O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 14
Trilhos e Caminhos


Notas iniciais do capítulo

Entre a vida e a morte Layer terá que enfrentar o psicológico para salvar seus amigos e companheiros e Élpis... Layer acredita que Prosochí e Sapiens são mais perigosos do que acredita. Mais portas fechadas serão abertas.



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— Dez minutos. — anunciou Sapiens.

— Layer, meu filho. O que está acontecendo? — gritou minha mãe.

Por um tempo tudo estagnou, parecia que o espaço girava mais lentamente, eu não poderia abandonar minha consciência, ela é fundamental a minha missão; mas teria que abrir mão para salvar a vida dos meus amigos, família e amor. Algo me provocava, por um tempo senti raiva, de Anne por ter me abandonado, de Spencer por ser tão imbecil, e até de Júlio que é igual aos outros adultos, apenas treinou-me e orientou para me mandar a morte.

— Layer! Droga seu imbecil! Mude a direção do trem! — gritou Spencer.

— Eu...

Minhas mãos se posicionavam sobre o cabo de borracha da alavanca, mas nada alterei as posições. Olhei para Élpis, mas uma vez não emitia nenhum som, mas seu olho havia angustia ou seria... Raiva. Difícil compreender.

Escute sua consciência, Layer? Mas como, estou desprovido da mesma, me ajoelhei ao chão e me concentrei aos dedos fechados em torno do cabo, emitindo nós brancos. “Layer, se nem sempre a consciência ou a sua sabedoria possa lhe ajudar, confie em seu coração?”, está foi uma das palavras de meu pai quando ainda era uma pequena criança.

— Sete minutos!

— Onde estou? — perguntou Júlio em desespero ao ver o trem em sua direção.

—... Não...

— Layer, mude a direção do trem, salve-nos — gritou Anne.

Os batimentos do meu coração estavam em alto ritmo, suor escorria pelo rosto, meu corpo mantinha a temperatura quente. Respirei fundo, acalme-se Layer; lembrei-me de minha mãe dando uma substância pastosa em minha boca, enquanto eu brincava com um carrinho de madeira sobre a mesa.

Os dias que Spencer e eu nos divertíamos pelas ruas da vila com nossas bicicletas, o primeiro beijo que concedi a Anne no laboratório; aos pequenos momentos no hangar nove com Sr. Júlio e seu filho, o mesmo que me apresentou aos seus amigos e o mesmo que conhecei há apenas um dia, sinto que nos tornamos grandes amigos, assim como seu pai.

— Escute Layer! — gritou Júlio Verne. — Não sei o que está havendo, mas se a nossa morte custará salvar a vida da Ilha Nemo, então mantenha o trem em seu caminho.

— Cinco minutos!

— O que? — levantei os olhos, esperava não ter escutado aquilo. — Mas... Por quê?

— Porque essa é a filosofia do utilitarismo, é uma atitude altruísta, sacrificar pela vida de outros, a ação mais correta é a que trás a felicidade do máximo de pessoas. Se nossas mortes salvará aquela garota, ela é sua guia para salvar a ilha, então não mude a posição desta alavanca. — disse Sr. Júlio. Os outros aos seus lados por um tempo pensaram e concordaram.

— Mãe?

— Sim meu filho, se este for o certo, faça o que o Sr. Júlio disse, você estará salvando a vida de sua tia, do pequeno Geoff!

— Spencer? Júlio?

— Você sabe que não tenho esperança de concluir meus ensinos, então... Sim, eu me sacrifico a quem precisa mais em viver. — gritou Spencer.

— Se for pela Lessa e pelos outros, estou com você. — completou Júlio.

— Anne?

— Siga o seu coração! — respondeu.

Seguir o meu coração. Este órgão tão fundamental ao bombeamento de sangue também possuía nervos, e porque não talvez estes nervos possam ter sentimentos, virtudes. Meu coração disse que eu deveria me sacrificar a qualquer um para saciar a sede de vingança das virtudes e se isto era o certo, chegou a minha hora.

— Três minutos! — anunciou Sapiens.

Procurei por algo que me levasse aos trilhos, por fim encontrei uma escada, nada convincente eu jurava que ela não se se encontrava ali antes. Corri em sua direção e subi os seus degraus que levavam ao cruzamento entre as duas trilhas, Élpis ao lado, meus amigos e minha mãe a outros.

— O que está fazendo, Layer! — gritou Spencer.

— Sendo altruísta! — respondi.

— Você está maluco, precisa continuar sua jornada!

— Minha jornada chegou ao fim!

Finalmente ao topo, encontrei os dentes do trilho dobrados a minha família, eles gritavam para eu não continuar, Anne, Júlio e minha mãe choravam, enquanto Spencer falava mal com diversos palavrões. Sr. Júlio estava tranquilo observando minhas escolhas, ele apenas balançou a cabeça positivamente.

— Um minuto!

Olhei para Élpis, seu rosto exibia raiva, e uma lágrima escorria ao canto, em palavras silenciosas, agradeci ela por ter me acompanhado, mas não fomos feito um para o outro e eu não era o Seu Escolhido, eu não salvaria as virtudes.

— Estas talvez sejam minhas últimas palavras, eu sou Layer, eu sou o escolhido! Eu escapei da fortaleza de Dinamy, eu enfrentei a Esfinge de Prosochí, e se minha assim terminar assim... Que assim então seja!

O trem atravessou.

As lembranças passaram rápidas, a minha primeira queda de bicicleta aonde minha mãe vinha correndo me ajudar a se levantar; ou quando fiz parceria com Spencer em um projeto de Química e terminou com uma explosão acidental ao laboratório; Anne e eu sentados a um dos bancos da praça em frente ao instituto enquanto seus cabelos ruivos queimavam o céu e por fim os últimos momentos no hangar antes da partida.

Acordei ao colo de uma senhora, seus braços esquelético remexiam os fios de meus cabelos, enquanto nossos corpos se balançavam para frente e para trás; o espaço era completamente escuro e apenas uma luz iluminava sobre nós; observei que estava no colo de minha mãe, sentada em uma cadeira de balanço.

— Mãe? — perguntei.

— Bem que eu gostaria, mas assumi essa forma porque você considera a mulher mais sábia, eu entendo perfeitamente, todos os escolhidos sempre veem suas mães como heroínas, abrisse caso... Bem, isto não importar. Eu sou Prosochí, a virtude de suas escolhas sábias, de suas saídas morais e éticas, sou a Prudência.

— Não... — gritei. Saltando de seu colo assustado, além de parecer com minha mãe, sua aparência era apática de um lado e escura do outro, é como ela fosse a junção de dois seres oposto, de um lado branco como leite, do outro negro como... — Petróleo, você é feita de Petróleo!

— Meu filho realmente disse que você era esperto! Concluiu 75% de nossos testes sem entregar os pontos, meus parabéns. Como observador, meu corpo físico é de um espirito combustível. — Prosochí levantou de sua cadeira de balanço para observa-la melhor, uma faixa negra cruzava seu corpo, petróleo; o lado apático de seu corpo parecia ser feito de gás, e seus pés expostos por baixo dos vestidos pareciam sujos de carvão — Carvão, gás e petróleo; combustíveis fósseis da contemporaneidade da Antiga Era!

— Obrigado pela explicação, mas... — em meio às palavras, o espaço tomou forma, eu me encontrava em meio a uma sala com diversas janelas transparente triangulares. — Icosaedro triangular!

A cadeira de balanço se transformou em um trono feito de papéis, era feito de milhares de escrito, páginas de livros, papiros, e sua base eram escrito feitos em pedra e madeira. Élpis e Sapiens surgiram por trás do trono, Élpis não estava mais com os lábios grudados e Sapiens parecia o de sempre, seu rosto de metal sádico.

Élpis estava em sua forma infantil segurando a sua lança que equivalia ao dobro de sua altura, ela me olhava com seriedade, seu rosto possuía arranhões e seu pijama possuía rasgado e manchas. Sapiens continuava o mesmo, mas ele dava cordas em algum brinquedo, quando terminou, pássaros de metais saíram voando pela sala.

— O que houve? Porque sobrevivi? — perguntei.

— Porque você resolveu a principal solução do dilema! Meu filho, o livro! — pediu Prosochí a Sapiens, que apenas o levantou ao ar e ele saiu voando às mãos de sua mãe. — O teste foi feito para avaliar seu comportamento moral entre suas escolhas, eu o desafiei a decidir em salvar seus amigos ou sua...

Prosochí apontou a Élpis, mas parecia que ela tinha esquecido algo importante, suas pernas bambearam e ela quase caiu ao chão, se não fosse seu filho surgir e a segurar pelas costas.

— Obrigado, Sapiens! — agradeceu ao seu filho que a conduziu ao seu trono. — Como disse antes, sua Consciência, a maioria dos escolhidos escolheu deixar sua consciência em torno da felicidade de um grupo maior, os cincos. Poucos perceberam que não sobreviveriam muito tempo sem sua Consciência ao seu lado, por isso optaram por salva-la. Mas você foi uma exceção assim como Joshua, Albert e outros, escolhidos que sobreviveram aos meus testes, vocês foram altruístas, se sacrificaram pelo bem de todos, e eu prezo o altruísmo.

— Puff... — Sapiens revirou seus olhos de safira.

— Por favor, meu filho, você também é meu filho especial, o teste do cubo de Rubik foi escolha sua! — disse Prosochí — Auras é a irmã mais nova de Sapiens, você a encontrará em frente se sobreviver ao meu templo.

— Espere, quer dizer que ainda não terminou as provas?

— Como percebe, eu sou uma dos setes virtudes, uma das mais fracas, pois simplesmente é difícil consumir escolhidos que não tem um bom cérebro... Meu filho irá me substituir futuramente, então seria prudente de minha parte ajuda-lo a avaliar os próximos escolhidos.

— Você está morrendo...

— Isto não vem ao caso agora Layer, vamos ao seu último desafio. — Prosochí abriu seu livro em uma página e em seu interior havia uma chave, ela girou a esquerda. A sala girou e modificou, Élpis e eu tentávamos manter equilíbrio enquanto duas portas se formaram e de seu interior surgiram dois guardas. As paredes começaram a se aproximar — Veritatis e Mendacius. Apresento-lhe respectivamente a Verdade e a Mentira, os guardiões da porta.

Ambos os guardas eram idênticos, altos com cabelos compridos negros com algumas mechas brancas, olhos azuis, trajando um terno cinza. Eram totalmente iguais com exceção de um detalhe, um era albino e portava um cajado com uma pedra azul, safira; o outro era negro e portava um mesmo cajado, mas com uma pedra vermelha, um rubi.

— Eles são irmãos — disse Sapiens, sua mãe desapareceu junto com o trono, as paredes deslizaram e começaram a se aproximar. — seu último desafio é encontrar a porta verdadeira para a saída, uma das portas conduz ao quarto aonde se encontra Prosochí, ela lhe aguarda para consumi-lo; entretanto a outra porta lhe conduz a saída, onde a Vitoria II lhe aguarda.

— E qual é a porta para saída? — perguntou Élpis atrás de Sapiens, apontando a lança já energizada a ele.

— Não faço ideia! — disse Sapiens, enquanto se abaixava e chutava a lança de Élpis para o outro lado da sala. — Um dos guardas sempre fala a verdade, o outro sempre mente, eles apenas lhe responderão apenas, e somente, uma pergunta. Não desperdice!

— Pergunte ao que fala a verdade qual é a porta para a liberdade, Layer! — gritou Élpis.

— Mas qual deles é Veritatis?

— Apenas pergunte qual dele é Veritatis!

— Pensei que você soubesse, e se eu perguntar, eu perderei minha única pergunta disponível!

— Sapiens seu idiota, ajude ou você... — Élpis se virou, mas não encontrou mais Sapiens — Para onde ele foi!

— Ele não estava a sua frente? — perguntei.

— Vamos atravessar então a porta do cajado de safira!

— Não! Deve haver uma lógica...

Aquilo era outra charada, Veritatis e Mendacius não estavam preocupados com o fato da sala está se encolhendo e diminuindo de tamanho, mas alguns segundos poderiam tocar o teto. Deve ser uma pergunta onde ambos terão a resposta, eles sabem onde fica a saída.

— Élpis, pegue sua lança, eu já sei o que perguntar. — disse caminhando ao que tinha o cajado de rubi, enquanto as paredes deslizavam — Veritatis ou Mendacius, qual porta o seu irmão indicaria como o céu?

Ele levantou seu cajado e apontou com o rubi a porta contrária.

— Como havia imaginado antes, o da Safira com certeza é o guardião de nossa liberdade!

— Não Élpis, é isso que Mendacius pense, seja qual deles for, mas Veritatis é a chave para enganar Mendacius, a porta é a oposta. Vamos! — disse correndo em direção contrária.

— Espere... — gritou Élpis.

Tarde demais...


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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