não repentina? ... Não me diga que está gostando de mim. - levou seu rosto rapidamente para perto do meu. - A piolha está com ciumes? - me senti corar. Ele riu e eu o empurrei, fazendo ele voltar para a posição que ele se encontrava antes.

– Idiota, claro que não! - Minto. - e você sabe que eu odeio esse apelido! Ele é estranho!

– Se você está dizendo... - falou se levantando do banco. - Até logo. A gente se esbarra por ai... Piolha. - sorriu e saiu caminhando.

E eu fiquei olhando ele afastar-se cada vez mais de mim, quando ele sumiu da minha visão eu automaticamente voltei o meu olhar para o loiro sentado no banco a minha frente. Ele não estava mais ali. Quando o sinal tocou, eu me dirigi diretamente para minha sala de aula.

Entrando nela deparo-me com uma garota sentada no meu lugar. Caminhei até ela. Aproximei-me bastante até ficarmos frente a frente. Ela me olhou,e eu percebi que ela era nova na escola.

– Oi... - falou ela.

– ... Esse é o meu lugar. - falei.

– Sério?... Ninguém tinha me contado... - diz ela guardando o material de volta na bolsa.

– Não precisa. - ela parou no mesmo instante. - pode ficar se quiser. Sento atrás. - ela abriu um sorriso.

– Obrigada. - agradeceu.

– Não por isso. - respondo.

Sento-me no lugar vazio atrás dela. Tiro meus materiais da bolsa e os coloco encima da classe. Solto um suspiro pesado. Eu havia voltado a minha rotina. Assisto todas as aulas. Passo o recreio na biblioteca e evito ao máximo não chamar atenção. Ajudo o grêmio. volto para a sala de aula. Guardo os meus materiais, e aguardo os dois períodos de educação física começarem.

– Lize. Seu nome é Lize, não é? - olho para frente e vejo a garota nova sorrindo para mim.

– Sim. - respondo.

– Nome bonito. O meu é Angeline, mas alguns me chamam de Angie, na verdade só os bem próximos.

– Você é nova na escola, não?

– Ahaam. Meu terceiro dia aqui.

– Fez amigos?

– Bem, na verdade... Não... Ainda não.

– Bom dia alunos e alunas. - entrou o orientador educacional na sala, e parou-se bem em frente da turma. Vi Angie virar-se rapidamente de volta para o seu lugar. - quero comunicar a vocês que a professora letícia não comparecerá mais na nossa escola. Ela estará dando aula em outra escola.. E para que vocês não ficassem sem ter aulas, no ultimo momento conseguimos um professor em tempo integral. Pode entrar.

Então ele entrou, e eu congelei no mesmo momento. Ele parou na frente de todos, quando me viu abriu um sorriso de canto. Desviei o olhar e baixei a cabeça.

Simplesmente não estou acreditando nisso... Isso não vai prestar.