O Olho da Tempestade escrita por Eye Steampunk


Capítulo 13
Poliedros de provas - Prosochí não parece ser mal...


Notas iniciais do capítulo

Layer adentrou o templo de Prosochí, o pior é ter que dividir suas aventuras ao lado de um autômato chamado Sapiens e sua Consciência muda. Os desafios vão desde o cubo de Rubik, dilemas morais e enigmas de esfinges.



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Vitória II deslizou suavemente a atmosfera jupteriana, até a manobra de pouso na entrada, deixei Sapiens e Élpis na proa e manobrei o timão; acionei a alavanca de flaps de pouso e os trens de pouso. As rodas surgiram no casco inferior, três pares ligados como pontas de um triângulo equilátero.

— Turbinas retardando em quinze quilômetros por hora — disse.

— Parece nervoso, Sr. Layer! — comentou Sapiens, Élpis também me observava apreensiva, mas depois se virou para a amurada.

Olhei para minhas mãos, sobre a alavanca de potência das turbinas, e a outra segurando o timão, elas estavam tremendo e suando. Perguntava-me silenciosamente o porquê de existe flaps para pouso e trens de pouso sendo que não haveria onde pousar em meio caminho a tempestade.

— Foram ideias minhas! — disse Sapiens que surgiu misteriosamente ao meu lado. — Élpis deve ter comentado algo sobre o poder de influência que ambos temos sobre os humanos, sabe... Sabedoria e Consciência sempre estiveram ligadas, para que o homem decida melhor os seus caminhos, ele consulta os seus aprendizados... Nós somos grandes irmãos!

Por um momento observei Sapiens olhando para Élpis com desprezo e talvez, é difícil ler as expressões de algo que parece um autômato, uma lágrima de óleo deslizou em seu rosto. Talvez Élpis e Sapiens tenha algum passado obscuro. “Grandes irmãos”, essas palavras ecoaram em minha mente.

— Então foi assim que sussurrou aos engenheiros, assim projetassem os trens de pouso, mesmo que os mesmo desconheçam a existência de vocês ou destes “locais” em que habitam!

— Nós preferimos que chame de nosso templo, cada uma dos setes habitam uma área específica da mente humana, logo essa área é reproduzida aqui em Júpiter. A agressividade que a Força tem sobre a relação humana, produziu aquele barco pirata, o local onde habita Dinamy; Prosochí é a senhora das boas escolhas, da prudência, da sabedoria moral, ela assim como e preferimos reconstruir nosso local sagrado à imagem do poliedro de Platão!

— Visto de fora se parece a uma esfera maciça! — questionei.

— Você verá mais a frente! — respondeu.

A embarcação pousou em solavancos pela entrada da esfera de Prosochí, as turbinas foram desligadas, mas o motor continuava aquecido, nunca se sabe quando for preciso de uma fuga, como no barco de Dinamy.

— Dinamy possuía aliados ao se lado, mais visto como servos! — disse descendo pelas cordas, de algum modo, Sapiens e Élpis já estavam fora da embarcação — Você seria algum espécime de servos a Prosochí?

— Prosochí é minha mãe! — respondeu.

O corredor que levava ao interior da esfera parecia o corpo de um Frankstein histórico, cada seção de parede continha história do passado humano em ordem: cavernas rupestres, colunas greco-romanas, hieróglifos e escrita cuneiforme dos egípcios e sumérios, afrescos medievais e por fim paredes modernas de aço com um simples relógio.

Ao fim do corredor o espaço se abria a uma sala de forma estranha, simplesmente por ser piramidal. A sala possuía três paredes que se ligavam para formar o teto e o piso em forma de triângulo.

— Tetraedro de quatro faces triangular! — comentou Sapiens

No centro da sala havia uma esfinge, mas diferente de todas as estatuas de esfinge que já tinha visto em livros de Histórias ou no parque da Ilha, onde se encontrava uma pequena esfinge em meio à fonte de água; aquela parecia mais realista, um corpo de leoa deitado com cabeça de mulher, ela exibia suas grandes presas com a boca aberta.

— Não está querendo que eu entre ali, está?

— O primeiro enigma, durantes Séculos minha mãe vem pondo grandes homens a grandes desafios, a Esfinge é uma delas, apresente-se a ela!

Postei-me em frente à esfinge, esperasse que ela dissesse algum enigma ou me abocanhasse com seus grandes dentes, mas em vez disto sua boca se iluminou e em seu interior exalou calor e gases, letras se formaram em meio aos gases como um tipo de projeção.

— Decifra-me ou devoro-te! — li.

Símbolos e signos de diferentes culturas e etnias, por fim a frase em minha língua se formou: “A este enigma, apresente-me o que é proclamado ao ser, que: ao nascer do sol tende a andar sobre quatro membros, ao tardar tende a se por sobre dois calcanhares e pelo derramado leite noturno, tende a sustentar sobre três pernas”.

Por um momento pensei sobre a questão, mas quanto mais pensava, mais observava a esfinge mexer alguns de seus tendões metálicos, teria aquela estátua algum tipo de mecanismo que me consumiria. Sapiens nada dava dicas e Élpis apenas observava assustada. Por fim me posicionei no interior da boca da esfinge, as mandíbulas pressionaram instantaneamente, deixando-me em plena escuridão, pensei está morto.

Algo se iluminou as minhas costas, dei meia volta a uma porta que brilhava sobre a escuridão, letras se formaram sobre a superfície, a mandíbula da esfinge voltou a abrir. Élpis surgiu com seus olhos em espanto da minha atitude, subiu a mandíbula e me abraçou forte.

— Acalme-se! — disse enquanto deslizava meus dedos sobre seus cabelos. Seus olhos se encontraram aos meus e perguntaram como eu fiz aquilo — O homem ao nascer engatinha a luz do sol, depois na maturidade da tarde anda sobre dois calcanhares, por último sustenta o corpo a três pernas, as suas e de seu melhor companheiro não animal, a bengala!

Ela não pode sorrir por sua boca grudada, mas suas bochechas levantaram e seus olhos brilharam ou apenas resultado do efeito da luz que vinha da porta, talvez eu a satisfiz. Por fim aquele clima foi cortado pelo som de metal de Sapiens.

— Ok, belo casal, mas precisamos continuar!

A porta se abriu a um cubo, basicamente a uma sala hexaédrica, as paredes, o teto e o piso havia seleção de nove casas posicionadas três por três. Cada centro havia um pilar com cores diferentes: verdes, azul, amarelo, vermelho, branco e preto.

— Tetraedro. O cubo de Rubik!

Fazia sentido chamar aquela sala de provas como cubo magico, o desafio era resolver o cubo enquanto girava alavancas presas ao chão ou engrenagens que brotavam da parede. A parte difícil eram manter o equilíbrio enquanto as paredes se moviam ou simplesmente voltar um movimento; para apimentar o desafio, algumas das casas se abriam a uma armadilha de acordo com a cor.

— Élpis, gire aquela engrenagem e teremos três cores formadas! — ordenei, ao fazer isto, a casa verde em que estava em cima se abriu a um tanque de água. — Droga! Ajudem-me! — gritei me segurando a beirada.

Sapiens se divertia a cada armadilha selecionada, mas nada fazia para ajudar. Élpis tinha a difícil missão de me auxiliar, ou até eu mesmo tinha que salva-la de ser frita por um tanque de lava da casa vermelha ou caí na escuridão infinita na casa preta. Ao fim de todas as cores posicionadas, uma porta se abriu.

— Acho que me enganei sobre a prudência...

— Por que se enganou Sr. Layer? — perguntou Sapiens.

— Pensei que a prudência fosse avaliação dos dilemas morais cotidianos, mas até este momento as únicas tarefas que cumprir foi resolver o enigma clássico da esfinge e resolver o cubo de Rubik, estes quebra-cabeça e enigmas são da Antiga Era, qualquer um da vila conseguiria resolver.

— É mesmo...

O novo corredor era um túnel coberto por tubos, nas paredes, no teto e no piso, e cada cano perfurado uma lufada de vapor e gás era expelido, era meio complicado andar pelo túnel sem tropeçar ou receber uma descarga de vapor no rosto. A luz ao fim do túnel se expandiu a uma nova sala octaedro.

Uma lufada de vapor deslizou em frente ao meu rosto, a pele da face queimou e coraram, letras voaram juntos com o gêiser, fiquei cego por um momento antes de observar melhor o local.

— Octaedro triangular regular! — comentei.

A nova sala parecia o encontro de duas pirâmides pelas bases, do local em que saímos existia um piso inclinado, os tubos ainda cobriam toda a sala, espirrando vapores por todo o recinto; admirado, com os primeiros passos, tropecei e escorrei por cima de um dos tubos até o fim da inclinação.

De rosto ao chão, cai sobre algum conjunto de ligas de metais reunidas milimetricamente entre duas ligas maiores de ferro e aço. Olhei para frente de onde vinha um barulho, algo apitava a distância, mas era difícil enxergar entre os vapores, era grande, emitia bastante fumaça e barulho.

— O que...

No último instante, Élpis surgiu ao meu lado e me empurrou dos trilhos, ela se jogou para o lado contrário, no momento exato em que algum tipo de veículo comprido e grande passou sobre onde estávamos.

— O que é isto? — perguntei.

— Isto é um transporte utilizado por vocês humanos na Antiga Era, sendo bastante utilizado pelos quilômetros que percorria e seu motor a carvão, ou seja, a vapor. Mais conhecido como trem, um conjunto de vagões puxados por uma locomotiva sobre os trilhos! — respondeu Sapiens ao meu lado.

— Uau! — exclamei.

Trilhos surgiam de todas as direções para todos os sentidos e direções, alguns chegavam a quase se chocarem, mas tudo era perfeitamente calculado. Os vagões deslizavam transportando... Não sei. Apenas apitavam saindo de uma entrada na parede ou no teto e encaminhavam em direção à outra saída e/ou entrada.

— Maurits Cornelis! — pronunciou Sapiens.

Lembrei, este artista era famoso por suas litografias surreais, arte que se baseava em desformar as dimensões de modo a não desfigurar o cenário por completo, eram bizarras em ponto de vista físico e biológico, não havia pontos ou centro de gravidades aos objetos na tela.

As linhas se movimentaram e se contorceram em ar, mais vapores e mais locomotivas surgiam de vários lugares. Élpis não se encontrava mais do outro lado do trilho em que se jogou.

— Élpis! — gritei.

Após cruza o trilho não havia mais sinal de Élpis, me virei a Sapiens ele também havia sumido. Por fim o barulho de uma das locomotivas vindo da parede esquerda. Feita de bronze e reluzindo de um rubro intenso, o vapor das chaminés encaminhava na direção de dois trilhos, neles havia alguns corpos presos à corda.

— Sr. Layer! — gritou Sapiens no interior da locomotiva, puxando uma corda que deveria ser do apito. Sua voz ecoava pelo salão — Aqui esta o grande Dilema do Bonde, um trem desgovernado caminha em direção aos seus amigos...

Ele apontou aos trilhos, de um lado havia meus amigos e familiares da Ilha Nemo: minha mãe, Spencer, Júlio Jr, Júlio Verne e Anne, gritavam em pedido de socorro. No outro trilho estava Élpis.

— Você tem a chance de evitar a tragédia, apenas precisa evitar o acidente acionando a alavanca que se encontra a sua direita... — disse apontado agora ao meu lado, misteriosamente surgiu a grande alavanca. — Ela mudará a direção dos trilhos para sua amada companheira Élpis, você decide, é prudente salvar cinco vidas e sacrificar uma?


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Notas finais do capítulo

Sentiu dúvida em alguma palavra ou sobre algum cunho cientifico no livro, pesquise, busque resposta, ou deixe seus comentários abaixo. Espero que tenha gostado do início desta aventura... Nos vemos nos próximos capítulos *-* By: Eye Steampunk



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