And In This Pool Of Blood escrita por gaara do deserto


Capítulo 38
Ending - Part II


Notas iniciais do capítulo

Para quem achou que o nome do capitulo tinha algo a ver com o término da fic, fiquem calmos que ainda tem muita coisa para rolar (gomenasai por pensarem nisso ¬¬)
Enfim, "ending" tem a ver com o fim de um ciclo... E não vou contar o resto, é spoiler demais...
(Fiquei surpresa comigo mesma por ter escrito tão depressa... u.u)



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- Não vou dizer que já não esperava por isso.

- Desculpe. – evitei encará-lo.

Ele deu uma risada sem humor algum.

- Você não precisa se desculpar. Olhe pra mim, Natallie – a ponta de seus dedos levantou meu queixo delicadamente – Já que estamos sendo sinceros um com o outro, pra quê se envergonhar?

- Desculpe. – repeti, corando. Afastei sua mão e esfreguei os cantos dos olhos – Tô me comportando como uma idiota.

- Nós dois, acho. Seria mentira se eu dissesse que estou feliz.

Acompanhei sua risada, a agonia no meu peito teimando em se dissipar.

- Desde quando estava com Jessica? – perguntei, tratando de não deixar nenhum sentimento explícito na pergunta. Seria bobagem demais dar uma de ciumenta naquela hora.

- Um pouco depois de você ficar internada no hospital. – Bert não foi tão bom em disfarçar seu constrangimento. – E você? Com o Way?

- Só resolvemos tudo há algumas semanas. – respondi, ainda com o maldito ar de desculpas. – Mas...

- “Mas...”? – incentivou Bert, erguendo uma sobrancelha.

Corei com o momento da confissão. Eu sempre fora segura de minhas escolhas e não ia ser naquela noite que fraquejaria. Além do mais, tudo estava garantido; não haveria vítimas no fim de nosso relacionamento. Ambos os lados eram culpados, afinal. Dei um suspiro derrotado, a névoa gelada ficou visível quando expirei.

- Lembra do aniversário de Frankie? – procurei manter a voz firme ao olhá-lo quando a compreensão estampou-se em seu rosto – Aconteceu... Aconteceu uma coisa lá.

- Entre você e o Way? – perguntou, o punho retesado – Ele te beijou? Á força?

- Na verdade, eu correspondi. – acrescentei para que não parecesse que Gerard me atacara.

Bert não estava de todo convencido; fazia a mesma cara amarrada de quando eu o conhecera. Mas não me esforçaria em convencê-lo, não importava mais. Talvez meu silêncio deva tê-lo alertado para isso, pois ele relaxou os músculos e seus ombros ficaram salpicados de neve que caía com preguiça e rodopiava até o chão graciosamente.

- É só isso, então? – Bert riu, retomando a máscara de compreensão – Fico aliviado por ter acabado tudo bem. Talvez tenha sido melhor, já que... Já que você ‘tá com o Way agora... – ele passou a mão pelos cabelos – O que quero dizer é que... Espero que seja feliz, Natallie.

Fiquei calada com a declaração forçada dele. Sua voz soava sofrida e eu não queria isso. Não queria.

- Thau, Bert. – a saudação automática saiu de minha boca antes que eu percebesse. Dei-lhe as costas como se fosse um desconhecido.

Bert correu atrás de mim, confuso com minha atitude.

- Natallie – ele me segurou pelos ombros, um vinco entre os olhos – Eu...

Ele me puxou, sua boca indo de encontro à minha em um beijo esmagador. Tentei empurrá-lo, mas seus braços me seguravam fortemente até que ele decidisse que queria parar.

Por que eu estava fazendo-o sofrer? Por que já não me sentia como antes diante de seu toque ou beijo?

Simples.

Porque eu pulei a varanda da casa dos Way no aniversário de meu melhor amigo. Porque Gerard foi atrás de mim e fez nascer um sentimento que me fez mentir e sofrer. O mesmo sentimento que me tornou capaz de amar tão intensamente.

- Natallie, por favor! – ele manteve as mãos em meus ombros, quase me sacudindo – Eu quero ficar com você! Quero estar com você e...

- Me desculpa – disse mecanicamente, sacudindo a cabeça, tentando me desvencilhar – Sinto muito, Bert.

- O que o Way tem que eu não tenho? – seu tom era alucinado, completamente despojado da falsa serenidade que há pouco mostrara. Suas palavras eram-me estranhamente retóricas, pois um dia foram pronunciadas pelo próprio Gerard, antes do aniversário de Frankie. Aquele Gerard Way que eu julgava conhecer tão bem...

- Tenho que ir, Bert. – Deus, como eu não queria ver os olhos dele agora.

Mas ele não me soltou, parecia estar ganhando fôlego para dizer algo mais. Por fim, desistiu e saiu correndo.

Fiquei parada, simplesmente sem ter idéia do que fazer.

Não sei quanto tempo se passou.

- Arrependida?

Gerard. Eu precisava dele, ele aparecia.

- Há quanto tempo está aí?

- Não muito – percebi por seu tom displicente que ele mentia. Provavelmente estivera desde o começo, pronto para avançar caso a situação se descontrolasse.

- Não estou arrependida – disse debilmente – Era o certo.

Ele afastou uma mecha do cabelo para longe do rosto, sem desgrudar os olhos verdes de mim.

- Então por que está chorando? – perguntou, sério.

Levei os dedos rapidamente aos olhos. As lágrimas desciam frias e doloridas agora que me dera conta delas. Como e quando havia permitido que se libertassem? Estava sendo tão cuidadosa...

Antes que eu pudesse pedir desculpas novamente, Gerard me abraçou. Seu corpo era quente, era o calor que eu precisava. Permiti-me aproveitar aquele conforto tão repentino. Fechei os olhos, meus braços agarrados em sua cintura.

- Eu te amo, Gerard – as palavras saíam carregadas de soluços e alivio. Nunca fora tão espontâneo.

Suas mãos se encaixaram em meu pescoço e os lábios pressionaram os meus, agradecidos e apaixonados. Correspondi imediatamente, atraída como um imã.

Neve, minha odiosa inimiga.

Por que você me trouxe esse presente?

Por que você não faz nada sem me tirar algo?

Gerard manteve um dos braços em volta dos meus ombros, de modo que sua quentura não desapareceu. Engraçado, pensava que por suas mãos serem frias, o resto do corpo também era.

Ri desse pensamento.

Bert ainda estava recente em meu coração, mas começara a cicatrizar-se tão logo ele se fora.

Andamos devagar, sem pressa alguma já que tudo fora resolvido. Gerard me levava para casa, onde poderíamos contar para Elisabeth a novidade.

Mas eu sabia. Sabia que era questão de tempo.

Havia uma ambulância na frente da minha casa.

- Natallie! – meus olhos se desviaram para a figura pálida e desesperada que vinha correndo em nossa direção.

Senti que estava despencando, mas Gerard continuava a me amparar.

- Natallie! – a voz de Frankie distanciava-se conforme ele se aproximava. Apenas tinha consciência do calor de Gerard e das luzes da ambulância disforme. – A vó Elisabeth...

Não consegui ouvir o resto.

- Vó...

Fui engolida por uma escuridão fria, apesar de tentar voltar ferozmente para aqueles dois.

Neve maldita.

Será que não se cansa de reprisar o mesmo pesadelo?

***

Meus olhos estavam pesados demais quando tentei abri-los. Lacrimejei, as imagens turvas demorando a entrar em foco.

Estava em uma sala confortável, devia ser meados de junho ou agosto. Fazia calor. Uma brisa morna entrava por uma janela aberta. Havia um leve cheiro de erva-doce no ar.

Aquela sala era desconhecida para mim. Tinha jeito de ser antiga e requintada, uma espécie de antiquário. Um velho gramofone tocava uma música antiga em cima de uma estante de nogueira e tudo naquele aposento parecia ter sido coberto por crochê.

- Olá, Natallie.

Virei o corpo para olhar. Uma senhora tomando chá me encarava por cima dos óculos, a expressão bondosa e sorridente. Seus olhos eram de um verde-oliva que eu reconheceria em qualquer lugar.

Helena Lee Rush.

Logo que pensei em seu nome, ela riu tão fantasticamente que me deu cócegas.

- Sim, sim. – disse ela, colocando o chá de lado – Sou Helena. E, se quer saber, não houve dia em que meu neto não falasse de você. – ela suspirou – Embora deva acrescentar que, em algumas vezes, se mostrasse irritado por você o repelir tanto. Bom, eram agonias de um menino mimado...

Ouvi tudo atentamente, sentindo uma pontada de vergonha por meu comportamento anterior para com Gerard.

- Se está pensando em se desculpas, esqueça – ela sacudiu a cabeça, os fofos cabelos brancos acompanhando o balaço – Chega de “desculpas”, Natallie, as coisas não se resolvem assim. Se tudo fosse tão fácil, a vida seria uma grande monotonia.

Olhei para meus pés, corando.

- O que estou fazendo aqui? – deixei a pergunta escapar, agora pensando que devia ser a primeira coisa que devia ter questionado. – Não me lembro de ter conhecido a senhora quando viva.

- Sua imaginação basta. – explicou ela, tomando mais um gole de chá. – Ah, Natallie, todas as coisa pelas quais passou... Gostaria de lhe acalmar e dizer que acabou, mas infelizmente a vida é feita disso, e o destino parece ter lhe reservado coisas particularmente dolorosas. Mas não se deixe abater por essas provações, pois você é jovem e ainda tem muito que viver. – ela sorriu lacrimosa, e retirou os óculos, revelando olhos úmidos de lágrimas – Independente do que vier a acontecer, guarde as pessoas que ama no seu coração, pois o físico é apenas passageiro, meu amor. Gerard demorou a entender isto e sofreu demais... Que bom que agora ele tem você. Cuide dele por mim, Natallie. Deus sabe como ele ama demais você.

Assenti emocionada, mas Helena sumira. Havia outra pessoa em seu lugar.

- Vó?

- Ai, ai, o que deu em você para preocupar seus amigos desse jeito? – sua voz tinha sempre aquele tom de brincadeira, de falsa repreensão – Nem parece a Natallie que eu conheço!

- Onde está a senhora Helena? – por que eu só fazia perguntas sem nexo? Estava tão sonolenta ainda... – Vó, o que é tudo isso?

A brincadeira desapareceu de seu rosto, substituída por aquela expressão séria. A mesma expressão do enterro de meus pais.

- Minha menina, eu fiz tudo o que pude. – ela manteve as mãos no colo, o olhar fixo em mim – Juro que não queria deixá-la sozinha. Mas eu não sei se consigo voltar... Se tenho forças...

Eu chorava convulsivamente.

- Pelo menos – Elisabeth veio até mim e me abraçou com ternura – Pelo menos agora não dói mais... A dor se foi, filha...

Ela me acompanhou, uma última vez, naquelas lágrimas. E eu sentia, mesmo sem saber, que Elisabeth estava partindo para longe e definitivamente.

Para o mesmo lugar de repouso dos meus pais.


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Notas finais do capítulo

Não sei porque, mas esse capitulo me deu uma vontade de chorar... (olha que não sou dessas coisas) Mas enfim, o próximo capitulo reservará a aparição de um novo encosto na vida de nossa heroína! Aí, é claro, é bom ter o apoio de um Gerard nessas horas, não? *.*

Well, Feliz Ano Novo, e minha promessa para 2011 é não atrasar tanto os capitulos (Arrã...)! Moderem na bebida, e ouçam MCR a todo o volume! (pessoa que ainda tá fanática por Na Na Na)
Kampai!



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