O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 9
Os Setes - Nasce a Élpis


Notas iniciais do capítulo

Eu considero esta o início da 2° parte da história de Layer, enquanto a primeira parte focou a Ilha Nemo, esta segunda focará a viagem de Layer a caminho do seu destino, dando introdução a batalha dos setes, e talvez... o surgimento de um novo amor!



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Os portões exteriores se fecharam em seguida, logo em que sai, Vitória II decolou em direção ao Norte. Olhei para trás e pela janela espelhada observei a Ilha de Nemo se afastando. Alguns minutos seguintes, a espaçonave seguiu pelas ruinas das antigas Estufas, por um momento pude ler algumas palavras escritas ao revestimento das redomas, ao meu lado esquerdo havia as ruinas da “Ilha Hateras” e a minha direita as ruinas da “Ilha Fogg”.

Acionei a alavanca e os flaps para subir alguns metros, sobrevoei a Ilha Fogg, acionei o botão para abertura da cúpula inferior, o piso ao meio da cabine se abriu como portas horizontalmente. Uma cúpula de vidro surgiu, dando uma visão inferior da espaçonave.

— A Ilha de Fogg, atualmente está inabitada, há prédios em decomposição causados pela erosão eólica dos ventos jupterianos — falei sozinho enquanto guiava o timão.

Acionei a alavanca de piloto para o modo “Automático”, a espaçonave seguiria o seu curso normal. Andei até a beirada da cúpula e sentei, peguei o caderno de anotação e comecei a escrever.

“Ilha Fogg — desabitada — vinte e cinco quilômetro de raios — estrutura urbana em decomposição”

— Eu gostaria que houvesse mais alguém para conversar, além de você caderno de anotação!

— Freak! — grasnou o dragão-de-komodo.

— Ah claro, você também carinha! — respondo ao dragão, mesmo achando que aquilo era loucura.

Observei o parque da central da cidade, havia ainda resistindo uma haste com bandeira rasgada e balançando aos ventos jupterianos, uma cabine de carruagem sendo arrastado, o busto de Tales de Mileto deteriorando. Se olhar mais atentamente, é possível ver os contornos de pessoas mortas, como cinzas de Pompéia.

Apenas duas horas se passaram desde a partida da Ilha Nemo, ainda parecia claro do lado de fora, mas era difícil determinar as condições de tempo rodeado por nuvens. O visor indicava ambiente Hostil e perigoso, mantemos o curso seguindo ao Noroeste, ao sentido contrário aos ventos, pelos meus cálculos, a Vitória II se encontrava a cento e oitenta quilômetros do ponto de partida.

Em meio tempo fiquei guiando a espaçonave pelo timão, observando se haveria mudança de pressão ou temperatura; de algum modo o Sr. Júlio estava certo o Estabilizador e o Simulador, pequenas caixas que se encontravam abaixo do convés, diminuíam o estímulo da gravidade do planeta sobre a espaçonave e mantinha meus pés ao chão.

Tsur-U se encontrava no convés superior, com ajuda de um gancho e corrente, puxei a sua cela para a cabine, onde estaria mais seguro; na primeira tentativa de carrega-lo manualmente, seus dentes quase esmagaram as pontas de minha mão. Aprendi que é mais seguro respeitar o limite de dez centímetros das grades de ferro, Tsur-U era muito... Estável.

— Então Tsur-U, as coordenadas no planeta júpiter são diferentes da do planeta Terra, na Terra, um grau equivalia a aproximadamente 35 quilômetros, mas Júpiter é maior, seu diâmetro total é de 139.822 quilômetros... Então um grau equivale a aproximadamente a 388 quilômetros!

— Freak! — grasnou o dragão.

— A tempestade está a 2328 quilômetros, isso são seis graus de distância; a Vitória II avança em quinze quilômetros por hora, chegaremos a menos de oito dias.

— Freak!

— Estou ficando louco, conversando sozinho com um dragão!

Vejo os materiais sobre a mesa de trabalho, joguei ao chão por raiva, soquei o casco lateral da cabine diversas vezes. Eu me negava a acreditar que fui escolhido para aquela missão suicida, eu odiava saber que embarquei contra a minha vontade, que não pude escolher; mil palavras voaram ao céu sujando o gás que me sustentavam, litros de lágrimas escorriam aos meus prantos.

Bati sucessivas vezes a cabeça contra a parede até esta exausto e confuso, eu me encostei a mesma e deslizei ao chão.

— Negação, é o primeiro passo, negar o seu destino já estabelecido, é a tentativa de retornar pelo corredor sem volta, de fazer o Sol nascer ao Oeste, da Ordem se torna o Caos! — Comentei, sem nem ao menos saber de onde surgiram estas palavras.

— Freak! — grasnou o dragão-de-komodo.

— Cala boca Tsur-U! — gritei — Alias quem lhe deu este nome bobo?

Em impulso de raiva, me aproximei da jaula de Tsur-U; observei mais atentamente a ele, como disse ele foi modificado quando veio a este planeta, é mais alto que o dragão-de-komodo comum, espinhos brotam do dorso, descendo pela sua coluna, duas linhas vermelhas-fogo surgiam verticalmente em sua costa, como carvão em brasa. Os contornos da linha brilhavam intensamente em tons metálico.

— Tsuru, era uma ave oriental, possuía penugens vermelhas na cabeça — comentei ao Tsur-U.

— Freak! — respondeu o dragão se afastando de mim.

— Voltei a falar com um réptil e...

— Freak!

— Acho que estou maluco, me nego a acreditar que...

— Freak!

— O que foi?

— Freak! — o dragão de komodo observou algo atrás de mim!

Olhei em direção ao fim da cabine, vapores escorriam pelos canos pressurizados, o motor a vapor sacudia em sua posição, mas existia mais um som, de metal batendo em metal. A pequena estátua? Estaria fazendo o barulho?

A estátua deveria ter vinte e cinco centímetros, feita de bronze, um homem em trajes grego que segurava um martelo a uma mão e apoiava a outra sobre uma bigorna, sua aparência era de um velho barbudo com uma corcunda que o deixava deformado.

Os membros da estátua se mexeram, seus braços começaram a martelar o vazio sobre a bigorna, os olhos da estátua se fixaram aos meus, era de um vazio como... Os olhos de um espirito. Ele soltou o martelo e juntou as mãos ao tronco, uma nuvem de vapor se acumulou sobre esta área, todas sendo atraída a sua mão que ganhavam a forma de um objeto.

Uma caixa de madeira com detalhes em bronze, bem parecidas a aquelas caixinhas de música que as avós guardam em sua mobília ou enfeitam os seus móveis, com uma pequena bailarina que dançava automaticamente ao giro de corda.

Mas esta caixa estava fechava, e não havia manivela ou chave para dá a corda, teria ali uma bailarina? Meus impulsos em abri-la se aumentaram, estava a quinze centímetros com a mão próxima a caixa quando ouço uma voz!

— Ainda não é a hora!

Virei-me e deparei com uma criança, deveria ter aproximadamente um metro e meio de altura, cabelos loiros e longos quase encostando as pernas, seus olhos era de um verde intenso, como se todas as minhas forças foram rendidas a ela. Ela exibia um rosto sério, mas existia um tom de súplica e gula. Trajava camisa de botão branca, calça caqui com suspensório e boina, um visual que minha mãe surtaria em ver numa garota, ela era... Excêntrica.

— Freak! — grasnou Tsur-U, que me retirou da paralisia.

— Quem... Como entrou na Vitória II?

— Não há tempo para as trocas de informações agora! Você será atacado, preciso-lhe ajudar na artilharia!

— Atacado? Artilharia? Do que você está falando? Garota, nós estamos em meio ao céu jupteriano, não existe naves que consigam navegar por estas áreas!

— E o que é esta bugiganga que você navega?

A garota me dá as costa e começar a abrir caixas com parafernálias e materiais de engenho, começou a pegar umas barras de metal e junta-los com parafusos.

— Preciso de uma ajuda aqui! — exclamou ela. Agachei ao seu lado enquanto ela abriu a mão a minha frente. — A chave de fenda! — gritou.

— Ah! Claro! — gaguejei, peguei uma minúscula chave de ponta achatada e a entreguei, a cada ferramenta que me pedia, eu procurava no cinto. Suas mãos remexiam freneticamente enquanto parecia construir uma arma pequena de dois canos e recarregável.

— O último escolhido era mais lerdo... — sussurrou terminando a arma — Calibre trinta e seis! Tome!

— Mas... Na Vitória não há balas!

— Ah! Nós temos sim!

A garota mergulhou sua mão no vapor que escorria de uma das encanações, trazendo de volta recheadas com balas de bronze para a arma. Ela pegou a minha mão e despejou sobre a palma.

— Como...

— Meu nome é Élpis, sou sua conselheira, sua consciência, o seu auxílio nas últimas horas, uma espirito em estado infantil que tenho como função ajudar o escolhido eu apareço sempre que for de encontro aos setes!

— Os setes?!

— Os Setes; é o conjunto de espirito que representam as virtudes humanas, eles lhe desafiaram, um por um, se não passar em seus testes, você será destroçado e lançado ao núcleo do planeta Júpiter, minha missão é auxilia-lo neste rumo até que chegue ao olho da Tempestade e cumpra a sua oferenda... Digo sacrifício a sua ilha!

Houve um pouco de nervosismo em sua voz, neguei a acreditar em toda aquela história, pensei em algo mais sensato, talvez aquela garota entrou acidentalmente na espaçonave, bateu a cabeça e começou a delirar! Mas e a caixa? E a habilidade de criar uma arma tão rapidamente? E seu truque com o vapor?

— E a caixa?

— A caixa você somente poderá abri-la quando chegar bem próximo ao Olho!

— Ok! Estou delirando, isto é apenas um sonho, eu vou acordar e...

A garota me surpreendeu, pegou ao meu braço e encostou a um cano quente.

— Ai! — urrei de dor.

— Isso parece um sonho para você?

— Mas o que nós enfrentaremos?

— Aquilo! — apontou Élpis

Ela apontou a frente da cabine, através do para-brisa observei uma grande embarcação, uma caravela cruzava a frente da Vitória II, canhões apontados para nós e guerreiros vestido como marinheiros piratas cruzavam os ares com cordas, se lançando para alcançar a espaçonave.

— O que é aquilo?

— Dynami! O primeiro! — respondeu.

Observei os canhões apontados a Vitória II.

— Se ele atirar o que estou pensando, o casco não resistirá e morrerei por inalação dos gases de Júpiter! — comentei ainda surpreso com aquilo.

— Quase esqueci. — disse Élpis.

Quando terminou sua frase, Élpis me beijou.


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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