A Casa Caiu escrita por Andye


Capítulo 29
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

VAI TER EPÍLOGO SIM!
E obrigada por todos os comentários. Foi por vocês que deixei a fic em aberto e é por vocês que esse epílogo chegou.

Espero que gostem!



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Rony havia voltado das Gemialidades fazia algum tempo. Por mais que tenha demorado para chegar àquela decisão, não se arrependia de ter saído do Ministério.

Como sócio do irmão, estava muito melhor financeiramente, além de ter muito mais tempo para a sua família. De quebra, não precisava viver perseguindo bruxos. Foi bom por um tempo, é verdade, mas agora ele queria estar sossegado. Demorou para tê-la, queria usufruir o máximo possível.

Olhava para o antigo quarto de Hermione, aquele que em outros tempos fora um depósito de quinquilharias e baratas, e concluiu que ele era bem mais espaçoso que o quarto que dividiam desde aquele lindo Natal. Era ali que a reforma fora feita. Não queriam mudar de casa.

Depois de alguns pedidos de Hermione, dele mesmo e do, acredite se quiser, Percy, o Ministério aprovou que eles fizessem a pequena reforma usando artífices mágicos. A casa fora previamente silenciada, os trouxas igualmente repelidos e a varinha animadamente posta em riste.

Ele também surpreendeu-se que Hermione tivesse deixado todo o trabalho daquela reforma para ele. Ela sempre era tão controladora em tudo - e ele não reclamava disso, que fique claro.

Fazia parte de sua natureza, que ele aprendera a amar e respeitar, mesmo com os pequenos defeitos que, agora, ele entendia, eram mínimos perto de tantas qualidades.

Enfim, com as mãos na cintura, ele exibia um sorriso satisfeito enquanto olhava o seu trabalho muito bem-feito. O antigo quarto da esposa tinha uma parede que o dividia em dois. Continuava estranhamente espaçoso, e depois de colocar uma janela e uma porta no cômodo recém-criado, sentiu-se extremamente feliz.

Caminhou até o quarto que dividia com ela - que ele aproveitara a liberdade do uso interno de magia para criar um banheiro - e observou o berço onde Rose dormia relaxadamente - o berço estava ali apenas enquanto ele reformava o antigo depósito, que já fora o quarto de Hermione e que Rose utilizara até agora.

Ela ia completar dois anos em breve e ainda não queria deixar aquele aconchego reconfortante. Ele a entendia quando observava a forma como dormia.

As pernas semiflexionadas, a boca levemente aberta. Um dos pequenos braços sobre os olhos, como se evitasse qualquer tipo de claridade. Tão igual a ele próprio. Tão absorta em seu descanso.

E não era apenas a forma como dormia que revelava sua semelhança com o pai. Ela tinha intensos cabelos vermelhos e olhos azuis tão profundos que ele se via neles a maior parte do tempo.

O tom de pele também era rosado e salpicado de sardas, assim como o formato dos lábios e o sorriso, "Principalmente esse sorriso cínico de canto", como Hermione falava quando estavam a sós. Parecia que ela recriminava, mas a verdade é que ela adorava quando a pequena Rose sorria. E ele sabia.

Mas ela tinha muito de Hermione também, mesmo que ela insistisse em dizer que sua filha não parecia em nada com ela. "É a sua cópia" — ela sempre comentava com o marido.

O lindo nariz afilado e o formato arredondado do rosto que ele tanto amava, assim como o cabelo, que era cheio e tinha enormes cachos que pareciam molas de tão cuidados, eram características .

"Não vou deixar que o cabelo da nossa filha vire uma palha como era o meu. 'Seu cabelo não era uma palha, Hermione.' 'Ronald, não minta pra mim.' - ela sorriu e ele sorriu de volta”.

E, o melhor de tudo, era esperta demais. Tão inteligente para a sua idade. Atenta, observadora. Adorava quando a mãe sentava-se ao lado do seu amado berço cor de leite e lhe contava histórias antes de dormir.

"Ainda bem que ela é inteligente como você!" Ele sempre falava quando a esposa começava a enumerar o quão diferente fisicamente elas eram.

Ela coçou os olhos com o torso das mãos, acordando – como Rony sempre fizera. E ele tinha um sorriso abobalhado enquanto a observava.

— Papai! — falou erguendo os braços para que ele a tirasse do berço.

— Oi, pequena rosa — a pegou beijando sua bochecha — A soneca foi boa?

— Foi sim, papai… Mas eu tô com fome! — falou em sua voz pastosa recém desperta. A cabeça apoiada no peito dele — como Hermione sempre fazia — Podemos lanchar um pouquinho?

— Sim… — ele falou como se entrasse em um acordo com ela — Contanto que a mamãe não saiba desse detalhe. É quase hora do jantar.

— Ela não vai saber — ela o olhou com aqueles olhos azuis brilhantes e ele sorriu. Ela sorriu de volta.

Sentados ao chão da cozinha, escondidos por trás da meia parede que dividia aquele cômodo da sala, como se cometessem um crime e pudessem ser descobertos por Hermione a qualquer momento, comeram dois deliciosos cupcakes de chocolate que Rony preparara – ainda se aproveitando da liberdade do uso de magia daquele dia.

Sorriram com cumplicidade enquanto removiam todas as pistas do lanche fora de hora quando Rony olhou que no relógio – um igual ao que sua mãe tinha na Toca e que ela dera para a nora no dia do casamento, o ponteiro ainda apontava a esposa para o Ministério.

Deu banho em Rose. Escovaram os dentes, ainda removendo pistas do crime, e ele preparou um espaguete com queijo um pouco mais tarde.

Hermione estava com aquele estranho desejo fazia uns dias, e ele até gostava da ideia se comparado com os desejos por empadas de fígado de búfala que Gina tinha. Talvez fosse por ter desejos tão esquisitos que ela permitia que Harry colocasse nomes tão estranhos em seus filhos.

O ponteiro de Hermione moveu de "Ministério" para "Casa" com um pequeno estalido e, alguns poucos minutos depois, Rose correu até os braços de sua amada mãe, que recebeu um beijo carinhoso do marido.

— Como está se sentido? — foi a primeira coisa que ele perguntou, pegando Rose de seus baços, o que a fez relaxar. A coluna a estava matando.

— Acho que melhor do que ontem — ela respondeu sentando-se sobre o sofá, aquele onde eles assistiram De volta para o futuro com as pernas enroscadas, sentindo o aroma que vinha da cozinha — Espaguete com queijo? — perguntou com um sorriso, pegando novamente a filha e a colocando sobre o colo.

Ele confirmou com um aceno de cabeça, sorrindo ao sentar ao lado da esposa. Rose estava em uma posição engraçada, agarrada a mãe. Seu corpo formava um meio círculo por causa do volume da barriga dela.

— E como foi o último dia no Ministério? — ele perguntou interessado.

— Cansativo — ela suspirou fazendo um cacho nos cabelos de Rose — Mais do que eu imaginei… Mas a Donna me deu uma caixa de sapos de chocolate e ficou chorosa o dia inteiro — ela sorriu pelo nariz.

— E está preparada para seis meses sem trabalho? — ele continuou.

— Sim… — ela agarrou a filha contra o peito — Mas vou trabalhar com esses dois aqui em casa — sorriu enchendo a cabeça ruiva da menina de beijos. A menina também sorriu e foi para o colo do pai, inclinando a cabeça até que o ouvido encostasse na barriga da mãe.

— Eu vou estar aqui… — ele falou.

— Sei que vai — ela sorriu e o beijou com leveza — Você sempre está aqui. E eu te amo por isso também.

— Desistiu da associação por hoje? — ele perguntou trazendo a mulher para perto de si, facilitando a exploração de Rose sobre aquela barriga enorme.

— Sim… — ela suspirou — Estou me sentindo pesada demais. Meus pés parecem dois balaços, olha… — ela levantou as pernas. Os pés já descalços — Além do mais, Gina disse que passaria o dia lá.

A Associação, Um Mundo Bruxo Melhor, era como uma creche-escola — como explicara Hermione. Fundada por Harry, inicialmente para abrigar e ajudar as crianças que haviam ficado órfãs depois da guerra, ganhou grandes proporções e Hermione se prontificou a ajudá-lo depois que resolveu ficar naquele Natal.

Gina, que havia finalmente desistido do Harpias depois de descobrir sua terceira gravidez - mas não abandonado a carreira de vez, tornando-se comentarista esportiva, passava muito mais tempo por lá.

Ela ficava maravilhada e ajudava as professoras – que ensinavam o básico para as crianças, não só as órfãs, e davam um pouco de sossego para as mães que não tinham tanto tempo para ensinar seus filhos por trabalharem fora – aproveitando para deixar James e Alvo à vontade com as demais crianças do lugar. Eles se divertiam para valer. Rose também passava algumas tardes por lá.

— Ela ainda não está tão cansada… — Hermione continuou — A gravidez está no quinto mês agora. E eu acho que posso entrar em trabalho de parto a qualquer momento.

— Tenho certeza disso — Rony falou. Uma estranha nota de espanto pontuando a última palavra dita — Você trabalhou até dois dias antes da Rose nascer…

— Eu sei… — ela sorriu — Gosto de trabalhar.

— Eu sei… — ele sorriu ansioso — Quero te mostrar a reforma — ele mudou o assunto — E eu aproveitei a liberação do Ministério para mais umas coisinhas…

— Rony…? — ela o olhou repreensivamente.

— Você vai gostar, venha!

Ele colocou Rose no chão, que ficou esperando com as mãos estendidas para Hermione. Era sempre assim. Quando precisava subir ou descer as escadas e a filha estava por perto, a esperava como apoio nessa difícil empreitada.

Rony colocou a mão em volta de sua cintura sumida e os três subiram, respeitando os passos lentos de Hermione, até o andar superior. Ela viu duas portas e sorriu quando contemplou cada um dos quartos.

O de Rose estava encantador, e foi o primeiro que ela olhou. O piso era branco, o que deixou o quarto extremamente claro. Uma das paredes era lilás clarinho, cheia de flores brancas. Na outra, que era de frente com a lilás e onde estava a porta, havia desenhos colados. Bruxas, gatos, árvores, caldeirões… A cômoda havia sido pintada para combinar e o berço, que ele transformara em uma pequena cama, estava com aquela colcha de arco-íris que a filha gostava. Almofadas, bonecas e ursinhos. Era encantador.

— Rony… Está incrível — ela tinha os olhos mareados.

— E eu ajudei, mamãe — Rose falou.

— O que você fez, meu amor? — Hermione perguntou olhando a pequena.

— Escolhi a colcha da minha nova cama e colei essa bruxa aqui — ela apontou para o desenho na parede.

— Está incrível — Hermione contemplou — E não vai chorar por dormir na cama?

— Não… — ela falou séria — Já sou uma menina crescida, mamãe. E não é "beeeem" uma cama. É minha cama-berço. Deixei o papai fazer pra mim.

Aquela vozinha infantil era música para os ouvidos de Hermione. Era tagarela demais e muito desenvolvida para a sua idade. Um orgulho para os dois.

Hermione abraçou à pequena e ao marido, em seguida, indo para o segundo quarto.

Este estava todo branco, mas já tinha um berço, uma poltrona de amamentação, prateleiras com fraldas descartáveis — que, contrário ao dia da visita de James, Rony aprendera a trocar facilmente — mamadeiras e utensílios infantis. Uma cortina sobre a janela. Tudo muito claro.

— Não coloquei cores porque não sabemos se é menino ou menina. Mas deixei um feitiço programado pra mudar as cores — ele sorriu satisfeito — Liberaram a magia, eu aproveitei — ela sorriu.

— Vou tomar um banho para jantarmos — ela começou fechando a porta — Você fez um trabalho maravilhoso, Rony… — o beijou.

— Ainda não viu tudo — ele sorriu e ela se surpreendeu.

Mas não se surpreendeu menos do que quando viu a porta em seu quarto. Ao abri-la, a boca abriu-se junto. Um banheiro. Tinham uma suíte.

— Você sempre reclamou que não tínhamos uma suíte…

— Ficou maravilhoso…

— Também vou te ajudar com seus pés — ele provocou perto de seu ouvido — Nessa banheira aqui...

— Papai, o que vai fazer com os pés da mamãe?

Hermione gargalhou quando viu as orelhas de Rony atingirem um vermelho desproporcional. Ele olhou para a menina e gaguejou enquanto tentava explicar.

 Três anos antes…

 O casamento fora marcado às pressas, e não podia ser diferente. Eles já haviam perdido tempo demais e, em Janeiro, um mês depois do Natal, eram marido e mulher.

Muitos pensaram que ela estava grávida. Skeeter, que voltara a fofocar, havia dado a entender ao anunciar o casamento no Profeta Diário e, desde então, o boato só parou quando viram que a barriga dela não crescia. O que demorou um ano para acontecer de fato.

Naquele Natal, anunciaram que seriam três e foi maravilhoso, pois, três meses depois, Harry e Gina anunciaram que seriam quatro. "Estou sempre na sua frente, irmão — ela provocara, mas ele nem deu créditos. Estava ocupado demais mimando a esposa e acariciando a sua pequena barriga roliça."

E desde que voltaram, juntos, para aquela casa velha, não fizeram mais nada além de serem felizes. O senhor Brandt ainda aparecia, uma vez por semana, no início. Depois a cada quinze dias. Ultimamente, com menos frequência, mas ainda estava compelido a ajudar a, agora sim, senhora Weasley, dos supostos maus tratos do marido.

Os momentos sempre terminavam em gargalhadas entusiasmadas dos dois, como da vez, há um tempo, em que o vizinho a protegeu de uma discussão quando o cano do banheiro havia estourado.

Porém, não havia mais motivos para discussões, elas quase não mais aconteciam, mas sabemos que nunca cessarão, caso contrário, não estaríamos falando de Ronald e Hermione Weasley.


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