O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 8
A Partida


Notas iniciais do capítulo

A hora da partida chegou, Layer seguirá em frente a sua aventura pelo planeta Júpiter ao lado de Tsur-U, deixando sua mãe, seus amigos, e sa amada para trás... Mas o que houve com o relacionamento Anne e Layer?



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O Porto da Ilha do Capitão Nemo se localizava ao extremo Norte da estufa, depois da fileira de hangares, um anexo a mais da estrutura que compunha a ilha, como uma verruga em um semicírculo. Este local havia uma torre de transmissão abandonada e uma longa pista de decolagem.

Os operários carregavam mantimentos à espaçonave Vitória II, galões e tonéis de água, caixas com suprimentos e tanques de gás hidrogênio e gás oxigênio. O casco foi limpo e encerado, as engrenagens foram lubrificadas. Um grupo puxava Tsur-U por quatro correntes.

O Tsur-U é um dragão de komodo geneticamente modificado, ele é um dos seres que vieram a Júpiter acidentalmente, se reproduziram e espalharam morte pela ilha até serem controlados dois mil e quinhentos anos atrás. Entretanto este foi encontrado pelos bosques, nos arredores da ilha, fui encarregado na benéfica missão de se livrar da criatura.

Os operários lançavam carne ao ar para conduzir o dragão de komodo à cela no convés superior da Vitória II. Depois de alguns minutos, ele estava trancafiado na cela. Neste meio período, Sr. Júlio repetia tudo que ele me disse antes, dizendo o nome das máquinas e etc. Os motores foram alimentados por carvão e o balão enchido por gás hidrogênio em menos de trinta minutos a embarcação subiu alguns centímetros do solo.

— Muito bem Sr. Layer! Hora das despedidas! — disse o Sr. Júlio.

Uma carruagem aproximou do porto, mas uma vez, descendo do seu interior vinha minha mãe para uma última despedida. Ela me abraçou, começou a chorar e a soluçar em meu ombro.

— Eu te amo, meu filho! — disse ela enxugando uma lágrima. — Sr. Layer, não existe alguma forma de salvar o meu filho? Deve ter algum jeito de mandar outro em seu lugar!

— Por favor, mãe, já está decidido! — disse afastando-a de mim — Sr. Júlio, eu devo partir, poderia o senhor conduzir minha mãe para sua residência.

O Sr. Júlio levou minha mãe que por relutância não queria me soltar, tive que afasta-la algumas vezes enquanto soluçava constantemente a palavra “não” várias vezes. Em seguida ela desmaiou e juntos, pai e filho a deixaram na carruagem.

Spencer veio depois com os olhos lacrimejando, mas parecia segurar o choro, ele estendeu a mão para um cumprimento, apertei sua mão. Depois o agarrei pelo pescoço em uma chave de braço enquanto bagunçava o seu cabelo com o punho fechado como fazia comigo quando era criança.

— São meus últimos dias de vida e você vem com essa formalidade de aperto de mão? — digo rindo.

— Me solta! Trégua! — ele grita.

Solto ele, começou a massagear o seu pescoço enquanto nós riamos juntos.

— Você ficou forte do dia para noite!

— Cuide-se, você não terá mais um amigo para colar na prova. Tente não cair na procrastinação!

— Tentarei! — Um último abraço.

Pedi aos dois operários que descesse a escada de corda, eles jogaram, de cima do convés, subi pela mesma. Do alto, reverenciei meus amigos pela última vez com uma formal mesura e um aceno de mão, os últimos operários desciam e as cordas que prendiam a Vitória II foram cortadas. As turbinas Alfas e Beta um foram acionadas. A espaçonave decolou em direção aos portões de transição.

Fumaça proveniente da queima do carvão subia pela chaminé do convés superior, o Tsur-U piava em sua cela em direção à ilha, o sol artificial brilhava ao calor da tarde. Ainda acenando a distância estava Spencer, Júlio e seu filho, os operários, e minha mãe que gritou algo após sair desperta da carruagem. A única pessoa que gostaria que estivesse presente sumiu noite atrás.

***

Na noite anterior, como combinado, o senhor Pitchwar liberou o sótão a nós; Júlio, Spencer, Anne, Lessa e eu entramos no observatório, guiado por uma das filhas do Governador, a mais velha, deveria ter quinze anos.

— Uau! — exclamamos.

— Você foi muito corajoso, Sr. Layer! — disse a filha do governador — um tanto idiota, mas corajoso!

A garota deixou-nos as sós no observatório. O cômodo era uma cúpula circular com visão detalhada do céu de Júpiter, mas havia algo de diferente daquelas imagens com as projeções da camada interna da estufa: 1. Não existia a Lua do planeta Terra, 2. O Sol nascia ao leste, mas seu brilho era menor, suficiente para observar os restantes das estrelas.

As luas de Júpiter brilhavam intensamente ao céu, Metis se pondo ao Oeste, Io e Europa ao topo. Quando criança nos foi dado um mapa estelar de Júpiter, contendo as constelações que se mantêm as mesmas posições no espaço estelar.

— É incrível! — exclamou Lessa.

— Bem crianças divirtam-se. — disse Spencer que caminhava em direção a um telescópio.

Sim, em um degrau circular ao centro da sala havia quatro telescópios apontando para cada ponto cardial, Spencer se direcionou ao telescópio do Oeste, Lessa e Júlio para o telescópio do Sul, Anne e nós nos direcionamos ao telescópio do Leste.

— Como será que isto funciona? — perguntou Anne.

— De algum modo... — digo observando pela lente, girei alguns anéis encontrados na extremidade do telescópio, no primeiro anel controlava a ampliação da imagem, no segundo a nitidez, ao terceiro o ângulo de visualização — Veja agora!

Anne colocou os cachos ruivos por trás da orelha, se curvou e olhou pelo visor do telescópio a superfície da lua Io. A lua Io era uma das mais interessantes de Júpiter, sua superfície ativamente vulcânica lhe permite a aparência de uma sopa de legumes.

— Agora veja isto! — digo conduzindo a uma constelação.

— As estrelas são... Azuis! — ela exclama.

— São as Plêiades da constelação de Touro,

— Na mitologia grega eram filhos do titã Atlas e Pleione, eram vista como deidades de beleza natural vinda do Oceano.

— Estrelas de cores azuis, estas deidades são igualmente belas como você! — elogiei.

O que estou fazendo? Perguntei-me mentalmente; elogiar alguém que você irá terminar, eu trouxe ela para um passeio espetacular pelo observatório, mas agora me arrependo amargamente, e se ela começar a odiar aquele lugar? E se algo acontecer com ela depois de partir? Eram tantos “se”.

Anne recompôs sua postura, mas seus olhos estavam fechados enquanto uma lágrima deslizava pela maçã de seu rosto. Ela se sentou a extremidade do degrau circular e pôs o rosto entre as mãos. Estava em pé ao seu lado, me agachei e coloquei as mãos em seus ombros.

— Anne, eu... — comecei a pronunciar.

— Nós precisamos terminar! — disse ela em gaguejo.

— O que? — perguntei.

— Eu disse... Que nós precisamos terminar Layer! — repetiu com raiva. Anne se levantou — Isso é uma droga, eu não quero ter esperanças de ter você de volta e... Estou apaixonada por outra pessoa!

— Espera Anne, se quiser terminar comigo é aceitável, mas não precisava mentir...

— Não, Layer... — Ela se levantou e partiu em direção a porta enxugando as lágrimas — Somente... Esqueça o que eu disse!

Anne saiu correndo em direção à saída, Spencer se levantou do outro lado do observatório, Lessa e Júlio estavam concentrados em seu telescópio. Comecei a caminhar em direção a porta, quando Spencer gritou.

— Espere! Eu cuido dela! — disse Spencer.

— Mas...

— Acredite no que eu digo, você não pode se estressar, amanhã é seu voo!

— Obrigado. — respondi.

Spencer saiu correndo atrás de Anne. Júlio e Lessa se divertiam muito a ponto de não nos ouvir, continuei ali parado, olhando a visão espacial do céu de Júpiter.

***

Depois de oitenta metros de distância do ponto de partida, os portões de transição estavam a minha frente, eu observava do convés dois casais de operários, cada dupla em cada lado do portão, eles puxaram uma alavanca; os portões rangeram, pistões liberaram vapor, engrenagens giraram e deslizaram horizontalmente, abrindo passagem para uma grande sala de metal.

Dirigi o timão em direção à grande sala, gases e vapores eram ejetados, a temperatura parecia mais quente, do outro lado da sala, outro portão de transição, ao atravessar eu já estaria longe da Ilha, os portões ao qual entrei fecharam-se.

Olhei ao painel e acionei o botão verde com imagem de redoma, de três cavidades surgiram painéis de vidro que se ligaram em forma de “T” sobre o convés. Acionei a alavanca com a inscrição O2, dos ventiladores foi ejetado ar respirável.

— Motores... Ok; flaps... Ok; turbinas... Ok. — pego o caderno de anotação, marco como dia 0, e faço um checking de todos os componentes da Vitória II.

— Sr. Layer, esta será sua última transmissão à rádio. — disse uma voz vinda de uma caixa de som — a partir de agora sua ordem é partir em direção ao Olho da Tempestade e seguir os passos aprendidos no Hangar 9, confirme a abertura dos portões externos com o acender das luzes da proa.

O plano de que falava se baseava em uma caixa de madeira com a palavra grafada em grandes letras de vermelho: “PERIGO”; ao lado de uma pequena estátua no interior da cabine de comando. Mil esferas de dinamites recém-programadas para serem disparadas na tempestade, elas serão ativadas a movimento acima de quatrocentos quilômetros por hora.

Levantei o lacre das luzes da proa e pressionei o pistão, liberou vapor e as luzes a frente da embarcação se acendeu. Três grandes pistões acionaram soltando gás, os aros que compunha os portões giraram como se fosse um cofre, por fim, os portões se abriram como um visor de máquina fotográfica.

—...!

Se não fosse pela estabilidade que o balão de hidrogênio e as turbinas mantinham, os ventos que invadiram a sala esmagaria qualquer corpo contra a parede oposta da sala. A minha frente havia um extenso espaço vazios entre camadas de nuvens, a superior estavam mais carregadas, de um tom marrom escuro, a camada inferior são nuvens laranja claras.

A Vitória II decolou em direção à frente, Tsur-U em sua jaula agitava-se, nem tinha notado que ele estaria ali até que começasse a balançar pelas grades de ferro. Voltei minha atenção ao painel, um visor que antes transmitia a palavra “habitável” deslizava para “hostil”. Deslizei a alavanca acelerando a turbina Alfa.

— Tsur-U, sinto por está tão incomodado por este local, eu também sinto o mesmo... — falo para o dragão-de-komodo — Hora de aventura!


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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