And In This Pool Of Blood escrita por gaara do deserto


Capítulo 37
Ending - Part I


Notas iniciais do capítulo

De vez em quando, eu apareço.
^^/



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Jessica não fora naquela manhã e por isso tive que refazer meus planos. Felizmente, Bert fora, Jamia também. Eu sabia que não era da minha conta tentar fazê-la reatar com Franki, mas achei que lhe devia pelo com rompimento de seu namoro.

Estava na aula de geografia e aproveitei a saída momentânea do professor Dickson para falar com Bert, que sentara ao meu lado, mas não me dirigira mais do que um “Bom dia”.

- Bert – sussurrei. Ele não me ouviu, rabiscava no caderno. – Bert! – sibilei, puxando a manga da camisa dele.

- Que foi? – perguntou assustado.

- Preciso falar com você hoje. – disse rapidamente.

- Quer ir a algum lugar em especial? – perguntou, virando o corpo para mim.

- Não sei... Sugestões?

Ele pensou uns segundos e respondeu previsivelmente:

- Lá no parque de Beleville. Tudo bem pra você às oito?

Balancei a cabeça, concordando. O professor voltou para a sala e nenhum de nós tornou a falar. As coisas realmente tinham mudado...

Às vezes, eu espiava Gerard pelo canto do olho, sentado cinco cadeiras atrás do Bert. Ele percebia quando eu olhava e sorria maliciosamente, estreitando os olhos verdes.

Quando a sineta bateu, Bert, já sabendo que não o acompanharia até o refeitório, passou direto pela porta. A sala esvaziara-se antes que eu tivesse levantado.

O passo seguinte era procurar Jamia.

Porém, antes que eu chegasse à porta, dois braços me prenderam pela cintura, puxando-me para trás.

- Onde pensa que vai? – riu Gerard no meu ouvido.

- Aqui não! – alertei-o, receando que alguém nos visse.

Ele me soltou, ainda rindo e me virei para encará-lo com seriedade. Depois, vi que Ray ainda estava na sala e fiquei horrorizada.

- Se acalma, já sei de tudo. – disse, tranqüilizando-me – Não é bem segredo que Gerard gosta de você. Bom, pelo menos...

Mas ele não continuou a falar, pois Gerard lhe deu um pescotapa.

- Cala a boca – resmungou para o amigo – Vá comer alguma coisa e nos deixe em paz.

Ray revirou os olhos, massageando o pescoço e saiu da sala. Aproveitei sua deixa ao me lembrar que ainda tinha que procurar Jamia. E mais uma vez, nem cheguei à porta e Gerard tornou a me puxar.

- Pra quê essa presa? – sussurrou cinicamente.

- Tenho que falar com Jamia. – respondi, desistindo de contê-lo.

Já estávamos assim fazia duas semana, duas incríveis semanas que nunca havia imaginado que fossem possíveis. Verdade que nos encontrávamos às escondidas e, na maior parte das vezes, no esconderijo de Gerard na St. Louis. Por causa disso, comecei a atrasar os deveres e distrair-me com freqüência tanta em casa como na escola, o que deixava Elisabeth muito desconfiada, afinal Bert nunca tivera tal efeito sobre mim.

Bom, se eu não sabia o que era estar verdadeiramente apaixonada, agora estava num trem desgovernado que não tinha a menor intenção de parar.

Gerard ligava para mim tarde da noite para falar das coisas mais banais (e das mais obscenas também) e, embora a alguns meses eu tivesse achado essa situação um tanto ridícula, agora nada me dava mais contentamento do que ir dormir com a voz de Gerard ressoando em meus pensamentos.

- Consciência pesada? – não levei seu sarcasmo à sério, pois ele não ia me demover aquela idéia.

- Quero ajudar Frankie. – retruquei, amarrando a cara.

- A voltar pra uma vaca?

Me desvencilhei de seus braços, irritando-me um pouco.

- Não vou discutir isso de novo. – disse, olhando Gerard com firmeza – E não se esqueça, foi você que começou toda essa estória, foi você que empurrou Frankie para seus planinhos malignos.

Com isso ele não pode contestar.

- Tá, vá falar com a Nestor. – disse emburrando – Mas não se esqueça, ela te odeia. Sei que está acima disso, mas ela é totalmente mesquinha e...

- Olha – interrompi-o, admirada -, desse jeito vou achar que está se apaixonando pela Jamia, hein?

Ele franziu o cenho, enojado.

- É melhor retirar o que disse. – ameaçou.

- Ah, não mesmo.

No instante seguinte, ele me empurrou contra a parede, segurando meus pulsos firmemente. Não doeu, mas me assustou um pouco.

Seu olhar era meio alucinado ao aproximar o rosto do meu.

- Natallie Alice Hill. – sibilou baixa e perigosamente – Tenho esperado você há muitos anos, observado cada aspecto do seu cotidiano, agüentado todas as vezes que o McCracken te tocou ou beijou e acha que eu faria tudo isso se estivesse pretendendo ficar com aquela miserável da Nestor? Eu acho que não.

Ri daquela manifestação repentina.

- Andou vendo Home Alone de novo? – provoquei, tentando soltar meus pulsos, sem sucesso.

Gerard sorriu.

- Uma ou duas vezes... – confessou. – Mas esqueça isso, temos coisas mais importantes a fazer...

- Tipo o quê? – perguntei distraída, ainda querendo me soltar.

Ele me beijou antes que eu percebesse o que estava acontecendo. Soltou minhas mãos, preferindo segurar meu pescoço para que eu não fugisse.

E então, muito distante, o sinal tocou.

Congelamos por um momento, pegos pelo susto.

- Você me segurou aqui de propósito, não? – acusei-o, vendo a oportunidade perdida de falar com Jamia.

- Garanto que seu tempo foi mais bem gasto comigo do que com a cretina. – contrapôs ele, com ar de quem sabe das coisas – Espera aqui. – acrescentou, olhando pros lados e saindo em disparada da sala.

Normalmente fazíamos isso para evitar perguntas sobre o motivo de estarmos sozinhos na sala, para o caso de uma Charlotte Portman da vida estar espionando. Voltei para a carteira, com um suspiro em que se mesclavam cansaço e alivio. Em menos de vinte e quatro horas eu e Gerard não teríamos mais que tomar aquelas malditas medidas de “Segurança”.

Quando as aulas terminaram por aquele dia, consegui avistar Jamia no meio da multidão e me desloquei rapidamente, tentando alcançá-la e forçá-la a me ouvir.

Estava a menos de dois metros dela quando me puxaram violentamente pelo cotovelo. Pensei em imediato em Gerard e já me voltava furiosa para meu captor, pronta para desferir os palavrões que eu conhecia. Mas não era Gerard que me segurava. Era Frankie.

- O que você pensa que ‘tá fazendo? – rosnou ele, me levando para longe da multidão que deixava a escola.

- O que você acha? – perguntei, soltando-me com raiva.

- Acho que isso não é problema seu. – respondeu Frankie, furioso.

- Ah, é sim. – retruquei – É seu também, mas você não tem coragem de admitir!

Ficamos nos olhando raivosamente, parecendo até duas crianças, mas ele desistiu primeiro.

- Por favor, Natallir, pare com isso. – pediu ele, o rosto suplicante – Eu posso viver sem a Jamia, tá? Foi só uma coisa passageira, terminou, okay?

Não lhe respondi. Sabia que ele estava mentindo.

- Por mim, Natallie. – acrescentou juntando as palmas das mãos, como se rezasse.

Tudo bem, era jogo sujo.

- ‘Tá, ‘tá bom! – disse rispidamente – Não vou mais falar com a Jamis, prometo.

Ele sorriu aliviado.

- Vambora, então. – disse, pegando-me pelos ombros e me empurrando – ‘Vó Elisabeth vai ficar preocupada se a gente se atrasar pro lanche.

***

-... Então é isso, é?

- É. Você não sabia?

- Já, o Gerard já tinha contado pra gente. Nunca vi o cara tão feliz, todo mundo gostou.

- Isso não é meio exagerado?

- É sério! O cara pagou almoço pra todo mundo.

- Nossa, que comovente, Franki.

Estávamos no meu quarto, muito depois da escola. Frankie mexia em alguns CDs que eu ganhar de Bert e outros que havia comprado há pouco tempo.

- Nirvana? – espantou-se ao apanhar o álbum In Útero.

- Não tinha o Nevermind. – disse, levantando os olhos do livro que lia. Olhei novamente para o relógio em cima da mesa de cabeceira. Frankie percebeu.

- Tá esperando alguém? – perguntou, puxando outro cd.

- Na verdade, vou sair mais tarde.

- Gerard? – supôs, puxando o encarte de um cd do Misfits.

- Bert. – corrigiu-o, fechando o livro.

Ele fez uma cara de surpresa comedida.

- Pensei que você já tinha se decidido – comentou, olhando o encarte.

Franzi a testa. Será que tinha me expressado mal?

- Mas já me decidi – disse, cruzando os braços – Eu vou ficar com Gerard.

- Então por que vai sair com o McCracken? – perguntou confuso – Rodízio?

Me deu vontade de rir, mas mantive a cara séria, porque o assunto era sério.

- Vou conversar com ele – expliquei – Contar a verdade.

- E? – incentivou ele.

- Vou terminar com o Bert – continuei – Mas acho que não vai ser tão difícil quanto pensei que fosse.

- Hm, por quê?

- Já não estamos tão bem quanto antes. – respondi, pois era o óbvio.

- Ele ‘tá percebendo alguma coisa?

- Não sei. – mas me preocupei um pouco ao pensar nisso – Deve ser difícil ele perceber algo quando está beijando a Jessica.

- QUÊ? – berrou Frankie, levantando-se depressa.

- Não seja dramático, pigmeu.

- Esse... Esse filho da – e disse um palavrão – tava traindo você?

- Eu também não fui nenhuma santa – retruquei – Pare com essa histeria. Vai que a vó te ouve... Aí vou estar em apuros.

Frankie se acalmou e voltou para os meus CDs.

- Isso não muda nada.

Desta vez, foi irresistível não rir. Saí de perto da cama e fui sentar ao lado dele. Frankie continuava de cara amarrada.

- Obrigada pela indignação – murmurei, arrepiando os cabelos dele.

Frankie deitou a cabeça em meu ombro.

- Tomara que Gerard seja melhor, hein?

- É,vamos ser otimistas. – depois emudecemos por um tempo.

- Te amo, Natallie. – sussurrou ele, me abraçando.

- Eu também, pigmeu. – e sabia que aquela as palavras não tinham a mesma ambigüidade de antes. Era puramente amizade.

A noite poderia terminar por aí.

Me pouparia das lágrimas que viriam depois.


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Notas finais do capítulo

Capitulo curtinho...
E que venha o choro!
(Me desculpem por ser uma autora sádica...)



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