Dentro do Espelho escrita por Iuajen


Capítulo 8
A Cidade das Sombras




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Sacos de lixo, cinzeiros e cones de trânsito, a parede pichada com um olho, círculos e riscos, além de uma Sombra que andava sem rumo.

– Por aqui! Por aqui!

Irene ainda puxava umbra com suas pequenas mãozinhas como se ela dependesse disso para viver. Umbra que não tinha tempo de escrever, no papel e correndo curvado, apenas seguia Irene para onde ela estava puxando, seguiram a direita e subiram com algumas dezenas de sombras que também andavam sem rumo até chegaram na rua.

Na calçada, Irene olhou do outro lado e viu portas abertas, do lado algumas letras brilhando em azul claro e que ela não conseguia ler. Antes de entrar viram que era uma biblioteca, cheia de estantes e livros, com um balcão e ninguém lá dentro. Irene puxou Umbra até a estante mais afastada da porta e coincidentemente do balcão.

Pronto.

Bufando e com uma mão no joelho, Irene se sentou, Umbra ainda com as mão dada segurando a de Irene, foi forçado a se sentar também, que ainda procurando por explicações pegou seu bloco de notas.

"O que aconteceu? Por que está sussurrando? O pesadelo foi tão ruim assim?"

Não foi pesadelo!

Apesar de estar sussurrando, Irene disse confiante e nervosa.

Você tinha sumido, aí, o garoto loiro apareceu, ai o espelhou quebrou, aí, aí depois, fez dodói, aí, aí... fui pro banheiro e me tranquei. Aí... Aí a dona bruxa, falou para eu colocar isso aí, aí eu coloquei e aí eu vi você escrevendo alguma coisa num papel.

Falando rapidamente e bem baixo, Irene explicou o que havia acontecido, e Umbra assentiu com a cabeça.

*Piiiim* *Piiiiim*

Após um barulho agudo e alto que ecoou por toda a biblioteca, Umbra e Irene espiaram da onde estava vindo. Uma sombra estava no balcão, esperando alguém ou alguma coisa olhando para a porta dos fundos. Um pouco depois um garoto loiro sai da porta.

– Que foi? Eu estou ocupado... com os livros...

Irene prendeu a respiração, aquele garoto era Vincent. Olhou para Umbra que parecia estar tremendo novamente. Mas que tinha uma mensagem escrita na mão.

"Aquele ali é o porteiro que a gente encontrou quando a gente chegou."

– Ah, eu só vim dizer que uma garotinha e uma sombra chamada Umbra alugaram o quarto 201. Você disse que queria saber então eu vim aqui lhe dizer.

– Kikikikufuffifiififi... Siiiim. Obrigado.

O Garoto sorriu novamente, e das mexas loiras, começou a sair um liquido vermelho assim como antes. Ele rindo começou andar rapidamente para a saída da biblioteca.

– Kikukikikifufufififi... Ei. Cuide da Biblioteca enquanto isso.

– Mas... o Gerente vai ficar bravo comigo.

Vincent se virou para ele, e por ali parece ter encarado a Sombra e estralando os dedos.

– Prefere ele, ou eu?

– Tudo bem, eu fico.

– Kikkikikikikufufufifififi. Bom Garoto. Eu já volto.

Ele se virou novamente e saiu da biblioteca, enquanto Irene com medo olhava para Umbra como se dissesse "viu?". Umbra por outro lado estava tremendo até alguns instantes após Vincent sair da porta, a outra sombra se colocou atrás do balcão e ali ficou.

" Você sabia que ele estava vindo daqui?"

Não.

Irene nem podia imaginar que ele chegou no hotel após sair da biblioteca, muito menos que quem os dedurou foi o porteiro, já Umbra após parar de tremer e se acalmar estava achando que estavam com sorte demais da Irene ter um pesadelo, de não terem encontrado com Vincent no meio do caminho, e saber que ele estava indo para lá agora, dava eles uma oportunidade de fugir. Foi quando ele olhou para a touca que estava na própria mão, e entendeu que isso tudo era porque a bruxa a encantou. Sem saber se isso chegaria a bruxa, ele pegou a touca e grunhiu, e esperou um pouco, mas nada aconteceu.

Já Irene não sabia o que fazer, continuava com medo e olhando para Umbra, quase que implorando para saírem dali com os olhos, e Umbra sabia que devia seguir o pedido, porque quando Vincent perceber que eles não estavam no quarto 201, ele provavelmente vai voltar para a biblioteca.

"Vamos embora Irene. Ele não pode ver nenhum de nós dois, se não Vincent vai saber que a gente está na cidade."

Mas como a gente sai?

É? Como iriam sair, a única porta estava com os olhares do porteiro que se Vicent voltar, iria dizer para onde foram. Era uma situação complicada, mas mesmo assim Umbra não pareceu se abater.

"Eu vou derrubar um livro no chão, vamos esperar ele sair da onde ele está, e então iremos para a fileira da frente, viraremos a direita e sairemos, sem que ele nos perceba."

A sorte estava do lado deles, assim como Umbra planejou, saíram pela porta da biblioteca e estavam novamente na rua, viraram logo a esquerda para que a "sombra porteiro" não os visse, e depois subiram a rua.

– Uau, que sorte! Aconteceu do jeito que você disse.

Umbra que estava pensativo, concordou com a garota, se fosse o que ele estava pensando...

– Pra onde a gente vai agora?

" A ideia era perguntar para as sombras que estavam andando pela cidade, mas vendo que o porteiro contou para o Vincent sobre a gente, conversar com as sombras por ai não é algo muito esperto de se fazer."

– Tá. Não falar com as sombras. Tá.

Se eles não podiam fazer na cidade o que tinham para fazer ali, o que poderiam fazer? Era o que Umbra se perguntava, havia a entrada que os levava para o hotel onde moravam, mas não tinha sentido voltar lá. O oceano era impossível para Irene, porque Urotsuki não conseguia respirar lá, então Irene provavelmente não conseguiria também, e os outros lugares... tem um definitivamente ele não pode levar Irene.

"Olha, já que não podemos ficar na cidade, com Vincent por ai, acho melhor irmos para outro lugar. Daqui, podemos ir para a floresta que nessa estação deve estar coberta de neve, ou para a mansão dos fantasmas."

– Fantasmas? Tipo o Gasparzinho?

" Existe fantasmas no seu mundo também?"

– Eu nunca vi um, mas tem um filme e desenhos animados, com eles."

"Você sabe o que eles são?"

– Segundo a mamãe, quando alguém morre, e não quer ir pro lado de lá, eles ficam na terra como fantasmas.

Umbra pareceu olhar para ela. Certamente não era aquilo que significava fantasmas, mas provavelmente Irene não ia causar nenhum problema no meio deles. Ficou impressionado também como Irene conseguia decorar o que os pais falavam para ela.

" A gente vai ter que passar pelo antigo hotel, onde a gente estava e pedir para o porteiro abrir a porta, lembra? Da sombra azul cheio de bolinha amarela?"

– Sim. O gordinho.

" Então, a gente vai ter que dar uma passada lá de novo, mas é bem rápido, depois se a gente não achar nada lá, a gente vai para um outro lugar que eu acho que você vai gostar, é quase um parque de diversão."

– Que legal! Mas eu ainda tenho que achar papai e mamãe, quando a gente achar ele, vamos todo mundo.

" É... Mas esse lugar é para gente procurar mais sobre seus pais, não é bem um parque de diversão, mas eu não sei como chamar."

Com isso, Umbra pegou nas mãos de Irene, e a guiou pelas ruas cheias de sombras que pareciam não ter um rumo. Não pararam para falar com nenhuma das sombras, e foram direto para o hotel.


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