Beatrice Baudelaire escrita por Jhiovan


Capítulo 3
Três




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"Alerta de incêndio, alerta de incêndio!", alguém gritava no dormitório feminino. Enquanto todas acordavam, as luzes se apagaram e ligaram-se luzes de emergência vermelhas e giratórias. O som das sirenes deixou todas no quarto muito agitadas e criou-se pânico. Josephine subiu em um dos beliches e gritou:

"Sem pânico! Vamos seguir as instruções que recebemos!"

As mulheres e crianças pareceram se acalmar e formaram uma fila para sair. O desespero voltou quando ao tentar abrir a porta, estava emperrada. Beatrice levantou-se muito assustada. Desceu do beliche e carregou Kit no colo.

"O que tá acontecendo?", perguntou a criança choramingando.

"Um incêndio", respondeu B. "Não se preocupe, nós vamos sair daqui."

Uma fumaça vinha da abertura na porta. As meninas começaram a tossir.

"Temos que arrombar!", gritou uma delas.

Houveram várias tentativas, porém sem muito sucesso, já que as meninas não tinham força. Uma jovem arrancou uma tábua que sustentava o colchão e bateu várias vezes na porta. Na quinta vez, ela conseguiu abri-la, num estrondo. Com a fila formada, seguiram pelo corredor. Beatrice carregando Kit entrou na fila e foram pelo corredor. Havia muita fumaça, entretanto B não podia ver de onde ela chegava. Parecia sair das aberturas de outras portas no corredor. No fim do corredor, havia uma escadaria onde todas subiram. Beatrice e Kit eram umas das últimas e a fumaça começou a deixá-las tontas. A sonolência veio em um momento inadequado. Josephine procurava por elas.

"B!", gritou. " Deite-se no chão! Tem mais oxigênio!"

Beatrice deitou-se de bruços e Kit também, ao seu lado. Foi tudo o que pôde fazer antes de suas pálpebras pesarem. Fez esforço para abrir os olhos e viu o tornozelo tatuado de uma das garotas de seu quarto, usando salto-alto. A garota apenas olhava o seu sofrimento ao tentar se manter acordada, sem fazer nada. Josephine a empurrou e se aproximou de Beatrice e Kit. As forças de B acabaram e sua visão escureceu totalmente.

Ainda com a visão turva, Beatrice escutou aplausos de uma multidão. Abriu lentamente os olhos e percebeu que estava no meio de vários jovens e crianças, homens e mulheres. Ela ainda sentia-se sonolenta e fraca. Eles olhavam para Josephine, que carregara B e a pequena Kit. A multidão estava dividida em duas fileiras e um homem adulto estava no meio e passava entre as filas. B reconheceu que ele era C.

"A maioria de vocês se saiu bem nesta simulação. Faz parte da avaliação mensal e individual. Congratulações, J. Por ter salvado suas companheiras, K e B. E B, por pegar K no colo." Ele virou-se para uma garota alta, devido ao uso de saltos. "Quanto a você, E. Não posso dizer o mesmo. Estou decepcionado. F, você também está de parabéns por ter rompido a porta e ajudado suas companheiras.", disse tocando o ombro de uma das meninas.

Assim seguia aprovando ou desaprovando as atitudes tomadas por cada um presente.

"A fumaça artificial, é um gás de efeito a curto prazo, o que aqui significa 'seus colegas dentro de pouco tempo estarão acordados'. A refeição matinal será servida em vinte minutos. Estejam todos presentes."
Beatrice apagou mais uma vez.

Ao acordar pela segunda vez, já estava voltando ao normal. O efeito do gás já havia passado totalmente. Josephine sentada a seu lado, sorriu quando a viu levantar. Era um lugar branco cheio de macas ocupadas por outras pessoas deitadas.

"Onde estamos?", perguntou Beatrice.

"Na enfermaria. Você dormiu..."

"Por causa de um gás na simulação", completou B. "Eu sei."

"Pode não ser muito agradável. Mas é assim que eles comprovam se estamos aptos a ser voluntários", disse Josephine.

"Realmente não é agradável. Onde está Kit?"

"Ela já está acordada e no refeitório. Bem, se não nos apresarmos, vamos perder o café-da-manhã." Josephine estendeu a mão e Beatrice levantou-se.

O refeitório estava lotado de voluntários e neófitos de todas as idades. As mesas eram relativamente separadas por faixa etária, entretanto não era regra. Eram mesas compridas e retangulares. As refeições nos pratos eram passadas de um por um até o último da mesa. Na parede central havia um grande relógio com um olho desenhado. Beatrice e Josephine encontraram duas cadeiras vazias, com dois pratos cheios de salada de fruta e lá sentaram. As crianças que já estavam sentadas, eram aproximadamente da idade de B, o que a deixou um pouco mais à vontade.

"Parabéns por hoje, J.", disse um garoto de cabelos longos do outro lado da mesa.

"Só fiz o meu dever, M."

"B, você também fez muito bem em ajudar minha irmãzinha, K.", disse um rapaz alto a seu lado com apenas uma sobrancelha, no lugar de duas. "Sou J."

"Prazer conhecê-lo, J. Sua irmã é adorável.", Beatrice respondeu.

"Prazer em conhecê-la, novata. Seu laço na cabeça é muito in. Vou começar a usar um desses.", falou uma menina que Beatrice reconheceu.

B tentou sorrir. Deixou cair seu garfo propositalmente e ao abaixar-se, olhou para os pés daquela menina. Viu que usava o mesmo salto da pessoa que havia lhe observado na simulação de incêndio.

"Como você se chama?" ela perguntou tentando disfarçar.

A menina sorriu como se esperasse por essa pergunta.
"Sou Esmé Gigi Geno..."

"E! O que dissemos a respeito de nomes?", falou J, o garoto.
Ela revirou os olhos e suspirou, irritada.

"Eu sei, eu sei. Mas essas abreviaturas são todas iguais!", resmungou ela.

A torrada com geléia chegou na mesa e foi-se passando pela mesa. Beatrice recebeu a sua, que estava enrolado em um guardanapo. Ao levá-lo a boca, percebeu que caiu um papel no chão. Ela pegou-o. Na frente estava escrito "Leia em silêncio". Abriu-o e leu por baixo da mesa.

"Para Beatrice,
Foi corajosa e nobre salvando Kit. Quero agradecê-la pessoalmente. Após o Curso de Simbolismos e Códigos, esperarei na Biblioteca.
Respeitosamente,
L. S.
Nota: rasgue este bilhete após lê-lo."

A menina não soube como reagir. Havia alguém naquele refeitório que lhe escrevera esse bilhete e ela não saberia quem. Nenhuma das pessoas havia se apresentado como "L. S." Rasgou o bilhete e pôs na tigela de salada de frutas. Seu coração palpitou mais rapidamente e olhou em volta as pessoas do refeitório. Ela teria que guardar sua ansiedade por descobrir seu paradeiro até a hora do encontro.


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