Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 33
O Time.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes, quem está atrasada hoje?
A Sweet... Mentira, fui eu mesma, mas uma hora depois, aqui estou eu com o capítulo novo!
Esperamos que gostem!



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DICK

Todo herói possui um código, não se trata apenas do lance de não matar, e toda aquela coisa do Bruce. É algo pessoal que cada um de nós desenvolve, além disso. Nós não cruzamos a linha, implantamos esses limites em nossas mentes, pois no fundo sabemos muito bem que não importa ter ou não ter poderes, nós somos maquinas eficientes e disciplinadas que se pender para o lado errado, pode ser fatal.

Minha família é meu código, pode ser um tanto hipócrita vindo do homem que se manteve afastado deles por um ano inteiro, os levando a acreditar que estava morto. Mas foi tudo para mantê-los a salvo, sempre serão os primeiros em minha mente. É o que me faz ser tão próximo da família green, Ollie tem algo parecido, um tanto mais radical e violento, mas o princípio é basicamente o mesmo. Então, quando tentam machucar um dos nossos, nós machucamos de volta.

Porém dessa vez o filho da puta de traje amarelo foi muito além da linha. Sara não é apenas alguém no time do Arqueiro Verde, uma titã, ou membro da Liga, Sara West é da família do Flash. Não existe um código moral mais sólido ou honrado do que o deles, não importa quem seja, se é bom ou ruim, dessa terra ou de qualquer outra, eles protegem pessoas, o máximo de pessoas que conseguirem. O que torna quem a matou ainda mais detestável, não sei se esse Flash Reverso se deu conta do tamanho da merda em que se meteu, nem se ele já esteve ao lado de um Flash no auge de sua fúria, mas sinceramente não gostaria de estar no lugar dele. Se tem uma coisa que a vida me ensinou é que caras bons, podem causar uma destruição ainda maior do que caras maus, só precisam do gatilho certo, então o BUM chega a fazer eco na orbita da terra.

—Você está péssimo! –escuto a voz de Connor, que caminhava em minha direção, de mãos dadas com a namorada gata.

—Não estou acostumado com todo esse sol. –respondo gesticulando para a praça ao meu redor, e ajeito os óculos escuros em meu rosto. –As cidades gêmeas parecem pegar toda a luz que falta em Gotham e Star City para elas!

—Não posso discordar. –responde com um pequeno sorriso, quase imperceptível.

—Luna, é sempre um prazer. –beijo o rosto dela, que cora em resposta.

—Olá, Richard. –responde baixinho sorrindo delicada.

—Adoro quando me chama de Richard. –falo brincando.

—Dick? –Connor me chama, fazendo com que olhe para sua cara feia. –O que está fazendo? –me coloco entre os dois, passando meus braços sobre os ombros deles.

—Você está cheirosa. –digo a Luna.

—Isso já é abuso! –Con reclama me fazendo dar risada.

—Um conselho.  –falo e o vejo revirar os olhos.

—Você sempre tem um.

—Sou um cara sábio. –dou de ombros, começando a andar em direção ao carro deles. –Não façam festa de casamento, não convidem pessoas. Apenas se casem. –Luna engasga, e Connor mexe em algo no bolso de sua jaqueta, finjo não perceber só por ele ser meu amigo. –Casamentos grandes, é uma das coisas que um herói não tem direito. –pisco para Luna, que parece ter perdido a capacidade de falar, e abro a porta do carro para que ela entre.

—Obrigada. –sussurra, ocupo o banco do carona e Con vai para o motorista, passo um tempo arrumando o banco de forma que eu caiba no lugar onde Luna costuma ocupar.

—Então, o que descobriu? –me pergunta assim que o carro começa a se mover.

—Hunt é um cara bizarro, mas não precisava de mim para saber disso. Um lobo em pele de cordeiro. –comento, tirando um pendrive do bolso interno da minha jaqueta e o entrego para Luna, que o conecta a um tablet. –Ele tem mania de perseguição, outra coisa que não precisavam de mim para saber. –dou de ombros.

—Como assim?

—Não é algo que possa ver de cara. –deito a cabeça no encosto do banco, sentindo os músculos do pescoço doloridos. –Está mais para uma carência crônica.

—Segundo o dossiê do Dick, a garota se chama Lindsay Lang. –Luna começa a responde-lo. –Ela era líder de torcida na faculdade. Quem é líder de torcida na faculdade? –seu rosto se enche de uma adorável expressão de desprezo. –Como conseguem tempo?

—Você sabe que existem bolsas para líder de torcidas. –respondo sorrindo. –Sei que deve ter entrado por saber todo o conteúdo da Wikipédia, mas nem todos tem uma mente como a sua, da Barbara, ou a da Felicity, algumas só tem o corpo e uma coordenação motora razoável. –me viro para ela, que está ocupada olhando para a tela do tablet. –E as deixam com tempo livre para outras coisas, mas nada que envolva muito os livros. O que você fazia com o seu tempo de folga? –pergunto já suspeitado da resposta.

—Estudava mais, via filmes. –dá de ombros. Nenhuma novidade. –Me formei com quase dois anos de antecedência. E você?

—O de sempre, batia em pessoas e.... digamos que outras coisas.

—Deus, você e Connor são farinha do mesmo saco. –a frase sai como um desabafo, mas não posso discutir quanto a veracidade, até me acertar com a Babs eu andei muito pelo mundo.

—Mas o que tem a Lindy? –Luna e eu olhamos para ele surpresos por seu tom familiar.

—Conhece a garota? –pergunto chocado.

—Não desse jeito que estão pensando! –afirma revirando os olhos. –Wally me apresentou ela, mas isso foi depois de conhecer Luna, já sabia segurar a onda.

—Vou fingir que isso é um elogio. –ela murmura séria, voltando sua atenção para o tablet. –Lang namorou Hunt por duas semanas, mas ele era obcecado por ela desde que se conheceram.

—Eu me lembro disso, acho que acabei ajudando Wally a juntar os dois.

—Bom, parece que ele usava o GPS no celular da garota para vigiá-la de perto vinte e quatro horas por dia. Ela não aguentou e acabou largando o cara, e não sabemos o por que, se mudou para Smallville em seguida, para morar com a mãe.

—Exatamente, quanto mais fundo procurava, mais fácil ficava de perceber o padrão. Na escola havia um tal de Mark Shaw, ele era o professor preferido do Hunter, o garoto fugiu para a casa dele diversas vezes. –conto. –E a lista continua.

—Em pensar que Sara quis que você o namorasse. –Connor solta as palavras como se fossem ofensas.

—Essa não é a parte mais bizarra, ele parecia um cara decente. –ela responde pensativa. –É difícil acreditar.

—Bom, eu fico feliz por ela ter tentado. –os dois me olham chocados. –Não adianta negar, se Sara não o tivesse colocado no seu caminho, ao menos uma vez, você nunca duvidaria do cara, Sr. Monge Zen.

—Pode ser. –ele pondera sério com os olhos focados na estrada a nossa frente. –Hunt mudou depois daquele dia, o cara que vi no hospital não foi o mesmo que estava no almoço na casa do Wally, eu deveria...

—Nem começa com a síndrome dos Queen’s. –interrompo seu momento culpa. –Vamos conseguir a prova e contar para o Wally.

—Bom, acho que sei por onde começar. –Luna diz, pegando o celular. –Tentem ficar em silêncio. –nós assentimos, sem saber o que ela faria.

‘Alô?’ uma voz feminina diz do outro lado da linha.

—Lindsay Lang?

‘Não, sou Lana, mãe dela.’ A voz responde. ‘Quem está falando?’

—Meu nome é Gina Conowel, sou funcionária das subsidiárias Queen em Smallville. –começa a dizer, com a voz firme, nem parecia a de Luna. –Lindsay foi indicada para uma campanha publicitária, pode anotar meu número para que ela me retorne?

‘Ah, claro!’ a Sra. Lang parece se animar do outro lado da linha. Luna passa as instruções, agradece e desliga o telefone.

—Como vai perguntar sobre Hunt a ela, com uma entrevista de emprego? –Connor pergunta.

—Ah, o emprego é real, estava mesmo procurando alguma modelo, um trabalho a menos para amanhã. –responde com a atenção no tablet. –Só quero que ela me ligue para clonar o telefone dela, uma vez dentro tenho acesso a tudo, redes sociais, e-mail, contatos, e quem sabe, se tiver sorte algum registro de voz.

—Você é uma caixinha de surpresas, Delphine. –digo, fazendo Connor me olhar irritado. –O que é? –pergunto a ele sério, não é possível que não tenha superado o trote do flerte a mais de cinco anos atrás! 

Paramos em frente a Star Labs, que parecia estar a todo o vapor, carros estravam e saiam, nos corredores pessoas animadas falavam de projetos que eu nem tinha pretensão de entender. -Não entendo como Wally tem a sua base de operações assim tão exposta, e o pior, é que ninguém desconfia de nada. – minha voz sai chocada, como minha cara deveria estar.

—Falou o cara que foi adotado pelo queixo mais emblemático de Gotham. – Luna sorri, enquanto Connor abre a porta e estamos em uma sala reservada, onde Cisco e Caitlin estavam fazendo algumas pesquisas.

—Vocês conseguiram alguma coisa? – Connor pergunta enquanto Luna começa a observar os computadores com um interesse peculiar.

—Foi por isso que chamamos vocês aqui. Felicity criou anos atrás uma maneira de detectar quando alguém utiliza a força de aceleração. – começa e explicar.

—Conseguimos fazer algumas adaptações no projeto. –Caitlin entrega um dispositivo para Luna. –Quando a esteira for acionada vocês conseguiram rastreá-la. – olho para todos sem entender muito o que estava passando.

—Connor acha que a pessoa que fez, bom, que matou a Sara. –nem todos sabiam sobre o plano, e por isso meias verdades eram necessárias. –Está utilizando a Esteira Cósmica, que foi roubada do museu do Flash a alguns anos.  -fico quieto, o que é quase um dilema pessoal, algumas coisas não se encaixavam, e odeio ficar com peças soltas em um quebra-cabeças montado.

—Você acredita que Hunt tenha roubado a Esteira Cósmica? – pergunto quando estávamos no elevador do apartamento do Wally, Connor apenas concorda com a cabeça, parece está perdido em pensamentos. –Você sabe que isso cria um paradoxo tão grande quanto “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.”

—Nossa. – Luna diz baixinho ao meu lado. –Essa foi realmente ruim.

—Não estou no meu melhor momento. –a porta do elevador se abre dando para a entrada do apartamento do Wally, guardo os óculos no bolso da minha jaqueta. Sinto Luna travar ao meu lado, voltando a minha atenção para frente. Hunt está parado nos olhando, a paralisia de Luna em nada se compara com o fogo de fúria que Connor parecia emanar. – Hunt? – tento desviar a atenção, dando tempo para que meus amigos se recomponham.

—Wally, não está aqui. – sua voz é seca, se eu fosse vinte anos mais novo, e não tivesse enfrentado maníacos como o Coringa, Luthor, Darkside, talvez ele tivesse me abalado, mas não foi o caso.

—Sim. – a voz de Luna sai baixa como de costume, ela estava segurando a onda melhor que Connor. – Wally decidiu passar um tempo com os pais, talvez fique em Star também. – dá de ombros, parecendo triste. –Viemos apenas pegar algumas coisas para ele. –sai andando devagar, tira uma chave do bolso do seu casaco e destranca pacientemente a porta. Sara havia pedido para pegarmos algumas coisas para ela, mas não seria nada fácil tendo Hunt parado a nossa porta nos vigiando. Hunt para a frente de um porta retrato onde uma Sara feliz beija o rosto de um Wally adormecido, seu olhos se fixam ali por algum tempo.

—Ele vai se recuperar. Vai ficar mais forte. –pega o porta retrato nas mãos e tenho que segurar Connor, por que estava a ponto de voar em Hunt.

—Essa foto vai comigo. –Luna pega a foto das suas mãos, e sinto Connor relaxar um pouco.

—Todos vamos precisar de um tempo para nos curar. – digo com falsa simpatia.

—Principalmente depois que a pessoa responsável estiver apodrecendo em uma cela. –Connor deixa todo o ódio sair em suas palavras.

—Tenho certeza que o faram pagar. – cara, Hunt merece o Oscar por essa atuação, se não soubéssemos, sentiria pena. –De lembranças minha a Wally, queria o ver, mas acho que ainda é cedo. – dá um leve aceno com a cabeça se despedindo e sai do apartamento.

Luna se joga no sofá da sala ainda com a foto dos amigos nas mãos, agora tremulas. Connor parece pior, preste a ter chamas saindo de sua cabeça, acho que já vi um filme onde isso acontece. Mas apesar da minha aparência, não estou melhor, tudo que queria era bater nesse filho da puta até meus braços não aguentarem mais.

—Finalmente! –escuto a voz do meu irmão, que descia as escadas com Isis.

—Onde vocês estavam? –questiona, com a voz muito baixa, encaro Damian para reforçar, afinal é a irmãzinha do cara, ele tem seus direitos.

—Aqui. Só não abrimos a porta. –dá de ombros sem expressão, mas vejo seu lábio tremer por um milésimo de segundo, Dam pode não assumir, mas não quer arruinar a confiança da família de Isis nele.

—Não estava com a menor vontade de ver aquele cara. –Isis diz franzindo o rosto enojada.

—Está tudo bem Con. –toco seu ombro, para que relaxe. –Damian e eu somos irmãos adotivos, ele não tem meu sangue. –tento brincar.

—É, como se isso ajudasse. –murmura baixo demais para que os outros escutassem.

—Encontraram alguma coisa? –Luna pergunta, dando fim ao drama de família.

—Nada fora do comum. –responde Isis se jogando no sofá ao lado da cunhada. –Damian pensou que Hunt pudesse estar atrás de algo.

É o raciocínio mais lógico, paro ao lado de Damian e começamos a olhar em volta. O único problema é que não conhecemos Hunt de verdade, o que ele pode querer do Wally? Pelo que sabemos, já tirou tudo dele.

—Vamos ter que falar com o cara. –Damian e eu falamos ao mesmo tempo fazendo os outros nos olharem sem entender.

—A única evidencia é o que M’egann contou sobre o assassinato. –Dam começa a dizer. –Ele repetiu algo, que o assassino falava sem parar.

—Que Wally ficaria mais forte. –Luna completa e acenamos para ela. –Wally precisa ouvi-lo dizendo isso, é só o que precisamos. –diz, quando seu celular começa a tocar, ela vira a tela em direção ao Connor, e se levanta pedindo licença.

—Quem era? –Isis questiona.

—Lindy, a ex namorada do Hunt.

—E o que querem com a garota?

—A voz dela. –respondo, e Connor concorda.

WALLY

Tio Barry tentava ajudar como podia analisando todas as evidências que Bruce trouxe para a caverna do Arqueiro, junto com um depoimento gravado da M’egann. Felicity estava quase atingindo a mesma velocidade que ele nos computadores, repassando milhares de vezes a morte encenada, e só o que sentia é que havia algo muito obvio que estávamos deixando passar.

—Você está bem? –Ollie para ao meu lado, se encostando na parede.

—Melhor agora. –respondo observando Sara trabalhar com Bruce e o tio Barry nas evidencias. –Mas foi um pesadelo. –confesso.

—Sei bem como se sente. –ele olha para a sobrinha aliviado. –Mas estou orgulhoso, você não voltou no tempo. Poderia ter feito, ninguém te julgaria, mas não fez!

—Tenho traumas o suficiente da última vez. –murmuro o fazendo sorrir. –É o que dizem, “os pais são a escola dos filhos”.

—Ninguém diz isso, Kid.

—Tenho quase certeza que dizem sim! –insisto e ele apenas balança a cabeça discordando.

—Você acabou de inventar.

—Oliver, pode vir aqui por um momento? –Fel o chama, e antes que ela termine de falar, ele já estava no meio do caminho. –Se eu pudesse ver essa cena, sabe, em uma velocidade normal... –murmura frustrada. É quando a ideia mais idiota que já tive, toma conta da minha mente.

—Tio Barry. –paro ao lado dele, que observava fotos da calçada, e analisava alguns grãos de areia em um microscópio.

—Sim?

—Preciso conversar. –ele para imediatamente e vamos para a parte inferior da caverna, que é usada para treinar.

—O que foi, Kid? –me olha preocupado, tirando a máscara do rosto.

—E se nós pudéssemos observar, se houvesse uma forma?

—A única forma de observar é estando lá... –me olha assustado, quando finalmente percebe qual é o meu plano. –Quer voltar no tempo? –sussurra olhando para os lados. –Wally, a menor mudança, a menor que for, pode matar Sara, ou causar um paradoxo temporal que você não pode imaginar!

—Na verdade, eu posso. –sussurro de volta. –Já fiz isso antes. –ele solta uma risada sem humor, antes de me encarar sério.

—Claro, e em quantos “spoilers” resultou?

—Eu era novo e imaturo, não sou mais assim. –garanto, olhando em seus olhos, idênticos aos meus.

—Wally!

—Pai, você voltou no tempo e literalmente enlouqueceu quando a Tia Iris foi morta. –não gosto de jogar isso na cara dele, mas é o único jeito. –Quando saí atrás de você, nossa terra estava sendo invadida por Apokolips...

—Aquele não era eu! –diz entre dentes.

—Por que eu impedi que fosse! –respondo da mesma forma.

—O que está acontecendo? –vemos Sara parada ao lado da escalada de salmão, nos olhando confusa. –Felicity me mandou ver se vocês estavam se atracando.

—Seu marido, quer voltar no tempo! –exclama, e começa a andar de um lado para o outro, tentando se conter.

—Gosto disso de marido. –ela sorri perfeita como sempre, e se não fosse a vida dela em risco, me esqueceria da briga nesse exato momento. –Mas eu não morri, baby. Por que está querendo voltar no tempo? –para a nossa frente.

—Felicity disse algo sobre poder ver o que aconteceu, não vou impedir o Flash Reverso...

—Não o chame assim. –tio Barry fala irritado.

—Ninguém me contou qual foi o nome que Cisco deu a esse psicopata! –respondo com ironia.

—Vocês dois, podem parar! –Sara se coloca entre nós. –O que diabo está acontecendo? –olha de um para o outro, fazendo com que me sinta como uma criança, meu pai não parece muito diferente.  –Eu não os vejo brigar desde que você bateu aquele carro que o Joe deu o Wally, quando ele tirou carteira. –aponta para meu pai.

—Eu adorava aquele carro, e o senhor é um péssimo motorista. –murmuro, lembrando do meu Pontiac Trans antigo.

—Foi uma emergência, não dava para correr com a casa cheia de visitas, e aquele mala do Nevile no meu pé. –justifica, e Sara bufa impaciente.

—Olha, eu fui morta, –começa a dizer irritada. –no dia do meu casamento. Por alguém que não sabemos quem é, não temos a menor ideia, nem mesmo acabando com o zoom da maldita câmera de trânsito, não temos nada que possa dar uma pista razoável do assassino. E tudo o que queria é uma vida parcialmente normal, já tinha até um emprego em vista. Mas eu não estou casada de verdade, vocês forjaram documentos para que tivesse “West” escrito em minha lápide. –meu pai e eu nos encolhemos involuntariamente, quando a voz dela sobe uma oitava. –Não quero uma lápide, quero assinar West nas certidões de nascimentos dos meus filhos, talvez em algumas compras, ou quando conseguíssemos adotar aquela criança! –grita entre a revolta e o choro. –Merda! Agora parem de brigar, e Wally, fala qual é seu plano! –aponta para mim, com o dedo em riste, e dou um passo para trás, depois ela se vira para meu pai. –Eu sinto muito gritar com o senhor. –fala com o mesmo tom irritado, e ele se afasta murmurando que está tudo bem. –Qual o plano? –engulo em seco, ainda aéreo pela bronca. –Wally!

—Tudo bem. –respiro fundo, e a vejo se controlar com muito esforço para não gritar mais. –Não quero voltar no tempo e mudar nada, quero apenas estar por perto no momento em que M’egann for capturada, assistir a cena, ouvir a forma como o Fla... o assassino disse cada uma daquelas coisas.

—Não é uma ideia ruim. –Sara diz pensativa. –Na verdade é uma ideia muito boa.

—Sara, é arriscado. –Tio Barry fala a olhando preocupado. –É a sua vida em risco!

—Por isso eu sei que vai dar tudo certo, é minha vida em risco, Wally não faria nada que me coloque em perigo. –sorrio para ela, grato pelo apoio. –Vamos falar com nossos padrinhos, e o resto do time. É um grande plano, não dá para ter iniciativas independentes. –ela já subia as escadas correndo enquanto falava, quando vemos Felicity com o celular em mãos, e todos os outros em silencio ao redor dela.

—O que aconteceu agora? –respiro fundo, passando as mãos por meus cabelos.

—Wally, Connor tem um suspeito. –Fel diz com o cuidado que ela só usa em casos extremos. –E você não vai gostar de saber quem ele é.

—Por seu tom, parece que ele tem certeza, e não apenas uma suspeita. –Sara dá voz aos meus pensamentos.

—Quem é? –Tio Barry olha para Ollie, e os dois parecem ter uma daquelas conversas mudas, irritantes. –Onde o Connor está? –muda a pergunta, odeio quando nos tratam como crianças!

—Quem é o suspeito? –repito, tentando fazer com que me respondam.

—Precisam de você em seu apartamento. –é só o que ela me diz, e sei que foi ela a dizer por que naquela sala Felicity é a única que eu não retrucaria em uma ordem direta.

—Mas e Sara? –olho para minha mulher, sem querer me afastar dela.

—Eu vou ficar bem, pode ir. –sussurra para mim.

—Kid, agora! –Felicity exclama e coloco novamente a minha máscara e saio em disparada para Keystone.

Paro em frente ao meu prédio a tempo de ver Isis entrando em seu carro com Damian, enquanto Luna saia com o Dick no carro de Connor, não o vi, mas Con nunca deixaria Luna sair sozinha com Dick, então provavelmente ele também estava no carro, me deixando a pergunta de por que estavam de saída.  Se fosse em outros tempo, correria atrás de Isis e faria com que me contasse o que estava acontecendo, mas como disse isso foi em outros tempos, hoje, provavelmente teria mais sorte com Luna.

Paro em frente ao meu apartamento, seria uma coisa rápida, com o meu metabolismo acelerado, preciso comer e me recuso a comer as barras com gosto de sabão e adoçante, que meu tio e eu sempre carregamos. Aquilo é tão ruim, que só usamos quando não há mais recursos. Meu plano é secar a geladeira e interrogar Luna, Connor e Dick, se desse sorte e o farol da rua Sete estivesse vermelho, conseguiria alcança-los antes de saírem do alcance da minha visão. Bom, esse era o plano, até abrir a porta e ver Connor sentado no sofá, tão enigmático que chega a me lembrar o pai dele a vinte anos atrás.

—Por favor, não me fale ‘Precisamos conversar.’ – imito a voz do Ollie. – Por que isso significa problemas, e cara, já temos problemas para essa e qualquer outra vida. E só o fato de ter deixado Luna nas presas de Dick. – aponto para a janela que dava para a rua, e vejo Connor massagear as têmporas, como se não quisesse pensar no assunto. – Faz um tremor de mal pressagio percorrer minha espinha.

—Wally. – fala como se fosse o próprio ceifeiro que viesse me levar dessa vida. – Precisamos conversar.

—Merda!

CONNOR

—Eu sinto muito, cara. –respiro fundo, quando ele se senta na poltrona a minha frente.

—Quem é?

—Preferiria que esperasse os outros ligarem. –argumento. –Para ter algo mais do que especulações.

Isis e Damian foram invadir o apartamento de Hunt. Dick e Luna fariam tocaia em frente ao departamento de polícia, vigiando o Hunt, para tentar dar cobertura aos dois, o impedindo de voltar para casa. E se tudo falhasse, o telefone clonado de Lindy é a nossa última opção. Não é um bom plano, bem longe disso, mas é o melhor que temos.

—Connor, você é meu melhor amigo, te conheço a minha vida toda, não precisa de provas. – Wally se esforça para não puxar os cabelos. –Você sabe como funciona, é da segurança de Sara que estamos falando, só preciso de uma dúvida razoável.

—Exatamente por conhecer você, sei que vai precisar dessas provas.  –Wally estuda meu rosto com cuidado.

—É ruim assim?

—Pior. –coço a cabeça.

—Um nome, é só o que preciso.  –suspiro, me colocando no lugar dele, se não fosse eu, sei que Wally já teria pego outra pessoa pelo pescoço e tentado arrancar a informação a força, paciência não é exatamente o seu forte.

—Hunt. –solto, e vejo seu rosto confuso.

—O que tem o Hunt? – fico em silencio, esperando que ele assimilasse o que estava dizendo. – Hunt? – aos poucos ele começa a entender, sua expressão muda de confusão para choque, e depois tem um sorriso de descrédito no canto da boca. –Não. Que absurdo. Como pode imaginar algo assim? – fica de pé, andando de um lado a outro. –Ele é meu amigo e adora a Sara. –começa a dar risada, como se tivesse achado a maior prova que poderia para defender o amigo. –Ele não é um velocista. – sorri abertamente. – Se tivesse visto ele no teste para atletismo que ele fez na faculdade ou qualquer outra atividade física nunca imaginaria esse absurdo, o cara é um desastre.

—A Esteira Cósmica. 

—Está desaparecida há muito tempo.

—Ele a roubou esteira cósmica. – respondo como se jogasse cada carta em desespero sobre a mesa. –Ele voltou no tempo...

—Não! – vocifera. –Ele é meu amigo.

—Onde ele estava no dia mais importante da sua vida, Wally? –esse não era um motivo razoável, mas precisava tirar a aura de amigo perfeito que encobria Hunt.

—Não sei, ele deve ter se explicado no velório, mas não lembro, não lembro de muita coisa daqueles dois dias. – meche com as mãos em uma velocidade mais rápida, parecia tentar encaixar as peças em sua cabeça. – Mas isso não o torna um assassino, ou um velocista. – repete. Eu que precisava convence-lo, mas parecia que Wally tentava criar barreiras para proteger o canalha do Hunt.

—Ele é seu amigo, por isso não consegue acreditar, mas nem todas as pessoas são o que esperamos que sejam, e a maioria das vezes nos enganamos querendo acreditar em uma coisa que não é verdade. – respiro profundamente tentando me acalmar. -Você me pediu uma duvida razoável. –tento pela razão onde a emoção não o deixa entender. –Wally, se você conseguisse ver, cara, ele estava em uma cadeira de rodas e em semanas voltou a andar quando nenhum medico achou ser possível uma melhora. – o encaro. –Não existe essa cura milagrosa, nem tão pouco pesquisa inovadora.

— Isso é absurdo, Hunt não seria capaz de algo assim. Eu vou provar que não foi ele, vou achar o verdadeiro culpado, e vai perceber quão absurda é essa sua paranoia. – começa a andar em círculos e em alta velocidade na sala.

—Como? – pergunto já temendo a resposta.

—Voltando no tempo, no dia do meu casamento. – responde agora parecendo mais calmo.

—Você não pode mudar o passado... –tento argumentar mas ele me interrompe.

—Só quero observar de perto, descobri alguma coisa que deixamos escapar. – parece certo que essa é a melhor ideia.

—Tudo bem. –é algo razoável, não vou ser a pessoa a ficar em seu caminho. -Só não ferre tudo ainda mais. – estendo a mão para ele que aceita de imediato, mesmo não acreditando em minhas suspeitas, acredita que estou fazendo o que acho certo. Agora vai precisar aceitar a traição e não sei como vai reagir a isso.

—Não vou. –desaparece e a única coisa que escuto é o barulho da porta da geladeira sendo fechada.

Me jogo no sofá e só consigo pensar que uma semana de uma vida pacata não mataria ninguém, quem sabe quando tudo isso acabar, consigo convencer Luna a fazer uma pausa no monastério, acho que se falar que tem Wi-fi por lá ela bem capaz de aceitar, ou não. Retiro a aliança da minha mãe do bolso, e fico olhando para o diamante de dois quilates, segundo ela, Milo gostaria que ficasse com o anel, meu padrasto tinha bom gosto, não dá para negar, agora é só esperar toda essa merda ter fim, e conseguir convencer Luna que se casar comigo é uma boa ideia, não tem como usar Wi-Fi como argumento nesse caso.

WALLY

Como pode ser Hunt esse velocista do inferno? Será que não percebem que é um absurdo? Ele é meu amigo, nunca faria algo que machuque ninguém, quanto mais matar a Sara, pelo amor de Deus, justo a Sara. Pressiono meu anel, vestindo meu traje e começo a correr sentindo o vento contra meu corpo, a vibração de tudo ao meu redor, mas ainda não é o suficiente. Posso escutar a Speed Force, sinto como uma película sendo rompida no momento em que entro dentro dela.

Sara voltará para casa, vamos ter nossa vida, e finalmente nos casar de verdade, dessa vez sendo ela a usar o vestido, vou poder colocar a aliança em seu dedo, termos nossos filhos, quantos ela quiser. Esses pensamentos são como nitrogênio em minhas veias, me impulsionando a uma velocidade maior, o tempo parece para ao meu redor, e consigo ver o caminho em meio a todos os momentos que já passeis, e tendo vislumbres do que ainda vou passar, fleches de sorrisos, cabelos cacheados, e olhos escuros me levam até o momento que precisava chegar. Esse era o caminho, era por Sara que estava lutando, por nós dois.

Então me vejo na parte industrial de Keystone, olho em volta à procura de algo que me situasse, e vejo uma banca de jornal. Sem desacelerar passo por lá e confiro a data. Estou de volta ao dia do meu casamento.


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Notas finais do capítulo

Galerinha, parece que o jogo virou!
Wally tem a missão de observar, mas aqui entre nós que já conhecemos o histórico do cara, acreditam que ele vai conseguir? Hehehe eu coloco fé no meu bebê, mas já viu como ele é com os spoilers.
Comentem, e nos digam o que acharam do capítulo!
Bjnhos!



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