O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 10
Piratas


Notas iniciais do capítulo

Uma garota Élpis surgiu na Vitória II e beijou Layer, quem é ela? quem é a tripulação da embarcação que ataca Layer? e o que são os Setes? Respostas e mistérios serão revelados a Layer neste capítulo.



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Foram apenas três segundos de silêncio, cinco pistões acionados e o crepitar do carvão no motor a vapor, uma garota me beijou, mas quando me afastei ela aparentou a minha idade. Seus cabelos haviam sido presos por uma fita dourada, usava um vestido mais confortável e solto nas alturas do ombro, como uma donzela que estava pronta para uma luta de rua a qualquer momento.

—...!

— Que foi? Você não beijaria uma criança, mudo de forma constantemente...

— Abaixe-se! — gritei.

A primeira horda de balas de canhões foi lançada, a frente da cabine foi destruída por três das balas, as restantes acertaram parte do casco e o maquinário. Uma das balas quase acertara a gaiola de Tsur-U que grasnou freneticamente.

— Freak!

Os ventos jupterianos invadiram a cabine, lufadas de gases levaram projetos e papéis aos ares, a Vitória ainda não havia perdido a estabilidade, mas os danos poderiam prejudicar a aerodinâmica da espaçonave, e o mais importante, minha respiração.

No início, a sensação de asfixia foi agonizante, eu caí ao chão e senti que um saco de areia invadiu as minhas cavidades nasais e foram-se depositadas em meus pulmões, então senti o odor de terra molhada, os sentidos antes angustiantes, agora refrescantes; meus pulmões expiraram o ar e inspiraram seguida a batida do coração.

— Eu... — gaguejei — Estou respirando.

— Não é hora, estamos sobre ataque! — gritou Élpis me segurando pelos braços e me levantando — O beijo serviu para isto, para compartilhar o dom da respiração!

— Mas... E as arma!

— Deixe comigo! Há algum jeito de você voar até a embarcação inimiga?

— Não sei... Por que faríamos uma loucura desta?

— Ele é seu primeiro desafio, ela não deixará passar até que se prove digno de existir força em você!

— São muitas informações...

— Ande com o seu transporte, idiota! — ela gritou.

— Ok.

Existia um baú na cabine inferior, desci por um alçapão com escada redobrável, o coração do motor a vapor se encontrava neste andar, a fornalha que alimentava tudo queimava naquele local, por isso sempre estava a uma temperatura de quarenta graus. O baú era uma grande caixa de madeira com fechadura a chave, eu retirei um molho de chaves preso no cinto.

— Quais destas? — perguntei mentalmente.

Vitória II tremeu, o molho de chave caiu das minhas mãos, “Droga”, pensei. A espaçonave voltou a ser atacada, tateei o chão em busca da chave, encontrei o elo com apenas algumas chaves, o impacto deve ter feitos as chaves caírem.

— Droga! — desta vez gritei em bom tom audível.

Testei cada uma das chaves ao baú, tateei o chão em busca de mais chaves, até encontra uma com haste de bronze, mas com dentes banhados a ouro, encaixei na fechadura, virei a 180° e abriu. No interior do baú revelo alguns vestuários.

Surgir na cabine superior, entregando uma mochila à garota, agora uma jovem. Élpis me olhou incrédula. Aliás, ela estava à beira da proa e segurava uma lança a mão, parecia ser feita de bronze, a ponta era uma pedra esverdeada, seria esmeralda? Talvez usasse sua magia para tirar aquela arma do vapor, como fez as balas.

— Uma mochila?! É sério isto! — disse.

— Sr. Júlio a projetou... — digo com uma presa as costas e com o combustível preenchido — ela é alimentada ao vapor pressurizado. Esta está vazia, demora alguns minutos para encher e...

— Não precisa! Agora se essa engenhoca funciona, a teste, pule até a outra embarcação!

— Mas o que devo fazer?

— Encontrar Dynami!

— E como saberei quem é?

— Você saberá... — os canhões foram armados novamente, estava pronto para serem disparados. — Agora vá!

Ela me empurrou da proa, mesmo com a grade de segurança, escorreguei pelo casco e entrei em queda a atmosfera jupteriana, minhas únicas palavras foram gritos de pavor. Precisaria agir rápido, segurei as alças da mochila e puxei, o vapor comprimido direcionou para baixo, empurrando o meu corpo para cima.

— Uou! — gritei.

Aproximava-me do casco da caravela, um modelo antigo de embarcação da Velha Era. Mais continha alguns detalhes de outros tempos, a frente, na proa, existia a estatua de um tritão com coroa de coral e portando um tridente.

— Por Netuno! — exclamei descendo ao casco da embarcação inimiga, fui recepcionado por uma horda de marujos com espadas e porretes a mão. — Para trás!

Apontei a pistola a eles, mas o tambor deveria está vazio, pois não me lembrei de recarregar com as balas que se encontravam ainda em meu bolso. Os marujos riram e avançaram, apertei o gatilho, mas nada disparou, comecei a correr pelo convés.

Do outro lado, Élpis atirava raios de energia em marujos com sua lança, os raios entravam em contato com o metal da lança e ela direcionava aos seus alvos.

— Como posso atirar com esta Garrucha, ela tem apenas um tiro por cano! — exclamei a carregando, me virei aos piratas e atirei.

O marujo simplesmente evaporou no ar, os outros entraram em choque por milésimos de segundo, voltei a correr. Alcancei Élpis e nós dois ficamos cercados pelos piratas, ficamos costa a costa, ela disparava raios e eu recarregava e atirava.

— Pensei que faria um bom trabalho com esta arma! — exclamou ela — Mas você é muito lento!

— Obrigado pelo elogio, mas nem sua arma deu conta do recado!

Um trombeta soou, os marujos apontaram suas espadas curvas afiadas a nós, retiraram as armas de nossa mão e nos rederam perto ao mastro, Élpis e eu levantamos as mãos. Ao fim da trombeta, os piratas abriram passagem ao que parecia ser o líder deles, possuía uma barba negra espessa no rosto, tapa olho e perna de pau, com cicatrizes pelo rosto, braços e único pé descalço.

O pirata disse algo em uma língua primitiva, algo entre o nórdico e anglo-saxônico, e o restante vibrou pelo espetáculo.

— O que ele disse? — perguntei à Élpis.

— Ele quer travar uma batalha contra você, entre vida e a morte.

— Espere... O que? — gaguejei.

Os marujos me levantaram e separaram de Élpis, fui cercado por outro círculo, com o grande pirata de um lado, ele deixou sua espada e seu porrete com os companheiros, retirou a camisa, mostrando o físico musculoso, peludo e cicatrizado.

— Entendi, uma luta corpo a corpo!

— Argh! — bradou o pirata.

Ele avançou em minha direção como um mastodonte, os braços abertos para me agarrar. Desviei me agachando por baixo de seu flanco esquerdo, o grande pirata abraçou o ar. Entretanto não antes de ser rápido o suficiente para me puxar por uma perna e me lançar ao mastro. As costas bateram de encontro à madeira, e a cabeça ao convés.

Os marujos bradaram e levantaram suas espadas ao ar, mas uma vez a trombeta soou, os piratas ficaram em silêncio por um momento, perdi os sentidos da visão, minhas últimas imagens foram de Élpis abraçando a minha cabeça contra o seu corpo e uma mulher de cabelos loiros se aproximando.

— Você não pode ficar com os melhores troféus Élpis! — exclamou a mulher de cabelos loiros.

Apaguei.

Acordei ao som de água, meus olhos se abriam e viam um globo de vidro deslizando de um lado para o outro, o cheiro era de água e sal, seria isto a maresia. Levantei-me com uma dor nas costas e na cabeça, com o tórax nu, observei ataduras em meu peitoral, sentia que quebrei algumas costelas. Meus pés estavam presos as correntes a parede e o navio balançava para frente e para trás.

Observei a cela em que eu estava presente, as grades eram de ferro, me senti o próprio Tsur-U. Aliás, o que aconteceu com a Vitória II? E com Tsur-U? Provavelmente foi destruída pelos canhões. Agarrei o globo que deslizava a minha cela, observei seu interior e havia uma caravela portuguesa, o globo era chato na parte inferior, onde havia uma inscrição: “Navio Flor do Mar”.

— Navio Flor do Mar?! — li — Não pode ser o original!

Outros Globos rodavam pela prisão que provavelmente se localizava no convés inferior, ou mais conhecido como calabouço. Peguei outras duas esfera e li suas etiquetas — “Ilha de Atlântida” e “El Dourado”.

A embarcação tornou a balança, objetos de metais cairão e rolaram, dentre eles um cálice encrustado com joias, O Santo Grau; um osso, talvez um fóssil; uma espada com o punhal revestida com fitas chinesas, a lendária Espada Kusugami, e uma cruz dourada, seria esta a lendária Cruz dos Templários?

— São os tesouros perdidos do seu povo! — exclamou alguém do outro lado, uma voz feminina conhecida, Élpis.

Élpis voltou a se tornar uma pequena garota, suas correntes, diferentes da minha, possuía algum tipo de magia que queimava sua pele, notando tal detalhe pelas queimaduras em suas mãos e pés.

— O que houve com você?

— Eles nos trancaram aqui, até Prosochí absolver sua essência.

— Do que você está falando?

— Já que estamos presos aqui, tenho que lhe contar a verdade. Por tempo, vocês humanos consideraram cada planeta do Sistema Solar desabitado, e creem que vocês são as únicas formas de vida orgânica, por parte vocês estão certos, mas nós surgimos junto com o primeiro Homo Sapiens. Assim como surgimos, influenciamos vocês em suas vidas, lhe demos conhecimento na Antiguidade, lhe resguardamos na Idade Média, revolucionamos-lhe na Idade Moderna. Entretanto o homem evoluiu e nos desprezaram. Não nos cultuavam mais, não mais sabiam de nossas existências, alguns de nós até se fortaleceram por um tempo, mas depois morreram;

— Quem são... Exatamente vocês? — perguntei.

— As virtudes. Esperança foi a virtude que nos concedeu uma saída, precisaríamos de um novo local de culto, um novo método de nos cultuarem, para isso precisaríamos reduzir a humanidade e lhe exigir sacrifício. Sussurramos nos ouvidos de alguns homens que se sentiam infelizes com a política da Terra.

— Vocês criaram a Tempestade?

— Não exatamente todas as virtudes, alguma como: Sabedoria, Coragem, Amizade, Sinceridade, Responsabilidade, entre outros, recusaram a tal martírio. Mas um grupo de Sete, incluído a Esperança, com suas últimas forças, criaram a primeira tempestade que destruiu quatro de suas cinco colônias.

— Então não foi uma tragédia natural... Foram vocês que dizimaram, tanto a Terra, como os pioneiros de Júpiter! — gritei — E agora estou aqui falando com uma de vocês!

— Precisávamos disto, era uma nova forma de mantermos vivos!

— Nos matando?

— Devorando a essência de um sacrifício.

— Por isso a Grande Tempestade a cada vinte e sete anos, nós escolhidos, somos o sacrifício para vocês!

— Sim... Entretanto...

— Entretanto o que?

Não tive tempo de ouvir suas respostas, dois piratas adentraram o calabouço, abriram minha cela e arrastaram-me para fora.

— Vocês não podem mata-lo! — gritou Élpis.

— Você não deveria se meter com ele Élpis, ele não está em seu terreno! — disse o pirata em minha língua. Levaram-me para cima.


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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