Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 32
A garota morta.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Não vamos tomar o tempo de vocês aqui, nos vemos lá em baixo!



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LUNA

—Isis, eu não preciso entrar no programa de proteção a testemunhas. –murmuro entrando no elevador da QC, com ela me seguindo sem pestanejar. –Vai para sua casa, descanse, esse não é um dia bom, se pudesse eu estaria em casa com Phill.

—Mas você não está, acabou de perder a melhor amiga e está indo a uma reunião de negócios. –responde cruzando os braços sobre o peito, tão parecida com o irmão que chega a assustar, ignoro a dor que mencionar Sara me causa e me viro para olhá-la. –Connor está muito obcecado por vingança para olhar em volta, mas você tem um alvo nas costas, e não vou...

—Isis. –chamo seu nome, a fazendo sair do surto, vejo seus olhos azuis repletos de dor. –Querida, não fui só eu quem perdeu hoje, e sinceramente, acho que não sou a pessoa mais importante a ser consolada nesse momento. –abro os braços para ela, que aceita o convite e se aninha a mim, como uma criança. –Não vai voltar para a casa, vai? –ela nega balançando a cabeça, e pela primeira vez em dias, esboço um pequeno sorriso. –Bom, então espero que esteja interessada em aprender o oficio da sua família, quer dizer, o ofício que paga as contas.

—Um dia na QC não vai me matar, e Damian está me enlouquecendo com a forma que vem me olhando. –conta quando o elevador se abre.

—Que forma?

—Como se eu fosse uma bomba relógio, prestes a detonar. –suspira e caminhamos lado a lado, em direção a minha sala, sei como Damian se sente, acho que Connor vai explodir a qualquer momento também.

—Bom, não pode culpa-lo, aquele palavrão... –assovio revirando os olhos. –Foi bem impressionante!

—Obrigada. –ela sorri delicada. –Me sinto culpada, até agora. –assume fazendo careta.

Recebi uma ligação assim que o enterro de Sara terminou, deixei Phill e Sandra no loft e vim com Isis para a QC. Todos os membros da família de Wally estão com “escoltas” temporárias, Don e Dawn são os únicos que gostaram da história, Iris não parece satisfeita com Barry andando atrás dela em super velocidade, e Wally parece ter entrado na segunda fase do luto, e agora só quer pegar o desgraçado que fez aquilo com Sara, tarefa à qual Connor parece feliz em ajudar. Sobrou eu com a pequena Queen, que realmente parece uma bomba relógio, mas não serei, a pessoa que confirmará isso a ela.

Entramos na sala e vejo uma garota, em seus vinte e poucos anos, em um vestido preto, será que estava no funeral? Ela se levanta da cadeira, abrindo um sorriso assim que me vê, mas o sorriso se desmancha quando Isis entra atrás de mim. Ando em direção a mulher e sorrio de forma educada, o que é quase impossível.

—Boa tarde, eu sou Luna Delphine, essa é Isis Queen. –aperto a mão da garota, sentindo algo familiar, e indico Isis que faz o mesmo, com um sorriso fraco nos lábios.

—Muito prazer, sou Linda Parker. –por um momento é como se ela precisasse se lembrar do próprio nome. –Podemos nos falar em um lugar mais reservado? –ela olha em volta da sala vazia, e vejo Isis entrar em modo de alerta, toco o braço da minha cunhada gentilmente, a pedindo de forma silenciosa, para que relaxe.

—Bom, minha sala é reservada. –em resposta a garota aponta para todas as paredes de vidro.

—Pode leva-la a sala de reuniões. –Isis sugere.

—Tudo bem. –suspiro cansada demais para acrescentar mais enigmas a pilha já existente.

Entramos na sala de reuniões, e pego meu celular, checando o sistema de segurança da empresa, por instinto congelo a câmera do local, e fecho a porta atrás de nós. É estranho por que Isis se parece com um anjo e chega a exalar inocência, mas quando quer, consegue intimidar tão bem quanto o Connor que tem o tamanho e aparência a seu favor.

—Curtis me disse que essa reunião era de extrema importância. –começo a falar tentando entender o que estamos fazendo de fato.

—Não era Curtis quem te ligou, Luna. –diz meu nome de forma familiar. –Foi a Miss Marte, e pode relaxar Isis, não vou machucar ninguém. –nós a encaramos surpresas. –Queria te devolver isso. –me entrega meu pingente de estrela, o que estava com Sara. –Soube que você o queria de volta. –suspira e vejo seus olhos castanhos se enxerem de lágrimas.

—Co... Como conseguiu... –tento formular algo que faça sentido, mas apenas consigo olhar para aquele colar com as minhas mãos tremulas.

—Eu te vi dar isso a Sara. –Isis murmura, tão confusa quanto eu.

—Novamente, não era a Sara. –a garota diz dando um passo para trás. –Era a Miss Marte.

—Por que está dizendo essas coisas? Chega a ser cruel! –Isis fala entre dentes, com a mão no bolso, com certeza segurando a Katoptris.

—Não tem um jeito fácil de fazer isso... –a garota passa a mão no pescoço e começa a retirar o medalhão que usava.

—Por Deus! –sussurro em choque, vendo Sara parada em minha frente, tenho vontade de abraça-la, de sorrir de chorar, mas só o que consigo é ficar plantada no mesmo lugar, me concentrando em minha respiração.

—Por favor, me perdoem... –Isis sai do transe antes de mim, e se joga nos braços de Sara, que a abraça com carinho. –Me perdoa Isis, não queria fazer ninguém sofrer. –diz acariciando os cabelos dela.

—Está tudo bem. –sorri feliz, quando se afastam. –É muito bom ter você de volta.

—Obrigada. –Sara suspira, contendo as lágrimas, então se volta em minha direção. –Mas e você? Eu sei como é difícil para que confie em alguém, sei o quanto perdeu e nem posso imaginar o quanto deve ter sofrido... Mas eu ainda preciso do meu contato, e ninguém pode ocupar o seu lugar. –sua voz vai diminuindo conforme fala e não vê nenhuma reação minha. -Luna?

—Eu não... ão estou braaa... braava, ou qualquer outra coisa do tipo. –gaguejo. –Só não connn. – paro e respiro tentando me acalmar. – Só não consigo, me mover! – digo cada palavra tomando um tempo maior que o costume. Sara sorri, e cobre a distância entre nós duas me abraçando. –Eu senti muito a sua falta. –sussurro retribuindo o abraço.

—E eu a sua.

—Todo mundo sentiu a falta de todo mundo. –Isis fala impaciente. –Mas eu tenho um milhão de perguntas, e Dig, Lyla, Wally? Só eu que não acho correto os manter no escuro?

—Parece que Isis voltou. –Sara comenta, me olhando de lado.

—Senti falta disso também. –respondo, fazendo Isis revirar os olhos, mas sem conseguir conter o sorriso.

SARA

—Não posso me teleportar, não até descobrir se quem fez isso tem ou não acesso aos registros do teletransporte da Liga. Não será Linda Parker que vai ser mandada de um lugar ao outro...

—E sim Sara West. –Isis completa.

—É assim que vocês estão me chamando agora? –pergunto, e as duas se olham por um momento.

—Pensamos que fosse o que queria, então meu pai conseguiu uma certidão de casamento para vocês, assim, sua lapide teria o nome de casada. –responde insegura.

—Sempre gostei de West. –confirmo sorrindo elas respiram aliviadas.

—Nós estamos ignorando Linda Parker! –Luna se levanta em um salto, parecendo ter acabado de descobrir a cura do câncer. –Você é uma repórter e a caverna fica abaixo do escritório do Oliver, só o que precisamos fazer, é te conseguir uma entrevista com o prefeito.

—Isso me parece um plano. –Isis confirma pegando o celular. –Vou chamar seus pais, meus pais e você fala com Wally e Connor.

—E Damian? –Luna pergunta, quando Isis começa a se afastar.

—Mandei mensagem para ele assim que achei a sua ideia decente. –brinca, dando de ombros.

—Só uma pergunta. –Luna se vira em minha direção, com o rosto franzido.

—Vá em frente.

—Qual seria seu plano para pegar M’egann, caso o velocista aparecesse depois do beijo? –dou risada, contente por não ser nada realmente sério.

—Bom, poderia usar um maçarico, e contar com a ajuda da minha Robin particular. –pisco para ela.

—Ou! Felicity me ensinou a explodir fiações de prédios antigos. –fala como se já estivesse visualizando a batalha.

—Luna, gosto de sua propensão ao homicídio! –estendo minha mão para ela, que segura, não precisava falar, mas ela sabe o quanto estou grata. – Ainda mais quando é para defender a minha honra. – dou uma risada, mesmo sabendo que muitas pessoas ainda estavam sofrendo por mim, esse era o primeiro passo, volto a colocar o colar, sentindo mais uma vez o peso de Linda Parker.

—Já pensou em um plano para te trazer dos mortos depois que tudo passar? – Isis pergunta abrindo a porta para mim.

—Não, mas vamos precisar de alguma coisa como um roteiro de filme para explicar a todos como renasci. – penso alto e vejo Luna procurar algo em sua mente.

—Nem o Gênio da lâmpada do Aladdin, tem esse poder. –paramos à frente do elevador, entramos e ela ainda estava pensado. – Talvez as Esferas do Dragão. – pondera. – Vou precisar tralhar mais.

—Pronto, o prefeito vai te atender. Contra a vontade, mais vai. -Isis mostra a mensagem. –Falei que Linda Parker quer fazer uma matéria homenageando Sara.

—Preciso falar com meus pais também. – respiro cansada. –E Wally.

—Vai dar tudo certo. –Isis aperta meu ombro em apoio.

Não conversamos mais durante o caminho até o escritório do meu padrinho, todas nós tínhamos nossa cota de coisas a se pensar, mas a positividade de Isis me anima, e até consigo sorri esperançosa. Luna estava ao meu lado, escrevendo e reescrevendo uma mensagem a Connor e Wally que os trouxessem a Star City. O que não é fácil quando o lado assassino dos dois se aflora.

—Sta. Parker? – a assistente de Oliver sorri cordialmente. –Sta. Isis, Sta. Luna. – sorri um sorriso verdadeiro para minhas amigas, Jenna me conhece desde que se tornou assistente da prefeitura, essa seria eu em um tempo indefinido, uma estranha para as pessoas que conheço, e a sensação é terrível. –Sr. Queen pediu para que fosse uma entrevista rápida.

—Vamos ver como o assunto ira se desenrolar. Sara não foi uma pessoa que se explicasse em poucas palavras.

Isis abre a porta e vejo meu padrinho sentado de costas para a porta, olhando a cidade pela janela, ele faz muito isso quando está triste, com raiva, irritado, frustrado... é ele faz muito. Prendo meus pés na porta esperando que ele se vire. E quando se vira, mais uma vez vejo o que estou fazendo a todos, a lembrança que tenho dele no cemitério era nada perto da tristeza que ele exala.

—Espero que as perguntas já estejam prontas Sta. Parker. –indica a cadeira a minha frente. Luna aperta a minha mão e Isis fecha a porta para que ninguém visse o que não devia.

—Sinto muito. – é a única consigo dizer.

—Está tudo limpo. – Luna avisa, depois de invadir o sistema de segurança.

—Tão tem uma maneira fácil de contar isso. –faço a menção de tirar o colar.

—Cuidado, ele já é um ancião, muito emoção para um coração idoso. –Isis tenta dar um tom de leveza que só poderia ser explicado pelo excesso de horas com Dick, essa Batfamilia não acrescenta apenas coisas boas, esperava que ela não pegasse as piadas ruins.

—Eu diria que não estão fazendo muito sentido, mas sei que sabem disso. – Ollie procura alguma coisa familiar em minha feição, mas não iria encontrar nada.

—Foi isso que senti. –Luna murmura ao meu lado enquanto sinto o véu da ilusão desaparecer ao retirar o colar. Ainda bem que Ollie estava sentado, se não estivesse teria caído no chão.

—Não é como se não tivesse passado por isso antes. – não sei bem o que estava dizendo, acho que engatei o modo automático. – O fato de retornar dos mortos.

—Minha mãe até parou de contabilizar as vezes. –Isis tenta tirar o peso da situação.

—É uma longa história.  – Luna puxa Isis pelo braço para o elevador da caverna. –Acho que precisão conversar a sós.

—Jenna. – meu padrinho fala ao telefone com os olhos presos aos meus. –Vou demorar com a entrevista, pode tirar o resto dia de folga. –desliga sem esperar resposta. Permaneço em pé a sua frente, Ollie dá a volta na mesa parecendo não acreditar no que estava vendo.

—Me perdoa. – tento segurar as lagrimas, mas não consigo mais e as palavras saem com um soluço de dor, e Oliver me acolhe em seu abraço e pouquinho a pouquinho percebo que pequenos pedaços de mim se unificam a cada pessoa que recupero. –Morrer é um saco. – as palavras saem sem que eu perceba.

—Com certeza. – consigo ouvir um leve sorriso suas palavras. –Sei que tem um motivo...

—Vou contar tudo. – me afasto sem desgrudar do meu padrinho, Ollie sempre foi uma das pessoas passam segurança, as vezes só por estar no mesmo ambiente que eu. –Mas acho melhor sentar, por que a história é meio longa, e ainda estou tentando me acostumar com ela.

 LUNNA

—Damian está nos esperando aqui em baixo. –Isis fala olhando para o celular.

—Connor está aqui também. – explico, pensando em como Connor reagiria ao encontrar Sara, viva.

Um dia, foi apenas um dia, mas o luto, a perda, afetou a todos de uma maneira diferente. Sofrimento, choro, pesar, raiva, angustia, e muita dor, mas para cada um houve uma medida distinta, a maior medida de Connor havia ficado para raiva, seus olhos azuis estava duros, como se pudesse aniquilar um, só com a força do pensamento. A porta do elevador se abre e Damian está encostado no canto oposto apenas observando Connor em meus computadores, Connor olha alguns vídeos antigos, antigos mesmo, cinco anos atrás.

—O que está vendo? –pergunto já puxando a cadeira me sentando ao seu lado.

—Espero que ela tenha mais sorte. Faz trinta minutos que estou aqui e ele nem se moveu da cadeira. –escuto Damian dizer para Isis, mas isso é tudo, minha atenção é voltada para as imagens que Connor estava assistindo.

—Esses vídeos são do dia que a QC foi atacada. – o dia que havíamos ficados presos no elevador, e o dia que tudo começou de fato entre nós dois, mas lago me diz que Connor não está tendo um momento nostalgia.

—Lembra os incidentes que aconteceram naquele período. –Connor não estava perguntando, eu tenho memoria fotográfica, ele sabe que me lembro de tudo.

—A Esteira Cósmica foi roubada do museu do Flash naquela época. –Damian se aproxima agora mais interessado.

—Foi, e o mais curioso, é que as mesmas pessoas que atacaram durante o casamento atacaram naquela época, inclusive um metamorfo.  – Connor em fim se vira para mim. – Tim me encaminhou a análise da escama que meu pai encontrou na cena do crime.

—Deixa eu adivinhar. –Isis se aproxima, olhando os arquivos agora com mais interesse. – Metamorfo. Então os eventos daquela época estão ligados com os de ontem?

—Na época estávamos ocupados com o Amazo, não teve como dar muita atenção para eventos isolados, mas agora, tudo se encaixa. – Connor conclui.

—Mas isso elimina nosso principal suspeito. –Damian pondera, mas não tinha nem mesmo uma pista de quem ele estava falando.

—Não necessariamente. –os dois agora falavam como se não houvesse mais ninguém na sala, era uma coisa esquisita ser deixada de lado, podia ver que Isis também não estava muito feliz.

—Poderia ter roubado na época, com a velocidade que tem, a viagem no tempo se torna possível.

—Correndo o risco de atrapalhar a conversa, mas de quem raios vocês dois estão falando? - Isis me fez ser representada, mas somos interrompidos pelo som do elevador, e quando a porta se abre, Oliver vem acompanhado de Linda, consigo ouvir Damian soltar um palavrão incoerente e Connor estava petrificado demais para ter alguma reação.

—Espero que tenha um bom motivo. – Damian fala em seu tom naturalmente ameaçador, o que muita coragem considerando que está ameaçando Oliver Queen, o dono da caverna onde ele está. Mas a única coisa que Oliver faz é revirar os olhos, sem se dar ao trabalho de responder.

—Ele tem mesmo um bom motivo. – Linda toma a frente, e retira o colar voltando a ser Sara. – Me desculpem.

Connor fica em um estado catatônico, acho eu, por que nem mesmo os olhos piscavam, já Damian não parecia muito surpreso, não era para menos, ele mesmo havia morrido e voltado, só que com um agravante, Damian havia morrido de verdade.

—Fico feliz de ter achado uma maneira de voltar. – Damian corta o silencio.

—Todos ficamos. – Isis completa, esperando alguma reação do irmão. – Mas pelo que já vimos antes, não é fácil saber uma maneira de expressar os sentimentos. – ela dá uma cotovelada fazendo o irmão voltar a razão, seria cômico se o contexto não fosse tão absurdo.

—Qual é Connor, nem tem lavas saindo da minha cabeça. – Sara tenta ativar a veia cômica mas parece que não deu muito certo.

—Não tem graça. – um urro ameaçador sai da sua garganta.

—Eu sei. – Sara dá um passo em direção ao primo que cobre a distância, eles se encaram por um momento era como se estivessem tendo uma conversa privada e silenciosa, mas então Sara se joga nos braços de Connor que a segura com força, em um abraço entre o ódio e o mais puro amor fraternal.

— M’egann fez uma confusão com a minha cabeça. –Connor sorri por fim.

—Sei como é o sentimento. – Sara concorda.

—Ajudamos a sequestrar a noiva antes do casamento. – Damian explica ao meu lado, vendo que todos estávamos com cara de confusão. –E para não ter chance de dar errado, Mis Marte nos deu uma amnésia temporária.

—Ok. – me volto para os computadores. – Já que sabem do principal...

—Podemos pular as explicações. – Sara concorda. – Mas ainda preciso contar para pelo menos outras quatro pessoas.

Sara parecia exausta, cada vez que contava para alguém que estava viva, via que o sofrimento que ela tinha causado aos outros, mesmo sem intenção alguma, lhe afetava. Mas, em contrapartida, conseguia ver também, cada vez parecia ainda mais viva, não sei como é possível, mas é a minha melhor amiga, deve ser um tipo de poder. Conhecer tão bem outra pessoa que nos tornamos capazes de olhar para a alma delas, e posso ver o bem que todos esses reencontros tem feito a de Sara.

—Precisa de um local seguro.

—Não sabemos quem foi que tentou, você sabe, te matar. – concordo com Isis.

—Pode contar para Felicity agora. – Oliver olha para o celular. – Ela já está chegando.

— Wally? – pergunto, preocupada com a dor que ele vem sentindo. – John e Lyla?

—Não pode ser em Central ou Keystone. –Connor afirma preocupado. –Não podemos arriscar.

—Gotham fica muito longe. –Damian começa, mas sei que tem alguma coisa além de afirmar o obvio. – Mas temos a cobertura na cidade, com elevador privado, pode usar pelo tempo que achar necessário.

—Tenho um lugar para ficar. – Sara sorri agradecida. – Mas é um terreno onde ninguém esperaria me encontrar, pode ser uma boa ideia...

—Não é uma boa ideia. –falo, me lembrando da fazenda que comprei com Connor, maldita dor de cabeça!

—Por que? –Isis parece confusa, assim como todos os outros, tirando Connor e eu.

—Não queremos atrair nenhum tipo de atenção a Linda Parker. –Connor continua. –Wally pode estar sendo vigiado a todo tempo.

—Ele está certo.  –concordo. –Seja onde for que Wally vai encontrá-la, precisa ser um lugar onde ele vai com frequência, e onde Linda não precise sair às pressas, mas se precisar...

—Tenha opções. –ele conclui por mim.

—Bom, tem a nossa casa. –Isis pondera.

—E tem a matéria que Linda está fazendo. –Ollie sugere. –Mantê-la como Linda Parker, ainda é a melhor opção... -mais uma vez o elevador se abre, e todos ficam apreensivos.

—Sara? –escutamos a voz abafada de Dig, que estava ladeado por Lyla e Felicity.

Sara os olha por um segundo, antes de abrir um sorriso enorme, repleto de alivio. Ela se joga nos braços dos três ao mesmo tempo, parecendo não estar disposta a se afastar tão cedo.

—Me perdoem, me perdoem... –repete sem parar, distribuído beijos no rosto dos pais e da madrinha, que estavam emocionados demais para falar qualquer coisa em resposta.

CONNOR

—Nós temos que encontrar quem quer que fez isso, só assim Sara vai poder voltar para casa. –Luna sussurra para mim, enquanto observávamos Sara entre os pais, com os meus pais também ao seu redor.

—Connor, o que está escondendo? –Isis pergunta em voz baixa, parada ao lado do Robin que estava mais pensativo do que o normal.

—Luna, você ainda costuma ler sobre avanços da ciência e medicina, por hobby as vezes, não é? –me viro para ela que franze a testa, sem entender direito do que estava falando.

—Cada um de nós tem suas manias estranhas. –dá de ombros na defensiva, quando Damian a olha com a sobrancelha erguida. –Não me faça entregar os seus podres! –ameaça nos olhando séria, Isis dá risada, Damian levanta as mãos em trégua.

—Calminha, boa garota. –brinco, colocando a mão no seu ombro. –Só preciso de uma informação. Você ouviu algo sobre uma cura milagrosa para um diagnóstico de paralisia permanente?

—Bom, tem a nano tecnologia desenvolvida pelo Palmer, mas nem mesmo foi testada ainda, e deve demorar mais alguns anos até ser. –começa a falar no modo Google. –Li algo sobre as empresas da sua família. –aponta para o Damian. –Algo sobre um exoesqueleto.

—Aquilo é fachada. –Damian diz sem expressão. –Meu pai se machuca muito, ele é basicamente pinos e placas por dentro. Fox desenvolveu um suporte que fica abaixo da armadura e diminui o impacto, está mais para uma prevenção a paralisia, não uma cura.

—Nesse caso, só restou os experimentos dos laboratórios Star.

—Liderados pela Caitlin? –Isis pergunta.

—Exato. É uma proposta interessante, ela reconstrói a área lesionada em laboratório, com clonagem do DNA, depois a transplanta no paciente. –os olhos de Luna chegam a brilhar enquanto ela despeja todas as informações. –A parte do transplante é o problema, nenhuma das cobaias sobreviveu ainda, mas acho que devem descobrir nos próximos meses, o trabalho de Caitlin é fascinante.

—Cara, você teve sorte de chegar antes do Tim. –Damian sussurra para mim, olhando para minha namorada. –Sinto dor de cabeça ao imaginar uma conversa dos dois.

—Ninguém quer ver isso. –Isis concorda em um sussurro, e olho para os dois fechando a cara.

—Então não tem nada, nada que coloque um cara lesionado de pé em menos de um mês? –volto a focar no que interessa.

—Nadinha. Por que?

—Por que nós somos idiotas. –respondo tirando o celular do bolso.

—Connor, o que vai fazer? –Isis toca meu braço quando começo a me afastar.

—Vou chamar o meu amigo detetive. –respondo mandando uma mensagem para o Dick. –Você e Damian vão a mansão pegar seu carro, vou levar a minha mãe ao aeroporto com Luna e nos encontramos na casa de Wally em Keystone. –ela assente sem contestar. –Isis, não façam nada antes que eu chegue.

—Tudo bem. –dá de ombros e sai levando Damian junto.

—Nós temos que ir. –falo com Luna. –No caminho você faz o Wally vir ver Sara. –tiro o celular de sua mão, interceptando o que deve ser a milionésima mensagem que ela manda para ele.

—O que acha de comprarmos uma toca de esquie para você no caminho?

—Connor, você sabe como deixar uma garota feliz! –responde com um sorriso enorme, que não via a muito tempo.

WALLY

Correr geralmente me ajuda a pensar, mas não está fácil fazer nenhuma das duas coisas, correr ou pensar. Sinto que se me entregar completamente a Speed Force, só vou parar de correr após quebrar o pescoço do desgraçado no traje amarelo, e por enquanto, não quero desonrar meu pai, ou o manto dele que uso. Por enquanto.

Poderia voltar no tempo, seria muito fácil, eu teria apenas que convencer Sara a um casamento como os de nossos padrinhos, em um dia qualquer as dez horas da manhã, virados de uma ronda, assinar os papeis e voltar para casa. Cansados demais de não sermos oficialmente casados. Isso, ou fugir para Las Vegas, não seria uma missão tão difícil como foi salvar a vida da minha mãe, poderia chegar lá em menos de meio minuto.

Uma vida humana, apenas uma. Na verdade duas, por que Sara e eu somos a mesma coisa, não consigo existir sem ela, não sem ter um buraco gigante dentro do meu peito. E se não a sentisse tão perto, não estaria parado nesse parque agora, com as pessoas olhando curiosas, se perguntando, por que inferno o Flash está parado olhando as árvores de Keystone. A resposta, o Flash não confia nele mesmo o suficiente para fazer muito mais do que isso, sem voltar no tempo, ou cometer um assassinato.

—Seria apenas uma vida... –murmuro para mim mesmo, ignorando de forma displicente todas as consequências que essa única vida acarretaria.

‘Wally.’ Escuto a voz de Luna através do meu comunicador.

—Sabe me dizer a definição mais simples de tempo, Luna? –observo uma folha caindo lentamente da árvore.

‘Duração relativa das coisas, que cria no ser humano a ideia de presente, futuro e passado, é o período contínuo onde eventos acontecem.’ Responde de forma automática, sem nem mesmo pensar no assunto.

—Ele permite medir a duração ou separação das coisas mutáveis, sujeitas a alterações...

‘Wally, o que está fazendo?’ a voz dela se torna mais lenta, estava tentando não gaguejar.

—Pensando em matar centenas de pessoas para ter minha vida de volta, mas pode relaxar, só estou pensando. –me apresso em dizer. –Meu cérebro já fez todas as contas, de quase todos os cenários possíveis, não conseguiria olhar nos olhos de Sara mais uma vez, e saber o preço que paguei por isso, ela não aprovaria meu método. –suspiro cansado, andando normalmente em volta do parque, as pessoas continuavam a me olhar, algumas crianças apontavam e sorriam, mas eu apenas andava, muito ocupado comigo mesmo para me importar.

‘Temos uma coisa, bom, não é exatamente uma coisa, mas John e Lyla pediram que você os representasse, eles não querem falar sobre Sara, ainda.’ Ela estava mentindo, e a ausência de repetições e a gagueira nervosa, eram a prova disso.

—Que coisa é essa?

‘Uma repórter está fazendo uma matéria sobre a morte de Sara. Oliver já conversou com ela, eu também, mas eles querem algum parente próximo.’

—Mais próximo do que Oliver Queen? –suspiro. –Luna, ele é o melhor amigo do pai dela, prefeito de Star City e padrinho de Sara, essa repórter pode se contentar com isso. –dizer o nome dela, é o mesmo que ter uma barra de ferro sendo atravessada em me estômago.

‘Wally, vem para Star City. Agora.’ Fala em tom sério, como se eu fosse o Phill. ‘Não quero ter uma conversa emocional pelo comunicador, afim de te convencer a vir, mas Linda Parker está no escritório de Oliver te esperando, e eu já disse que você está a caminho, te mandei um milhão de mensagens avisando. Faça a minha palavra ter valor!’ desliga sem me dar a chance de recusar, o que estranhamente não estou inclinado a fazer.

Corro para Star City, e antes que perceba já estou no meu destino. Pressiono meu anel, voltando o uniforme para ele e ajeito minha jaqueta no corpo, não devo estar com minha melhor aparência, mas para o cara que deve ter batido o recorde de casamento mais rápido da história, não dá para se esperar mais do que isso. Jenna não estava em sua mesa, entro na Sala do meu padrinho e vejo os longos e escuros cabelos de Linda pendendo nas costas da cadeira de frente para mesa de Ollie.

—Oi. –murmuro, sentindo a mesma conexão do funeral, o imã me puxando na direção dela, que inferno, isso não está nem perto de ser algo apropriado.

—Sr. West. –ela se levanta em um salto, se virando me minha direção com um sorriso nervoso nos lábios.

—Combinamos que seria Wally. –a única coisa que faz isso não ser um flerte é a minha voz miseravelmente vazia, que merda está acontecendo comigo?

—Claro, Wally. –morde os lábios como se algo a tivesse irritado, os gestos, as expressões, o laço me atraindo... Devo estar ficando louco.

—Podemos começar? –pergunto me sentando no sofá de couro preto que ficava no meio do gabinete. Linda se senta na outra ponta, e eu me afasto o máximo que posso, só por garantia, enquanto não me entendo completamente.

—Estamos seguros? –diz tocando a orelha, olho para trás, esperando por alguém com um taco de basebol para acertar a minha cabeça, ou algo do tipo, mas não havia nada, nem ninguém.

—Com quem está falando?

—Wally, eu preciso que olhe para mim. –responde deslizando para mais perto no sofá.

—Linda, o que está fazendo? –me levando tentando não ser anormalmente rápido.

—Não sou a Linda. –diz se levantando, ela leva as mãos ao pescoço.

—Pode parar! –exclamo. –Isso é coisa do Dick? Algum tipo de terapia para o luto?

—Você acabou de insinuar que eu sou uma prostituta? –semicerra os olhos, e a vejo separar as pernas como se estivesse assumindo uma postura de combate, era a mesma que... –Pareço alguma prostituta para você?

—Não! –digo rapidamente, algo me diz que essa garota vai me bater se disser o contrário.

—Mas foi o que acabou de insinuar...

—Linda, me desculpe. –falo com a voz o mais calma que posso, e as mãos espalmadas a minha frente. –Eu me expressei mal. –estou mesmo brigando com a repórter? Nada disso faz o menor sentido.

—Não, você não se expressou. –diz séria. –Pensou que estava tirando a minha roupa, mas só estava tentando retirar o colar em meu pescoço. –bufa irritada.  –Olha Wally, eu estou realmente brava por precisar chegar a esse ponto, só não estou ainda mais brava, por que sei que você vai ficar um tanto irritado em alguns minutos. –dispara a falar, e a cada momento eu encontro mais um gesto, mais uma expressão... –Foram anos de convívio, e um laço maior do que a atração física ou sentimentalismo barato, é impossível que não esteja sentindo, me sentindo! Todos podem me tratar como estranha, não me reconhecer, mas você! –aponta para mim com o dedo em riste. –Você, Wallace Rudolph West, não é uma dessas pessoas... –sorrio, piscando algumas vezes, tentando conter meu coração que bate disparado em meu peito. Seguro a sua mão que estava apontada para mim, a puxando contra meu corpo.

—Sara... –sussurro baixinho, a abraçando apertado. –Sara. –ela relaxa, e retribui o abraço, tudo começa a fazer sentido, a atração inexplicável, o imã que me puxa em direção a ela, e a forma como meus pés se firmam no chão nesse momento e como meu coração se preencheu exatamente quando entrei nessa sala.

—Sou eu, Kid. –responde com um sorriso na voz. –Me perdoa?

—Você está aqui! –me afasto para olhar para o rosto e Linda Parker. -Como? É tipo o Fantasma? Pegou o corpo dela emprestado? –pergunto muito rápido, e ela sorri divertida.

—Não. Por isso não me beijou? –sinto que é uma armadilha.

—Bom, eu não beijaria a garota possuída por você. –nem sei por que estamos tendo essa conversa agora.

—Você é esperto, foi treinado bem. –leva mais uma vez as mãos ao pescoço e retira o colar.

 Então vejo Sara, a minha Sara. Cabelos cacheados, pele morena, grandes olhos castanhos atrás de longas camadas de cílios, o corpo perfeito e a expressão de que pode conseguir qualquer coisa que desejar. Apesar de um milhão de perguntas fervilharem em minha mente, tenho a única reação possível, me inclino em sua direção, apertando minhas meus braços ao redor de seu corpo, a tirando do chão e a beijo como só uma pessoa que retornou da morte merece ser beijada.


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Notas finais do capítulo

Sally nos enche de alegria (suspiros), bom agora só falta nos dizer o que acharam do capítulo. Parece que a caça as bruxas começou e Zoom vai precisar ser bem rápido para escapar!
Bjnhos!



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