Dentro do Espelho escrita por Iuajen


Capítulo 10
O Passado de Umbra. /Parte 1/


Notas iniciais do capítulo

Começamos agora a entender o que aconteceu antigamente, e o porque Umbra parece ter tantos problemas.



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Cabelos loiros, vestido com alguma roxa e algo que parecia um pano em volta da cintura de cor branco. Estava deitado na minha cama e eu não tinha ideia de como ele tinha parado lá, parecia estar dormindo e para falar a verdade eu nem sabia o que era. Um pouco hesitante, comecei a cutuca-la e chamar.

– Ei, acorde.

Enquanto eu repetia a frase, com apenas algumas minimas alterações, a mexia, mas aquela coisa parecia estar determinada a continuar dormindo. E eu ainda tinha o trabalho para fazer, e parece que não faz mal a ninguém, mas por segurança acho que vou fechar a porta do quarto e ir para o escritório.

Algumas horas depois, notei umas batidas na porta, e uma voz feminina sair do quarto. Provavelmente, aquilo tinha acordado. Ainda sem saber se era perigoso ou não, me aproximei da porta.

– O que é você?

– Se é meu nome que está perguntando, me chamo Urotsuki e que ideia é essa de me prender no quarto? Você é o que um sequestrador ou coisa parecida? Como foi que conseguiu me tirar do hospital?

Aquilo que dizia se chamar Urotsuki, agora me perguntava um monte de coisa em um tom rápido e melodioso. Mas a minha pergunta não foi respondida.

– Não, bem... o que eu te perguntei é que especie você é? Nunca vi algo parecido com você.

Mais surpreendente do que isso é o fato dela conseguir falar, existem outros serem além das sombras que conseguem pensar então... Ela é um alienígena?

– Sou humana duh! Você é humano também, que pergunta foi essa? E quando você vai me tirar desse quarto?

– Tá... tá...

Assim que abri a porta, eu vi a humana ali, em pé, me olhando com aqueles olhos castanhos, tomando um susto gritando e caindo para trás.

– Isso é uma pegadinha né!?
A garota apontava para o meu rosto e parecia querer se afastar de mim para o mais longe possível, visto que estava arrastando novamente para dentro do quarto.

– Não quis te assustar. Meu nome é Umbra, entãaaao humana não é? Como você veio parar na minha cama?

– Sua... cama?

Ela olhou rapidamente para aonde antes estava dormindo, mas logo voltou a me encarar, parecia que não me queria perder de vista.

– Não sei! Estava deitada na cama do hospital, adormeci e agora eu estou aqui. E eu sei que não é um sonho porque quando cai de susto minha bunda doeu.

Vendo que a garota ainda estava encolhida, agora contra a parede, estendi minha mão para tentar ajudá-la, quando me aproximei ela deu um gritinho e começou a falar extremamente rápido.

– Não, não me mate, nem me coma, nem abduza, nem me bata, nem toque, nem... nem...

Movendo vagarosamente as mãos na minha frente e com os olhos fechados, aquilo parecia ter muito medo de mim. O que fazer?

– Já disse que não precisa ter medo de mim, não vou te fazer mal. Melhor do que isso, está com fome? Acabou de acordar, deve estar.

Como uma cena de livro de fantasia, assim que eu a perguntei sobre comida, um barulho de barriga roncando veio dela, que ficou vermelha, me olhou e perguntou:

– Você não vai me envenenar né? Nem me dar remédio pra dormir e depois abusar de mim né?

O quão desconfiada essa humana era? Que absurdo dizer uma coisa dessas...

– Não vou não. Pode ficar tranquila, gosta de batata frita? Macarrão com molho de tomate?

– Batata frita? Eu nunca comi! Mas... mas... já vi gente comendo, deve ser bom, aceito sim, obrigada.

Após oferecer novamente minha mão para ela se levantar, ela a pegou e ficou de pé sorrindo para mim, depois olhou para a própria mão suja de sangue e gritou de novo.

– O banheiro fica ali.

Apontei para a porta que ficava perto da cama, ela se virou abriu a porta, e instantes depois estava de volta.

– O que era aquela coisa vermelha? Parecia sangue.

– É sangue. Da minha roupa, desculpe, pensei que não iria te sujar.

A garota pareceu querer muito perguntar alguma coisa, porque franziu a sobrancelha e abriu a boca, mas logo depois fechou. No momento seguinte abriu de novo.

– Ah é mesmo, você não é humano? Não tem nada por trás de todo esse preto não?

– Tem meu corpo. E não sou humano, sou uma sombra.

– Sério? Que louco! E aonde a gente tá? Ainda estamos no Japão?

– Seja lá o que for isso o que você acabou de falar, não... estamos no meu apartamento que fica na cidade das sombras.

– Eita! Dessa vez me drogaram pesado. Negócio tá feio.

– Vamos para a sala, eu vou preparar a comida para a gente, ai podemos ir conversando.

A garota me acompanhou até a sala e se sentou no sofá, pegou o controle remoto e ligou a televisão sem ao menos pedir, enquanto isso eu estava tirando as batatas congeladas da geladeira e o molho de tomate e comecei a preparar, enquanto ouvia algumas risadas vindas da sala. Uma hora depois, eu fui a chamar, humanos são criaturas que comem bastante, foram três pratos cheios.

– Sua espécie come bastante eim?

– Ah não, nem todos. Eu que como bastante mesmo, a comida do hospital é um lixo e é sempre a mesma coisa.

– Você tá doente?

– Ah, desde que eu me entendo por gente, eu vivi ou no laboratório com aquele tanto de adulto chato me enfiando trocentas agulhas, uns fios ligados a umas máquinas além dos remédios que me faziam tomar e eu nunca entendi porquê.

– Você não me parece mal.

– É, eu nunca entendi o motivo, mas ontem eu desmaiei do nada e fui para o hospital, me deram alguma coisa na veia e quando acordei estava na sua cama.

– Estranho, humanos tem poderes para se teleportar?

– Não. Humanos não tem poderes nenhum, e vocês, sombras? Possuem algum poder?

– Não sei bem exatamente o que difere nossos corpos além da aparência, mas, vocês podem ver no escuro total?

– Não.

– Então essa deve ser a diferença.

A garota me olhava com muita curiosidade. O estranho era que o mesmo acontecia comigo, uma espécie inteligente de outro mundo. Quem não ficasse curioso tinha algum problema.

– Quantos anos você tem?

A garota perguntou inesperadamente, enquanto eu estava perdido nos meus próprios pensamentos.

– Acho que farei dois milênios daqui alguns meses.

– Sombras vivem isso tudo?

– Eu sou bem novo ainda, em comparação com os outros da espécie. Mas e você?

– Eu tenho dezenove. Humanos mal mal chegam a cem anos de vida.

Eu estava realmente surpreso, na minha frente, alguém com dezoito anos que já sabia fazer tudo que uma sombra madura podia fazer, seres humanos eram realmente uma espécie fascinante.

– E o que tem pra fazer aqui nessa tal cidade das sombras?

– Ué, a cidade de vocês não tem lojas, restaurante e outras coisas, aqui também tem, aliás, o que é isso que você está usando, essa coisa roxa no seu peito e esse pano branco enrolado na cintura?

– Roupas. A coisa roxa é um suéter e o pano é uma saia. Vocês não usam roupa aqui?

– Ahhh! Isso são roupas? Nossas roupas são feitas de sangue, um material ótimo.

– Eca! Sangue? Sério? Então todo esse negócio preto ai, é sangue concentrado?

– Sim e o que tem de ruim em sangue?

– Tudo! É estranho, ela não cheira mal não? E isso é normal para vocês? Como conseguem fabricar roupas de sangue?

– Não tenho a miníma ideia, não trabalho na indústria têxtil.

E passamos um bom tempo conversando sobre nossos mundos e as diferenças entre nossas espécies. Como uma convidada especial, eu resolvi mostrar a cidade para ela, e depois da cidade iriamos a outros lugares que talvez ela gostaria de ir, quando descíamos as escadas do prédio ela disse:

– Bem, se um dia for ao meu mundo, eu sinto lhe informar que provavelmente estarei presa ou no hospital ou no laboratório. Mas deixando isso de lado o que é aquilo?!

Ela estava apontando para o síndico do prédio que por certas circunstâncias era azul.

– Isso meu querido, é uma sombra que cuida do meio ambiente!

Esnai a respondeu e soltou umas risadas depois, olhando para ela intrigado, assim como boa parte das sombras que ali estavam.

– E o que é você? Uma sombra com alguma doença estranha? E o que é essas coisas no seu corpo?

– Desculpe Esnai, estamos com pressa. Vou levá-la para conhecer a cidade, mas...

– Não é querido. É queridá! Com A de purpurinada e diva.

Mas nem "pupurinada" e nem "diva" começavam com "A", Esnai parece ter pensado o mesmo, pois logo respondeu.

– Mas nenhuma das palavras começam com "A".

– Mas a última letra sim. Porque o final é o que importa.

Dei uma boa risada, assim como Esnai. Depois a garota se despediu dele e ele dela.

– Depois te conto Esnai, você não vai acreditar!

– Tudo bem Umbra. Eu não acredito até hoje naquela história que você é amigo do rei branco.

– Mas é verdade!

Empurrando a garota para fora, enquanto olhava para trás dando uma encarada em Esnai. Lá fora milhares de sombras andavam sem rumo.

– Essas sombras que andam sem rumos, são bem novos, no máximo trezentos anos, não conseguem ver, ouvir e nem falar. A única coisa que sabem fazer é andar.

– Eita, você leu minha mente pra saber o que eu ia perguntar? Isso é um poder de sombra também?

– Não. É só que você parece ser curiosa demais, com certeza ia perguntar.

– É mesmo. Bem e aonde você vai me levar? Não é nenhum lugar pervertido não né? Nem hospitais nem laboratórios né?

– Quer parar de se preocupar? Eu não vou te levar a nenhum desses lugares. Você gosta de ler?

– Não muito, por quê?

– Tem uma livraria aqui, ótima. E um amigo meu que trabalha lá e ia te apresentar a ele.

– Ah tudo bem, ele é bonitinho?

O que? Bonitinho? Mas eles são espécies diferentes, não tem como nada acontecer.

– Então é assim que você fica quando tá confuso?

Ela deu uma risada. E olhou para meu rosto.

– Como você não tem expressão, é meio difícil de saber o que está sentindo no momento, mas pelo menos movimentos você faz.

Wow. Ela estava brincando comigo. Ela é esperta, conseguiu me enganar, tenho que tomar cuidado. Andamos e conversamos mais até chegar a biblioteca, onde bem na entrada um velho conhecido meu estava sentado na frente da estante principal organizando os livros.

– Vincent. Como vai?

– Ora, ora, *kufufukikiki* finalmente. Então, leu aquela pesquisa sobre a verdade da nossa espécie que te mandei?

Ainda sem se virar, ele estava focado em arrumar os livros. Apenas fez uma menção com a mão para continuar.

– Sim, li. Mas não é uma melhora ficarmos desse jeito? Se nossa espécie em sua essência verdadeira é agressiva e não podemos nos controlar, estamos melhor assim não acha?

– Essa não é a questão.

E ele finalmente se virou, ele olhou para a garota que acompanhava em silêncio.

– Mas o que é isso? Deu de se fantasiar e sair por ai?

– Essa é Urotsuki, ela é de uma espécie diferente da nossa, possui capacidades de fala, locomoção e auditivas tão boas quanto as nossas, apesar de não enxergarem no escuro total e acredite essa garota aqui só tem dezenove anos.

Ele se levantou, e Urotsuki de reflexo deu um passo para trás de mim. Ela ainda estava desconfiada...

– Não precisa se preocupar, Vincent é legal.

– Tá...

– Mas olham vejam só! *Kikikikufufufu* uma outra espécie! E como você encontrou ela Umbra? Começou estudar magia e fez uma invocação?

Pelo tom provocativo e zombeteiro dele, ele parecia ao mesmo tempo intrigado e se divertindo.

– Claro que não, seu débil. Na verdade nem a gente sabe, ela apareceu na minha cama e...

– Na sua cama? Que estranho.

– Pois é.

Urotsuki, parecia não estar muito a vontade, apesar da minha conversa com Vincent, ela parecia não querer falar e estava escondida atrás de mim.

– Urotsuki? O que há? Algum problema?

– Não, não.

Seu olhar demorou em Vicent, como se ela estivesse o analisando dos pés a cabeça.

– Ei Umbra, acho que essa sua amiga, não gostou muito de mim. Mas enfim, o que vieram fazer aqui?

– Eu vim apresentar ela, e ver se ela gostaria de ler alguma coisa daqui, mas...

Ainda calada, a garota não tirava os olhos de Vincent, realmente deu a impressão que ela não gostara nadica dele.

– Parece que ela está com algum problema. Ela não parava de falar quando a gente vinha para cá, então vamos em outros lugares e depois podemos passar aqui de novo.

– Tudo bem. Depois a gente se fala então. Ah, você não chegou a ler tudo que lhe mandei né?

– Não, eu estava lendo, quando ela acordou. Parei na parte que você explicava que as emoções mais fortes são o estopim para a transformação, e que mesmo assim era momentâneo.

– Ah... Então, bem... depois se chegar terminar a ler e se interessar em se tornar um... fale comigo, eu irei fazer um experimento hoje, uma coincidência bem grande não acha? Sua amiga de nova espécie ter chegado no mesmo dia? *kikufufufukiki*

E ambos, eu e Urotsuki saímos da biblioteca, comigo olhando para ela. Sem saber como perguntar, ela pareceu responder para mim.

– Ele tem a mesma aura que aqueles médicos. Horrível. Esse seu amigo é estranho, ele é um desses que provavelmente iria me pegar e fazer todo tipo de teste estranho em mim, você não percebeu o olhar interesseiro dele para mim não? Como se eu fosse um objeto estranho ou coisa? Ele parecia me ver como um objeto de estudo.

– Como que você é capaz de dizer isso? Você mal o conheceu! Apesar de ele realmente é meio excêntrico, mas ele é uma boa pessoa.

– Tá... Tá... Mas por favor, não me leva perto dele de novo. Por favor. Desculpe ter te irritado.

Percebi que minha voz tinha aumentado o tom um pouco, Vincent poderia ser estranho, mas eu confio nele, ele não faria mal a ninguém.

– Bem, tem o rei branco, para irmos ainda, ele fica em outro reino e aposto que você vai gostar dele.

– Rei Branco? Tipo xadrez?

– Como você sabe?

– Sei o que?

– O Rei Branco e o Rei Preto, travam uma guerra há alguns milhares de anos, bem anos de eu nascer, pelas cores, e pelo campo de batalha, denominaram de "Xadrez"

– No nosso mundo, xadrez é um jogo de tabuleiro.

– No seu mundo, guerra é um jogo?

– Bem, não é o conceito exato de guerra que você tá falando, mas, são peças inanimadas feito de algum material, postas em um tabuleiro, onde uma pessoa fica no controle das peças brancas e outra no controle das peças pretas, e o objetivo é derrotar o rei inimigo.

– Seu mundo é estranho. E como você sabe disso, você não vive num laboratório?

– Bem, quando eu não estou tomando medicações, fazendo testes físicos e mentais, passando mal ou dormindo, eles me deixam livre.

– Deve ser bem difícil.

– Ahhh, é, mas tem mais gente que nem eu lá, da pra conversar, jogar e fazer outras coisas, apesar de nunca deixarem a gente usar a internet e mais estranhamente ainda nunca ter deixado a gente ler algum livro sobre "nascimento" ou darem explicação para gente sobre como a gente começou a existir. Acredito eu no entanto que nós nascemos de ovos, assim como as aves e os peixes.

– É. Provavelmente você tá certa. Mas as sombras são criadas pelo sol e pela lua, a luz bate em alguma coisa e essa coisa faz a sombra e é de lá que nós "nascemos" por assim dizer, ai todo dia milhares e milhares de sombras são criadas.

– Vocês não morrem? Eu perguntei sobre poderes antes, você disse que não tinha e agora me diz que é imortal!

– Não somos imortais. Vivemos eternamente, não morremos pela nossa idade como vocês humanos, mas depois de cinco mil anos, podemos decidir se queremos morrer ou continuar vivendo, podemos nos extinguir quando quisermos. Por isso não há esse problema de população. Muitos de nós simplesmente cansam de viver. Mas de qualquer jeito, vamos indo, o rei branco é um dos meus melhores amigos, e tem algum tempo que não o vejo.

– Tá! Mas se for outro do estilo Vincent, eu caio fora! Não quero ninguém enfiando agulha em nenhum lugar do meu corpo. Principalmente na bunda, tem noção do tanto que dói, a gente fica sem poder se sentar por um bom tempo, ai a gente meio que se entorta, ou senta só com um lado.

Não sei da onde que surgiu o tema injeção na bunda, mas ficou bem claro que ela não gostava nada de como era tratada no hospital ou no laboratório. O que me deixava em uma posição problemática.

– Você tá pensando em voltar para o seu mundo?

– Ah não. Nem rola. Aqui é mais legal, da pra sair e ver as coisas. Sei que você não pode cuidar de mim, mas olha, eu sou diferente, posso entrar em algum negócio de coisas exóticas e vai dar tudo certo.

– Acho que não, coisas diferentes aqui normalmente são tratados com repulsa. Normalmente as sombras aqui temem o que não conhecem, e sendo você o ápice da estranheza, não acho que ia dar tudo certo não.

– Mas até agora, você, o porteiro e até mesmo Vincent não pareceram tão impressionados, ou melhor dizendo não me temeram.

– Vincent é um excêntrico que ao contrário de quase todas as sombras tem prazer em desvendar o desconhecido. Esnai é um doido que diz tomar banho uma vez a semana porque não quer gastar água e salvar o meio ambiente. E eu te prendi no quarto por segurança.

– E os outr... Deixa pra lá...

Assim como antes, um grande número de sombras parecia olhar para a garota. Talvez ela tinha achado que apenas a achavam interessante, mas agora que tá bem óbvio que estão se afastando dela, provavelmente ela entendeu.

Continuamos conversando, comigo explicando todo o cenário em volta dela, dos motivos das árvores estarem sem folhas, o motivo do chão ser parte transparente e parte e branco e o porquê de uma imagem de caveiras estarem passando por baixo do piso. Logo chegamos em frente a porta laranja que se firmava em pé sem nenhum apoio.

– Como que a porta tá em pé, sem nada a segurando?

– Magia.

– Existe magia nesse mundo? Que legal! Existe escola de magia e tudo mais?

– Bem, a única que eu conheço que era capaz de realizar atos mágicos era a bruxa, mas segundo ela, ela perdeu os poderes mais ou menos na época que eu comecei a existir. Mas, os itens criados por ela, assim como magias permanentes, ainda existem e são bem úteis. Essa porta é na verdade um portal para o reino bem distante, que fica acima das nuvens.

– Que legal! Essa bruxa é das boas então.

– No seu mundo não existe magia?

– Não. Mas há vários filmes, seriados e desenhos animados que retratam, acho que o mais famoso deles é "Harry Potter" que tem a temática da magia como principal.

Humanos, parecem ser seres bem criativos.

– Isso tem me incomodado tem um tempo, mas... você ouve de vez em quando o barulho de vidro quebrando? Desde que cheguei estou escutando esse barulho, na biblioteca, no seu quarto, quando conversamos com a sombra azul que não toma banho...

– Não, não consigo.

Apesar da resposta curta, eu percebi que havia uma certa preocupação na entonação que ela usava.

– Você está ouvindo agora?

– Sim. E tá vindo dessa porta. No seu quarto também, havia um espelho, e nele algumas palavras escritas a sangue, apesar de não mostrar meu reflexo.

O que ela estava dizendo? Eu estava no quarto com ela, por um bom tempo, o espelho estava limpo. Talvez seja algo que somente humanos conseguem ver.

– Bem talvez seja algo que só vocês humanos possam ver. E talvez o barulho seja algo que só vocês humanos podem ouvir. Não sei.

– É... talvez... mas é estranho.

Bati na porta, disse meu nome e o de Urotsuki, e logo a porta abriu com uma voz ecoando: " Bem vindo Umbra e Urotsuki, a bruxa pediu para vocês darem uma passada nela, antes de virem até mim, se puderem fazer o favor a ela. Obrigado"

– O que será que a velha bruxa quer com a gente?

– Não tenho a miníma ideia. Talvez por você ser humana, e ela já tenha notado. Os itens dela são bem poderosos.

– Ah! Então vamos logo, quero conhecer esses dois, uma peça de xadrez e uma bruxa! Esse mundo é bem mais legal que o outro!

– UMBRA!!

Então entramos pela porta, assim que vi algo vermelho se aproximando rapidamente em nossa direção gritando meu nome, provavelmente uma sombra irritada. Mas porque estaria irritado comigo? Eu não fiz nada para irritar ninguém, mas como já havíamos passado da porta, eu não pude reconhecer quem era, apesar de já ter ouvido a voz em algum lugar.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo das memórias de Umbra. Espero que tenham gostado, talvez suas respostas ainda não tenham sido respondidas, mas pode apostar que no segundo e no terceiro vão ser todas bem saciadas.



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