Prometidos escrita por Marcos Martinz


Capítulo 2
Desencantos


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores do meu core verde.
Eu não demorei muito a fazer porque vocês me surpreenderam quanto aos comentarios da fic ( tá legal, não foram muitos, MAS GENTE VOCÊS SÃO UNS AMORES)
Á você leitor fantasma, que está entre as 355 visualizações... Vamos aparecer? Juro não te morder.
Espero que gostem do capítulo, não tive tempo de revisar, mas tomara que surpreenda vocês.

Boa leitura,
Tio Zeleno.



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Normalmente Dominic não gostava de banquetes. Depois da pompa infindável e enternecedora de cérebro que era o ato de sentar-se com senhores e senhoras, dos reais bem nascidos, dos escudeiros e conselheiros. A família real finalmente se sentava atrás da Mesa do Rei, que não era um pedaço comum de pedra. As extremidades da grossa mesa de obsidiana faziam curvas nas pontas, com pontas afiadas de navalha que eram a causa de mais do que alguns braços feridos. O rei Skandar, sentava-se em uma elevada plataforma, próxima ao meio da mesa, sua coroa descansando ao lado do enorme cálice. Seu bigode moreno já estava manchado de vinho de cereja, dando-lhe aparência de um insano canibal. Dominic sentava-se á sua esquerda, e a soberba Julieta á sua direita, parecendo iluminada, como sempre, num vestido justo da cor de um céu de baunilha. Seus olhos azuis e brilhantes radiavam do seu rosto esbelto e como todos ali já sabiam; venenoso, encantando o coração de todo homem de Starshine. Nenhum nobre passava por ela sem se encantar por sua presença etérea – A não ser Logan, o príncipe desencanado que mal prestou atenção na mulher, e sim em como eles estavam gastando horrores num banquete daqueles. Logan estava na mesma mesa da família, mas um tanto afastado de Julieta “ Afastado o suficiente “ Era o que ele pensava. O príncipe de olhos azuis e cintilantes não havia ido com a cara da futura esposa, mesmo que alguns dessem o sangue para estar em seu lugar, ele mesmo não estava disposto a não dar nem um real por aquela ocasião.

Dominic e Logan não chegaram atrasados, pelo contrário, infelizmente chegaram tão cedo que fora tempo suficiente para ambos perderem a paciência; Dominic ficou ouvindo Julieta falar de seu vestido e acessórios, e Logan escutava relaxadamente os conselhos de seu criado magrelo Thom, que falava sem parar a respeito do casório.

“ A Julieta de fato é uma cobra “ Dominic pensou, um pouco malicioso; quando olhou para o Principe Logan sentado logo á frente, bebendo um delicioso licor “ Mas é uma cobra muito sortuda “ No caso não era inveja, Dominic jamais conseguiu compreender porque ela sempre teve tudo, e ele não obtivera nada. Então, o Rei recostou-se em sua poltrona e soltou um sonoro arroto; retirando o jovem príncipe de seus pensamentos;

“ Mais vinho! “ Ordenou Skandar, impaciente. Lucia estava adorável ao lado de seu rei, aparentando pureza e graça com seu sorriso maternal, a mulher não ousou dar um leve pisão de pé disfarçado no rei mal educado.

“ Ou você se comporta, ou irá dormir com as paredes de novo “ A rainha de cabelos loiros em trança disse rispidamente, sem retirar o seu sorriso; causando a impressão de estar apenas num dialogo saudável com seu esposo “ E chega de vinho, agora quem bebe isto sou eu “ Tomou a taça da mão dele e logo deu um gole assustador. Príncipe Dominic viu a cena e não ousou soltar um sorriso, já Julieta parecia um cão impaciente olhando para Logan.

As horas se passavam lentamente até a hora da tal cerimônia, horas os suficientes para os dois príncipes trocarem olhares suspeitos. Dominic jamais havia sentido vontade de olhar para alguém dessa maneira, ainda mais para seu futuro cunhado ( O príncipe se envergonhava quando olhava para Logan e por acaso ele já estava lhe olhando ). A multidão tornava-se cada vez mais embriagada pela bebida, e as luzes lentamente diminuíam, gargalhadas felizes e o cheiro delicioso de tortas abraçavam como amantes aqueles sentados, aproveitando o banquete. Dominic estava entediado, assim como a própria noiva da noite ( que estava fulminando ódio ao perceber que Logan não havia a chamado para uma dança ainda). Seu prato chegou á mesa, havia uma fatia ainda soltando fumaça de pão de frutas vermelhas repousando num delicado prato fino. Ele piscou chocado. Não tinha notado o prato extra sendo colocado em sua frente, e isso era alarmante por si só. Rabiscado em adoráveis letras cursivas, alguém tinha escrito “Coma-me” com geleia de framboesa na lateral do prato. Intrigado, ele olhou ao redor, mas não havia ninguém agindo de modo suspeito, a não ser Logan ; que o fitava com seu olhar encantado, lhe agraciando um sorriso canteiro. Dominic não corou com o olhar do homem, mas relutou para duas maçãs não aparecerem em suas bochechas. Ele voltou o olhar para a mensagem em seu prato;

“Coma-me? “ Riu um pouco, isto lembrava o conto que ele tanto lia na sua biblioteca repleta de fantasias – Alice no País das maravilhas, uma de suas histórias preferidas. Dominic rapidamente esfregou a mensagem com sua colher de prata. Cada respiração sua cheia de curiosidade, ele levantou o garfo e espetou no pão. Ouviu o clique do metal na louça, e encontrou um minúsculo frasco de vidro, menor que um carretel de costura. Com delicadeza, ele pegou o frasco e deu uma leve olhada para Logan, que assistia tal cena com um sorriso meigo. Manteve as mãos baixas sobre o prato. A rolha saiu facilmente e um pedacinho de papel escorreu para seus dedos ansiosos. Ele olhou para Logan mais uma vez.

A festa continuava a se intensificar. Como sempre, ninguém se importava com o estranho filho de cabelos negros do Rei. Uma onda de curiosidade o tomava enquanto desenrolava o papel. Um bilhete, escrito numa caligrafia encantadora, agraciavam o pedaço do pergaminho: “ Me encontre nas Macieiras. – L “ Não precisou dar um de detetive para saber a quem pertencia o tal “L” á Logan é claro, o mesmo que sorria para o príncipe sem parar. Logan sem rodeios levantou após dar um aceno de cabeça discreto para Dominic, retirando-se da enorme mesa e deixando seu criado falar sozinho. Dominic fez o mesmo; Enrolou o pergaminho e disfarçadamente o colocou no bolso de seu traje formal, deixando seu pão cheiroso ainda repousando sobre a porcelana. Levantou-se e seguiu até a saída, após Logan já ter sumido pela mesma. Se Julieta havia percebido? É claro que sim, mas ela estava muito atarefada se gabando para outras princesas de outros reinos inferiores.

Lucia viu tudo por cima de seu trono enfeitado, a mulher de pele pálida e olhar bondoso respirou fundo “ Que tenhas juízo, Dominic “ Pensou, olhando para sua taça e abrindo um sorrisinho ao lembrar do jeito do filho “ E que sempre saibas que amo você do jeitinho que és “ Por fim terminou seus pensamentos, levantando-se e tomando o tempo de Julieta; conversando sobre algumas coisas antes da cerimônia.

As macieiras de Starshine eram incríveis, nunca em todas as terras encantadas houve maçãs tão preciosas e vermelhas; parecendo enfeites natalinos com o verde das árvores. As macieiras ficavam um tanto quanto afastadas do salão, nos jardins, onde raramente algum nobre passava com sua dama para lhe mostrar os frutos.

Logan estava ali, de costas analisando o fruto tão vermelho e suculento por vista, mas logo a sua atenção no fruto se rompeu ao ouvir os passos de Dominic;

“ Como fez aquilo? “ O príncipe de Starshine abriu os braços num ato de curiosidade, um olhar ansioso e fixo nos olhos azuis dele; como se o estivesse estudando – Calmo, sereno e muito invasivo, oh sim, Logan conseguia mexer com o psicológico do garoto.

“ Aquilo o que? “ Perguntou sinicamente e abrindo um sorriso galanteador até a orelha. Deu alguns passos a mais na direção de Dominic, calmamente “ É apenas um de meus truques, e olha que hoje te mostrei dois de meus dons; colocar bilhetes em comida e salvar indefesos de galhos velhos “ Sorriu, parando frente a frente com o príncipe mais novo, e admirando a cor de seus cabelos de ébano. Dominic apenas deu um riso baixo, um tanto que envergonhado.

“ Estava tudo sob controle, ok? “ Brincou, dando um pequeno soco no ombro de Logan “ Obrigado por me tirar de lá, eu estava totalmente entediado... “ Suspirou um tanto quanto agradecido, afinal, ouvir as conversas de Julieta a respeito de vestidos e sapatos não era muito lá agradável aos ouvidos do jovem monarca. Em seus livros criados, todas as vilãs se chamavam Julieta, e jamais se conformou em na vida real ela ser uma princesa. “ Minha irmã, quer dizer, sua futura esposa “ Deu uma leve tossida em sua correção “ Não é muito lá das melhores em papear” Por fim, acrescentou. O homem de olhos azuis claros não hesitou um olhar de concordância, caminhando junto a Dominic até uma macieira e arrancando o fruto; fazendo um grunhido com o galho.

“ Eu estava quase dando isto pra ela “ Logan se divertiu ao ver a reação de Dominic com sua piada “ O que foi? Não posso dar maçãs a damas que não sabem vestir-se direito?... Se tem uma cor que não é de Julieta, esta cor se chama Rosa “ Ergueu a sobrancelha e jogou a maçã num ato rápido para Dominic pegar, o mesmo o fez com rapidez.

“ A maçã da Branca de Neve “ O príncipe mais novo disse, maravilhado com a fruta e dando um toque de realismo no conto lido “ É um dos meus contos preferidos, acho que não o apodreceria dando a maçã para Julieta “ Admitiu, mordiscando a maçã e sonorizando crocância e depois lançando um olhar mais curioso para Logan “ Afinal, porque me chamou aqui fora?” Cruzou os braços, sem soltar a maçã de seus dedos delicados. Logan não tirava aquele maldito e encantador sorriso do rosto dele, como se estivesse enfeitiçando Dominic cada vez mais. Logan pousou a mão nas bochechas de Dominic. Ele se sentiu tão próximo dele; sua presença física era devastadora. Sentiu um calor subindo em seu rosto, o cabelo tão macio dele casualmente caindo em sua testa. Sem pensar, pressionou seus lábios contra os dele. Luzes brancas explodiram dentro das pálpebras de Dominic e ele abriu a boca suavemente sob a de Logan. Seus lábios se mantiveram parados enquanto o sedutor de olhos claros puxou Dominic para trás, surpreso, com suas mãos no ombro do príncipe.

“ Eu tenho que dizer que eu nunca senti algo assim, eu ... “ Logan terminaria, se uma voz feminina e familiar não tivesse soltado a pior melodia de todas no ar. Julieta, a filha do Rei apareceu um tanto quanto impaciente; seu vestido estava enrolado em um de seus braços, por culpa de sua extensão.

“ Vejo que os dois cunhados já estão se dando muito bem “ A princesa venenosa sorriu diabolicamente para Dominic, e depois lançou um olhar fervente para Logan “ Creio eu que meu príncipe não está interessado em minha mão “ Cruzou os braços, num tom venenoso.

Os dois príncipes se entreolharam, como quem diz “Será que ela viu?” Mas então, Dominic se pôs a falar sem rodeios;

“A quanto tempo está ai?” Perguntou o jovem príncipe, num tom falsamente despreocupado e retirando as mãos do rapaz de seus ombros; mesmo que ele quisesse aquilo e muito mais. A princesa de cachos negros fez um olhar curioso, aproximando-se dos rapazes com certa astúcia no andar.

“Acabei de chegar, por quê?” Ela disse num tom convincente, dando um leve alivio nos dois príncipes que sorriram um para o outro “ Perdi alguma coisa?” Terminou por fim com um olhar estranho, tentando estudar os dois. Eles logo deram uma tossida básica e se afastaram.

“É claro que não minha amada, me desculpe não ter lhe dado à devida atenção. Estava pedindo para que Dominic me mostrasse as macieiras, como um futuro rei quero estar á parte de tudo que ocorre neste encantador reino” O tom de atuação de Logan era mesmo assustador, tanto que até Dominic quase acreditou na própria mentira do príncipe. Ele se ajoelhou e pegou a mão singela e gélida da dama “Me concede a honra de uma dança? ” Julieta nada disse, apenas assentiu um sim com a cabeça e o puxou para dentro; antes de ir ele olhou para trás, como quem quis dizer “ Isto não terminou”.

Dominic ficou estático, deixou a maçã mordiscada cair na grama e depois tocou seu lábio, lembrando-se do beijo e querendo reviver aquele momento para sempre.

“Eu vi, com meus próprios olhos pai! “ Julieta berrava a todos ouvidos na torre de reuniões do palácio de Starshine. Skandar não estava bêbado, e sim impaciente com o assunto da garota; mesmo que aquilo o tivesse chocado, o Rei necessitava repousar e recarregar as energias. A camisola da princesa escorria no chão com seus andares fulminantes e seus olhares irritados. O Rei fez um olhar de repreensão para sua filha, mas ainda assim, delicadamente (Não queria magoar sua doce menininha).

“Julieta, esta acusação é muito grave! Sei que Dominic tem lá os seus trejeitos, mas o ver beijando seu futuro marido?” O rei cruzou os braços, sentado numa poltrona vermelha e aconchegante “ Não chego a crer que é verdade “ As palavras do homem soavam feito bombardeios para os ouvidos de Julieta, que o olhou de maneira audaciosa e com um tom de perigo na voz.

“EU VI!” Gritou o mais alto que pôde, fervendo em nervos e praticamente se descabelando. “ OU VOCÊ DÁ UM JEITO NESSE SEU VIADINHO, OU EU MESMA DAREI PAI! LARGUE DE SER FROUXO! “ Se inclinou e disse apontando o dedo na cara do pai, que não pareceu nada satisfeito com a atitude da filha “ E SEJA HOMEM UMA VEZ NA VIDA. EU NÃO IREI PERDER MEU FUTURO MARIDO PARA DOMINIC “ Continuou com seu dedo apontado e com seus olhos soltando faíscas. O engraçado era que Skandar não tinha coragem para com a filha; no reino era temido por todos, mas virava um sabiá nas mãos de Julieta.

“Julieta, não adianta dar escândalo, não posso fazer nada em relação a isto. E mesmo se for verdade, que provas poderemos ter? Precisamos de algo concreto. Cresça, você não é mais uma criança. Agora me dê licença “ O rei se apoiou nas laterais da poltrona e ergueu-se em direção a saída da sala “ Irei repousar”. A princesa congelou seus olhos nas costas de seu querido pai, sussurrando para ela mesma e para o homem escutar.

“Darei um jeito nisso, com ou sem sua permissão” A princesa estava fria agora, e seu tom bipolar lhe dava indícios disso; parecia calma e psicopata “ Irei falar com a pessoa certa, ou melhor, a criatura certa... “

“Julieta, não podes fazer isto!” Agora o homem ergueu sua voz e direcionou seus olhos repreensivos para a filha, de modo que não conseguiu fazê-la rebaixar-se. Skandar se aproximou em passos curtos, mas significantes “Não ouse ir onde estou pensando que quer ir mocinha, não é atoa que precisamos de centenas de soldados para prendê-la naquela cachoeira. Não seja idiota o suficiente para cometer tal ato, apenas por um gesto egoísta” Bufou para a filha e depois sem ouvir uma resposta, saiu rapidamente arrastando sua capa felpuda e num ato bruto; bateu a porta (o que causou uma sacudida nos quadros do ambiente).

Julieta continuou com o mesmo olhar atrevido, e após ouvir a batida da porta abriu um largo sorriso psicopata. “Levou uma das mãos aos cabelos e os balançou “Ah papai” Suspirou, sussurrando para si mesma “Se você soubesse que atos assim me motivam cada vez mais...“ E assim ela saiu dali, descendo as enormes escadarias.

A carruagem mais bela com detalhes em corações fora escolhida, era tão radiante que de longe poderia ser confundida com uma estrela prateada. Dentro dela estava a improvável Julieta, com um olhar ansioso e impaciente como sempre; a madrugada ia chegando, mas a Lua e suas fieis aliadas estrelas iam afastando-se devagar, pareciam prever o que estava para ocorrer. As colinas foram trilhadas pela carruagem, até onde não podiam ir mais. O cocheiro parou e desceu, com um olhar espantado.

“Princesa, podemos ir apenas até aqui!” Trêmulo exclamou, abrindo a porta para a majestade encapuzada sair – suas mãos tremiam tão rápido, que mal dava para vê-las. A área era isolada com “Afaste-se” e alguns outros avisos parecidos. Julieta dispensou a mão do cavalheiro e desceu com seu capuz rosado na madrugada, a noite parecia ter escondido seu olhar pálido e sombrio.

“Somente você é quem pode vir até aqui! Lembre-se, caso meu pai saiba de alguma coisa que aconteceu a respeito de hoje; sua família sentirá o poder do meu exercito “ Disse diretamente, como quem conversa calmamente “ Eu fui clara, ou quer uma prévia?” Ergueu uma sobrancelha, mas o homem negou mil vezes com a cabeça, parecendo uma folha balançada aos ventos de tanto estremecer-se “ Acho bom. Espere-me aqui fora. Não me demoro“ Certificou-se de que seu rosto estava bem coberto e seguiu caminhada até o topo da montanha – o que não demorou muito. A montanha era recheada de pinheiros tortos, alguns de colorações diferentes; mas todos exóticos. Julieta seguiu andando até encontrar uma enorme cascata, envolvida por cercados que foram facilmente arrebentados com seus tamancos afiados “Quem disse que uma princesa não sabe se virar?” Sorriu para si mesma, vestindo novamente o luxuoso calçado e retomando a caminhada até a beira da enorme cachoeira.

A Lua não estava nos céus naquela madrugada recheada de trevas. As águas escuras da cascata chocavam-se numa sinfonia natural, mas ainda assim assustadora aos ouvidos. Rochas brilhantes tentavam dar um ar de luminosidade ao local, mas não era o suficiente.

“Não está claro aqui, porque está faltando apenas uma coisa” Abaixou seu capuz e retirou o seu colar de esmeraldas. Não pôde deixar de hesitar um olhar egoísta, mas ainda assim o lançou para com seu colar e em seguida o jogou nas águas perversas da Cachoeira Proibida. A joia fez um estrondo ao chocar-se com as águas e afundou sem pestanejar, deixando um leve mistério no ar “Apareça sereia!” Julieta ordenou em seu tom mais alto, olhando para as cascatas e depois para todas as águas escuras “ Eu ordeno que você apareça, em nome da família real de Starshine, a família cuja lhe aprisionou nesta cachoeira repleta de trevas e escuridão. Acorde de seu sono e saia das águas, linda sereia “ Proferiu, como se fossem palavras mágicas; e na verdade eram, estava evocando algo perigoso... Algo que todos em Starshine temem; A sereia.

As nuvens negras do céu romperam-se como inimigas e do meio delas surgira a mais brilhante e iluminada lua, suas acompanhantes estrelas lhe embelezaram feito joias; fazendo com que seu reflexo caísse diretamente nas águas escuras do ambiente. O branco do luar iluminou a queda d’água, e as pedras brilhantes reluziam feito diamantes brutos. A sinfonia da corredeira misturou-se com um leve canto que começara a surgir feito um sopro dos ventos, uma melodia tão bem cantada que parecia tocar a alma de seus ouvintes. Uma harmonia que fazia os sonhos bailarem junto ás fantasias mais desejadas pelos humanos, e este era tal perigo. Junto com o canto enfeitiçado, o reflexo da água borbulhou-se e em pequenos meados, um corpo esbelto e bem desenhado ia erguendo-se; Uma cintura fina e escultural, seios fartos e perfeitamente redondos, cabelos ruivos pareciam bailar junto á sinfonia nos ventos, os olhos azuis penetrantes lembravam o balanço dos oceanos e a adocicada voz... Oh, aquela causava a perdição dos homens. A criatura tomou sua forma por fim, sentando-se numa pedra cintilante, expondo e batendo sua calda cor de brilhantes á luz da lua; como se estivesse banhando-se em sonhos. Por último, uma coroa de perolas lhe desenhou ainda mais os fios ruivos, e seu olhar iluminado pareceu persuasivo para com Julieta.

“ Selene “ Julieta disse, um pouco incrédula. Os encantos da sereia não faziam efeito em sua pessoa, pois era uma mulher, se fosse um homem em seu lugar; teria tornado-se uma presa dos desejos da sereia maldita. Selene a olhou com estranheza, fitando-a cima á baixo e esgueirando um sorriso sereno.

“Não negocio com mulheres“ Sem mais delongas proferiu, acariciando seus macios cabelos á luz da Lua, sentindo todo o poder do universo banhar seu corpo. Julieta pareceu nervosa ao ver que após tudo, tal entidade havia dito tal asneira; mas então pensou- não valeria a pena brigar com a sereia, precisava ser mais esperta. A princesa deu um passo à frente e tirou seu tamanco, colocando os seus pés delicados agora na água cristalina; Selene sentiu sua entrada e fechou o rosto.

“ Não pise em minhas águas, filha de Skandar. Já disse, não negocio com mulheres “ Disse por fim, serenando a voz.

“Pois bem, nem se eu puder pagar muito?” A princesa ergueu uma sobrancelha em esperteza, o que chamou a atenção de tal sereia; Selene olhou mais profundamente para Julieta.

“Pagar em que? “ Abriu um sorriso, saltando sob as águas cristalinas e exibindo sua calda mergulhar no reflexo da lua. Balançou suas madeixas ruivas por debaixo do rio, e em seguida ficou com apenas os seios e o rosto para fora d’água, a fim de continuar o dialogo com a princesa petulante.

“Nas joias mais caras que quiser” Tomou um tom de certeza em sua voz, como se sua proposta fosse enfim convencer a sereia tão exigente, mas o que recebeu em troca fora apenas uma gargalhada histérica; mais similar á um deboche. Julieta não entendeu, porque diabos ela estaria zombando?. Selene ficou um tempo em silêncio após recuperar-se do riso ( Que, pelo jeito, teve graça apenas para ela) Mas, proclamou a falar;

“Vocês humanos, acham que o ouro paga tudo, não é?” Mostrou seu sorriso novamente, os lábios desenhados tomavam contraste; pareciam estar maquiados “ Pois bem princesa, estão errados. Este colar de esmeraldas dado por você, é apenas uma entrada... Eu quero algo mais “ Fez uma pausa, como quem estivesse pensando “ Rejuvenescedor” Terminou, lançando seu olhar sobre o olhar espantado de Julieta. A princesa não estava entendendo mais nada, pensou em ser a pessoa mais exigente do mundo... Até conhecer tal entidade pessoalmente.

“ Então diga, qual seu preço? “ Enfiou as mãos dentro do decote, retirando alguns anéis e moedas “ Eu pago qualquer coisa! “ Exclamou, meio que em desespero. Selene estava se deliciando com a menina esfarrapada á sua frente, tentando de qualquer modo agrada-la, assim como os homens faziam.

“ Meu bem, eu sei bem o que quero “ A ruiva disse por fim, tomando a atenção de Julieta por completo. A sinfonia da floresta se alarmava a cada instante, até mesmo quando Selene proferiu seu pedido “ A alma mais pura que conhecer “ Por fim, acrescentou mordendo os lábios.

“ Eu sei onde pode encontrar “ A alteza espiou bem os olhos claros da sereia, e percebeu que ela estava realmente falando sério. Puxou ar e tomou a palavra “ Estou disposta a pagar”.


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Notas finais do capítulo

Gente, aceito ideias e tudo mais; portanto, amodoro comentários u-u
Espero que tenham gostado,
xoxo.



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