– Rin! Vem logo, nós vamos chegar atrasados! - gritou para o teto o garoto de cabelos dourados.

– Já vou, sério! Só falta uma página! - ao ouvir a resposta vinda do quarto, ele suspirou pela quinta vez no dia. Sua irmã era tão irresponsável... Resolveu finalmente desistir e sentar-se no sofá, esperando sua vinda.

Poucos minutos depois, uma pequena figura idêntica a ele surgiu no topo das escadas, com a mochila nas costas e um velho livro em mãos.

– Viu? Nem demorou tanto, exagerado. - num ato infantil, a menina mostrou a língua para o irmão, rindo em seguida. Logo o sexto suspiro do dia veio.

– Ok, ok, vamos logo, princesa. - um sorriso marteiro chegou aos lábios do loiro ao vê-la enrubescer.

– Eu já mandei parar de me chamar assim, Len! - reclamou Rin.

– Mandou? Acho que te mimei demais quando éramos crianças... - Len ergueu uma sobrancelha, embora reprimisse um sorriso.

Por um momento, deixou-se lembrar de sua infância. Parando para pensar, era engraçado (além de um pouco constrangedor) que, quando brincavam de contos de fada, ele sempre fora o servo, ao invés de um cavaleiro ou príncipe. Mas logo seu olhar voltou-se ao relógio da sala, e o garoto arregalou os olhos.

– Rin, faltam só dez minutos pra aula começar!

E então os gêmeos Kagamine saíram em disparada de sua casa.

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– Ah, é hora do lanche! - exclamou sorridente a loira ao ouvir o sino. - Anda, Len. Quero brioche! - O dito cujo revirou os orbes cerúleos, seguindo a agitada irmã que quase corria até o refeitório.

– Você podia simplesmente chamar isso de pão doce, sabia?

– Olha, o Kaito, a Meiko e a Yuki!

– Ei, não me ignore!

Os três ditos cujos sorriram ao vê-los, e logo vieram cumprimentá-los. Kaito e Meiko estavam no último ano, e eram velhos conhecidos (além do azulado ter sido a primeira paixão de Rin), embora não se falassem tanto. Já tiveram até uma estranha rivalidade, coisa de criança.

Yuki, por outro lado, era um ano mais nova que os loiros, mas isso não impediu-a de tornar-se uma grande amiga de Kaito e Meiko. Era bastante esperta, e vivia lendo e escrevendo. Aliais, ela conheceu os dois veteranos enquanto fazia uma pesquisa sobre história antiga, encontrando os dois na biblioteca, que faziam um trabalho.

– Ei, baixinhos. - a morena despenteou os cabelos dos gêmeos, que imediatamente fecharam a cara.

– Maldita alcoólatra...

– Viciada em sakê*... - resmungaram os gêmeos, um tanto audivelmente demais, visto que Meiko ouvira.

– Como é? - com uma aura assustadora que só ela sabia fazer, a garota calou-os num instante, arrancado ainda pedidos de desculpas.

Depois disso, Kaito pronunciou-se, pacificando a situação com algumas piadas sem graça. Logo já estavam todos sentados no pátio da escola, conversando qualquer bobagem.

No meio da conversa, duas garotas aproximaram-se do grupo. Uma de belos cabelos verdes, e outra de cabelos brancos. Eram Miku e Haku, outras colegas e quase amigas. As duas estavam sempre juntas (até desconfiava-se de um possível caso entre elas*).

Por ser albina, Haku era constantemente alvo de piadas e excluída. Não tinha nenhum amigo até o ano anterior, quando Miku se transferiu para a escola. Apesar de ser um ano mais nova, da mesma idade que os Kagamine, sua natureza gentil rapidamente aproximou-a da solitária Haku.

Por fim, uma menina loira veio até eles timidamente. Neru, uma prima de Kaito*. Não era muito próxima de nenhum do grupo, apesar disso. Não sabia-se muito sobre ela, fora os boatos sobre sua mãe que tinha distúrbios psicológicos. Mesmo com certo estranhamento no início, a menina mostrou-se uma companhia agradável.

E então, os oito jovens passaram o intervalo juntos. E, por algum motivo que não compreenderam, sentiam um peso sendo retirado de seus ombros, como se seus pecados tivessem sido perdoados. Como se tudo finalmente estivesse em seu devido lugar.

– Ei, Rin. Que livro é esse? - indagou-lhe a pequena Yuki, os olhos brilhando de curiosidade.

– Também quero saber. Você quase nos fez chegar atrasados por causa desse negócio! - intrometeu-se Len. Logo também atraiu a atenção dos outros.

– Eu peguei na biblioteca na sexta passada. Não consegui parar de ler até hoje, é muito bom! Ei Len, sabia que tem até um casal de gêmeos, como nós?

– Qual o nome?

– Ah, é...

“Story of Evil.”