Prometidos escrita por Marcos Martinz


Capítulo 1
Armadilhas do Amor




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Era uma vez o mais belo de todos os reinos. Um lugar encantado, habitado por animais lendários e povos da floresta, com montanhas flutuantes, nuvens que choviam cachoeiras e rios de água infinita.

Essa terra de maravilhas era domínio das majestades curiosas: Skandar e Lucia, dois governantes cheios de expectativas e ótimas ideias para tocar o reino pra frente.

Os dois reis eram abençoados por dois filhos, Julieta, uma princesa cuja os cabelos se delineavam perfeitamente ao rosto, bochechas avermelhadas e olhos azuis penetrantes. Sua estatura alta demonstrava sua força de vontade para governar, mas o que Julieta tinha de bela, tinha de insuportável. E não se esquecendo do príncipe Dominic; Um curioso que amava os livros. Sozinho em sua grandiosa biblioteca particular, o jovem monarca encontrava aconchego e passava as tardes, deixando-se levar pelas histórias de mundos e épocas distantes. Entre uma leitura e outra, inventava suas próprias aventuras e escrevia sonetos que eram pequenas obras-primas.

E quanto mais o tempo passava, mais Skandar apressava seus filhos com a ideia de que em breve eles governariam o reino, pois o tempo não esperava por ali. Julieta como sempre, seguia todos os regulamentos dados pelos seus pais, exibindo seu egocêntrico sorriso para o irmão um ano mais novo, Dominic.

– Sabe Dominic, é uma pena eu ter de governar primeiro. Acho que você ficando muito tempo nesta biblioteca empoeirada, deve ter absorvido muita coisa... Inclusive, a poeira desses – Julieta zombou, pegando um livro em mãos – Livros? – Sua relação com o irmão mais novo nunca fora das melhores, pois sempre que conseguia, ia até o homem para lhe afrontar.

Dominic respirou fundo, levantando de sua poltrona avermelhada e posicionando seu livro sob uma mesinha de canto – O que você quer? – Cruzou os braços. Os cabelos negros do garoto davam um contraste em seu rosto pálido e bem desenhado, sempre que a luz do sol encontrava com seu rosto um impacto era dado em seus olhos, e fora exatamente o que aconteceu quando Julieta abriu uma das empoeiradas cortinas – Ah, fecha essa porcaria! – Exclamou, não acostumado com a claridade da luz do dia. Sua babá quando criança, o chamava de Drácula por justa causa.

A princesa parou em frente a enorme janela com uma bela vista, olhou para a paisagem de cascatas, deixando em seu olhar vestígios; maliciosa – Sabe, eu ouvir papai dizer sobre você... – Tomou rumo para frente do príncipe, tirando uma sujeira de sua blusa estrelada ( Ou seria um pijama?) – Ele disse sobre você não agir feito um homem, feito um verdadeiro príncipe.

Julieta tinha o belo dom de afrontar as pessoas á sua volta, mas nada nunca acontecia com ela; a danada sabia dosar beleza com manipulação, e essa combinação soava imbatível. Dominic não sabia por que ainda ligava para tais insinuações de provocação, portanto apenas pegou o pulso da garota em reflexo;

– Se você veio até aqui para tentar aumentar minha briga com o papai está muito enganada. Não irei ficar num campo de batalha, não irei dar meu sangue numa luta apenas para satisfazer a vontade dele – O príncipe se irritou, soltando o braço da irmã e indo em direção a saída, abrindo a porta e franzindo o rosto – Saia, agora.

Era o que a cobra queria, envenenar a sua presa.

– Exatamente por isto Dominic, exatamente por este detalhe que você não passa de um frangalho. O príncipe que fica enfurnado o dia inteiro nesse mausoléu enquanto rapazes da nobreza prestam mais utilidade ao rei do que você – A audaciosa princesa não retirava seu belo e venenoso sorriso que lhe esboçava a face – E a propósito, tire essa blusa de estrelinhas, você não tem mais sete anos – Passou pelo irmão e saiu como uma cobra age depois de atacar sua presa.

Em nervosismo Dominic bateu a porta em violência, o que acabou soando feito música aos ouvidos da princesa. Ele se abaixou e sentou encostando suas costas na enorme porta de madeira. Claro, suas lembranças com seu pai nunca foram as das melhores, o rei sempre desprezou seu filho por ele sempre ser... Ele. Lucia a rainha agia como sua protetora, apoiando Dominic em leituras e em descobrir seus próprios reinos imaginários, brincadeiras que só elee a mãe desvendavam juntos e por este motivo Skandar culpava a esposa por ter amolecido seu príncipe, o tornado sensível e sonhador. Ao ver do rei, a espada valia mais do que um sonho idiota de desvendar reinos ou encontrar a Terra do Nunca.

– Basta Lucia, não irei tolerar mais as atitudes de Dominic quanto ás suas tarefas – Skandar estava em seu enorme quarto de casal. Candelabros banhados a ouro puro decoravam as paredes com quadros significativos para a arte mundial. O chão forrado por um tapete persa – Isso é tudo culpa sua, se tivesse me deixado interferir na criação do garoto, ele seria mais homem.

A rainha era totalmente o inverso do rei, sempre cautelosa e paciente, dedicada e focada em seus objetivos. Sem via das dúvidas, Lucia era uma graciosa governante, doce e delicada na medida certa. Folheava o livro que Dominic lhe dera mais cedo, o príncipe sempre escrevia contos para sua mãe ler antes de adormecer. Um lençol cor de rosa afofava suas pernas enquanto o homem balburdiava palavras aos ventos.

– Skandar, controle-se – Ordenou, soltando um estrondo ao fechar o livro por impulso – Ele é seu filho também. Não vejo nada de errado com Dominic, o que queria que eu fizesse? – Exclamou, levantando-se da cama e exibindo seu enorme roupão felpudo e cor de creme. Os cabelos loiros da rainha estavam soltos e relaxavam sob seus ombros – Ainda acho que a culpa disto tudo não é minha, nem sua, nem de ninguém. Não existe culpado nessa história, existem os que só veem os defeitos e você Skandar, só vê defeitos em seu filho. Eu estou farta dessa situação, acho melhor você começar a ver de imediato a pessoa maravilhosa que Dominic é, porque quando for perceber pode ser tarde demais.

Lucia havia se enfezado com tal situação complicada.

– Espero que possa reclamar e culpar as paredes agora majestade- Exclamou e abriu a porta, saindo para os corredores do palácio.

A noite de Skandar não foi fácil sem sua esposa ali por perto, ele sabia exatamente onde ela estava; com seu filho. No fundo o que o rei sentia era inveja de Dominic ser diferente e acabar encantando a todos de maneira doce, ao contrário Skandar não tinha tendência a ser açucarado.

O dia raiou trazendo a primavera era incrível o bailar das fadas sob os girassóis dos campos de Lucia. As cascatas eram abençoadas pela quente e aconchegante luz do sol, enquanto todos no palácio sussurravam ansiedades de um lado para o outro. Dominic naquela manhã de primavera resolveu sair de sua biblioteca para ver os girassóis de sua amada mãe, e claro, ter de prestar respeito ao rei ( Tarefa que ele conseguira fugir).

O uniforme real era engraçado, as criadas eram obrigadas a usar uma trança lateral e vestir um vestido de seda no qual o desenho de uma coroa delineava o centro. E era exatamente assim que se encontrava Martinha, a criada responsável por Dominic

– Alteza, que bom vê-lo aqui por fora – A criada jovial sorria, apressando os passos para acompanha-lo em sua caminhada pelo extenso corredor.

– Ah, bom-dia Martinha. Desculpe-me não ter saído antes, eu estava trabalhando em uma história.

Martinha era uma criada adorável, com uma inocência no olhar. A jovem não sabia escrever e nem ler, mas por muitas vezes queria entender as historias do príncipe.

– Mais uma história? Que incrível, adoraria saber ler para poder discutir a respeito com o senhor – Mostrou um desapontamento no olhar.

Dominic parou de andar, parando e segurando as mãos gordinhas da criada. Ele ergueu uma sobrancelha e deixou seus olhos castanhos iluminarem-se em curiosidade

– Martinha, porque não havia me dito antes? Eu pensei que você sabia ler. Tanto que te mostrei uma história semana passada e você disse ter gostado – Retomou caminhada, colocando as mãos no bolso e sorrindo.

– Ora essa alteza, eu tinha é vergonha de dizer pro senhor que eu não sabia ler...

– Pois então eu lhe ensino.

O óbvio era ilustrado no rosto da criadinha que quase faltou agarrar o príncipe de alegria. Era mais uma prova de que Dominic tinha um coração de ouro. No meio do corredor uma figura de traje rosado mostrou-se sorrindo, ah aquele sorriso denunciava perigo; Julieta.

– Olha só, a múmia saiu da tumba? – Brincou audaciosa, parando na frente dos dois – Martinha espero que não esteja infernizando o príncipe com suas burrices...

– Ela não está me infernizando, você é quem está – Dominic ergueu a voz.

– Alteza, ela está certa... Irei me retirar, com licença.

Nenhum criado conseguia olhar diretamente para os olhos claros de Julieta sem temer o pior. Martinha era exemplo disto, ela saiu dali com o rosto cabisbaixo e quando virou o corredor pôde respirar em alivio.

– Porque você faz isso? Qual é o seu problema Julieta?

– Não venha querer dizer que a problemática sou eu, quem é um desgosto para a família real é você. Eu não vou parar de dizer a verdade, Dominic – Pigarreou, erguendo sua postura como uma verdadeira governante. Julieta não deixou começar a falar para logo prosear sua vitória – Sabe este vestido irmão? Vou usá-lo hoje no jantar com o príncipe Logan.

– Príncipe Logan? Espera, é o príncipe daquele reino que eu não sei pronunciar o nome? – Perguntou, olhando para o extenso e bem desenhado vestido “ Merda, ela fica linda em qualquer traje” Pensou em nervosismo – Como assim?

Sihir – Acrescentou a princesa, rolando os olhos - Você ficar naquele mausoléu tem os seus contras não é? Pelo jeito não sabe das ultimas novidades – Jogou seus cabelos negros para o lado de maneira sedutora, - Como estamos perto da coroação e eu serei a próxima rainha, já que você não passa de um paspalho. Papai encontrou um perfeito futuro rei para governar ao meu lado, perfeito futuro rei e lindo, é claro – Sorriu e deu uma piscadinha provocadora – Infelizmente você está convidado, é algo apenas para a realeza e mesmo que não pareça, sua pessoinha insignificante faz parte da família.

Dominic mais uma vez não disse nada, não queria causar encrenca com sua irmã. Afinal, do que isto adiantaria?

– Fico feliz por você Julieta. – Prestou sua homenagem, desviando da irmã e prosseguindo caminhada.

A princesa intrometeu-se no caminho do garoto, dando-lhe um leve empurrão.

– Eu sei que você está infeliz, sua vontade era estar em meu lugar agora. Não é? – Mexeu o quadril e deu uma leve risadinha – Dominic.. Dominic... Você não me engana, vejo você no jantar... Claro, se não acabar morrendo de inveja antes, irmãozinho – Ela saiu sorrindo e jogando seus cabelos negros para todos os lados como se estivesse seduzindo a todos.

O peito do príncipe pareceu congelar com tais palavras da irmã mais velha. O que seria uma primavera recheada de inspiração agora estava mais para um inverno congelante em seu interior. Será que ele era realmente um desgosto para a sua família? Seus pensamentos pairavam sob diversas possibilidades enquanto seu ser olhava os quadros das famílias reais ao longo dos tempos. Seu avô determinava postura e respeito na moldura enquadrada em prata, seu pai um príncipe sorridente, mas com uma espada nas mãos, Dominic pensava sem parar que jamais seria igual a eles, jamais seria um verdadeiro e bom rei.

Os campos de girassóis cintilavam junto com o calor do sol, e no meio de tantas flores belas estava a mais bela; Lucia, a rainha.

– Dominic meu amado, veio apreciar as belezas do jardim? – Abriu os braços para um caloroso abraço de seu filho. Dominic entregou-se ao afago da mãe como uma criança pequena e frágil. Deitou sua cabeça sob o peito da mulher e permitiu-se só naquele dia soltar todas as suas mágoas. – Filho? Ora essa, o que aconteceu? – Colocou as mãos nos cabelos escuros do jovem príncipe e direcionou o rosto dele ao seu, acariciando suas bochechas.

– Mãe, eu sou um desgosto para a família? – A voz de Dominic soava-se trêmula, ainda mais naquela situação.

Lucia foi tomada por um sentimento de pura pena, acariciou o menino e fizera um semblante espantado.

– Quem te disse tal baboseira meu filho? Jamais. Dominic, você é o orgulho dessa família, é o meu orgulho.

– Julieta, ela... Disse-me que eu sou um fardo pra vocês- O rosto confuso do príncipe partia o coração da mãe cautelosa. Logo os dois sentaram-se no campo florido de girassóis, e a cabeça de Dominic fora bem aconchegada no colo de sua amada mãe, que afagava seus cabelos,

– Sabe Dominic, antes de você nascer, eu achava ser um fardo para minha família. Ora essa, eu era e sou uma rainha muito diferente das outras, não gosto de pensar em táticas de guerra e em agradar meu esposo – A brisa suave empurrava os girassóis em melodia, fazendo os fios loiros da rainha se misturarem com os ventos – Mas quando você nasceu, eu percebi que... Eu nunca fui tão feliz por ser simplesmente eu. Dominic, você me mostrou que as regras podem ser quebradas, nunca fui boa em aulas de etiqueta e não me envergonho de você não ser bom em treinamentos com espada, me orgulho disto.

Não eram necessárias mais explicações, pois todas as caricias em formas de palavras de Lucia serviram como apoio ao jovem, que sorrira para a mãe;

– Mãe, sabia que eu amo muito você? Obrigado – Dominic levantou-se e ajudou sua querida mãe erguer-se em graciosidade.

– Eu sei, e é isto que sempre me deixa mais feliz – Lucia deu-lhe um abraço caloroso e abriu um sorriso sereno – Agora, vá se distrair. Mais tarde temos um jantar, sua irmã terá a visita de um futuro esposo, vamos rezar para ele gostar dela... Assim quem sabe, ela pare de nos encher a paciência e vá encher as dele.

– Ah mãe, você é uma figura – Dominic gargalhou. Era engraçado o jeito que sua mãe transformava as situações.

A tarde ia caindo, Dominic estava mordiscando uma maçã em cima de um galho envelhecido na floresta vizinha, ele gostava de ficar sozinho ao som natural. Apenas pensava em como mataria Julieta um dia... Imaginou-a enforcada, mas não daria certo, sua língua de cobra ficaria saltada para fora, depois pensou em jogá-la de um penhasco, mas depois lembrou que Julieta é uma cobra com asas. O príncipe apenas estava ali deixando o tempo passar para mais tarde voltar para seu mundo, seus livros. Um estrondo foi dado o galho rompeu ao meio, deixando-o pendurado apenas com uma mão, Dominic deu um grito por impulso.

Logo um homem de sua estatura e talvez idade aproximou-se de maneira ágil. Os olhos azuis dele se misturavam com o verde daquele bosque, utilizava um traje muito bem desenhado pela realeza, na cintura uma espada tomava foco.

– Ei rapaz, precisa de ajuda? – O jovem perguntou, olhando-o pendurado.

– Não, eu sei me virar bem – Exclamou, mas logo o galho se rompeu, os cabelos do príncipe se balançaram na queda e se não fosse o outro rapaz o ter pegado valentemente nos braços, sua coluna iria rachar-se ao meio.

Dominic demorou em abrir os olhos, estava tremendo em medo. Mas logo sentiu braços musculosos segurarem seu corpo de maneira cautelosa, assim que abriu seus olhos escuros, pôde ver o rapaz de olhos incrivelmente azuis sorrir para ele.

– Eu disse que sei me virar – Dominic reclamou, descendo do colo do homem. Ficando em sua frente.

– Um simples obrigado já bastava. Bom, sou o príncipe Logan e creio que você seja...

Era apenas o que faltava, Dominic fora salvo pelo seu futuro cunhado, tudo naquele dia o instigava a ficar com mais raiva.

– Dominic... – Esfregou os olhos em vergonha. Aquele príncipe era um verdadeiro príncipe, já Dominic... Parecia mais um curandeiro de tribo faminta.

– Oh, alteza. Fico honrado em ter lhe salvo – O olhar galanteador do príncipe era de fato encantador ao ver de Dominic. Cabelos escuros, olhos perfeitamente azuis e músculos desenhados por debaixo da roupa bem decorada.

O príncipe Dominic jamais havia sentido tal sensação olhando para tal príncipe, quase perdeu-se em pensamentos. Algo estranho tomou as sensações do garoto, coisa que ele jamais sentiu por garota nenhuma.

– É uma pena que você a perdeu – Logan prestou condolências.

– Hã? Perdeu quem? – Voltou de seu transe, um tanto quanto lesado.

– A maçã que você mordiscava, parecia saborosa – Apontou para a fruta avermelhada caída na grama e logo abrira um sorriso galanteador – Creio que você também estará no jantar, podemos ir juntos? Não sou muito bom com realeza rígida.

– Oh sim, o sistema aqui é bem militar – Brincou Dominic, olhando diretamente nos olhos de Logan – Tudo bem, é o mínimo que posso fazer depois de ter me salvo.

Os dois sorrisos se cruzaram como o laço do destino que já apontava a sua armadilha bem ali, naqueles olhares inocentes e ingênuos. E assim seguiram caminhada até o imenso e exoticamente arquitetado, Palácio de Starshine.


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Notas finais do capítulo

Sem essa de leitor fantasma



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