Kitty's Pride escrita por Bree


Capítulo 11
Um momento afetado




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— Essa sua atitude pode ser tomada como infantil. – Observou Sebastian, venenoso.

— Já fui tomada por coisa pior. Não me importo, acredite-me. – Respondeu ela, entrando em um rodopio curto e voltando para os braços de seu par. Dessa vez, Sebastian capturou sua mão com mais firmeza, e Kitty poderia jurar que sentia o tecido de seu vestido queimar sob o toque do cavalheiro.

— Fiquei curioso. Difícil acreditar que algo de mal tenha sido proferido a seu respeito. – Disse ele.

— Foi em outra vida. – Respondeu Kitty, sem querer entrar em detalhes dispensáveis. Sebastian lhe sorriu com confiança, acenando com a cabeça e deixando o assunto.

— Talvez no futuro. – Os dois disseram ao mesmo tempo, e sufocaram uma risada.

— Ah, Srta. Kitty, se quiser sermos amigos, a senhorita vai ter de parar de se apropriar de minhas falas. – Começou ele, fazendo Kitty se questionar se havia mesmo alguma chance de ela se tornar amiga de alguém como ele. Alguém tão diferente. Concluiu que era um caminho inevitável. – Que será de mim sem minhas frases feitas?

— Sei que encontrará uma saída. Afinal, formou-se com honras em Berlim. – Respondeu ela, sem reservas.

— Não gosto do seu tom, Srta. Bennet. – Disse ele, maroto.

— Suas palavras são como poeira para mim. – Devolveu ela, citando mais uma das frases petulantes que Sebastian havia proferido naquela noite. Os dois se encararam por alguns segundos e a expressão divertida de Sebastian logo se tornou séria, Kitty percebeu que a música havia parado. Os dois se reverenciaram e Sebastian tomou sua mão com a ponta dos dedos, reconduzindo a dama ao grupo que agora havia ganho mais duas pessoas. Jane e a Sra. Höwedes conversavam alegres, e a segunda se calou ao notar a aproximação de Sebastian e Kitty.

— Desempenho fascinante, Srta. Bennet. – Elogiou a Sra. Höwedes. – Nasceu para a dança.

— Obrigada, senhora. – Respondeu Kitty, com humildade. – É revigorante.

— Srta. Georgiana, aprecia a dança? – Questionou a mulher, girando na direção de Georgiana.

— Muito. Kitty e eu fazemos aulas regularmente. – Respondeu Georgiana, sem desconfiar das intenções da anfitriã, intenções essas que Kitty começava a entender. Sebastian pigarreou ao seu lado, também tomando ciência. 

— Sebastian, por que não a tira para dançar, querido? – Pediu a tia, com um olhar significativo que não passou despercebido por Kitty.

— Claro. Com prazer. Srta. Darcy? – Ofereceu ele. Embora muito educado, algo nele transbordada insatisfação. Georgiana aceitou e lhe estendeu a mão. Kitty acompanhou pelo canto do olho os dois se afastarem, enquanto o grupo voltava a conversar, incluindo-a no assunto. 

O resto da noite correu sem grandes acontecimentos. Quando Charles e Jane finalmente decidiram ir embora, Kitty estava exausta, e não mais avistava Audrey ou Sebastian. Os três habitantes de Goldenshaw apresentaram seus cumprimentos aos anfitriões, que se desfizeram em elogios e agradecimentos. A Srta. Bennet notou que a Sra. Höwedes parecia mais disposta com ela, não mais lhe lançando olhares de desaprovação, mas aquilo seria momentâneo, Kitty supunha. No curto caminho de volta muito foi dito sobre a noite maravilhosa que todos haviam tido. Kitty concordou com a maioria dos elogios cegos da irmã e do cunhado, sem disposição para discutir o que quer que fosse. A moça ficou muito feliz por sua dança com Sebastian não ter sido assunto naquele momento. Seus pés ainda doíam, mas aquele era o menor de seus problemas. O efeito que o sobrinho dos recém chegados causava sobre ela era inquietante. Era como se ele a desafiasse com um simples olhar. Depois de fazer sua oração noturna, Kitty jurou para si mesma que não deixaria aquilo acontecer de novo.

No dia seguinte a casa dos Bingley despertou tarde. Uma criada abriu as cortinas do quarto de Kitty e lhe desejou bom dia. Kitty respondeu com um bocejo e se sentou na cama. Havia tido uma noite intranquila de sono, embora estivesse muito cansada. Abraçou os joelhos por um momento e tomou coragem para se pôr de pé. Outra criada a ajudou a se vestir e lhe informou sobre a chegada de convidados.

— Quem seria a essa hora? – Quis saber Kitty.

— Sua irmã e o Sr. Darcy, senhorita. – Disse a criada. Kitty abriu um sorriso largo e se apressou, descendo as escadas a ponto de tropeçar nos próprios pés. Lá embaixo, todos estavam a mesa, e Jane colocava a irmã e o cunhado a par do que ocorrera em Ottercrow.

— Lizzie! Darcy! – Cumprimentou Kitty, indo até a irmã para um longo abraço. Lizzie conservava as mesmas feições de antes do casamento, mas agora, trajava vestidos caros e tinha uma felicidade insistente em seu rosto. Darcy parecia cansado e realmente estava, devido a viagem de negócios da qual acabara de regressar. Kitty saiu dos braços da irmã para os dele, indo se sentar ao lado de Jane. – Georgiana não veio com vocês? E o pequeno Anthony?

— Ela estava cansada devido a festa e Anthony ainda dormia quando saímos. – Disse Lizzie. Kitty amargava saudades de seu outro sobrinho, que já não via há duas semanas.

— Estava contando a eles justamente sobre o baile, Kitty. – Começou Jane, rindo de orelha a orelha, fazendo Kitty temer o que estava por vir. – E sobre como dançou a noite toda com Sebastian Höwedes.

— Eu não dancei a noite toda com ele. Contenha-se, Jane. – Declarou Kitty, carrancuda, arrancando uma risada de Lizzie.

— Ele era tão galante, Lizzie. E tinha o porte de um cavalheiro de respeito. Exceto talvez pela barba. – Lembrou Jane, pintando um quadro de Sebastian que Kitty não acreditava ser muito verdadeiro.

— Ele é um homem Um tanto narcisista, se querem saber, e com um desprezo enorme pela opinião da sociedade. – Soltou Kitty, como estivesse se livrando de um pedaço de bolo preso na garganta. – Não consigo conceber alguém assim ...quer dizer...não precisamos falar sobre isso...ele certamente ficaria feliz por ser assunto...Deus! – Terminou Kitty, desconcertada.

— Ora, minha irmã. Se não estivesse bem diante dos meus olhos eu não poderia crer. – Disse Lizzie, com um de seus típicos olhares inquisitivos.

— Do que está falando? – Quis saber Kitty.

— Sua afetação diante da menção de tal cavalheiro é um claro sinal de... – Começou Lizzie, mas a irmã mais nova não a deixou concluir.

— Não estou afetada. – Garantiu Kitty, bem quando uma das criadas lhe servia queijo e uma xícara de chá. Darcy e Bingley conversavam na ponta da mesa, certamente sobre negócios, alheios a qualquer tese levantada pelas mulheres.

— Se não está, é a única. Nenhuma das moças no salão deixou de se encantar por ele, Lizzie. – Informou Jane. – E ele em nada se encaixa na descrição de Kitty. É cortês, gentil, humilde e inteligente.

— Humilde? Ele tenta se denegrir para chamar a atenção, Jane! – Kitty disse, tentando não gritar. – Porquê estamos falando disso logo pela manhã?

— Porque recebemos um bilhete de Ottercrow com informações sobre um chá e ficamos curiosas. – Respondeu Lizzie.

— Que bilhete? – Kitty quis saber, com uma urgência comprometedora na voz. As irmãs mais velhas se olharam e não seguraram suas risadas, o que deixou Kitty irritadiça.

 


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