Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 30
O Funeral.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Capítulo de hoje é especial para a Olicity que nos fez uma recomendação lindinha e mais uma dia. Florzinha, muito obrigada, nós adoramos!



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DAMIAN

—Não pode continuar quebrando as coisas, ou pessoas. –é irônico dizer isso a Connor, logo vindo de mim, mas não sei mais o que dizer, e estamos dentro de uma igreja até mesmo eu tenho meus modos.

Ele desiste de destruir uma cadeira e deixa o corpo escorrer ao chão. Isis estava me matando, por que sei que não tem nada que eu possa fazer para aliviar a dor e culpa que está sentindo, ela se mantém sentada imóvel ao lado de Iris. Luna parece não estar mais no próprio corpo, parecendo um fantasma ao lado de Laurel e Phill. Felicity chora em silencio a algum tempo, e Oliver não parece muito diferente, quando passa pela porta ao lado de Thea e Roy.

Todos os vilões magicamente abortaram assim que recebemos a notícia da morte de Sara. Desde então, precisei segurar Connor quando ele não parou de espancar o Capitão Bumerangue, quando ele tentou bater em J’onn, e agora que está quebrando toda a igreja. Para um monge, isso é muita fúria reprimida.

Estamos nos reagrupando novamente na igreja, não consegui entrar em contato com o Batman, então ele não sabe ainda o que aconteceu. O velho Wayne não vai gostar da notícia, ele sempre elogiou a guerreira que Diggle foi. Todos nós sempre a respeitamos, é absurdo alguém simplesmente assassinar uma pessoa assim, para atingir outra. Sou tirado de minhas lamurias ao ver Diggle e Lyla entrando na sacristia, pareciam pessoas mortas andando, Felicity e Oliver caminham em direção a ele e os quatro apenas se olham por um momento, a mesma dor sendo estampada na face dos outros dois, desvio os olhos, e volto novamente minha atenção para Isis, me levanto e vou até ela.

—Não precisa esperar. –falo baixo, para que somente ela escute, sei bem o que vai acontece no momento em que o corpo de Sara passar por aquela porta, e não vai ser bonito.

—Vou ficar, não saio até que Wally a traga. –responde de forma mecânica, mas estende sua mão para mim, como um convite para que esperasse com ela.

Me sento a seu lado, segurando sua mão, quando Flash entra em alta velocidade com o Superman. Diana e Hall aparecem em seguida, todos com as piores expressões. Por fim Wally entra em sua velocidade normal, segurando o corpo de Sara em seus braços. Ele a coloca sobre uma mesa cumprida e toda a sala é tomada por um silêncio mortal. Os pais de Sara se aproximam, com Felicity e Oliver, vejo Iris se levantar como se estivesse exausta e Barry aparece a seu lado para ajudá-la.

—Luna. –Isis murmura me fazendo olhar para o lado. –Alguém precisa ajuda-la, Connor não vai conseguir.

—O outro Delphine vai cuidar dela. –respondo, em seguida olho em direção ao garoto, e indico a irmã, para que ele a ajude a se levantar. –Quer ir até lá?

—E eu devo? –ela se vira em minha direção com os olhos marejados. –Eu vi isso, eu sabia. –sua voz está repleta de culpa. –Foi minha culpa ela ter morrido. –apenas continuo olhando, ela não quer nenhum argumento. –Fiquei tentando bolar milhares de planos e não fiz nada, entregando o problema nas mãos de outra pessoa. Deveria ter falado, ao menos morreria com honra.

—Acredita mesmo no que acabou de falar? –escutamos a voz de Laurel, que olhava séria para a sobrinha. –Por que Sara daria a vida dela de bom grado no lugar da sua, não é justo com ela que você se culpe. Vá até lá, veja sua amiga, se despeça, ou Damian pode simplesmente te tirar daqui agora. –fala baixo, mas cheia de autoridade. –Batman vai buscar o corpo dela, precisamos descobrir qualquer coisa que nos leve ao assassino. –ela para e suspira se obrigando a não desabar. –É a última vez que vamos vê-la, você tem três minutos. Pode sofrer pelo resto de sua vida, mas esses três minutos são de Lyla, Diggle e Wally. –Canário Negro estende a mão para Isis que segura se levantando, então elas se abraçam. –Já perdemos demais, não pense que queremos perder você também.

Nos agrupamos ao redor do corpo de Sara, alguns minutos se passam e Batman chega com o Cyborg para leva-la. Todos nós saímos e damos um tempo para os Diggle e Wally, então vemos um saco preto sobre uma maca ser levado por meu pai e Victor. Abraço Isis, não tem muito além disso que possa fazer nesse momento, cuidar dela, e talvez...

—Isso foi premeditado, arquitetado com cuidado. –Dick começa a falar ao meu lado, seu rosto na máscara de fúria que ele não quer demonstrar.

—Wally assistiu, o assassino queria puni-lo. –Connor complementa, ele nunca pareceu tanto com o pai como agora. –Luna, vamos para a caverna, temos que rever esses vídeos. Vocês vêm? –pergunta olhando para Isis e eu.

—O que eu mais quero é pegar esse desgraçado. –duas coisas acontecem, primeiro todos ficam em choque ao ouvir Isis dizer um palavrão de verdade, segundo, nós queríamos tanto quanto ela.

DICK

A caverna do arqueiro, não é o lugar ideal para um filho de morcego botar a sua cabeça em ordem. Mas esse é o lugar em que todos querem estar, esse foi o lar de Sara por tanto tempo, que chega a ser estranho a ansiedade que sentimos em estar perto da lembrança dela, mesmo a dor de sua ausência sendo enorme.

—Jason vai fazer a patrulha. – Roy desliga o telefone tentando não demonstrar quanto estava abalado. – Falou que não aguentaria ficar sentado sem sentir o barulho de ossos sendo estilhaçados, não o culpo. -  joga o aparelho sobre a maca, e vai se sentar com os outro no tatame. É difícil olhar em volta, cada um de nós teve uma parte morta. Luna vem descendo com um robô andando, sendo amparada por Philippe.

—Já estou de saída. – ele se apressa a dizer, acho que era a primeira vez que vê a caverna.

—Não faz diferença, a essa altura é mais uma questão de ligar os pontos. – Damian se levanta caminhado até onde Barbara começava a analisar as cenas, não queria rever aquilo, acho que ninguém aqui quer, meu estomago se revira, e sinto a pizza que comemos na despedida de solteiro de Wally querendo sair para dar uma passeada, mas é o que precisa ser feito. Distanciar, e ver tudo de um outro ângulo, com outros olhos, essa é a única maneira de encontrarmos a pessoas que fez ...Fez o que fez. – Consegue rastreá-lo pelas filmagens?

—Não. Mesmo os computadores modificados da Felicity não conseguem adaptar as imagens para a velocidade do Flash. – Barbara tenta, mas o máximo que consegue são algumas imagens borradas por alguns quarteirões, e depois nem isso.

— Ele não é o Flash. – Luna diz com uma fúria contida na voz.

—Tem a velocidade de um. – Thea se pronuncia. – Vou me juntar ao Capuz Vermelho. Não vou conseguir ajudar muito aqui. E ossos sendo quebrados sobre os meus dedos, talvez ajude em alguma coisa.

— Roy, é melhor ir com ela, precisamos de novas pistas dos locais que os cumplices atacaram. Chamem o Capuz também, ele sabe o que precisamos, se estiver lá, ele irá encontrar. –digo e Roy concorda com a cabeça e sai para o fundo da caverna onde ele e Thea se trocam e saem sem serem notados.

—Quem é ele?  Vocês já o enfrentaram antes? Não me lembro de nada assim nos noticiários? – Philippe questiona intrigado.

—Já enfrentamos um velocista. Foi a muito tempo, Eddie Thawne. – explico rapidamente.

—Ainda está preso. – Barbara mostra uma câmera onde podíamos ver Eddie sentado em sua cela, com a mesma aparência de louco que tinha quando nós o prendemos. -Tentou matar Iris...

—E esse matou Sara, só eu vejo um denominador comum? – Philippe pergunta enquanto Isis se levanta olhando fixamente a imagem de quando pegamos Thawne, ele ainda usava a roupa amarela e vermelha, muito semelhantes com a que esse novo Flash Reverso usava.

—Talvez ele tenha se inspirado nas ideias de Thawne. – Isis sugere enquanto olha com nojo para a imagem desse Flash Reverso que tinha acabado de matar Sara.

—É uma hipótese remota, Thawne estava atrás de vingança, as poucas pessoas de quem ele se aproximou naquela época, foram apenas meios para alcançar um objetivo. São poucas pessoas que sabem seu paradeiro, apenas uma delas não tem acesso livre a Torre da Liga. – Barbara explica.

—Joe? – Isis sugere.

—Joe. –confirmo.

—Então o mais provável é alguém que não conheça esse passado, mas por que a roupa?

—São as cores opostas. – Luna senta ao lado de Barbara em seus computadores. –Como se quisesse zombar do uniforme do Wally.

—Estamos olhando isso por um ângulo errado. – Connor ainda de cabeça baixa, com os braços apoiados nos joelhos, como se estivesse cansado de mais para seguir. -A pergunta que não fizemos ainda, é quem saberia do segredo de Wally, quem gostaria de ferir o Flash e sabia que a maneira mais rápida seria a Sara?

—São poucos os civis que sabem a nossa identidade. – Damian olha para Connor com pesar. –A lista fica maior com o passar do tempo. – indica o mais novo a descobri nosso segredo. –Mas mesmo assim é reduzida.

—Talvez alguém que não soubesse que Sara era a Artêmis? – Barbara sugere.

—São pessoas muito próximas. –Luna entende o que Connor quer dizer. – Amigos Con, pessoas que confiamos. – ela estava em negação, mas Connor tinha razão.

—Quem são as pessoas próximas que sabem o segredo dele, sabe... além dos que usam mascarás e saem à noite para combater o crime? – Philippe pergunta, mas essa é uma resposta que ninguém aqui se atreve a dar, era muito sórdido para ser verdade, mas era a única reposta racional.

— Dick? – Barbara me chama, indicando a tela. – Red Robin mandou um recado sobre o enterro. – fala e sinto uma pedra de gelo afundar em meu estomago. –Amanhã, no primeiro horário, aqui no cemitério de Star City.

—Consegue localizar o Wally?  - não queria deixar meu amigo ter que lidar com isso sozinho, pegar o assassino de Sara é importante, mas cuidar de Wally é mais.

—Não, o comunicador dele está desativado. –Luna explica parecendo apreensiva.

—Não tenha medo. Ele não tem forças para fazer nenhuma idiotice agora. – a tranquilizo, mas não tenho como garantir. -Onde vocês vão? – vejo Connor por fim se levantar e Isis caminhando ao seu lado.

—Buscar o Wally. – Connor explica arrancando o capuz.

FELICITY

Vejo Oliver levantar metade dos vilões do Flash pelo pescoço na última hora, e isso por que o dia ainda nem clareou. Sei como ele se sente, me sinto igual, se pudesse estaria nas ruas arrebentando a outra metade, mas não posso, só fico remoendo a imagem da morte de Sara, quão cruel, mesquinho e sem propósito foi a sua morte. É como se minha mente buscasse de forma incessante um motivo, como se fosse possível existir um motivo para matarem a minha Sara.

—Está chegando a hora. –meu coração se aperta e Barry para a meu lado, olhando a minha tela que estava na mesma imagem retorcida a mais de vinte minutos. –Encontrou alguma coisa?

—Não, os computadores da Torre também não são capazes de acompanhar uma velocidade tão alta. – explico, mas ele sabe disso, tanto quanto qualquer outro membro aqui em cima. –Não deveria estar com Wally? –pergunto me virando para olhá-lo. –E não, isso não é uma crítica!

—Não sei como encara-lo. –assume. -Felicity, em vinte anos, é a primeira vez que não sei como ajudar o meu filho. Me sinto como se ele fosse aquele garotinho novamente, sendo maltratado. – Barry se joga ao meu lado em uma cadeira. – É Diggle e a Lyla. – ele passa as mãos em frustração no cabelo. – Você e Oliver...

—E você. – concluo. – Ele matou um pedaço importante de todos nós hoje. – um nó se forma em minha garganta. – Não consigo imaginar o que John e Lyla estão sentido, por que se for maior que o buraco que tenho no meu peito agora, não sei como vão fazer para continuar.

—Sabe onde eles estão?

—Não sei. – tiro os meus óculos apertando a ponte entre meus olhos, era frustrante como todos haviam desaparecido do radar. –Lyla e John desativaram os comunicadores, são apenas sombras Barry.

—Oliver?

—Procurando alguma pista... na verdade está apenas batendo em bandidos para não pensar, não sentir. – coloco meus óculos de volta, tentando tomar outra postura. – Em pouco tempo o velório vai começar. Mais uma Sara para o cemitério de Star City. E amanhã Barry, precisaremos rever tudo, por mais sem cabimentos que seja. Sara foi a primeira vítima desse novo Flash Reverso, não sabemos o que ele quer, só que está disposto a tudo.

—Isso não nos leva a lugar algum. –Oliver entra jogando o arco no chão ao meu lado e arrancando o capuz irritado.

—Encontrou alguma coisa? – indico o saco de evidencias em suas mãos.

—Não muito. – me entrega algo que parece uma escama metálica. -Simplesmente não fazia sentido no meio em que estava. 

—Mas isso vai ter que ficar para depois. – Tim aparece vestindo um terno preto.

—Está na hora? – meu coração se aperta ainda mais no peito.

—Bruce e Victor já estão trazendo o corpo, junto com J'onzz. –explica. – Connor está com Wally. Mas John e Lyla nós não conseguimos localizar.

—Nós vamos. – Oliver aperta a minha mão. – Vamos cuidar dos dois. – tenta colocar alguma força em sua voz. O teletransportador nos leva para casa, não me incomodo com o enjoou costumeiro da viagem.

Nos arrastamos para o nosso quarto, tomo um banho rápido e coloco um vestido simples preto, saltos na mesma cor, um coque prende meus cabelos. Oliver estava brigando com a gravata, estava a ponto de rasga-la tamanha era a raia e frustração que sentia.

—Deixa que eu faço isso. –digo parando em sua frente, Oliver deixa os braços caírem em frustração, e suas mãos são substituídas pelas minhas. –Vamos estar bem para nossos amigos, e por nós. Somos um time Oliver, no melhor e no pior, não é? – termino de ajeitar a lapela do terno e me aconchego em seu peito, enquanto as lagrimas escorriam por meu rosto, sinto seus lábios em minha cabeça enquanto seu sofrimento mudo faz companhia para o meu.

—No melhor e no pior. –repete quando nos afastamos. –Eu sei onde John está, precisamos ir. –diz baixinho, enxugando minhas lágrimas.

WALLY

Caminho em silencio ao lado de Connor, também calado. O dia está mais frio e o céu cinza, nada aqui é agradável, e eu poderia estar em qualquer outro lugar que não faria diferença a minha inexistência. Vejo Luna ao lado de Phill, Isis e toda a Batfamilia, Thea e Roy estavam ao lado de Laurel, Tommy e a garota que eles adotaram, a tal namorada do Philippe. Coitada, se soubesse como somos tóxicos, sairia gritando pela própria vida, afinal, o destino de Sara é o de todos nós, cedo ou tarde é esse.

—Eu sinto muito. –Caitlin me abraça, seguida por Ronnie e Cisco, retribuo com acenos curtos e devolvendo o afeto deles, da forma que acho que faria se estivesse realmente aqui.

—Como você está? –a voz de Luna chama a minha atenção, mas a pergunta não era para mim, ela olha para Connor preocupada.

—Revoltado. –responde baixo, na esperança de que eu não escute, não esperava menos dele, provavelmente vai virar uma versão do Oliver agora, e sinceramente, eu não me importo.

Ela se inclina, dando um beijo no rosto dele e vem para meu outro lado. Meus olhos encontram os dela e fico feliz quando não me pergunta nada, quando não me abraça, ou tenta me fazer falar. Luna para a meu lado, sem me tocar, sem conversar, apenas se senta, Connor aperta meu ombro e se senta ao lado da namorada. Tia Iris se senta do meu outro lado, e também não tentam me consolar, não existe consolo. Vejo Ollie, John e meu tio Barry pararem em frente a um carro preto.

—Você precisa ir. –minha mãe sussurra baixinho, tocando meu joelho.

Me levanto obediente, e vou em direção aos outros, eles começam a retirar o caixão do carro e me posiciono ao lado do John a frente, Ollie e Barry pegam as alças atrás, e começamos a carrega-lo, até a cova, cada passo era pesado, como um velocista me locomover é algo natural como respirar, mas nesse momento me sinto caminhando em argila. Nesse momento eu sou um buraco vazio, cheio de uma dor insuportável e vácuo, uma casca sem vida. Colocamos o caixão com cuidado e olho para Diggle que caminha em minha direção e me abraça apertado, esse é o primeiro abraço do dia que retribuo de verdade, só um pai pode saber como é perder todo o seu mundo, John e Lyla entendem como me sinto.

Escutamos um pastor falar algum versículo da Bíblia e sobre o conforto que Deus daria a nossas almas. Então se iniciam os discursos e homenagens dos amigos e familiares, a avó de Sara sofria ao falar sobre a neta. Escuto sem conseguir me conectar, até o momento em que Connor e Isis se colocam a frente de todos, eles seguram a mão um do outro e olham em volta, antes de Connor começar a falar.

—Sara era como uma irmã para nós dois, e minha melhor amiga. –ele faz uma pequena pausa. –E sei que ela chamaria tudo isso de um ato de sentimentalismo desnecessário. –as pessoas sorriem com tristeza. –Sara era uma força da natureza, vivia todos os dias como uma intensidade enorme. Era apaixonada pela vida, tanto quanto era pela família e por Wally. E odeio ter que falar da minha melhor amiga no passado.

—Só o que ela gostaria nesse momento é que as pessoas que ela mais amou, fossem confortadas. –Isis continua a falar pelo irmão, e sinto Luna segurando a minha mão, tento esboçar um sorriso de gratidão mas sou incapaz disso. –Na nossa infância nós tínhamos uma tradição boba, um jogo de guerra que fazíamos sempre que nossos pais davam bobeira. –ela sorri como um anjo e me encho de imagens de minha infância. –Connor era o que nós queríamos ser, esperto, grande e forte. Sara era a mais inteligente, como se fosse a nossa consciência, e o mais importante, ela controlava o Connor. Wally era o cara mais legal de todos, o mais engraçado e nunca levava bronca de nossos pais. E eu era a pirralha que era escolhida por último. Acontece que Connor e Sara eram uma panelinha impenetrável, Wally e eu sempre perdíamos. Parte disso por que Wally era apaixonado por Sara e não sabia como lidar com o fato, então se deixava ser feito de bobo.

—Não era exatamente assim. –murmuro, e vejo Lyla expressar o menor dos sorrisos.

—Era exatamente assim! –Connor continua. –Nossa estratégia sempre foi dividir e conquistar, e por dividir, eu digo enganar o Wally.

—Mas uma vez, em um dos meus aniversários, Sara resolveu quebrar o ciclo e se tornou minha dupla.  Ela me ensinou a me defender com o que tivesse em mãos, como uma irmã mais velha faria

—Foi a primeira vez que perdi um dos jogos. –Connor completa, então abaixa a cabeça por um segundo. –Não foi por Wally, e sim por que aquela foi a primeira vez em que precisei reinventar meu jogo. –ele olha para todos os heróis presentes, todos os times, por fim para os Diggle, os pais dele e para mim. –Hoje nós vamos ter que fazer a mesma coisa, mas nada nem ninguém vai nos tirar a memória dela. Tem algo que John nos ensinou. –ele olha para o tio. –Sara partiu, mas nunca será esquecida. –todos fazem coro das palavras de Connor.

—Nunca. –Luna repete baixinho ao meu lado. –Não precisa ir lá se não quiser.

—Preciso sim. –respondo, e me viro dando um sorriso triste para ela e um beijo no rosto da minha mãe, mas algo estranho acontece quando me levanto, sinto novamente meus pés no chão, sinto Sara a meu lado. Não exatamente a meu lado, mas é como se ela estivesse presente. Balanço minha cabeça, ignorando a insanidade momentânea e ocupo o lugar onde Connor e Isis estavam.

—Não tenho o que falar, eu amei Sara desde que descobrir o que significava isso. Não tenho arrependimentos, se não o fato de não ter tido mais tempo a seu lado. -vejo M’egann acabando de surgir, literalmente falando, ele acabara de ser teletransportada para um local mais distante no cemitério, no mesmo momento em que uma garota que nunca vi antes na vida, usando um vestido preto, sai de uma limusine acompanhada da Zatana. Elas caminham juntas, conversando, em nossa direção. –Espero guardar a lembrança da mulher maravilhosa que ela foi, da filha responsável e mesmo que não tendo chegado a ser minha esposa de fato, eu agradeço por ela ter sido o amor da minha vida. Nem todo mundo tem essa sorte. –respiro fundo e sorrio antes de voltar ao meu lugar.

No fim do enterro Lyla, John e eu nos posicionamos para receber as condolências, não sei quem foi o maldito que estabeleceu esses costumes idiotas. A essa altura, já apertei a mão de todos os membros da Liga em suas identidades civis, meus amigos da delegacia, antigos amigos do colégio, todo o nosso antigo time, e muitos funcionários da ARGUS. Só me surpreendo, quando vejo Luna e Sandra caminhando em minha direção de braços dados.

—Sra. Hawke. –murmuro surpreso, recebendo um abraço carinhoso, da mãe de Connor.

—Wally, querido. –diz baixinho quando nos afastamos.

—Obrigado por ter vindo, Sara sempre admirou a senhora. –digo com sinceridade.

—Sara admirava qualquer mulher que colocasse Con na linha. –brinca com um sorriso doce.

—Não posso discordar disso. –respondo olhando para Luna.

—Connor ama vocês como a família dele, o que faz dos dois a minha família. –acaricia meu rosto. –Eu sinto muito por Sara, de verdade.

—Eu sei. –seguro sua mão.

—Quando perdi Milo, foi assim também, entendo o vazio o silencio e a dor sufocante. –ela sussurra as palavras com pesar. –Só me levantei no dia seguinte, por Connor, e todos os outros desde então. Precisa encontrar um motivo para levantar todos os dias. Pense nos seus pais, nos Diggle’s e nos Queen’s, por que sei que eles estarão pensando em você, para suportar tudo isso.

—Obrigado, Sra. Hawke. –ela beija meu rosto e se afasta, dando lugar para Luna, que segura em meus ombros me olhando nos olhos.

—Eu vou estar aqui, quando quiser falar, mas agora vou continuar aqui, sem dizer nenhuma palavra. –sorrio com carinho para minha melhor amiga, é só o que preciso nesse momento. –Eu te amo, Wally.

—Eu também. –beijo seu rosto e ela se afasta com Sandra.

—Wally? –escuto a voz de Hunt, ele estava um caco, com as roupas amarrotas os cabelos desgrenhados e os olhos com olheiras profundas e arroxeadas.  

—O que aconteceu com você? –murmuro franzindo o rosto.

—Todos aqueles vilões, fizeram um grande estrago na cidade. –suspira. –Me perdoe por não ter vindo ontem ao casamento, tentei mas...

—Eu entendo. –o interrompo sem muita energia, o dia já estava sendo longo demais, e nem passamos por toda a manhã ainda. –Seu trabalho tem dessas coisas, quem sou eu para julgar?

—Você é um bom amigo, Wally.  Nem posso imaginar como se sente agora, sinto imensamente por Sara...

—Hunt? –Connor aparece e o cumprimenta com um aperto de mão mais forte do que necessário, bom, ninguém está normal no momento. –Não te vi em nenhuma das batalhas ontem.

—Não se pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, Hawke. –sorri sem jeito. –A propósito, sei como era ligado a Sara, sinto muito por sua perda. –diz com pesar, Connor o encara por um breve momento, antes de aceitar as condolências.

—Tem mais pessoas esperando para ver o Wally, é melhor a gente ir. –Connor toca meu ombro e sai levando Hunt com ele.

M’egann e Zatana me cumprimentam com abraços breves, se afastando em seguida para cumprimentar os Diggle’s. A garota que vi mais cedo se aproxima de mim, a passos vacilantes, tento me lembrar de onde a conheço, mas nada me vem à mente no momento. Ela era branca, com cabelos negros, lisos e cumpridos, olhos castanhos puxados nas laterais, deve provavelmente ter a minha idade.

—Eu sinto muito, Sr. West. –diz com a voz tremula, parecia sentir realmente.

—Desculpe, mas não me lembro de você.

—Conheci Sara no exército. –conta, conseguindo também a atenção dos Diggle’s. –Fui cobrir uma das missões dela.

—Você é repórter? –Lyla pergunta a garota, que abre um pequeno sorriso ao escutar a voz dela.

—Sou, mas também sou filha de militares, quando meus pais não me deixaram servir, encontrei um jeito de estar presente de outra forma.

—O importante é ajudar. –Diggle sussurra, e a garota concorda.

—Exatamente. –suspira, então parece se forçar a ter foco no que estava acontecendo. –Sara foi minha amiga, ela já salvou a minha vida algumas vezes.

—Era o que ela fazia de melhor. –falo comigo mesmo, tentando ignorar o aperto em meu peito, e a presença sem sentido que estou sentindo desde o discurso no enterro.

—Me pareceu certo vir aqui prestar meu respeito.

—Como disse que é o seu nome mesmo? –Dig pergunta olhando a garota que parecia conter as lágrimas.

—Eu não disse. –responde. –Sou Linda, Linda Parker. –diz, oferecendo a mão ao John.


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Notas finais do capítulo

Hum...
Então, que os jogos comecem! Nos contem o que acharam.

Bjnhos!



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