Visionária escrita por Jafs


Capítulo 14
Meu mundo




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“Quem me dera que o trânsito sempre fosse assim.”

Junko Kaname trafegava em seu carro pelas ruas desertas de Mitakihara. A noite parecia mais estrelada do que de costume, provavelmente muitas das luzes da cidade deixaram de acender neste dia. O silêncio era mantido a distância pelo som da música, já que o noticiário anunciava somente as mesmas coisas terríveis de sempre. No entanto, ela sentia falta do som dos outros veículos, algo que ela considerou tão irônico e contraditório quanto ao que havia acabado de dizer.

Felizmente já havia chegado em casa. Não estaria mais sozinha, apesar de que as luzes apagadas indicavam que todos já estavam dormindo. Não teria com quem conversar, exceto se...

Ao abrir a porta da frente, ela logo trocou olhares com o seu marido, Tomohisa, sentando à mesa da cozinha sob o manto da noite. Ela sentiu genuíno alívio, mas não poderia dar o braço a torcer. Se ele estava ali, era por um motivo e ela não podia deixá-lo ainda mais preocupado. Sorriu, enquanto tirava os sapatos. “Meu marido me esperando? É nessa hora que você me dá as boas vindas e pergunta se eu quero a janta ou um banho ou talvez...”

“Eu pensei que você viria mais cedo do trabalho hoje.” Disse Tomohisa.

Agora ela tinha certeza. “Eu viria, mas Kazuko-san pediu para visitá-la. Com as escolas fechadas, ela anda tão sozinha...”

Tomohisa não estava muito satisfeito com a resposta. “Você podia tê-la visitado de dia se não fosse o trabalho. Eles não têm noção do que anda acontecendo?”

“Ainda não houve toque de recolher por aqui, querido.” Respondeu Junko. “E mesmo se tiver, nossos clientes não terão. Só acho mesmo incrível que ninguém lá no trabalho enlouqueceu ainda.”

Tomohisa veio com um olhar desaprovador.

O sorriso de Junko desapareceu por um momento, a piada tinha sido infeliz. Ela suspirou e se recompôs, procurando se sentar à mesa. Cansada, ela apoiou os braços e deitou a cabeça. “Está com medo?”

“Você deveria estar também!” Tomohisa levantou a voz. “Já aconteceu aqui na cidade, a mídia diz que os eventos estão se concentrando em Tóquio, mas todo mundo sabe que não! Acho que a gente devia sair daqui enquanto...”

“Tatsuya não está dormindo?” Interrompeu Junko.

Tomohisa franziu a testa, percebendo o que fez, e levou as mãos ao rosto. “Desculpe...”

Junko ajeitou o cabelo enquanto continuava o assunto. “Para onde iríamos? Isso está acontecendo no mundo todo.”

“Eu sei.” Tomohisa pôs as mãos sobre a mesa e aproveitou para gesticular. “Nós podíamos ir para uma zona rural, ou uma vila nas montanhas. Algum lugar com pouca gente, até isso passar.”

“Kuku...” Junko riu levemente. “Acha que você foi o único que teve essa idéia?”

Ele juntou as mãos sobre a mesa e permaneceu em silêncio.

Ela sabia que ele se manteria assim. “Tomohisa... o que você faria se o mundo fosse acabar?”

O homem recuou com aquela surpreendente questão, ao ponto de seus óculos se deslocarem. “Ah... hmmm... se eu não pudesse impedir... ou escapar...”

“Uhummm...”

“Bem, eu tentaria ficar com a minha família, falar com os amigos...” Ele ajeitou os óculos. “Isso se for possível.”

“Por que não seria?” A mulher ergueu a cabeça, curiosa.

“Pode ser que tudo acabe de uma vez, ou ficarmos isolados, sem comunicação ou... ou...”

Junko acenava com a cabeça, sorriso aberto, convidando-o para continuar.

Tomohisa puxou o cabelo para trás. “Ah... Eu não sei. Eu realmente não sei. Você está achando graça disso tudo...”

“Não estou achando graça.” Respondeu a esposa. “É isso mesmo.”

“O quê?”

Ela fechou os olhos. “Eu nunca disse que você saberia como e quando.”

Tomohisa abaixou cabeça e riu, riu de si mesmo. “Haha... é mesmo, você não disse...” Até ver ela estender a mão para ele.

“E você não esperou saber para confessar que me amava.” Disse Junko, com apenas um olho aberto e um sorrisinho maroto.

O casal segurou as mãos. “Claro que não, agora entendo o que você quer dizer. Você também não esperou se estabilizar na carreira para nós termos um filho.”

“Na verdade eu queria um bem antes, mas...” Junko franziu a testa e ficou com um olhar perdido. “... eu não sei o porquê de eu não ter buscado isso.”

Ambos ficaram em silêncio, compartilhando aquela dúvida.

Até Junko voltar a falar. “Está mais calmo agora?”

“Sim.” Tomohisa desviou o olhar para baixo. “É... eu acho que sim...”

“Olha só... eu me casei com um eterno adolescente...”

“Sabe que não é verdade.” Ele respondeu irritado diante do comentário.

“Fala como se isso fosse algo ruim.” A mulher se levantou e continuou, com uma voz mais suave. “Eu vou tomar banho, ok?”

Como estava escuro, não era fácil notar que Tomohisa havia corado um pouco. “Ah... sim...”

Com um último sorriso, a esposa deixou o marido sozinho na cozinha.

Ele suspirou, constatando que a idade não havia roubado nem um pouco da sua juventude. Com tantas coisas além do nosso controle, o que fazemos enquanto contamos com o amanhã?

Tomohisa se levantou e arrumou ambas as cadeiras. “Eu acho... que devo checar se o nosso Tatsuya acordou...”

/人 ‿‿ 人\

Ophelia, a princesa, a guerreira. Amaldiçoado seja o solo que ela pisa, assim como aqueles que estiverem em seu caminho, pois estes encontraram com aquela que abandonou a tudo por cinzas.

Mesmo assim, mesmo com a chama e o som de seus cascos anunciando sua maldita vinda, sempre há os tolos, idiotas, imbecis...

Logo a sua frente havia uma garota, com uma capa e uma espada, a mão na cintura em uma pose arrogante, digna para ser esmagada.

“Procurando alguém?” Sayaka apontou para a si mesma, sorrindo. “Que pena! Você só encontrou a Sayaka-chan!”

Ophelia parou, a chama da sua vela no lugar da cabeça tremulou.

“Calma! Você anda com a cabeça quente ultimamente.” Sayaka olhou em volta. “Sua barreira é bem maior que a minha, fico até com inveja, mas acho que ninguém faz uma tão confortável como aquela transferida endiabrada...”

Mais cavaleiras surgiram na névoa, se juntando a bruxa.

“Minhas palavras não chegam até você...” A garota mágica jogou sua espada. A arma rodopiou no ar e caiu em pé no chão, equilibrando-se sobre a sua empunhadura. “Isso tudo é tão injusto, não é kYoUkO?”

Ophelia armou a sua lança.

Enquanto Sayaka cobria metade da sua face com a mão. “Nós já nos encontramos tantas vezes.” Sua luva estava encharcada, a íris e a esclera de seu olho espiralando em um azul escuro. “mAs, cOMO AGoRa, eM  lAdOS oPOSTos.”

Entre os cascos dos cavalos, soldados de papéis apareceram marchando em direção a garota.

“nEm sEmPRe fOi Assim, vOCÊ saBe TanTO QuANto Eu. Por iSsO eU sEI quE Não pReCiSO mE COntEr.” Sayaka abriu seus braços e ergueu a cabeça, deixando toda a água fluir. “EU eStOU em cAsa.”

A garota se deixou cair para frente, permitindo que a lâmina atravessasse seu ser. Antes que tocasse o solo, o que havia ali se esparramou em uma grande poça azul sobre o vermelho. O líquido ondulou e agitou quando a bruxa sereia, Oktavia von Seckendorff, saltou para fora. Carregava consigo um sabre proporcional as suas dimensões titânicas.

Os soldados transformaram as suas cabeças e lançaram fogo.

Com a sua manopla, Oktavia bloqueou o ataque e ergueu sua lâmina. Da névoa que estava atrás dela, inúmeras rodas de madeira vieram e rolaram pela passarela, atropelando os soldados no caminho.

Elas só pararam quando se chocaram com os cascos das cavaleiras, seus cavalos relincharam em uníssono.

A sereia bateu com a sua espada em sua armadura peitoral algumas vezes, fazendo muito barulho, em seguida apontou-a para as cavaleiras.

Amaldiçoada seja aquela que estava diante dela. Contudo, Ophelia não sentiu que aquilo era um ato de estupidez.

Um oponente de valor.

Ela tocou o chão com a ponta da sua lança e suas cópias desapareceram, misturando suas essências com a névoa. Em seguida, correntes vermelhas cercaram por completo o espaço envolta das duas bruxas que estavam ali.

Com o seu convite sendo aceito, Oktavia segurou sua espada com as duas mãos para logo depois separá-las, cada uma então segurando uma lâmina.

A cavaleira se posicionou e deu início a carga.

A sereia deslizou com desenvoltura com a sua cauda de peixe.

A lança encontrando com a espada.

O som de metal colidindo, anunciando o início de uma feroz batalha, fora ouvido por duas garotas distantes dali.

“Mami...” Nagisa estava ajoelhada ao lado da garota caída.

A loira abriu os olhos lentamente. “Miki-san... parece estar tendo dificuldade.”

Apesar daquele comentário, os olhos laranja da garota estavam focados na gema da alma completamente escura que a outra segurava sobre o peito. “Você não tem cubos, não é?”

Mami sorriu e balançou a cabeça, negando.

“Por que... por que não me avisou?!” Nagisa disse com raiva.

“Eu descobri que... se eu realmente queria salvar a Kyouko... eu não poderia dar menos que cem por cento de mim.” Mami rangeu os dentes por um momento, expressando sua dor. “Ela teria feito o mesmo. Só lamento... não ter guardado um pouco de magia. Aquele machucado... voltou a incomodar. Huhuhuuu...”

Ao ouvir a afirmação, Nagisa percebeu: na altura da barriga, em um dos lados do suéter amarelo com estampas de flores, havia uma mancha avermelhada. Era difícil notar a poça de sangue que estava se formando, pois se confundia com as cores das rochas. Como a magia de Mami havia acabado, o laço que pressionava seu grave ferimento também havia se desfeito.

“Está tudo bem... Nagisa...” Mami fechara os olhos. “Tudo bem...”

Mesmo que a outra aparentava estar em paz, Nagisa sabia que uma hora o corpo sucumbiria e a gema seria requisitada. A menina de xale olhou para sua mão, por onde surgira sua semente da aflição.

“... bem...”

A mão de Nagisa tremia, atormentada por suas lembranças daquele momento tão similar. Mesmo assim, ela juntou coragem, convencida da necessidade e de estar preparada para o que viria. Mami não vai fugir, eu mesma terei que fazer isso. Pensou enquanto olhava para a mureta da passarela, melhor que fosse uma longa queda.

Decidida, ela começou a aproximar a sua semente até a gema. No entanto, a coragem que ela jurava ter mostrou-se falsa. Ela não conseguia mover sua mão, muito menos quando esta foi segurada por outra.

“O que você estiver tentando fazer, não faça.” Mami disse com seriedade.

“Mas Mami!” Nagisa exclamou. “Eu preciso! Ou você...”

“Eu disse que... está tudo bem...” Mami respondeu em um suspiro.

A menina arregalou os olhos.

“Se tem alguém que pode salvar Kyouko... é Miki-san. Porém...” A garota, com seu cabelo espalhado no chão, continuou. “... mesmo se tudo ocorrer bem, ela será levada. Só de imaginar... eu voltar para aquele apartamento... sozinha...” Sua face contraiu e seus olhos lacrimejaram. “Dói mais do que qualquer coisa. Eu não vou suportar!”

“Mami!”

A garota atendeu ao chamado daquela voz grossa.

A face de Nagisa havia adquirido seu aspecto de bruxa, fazendo questão de mostrar seus afiados dentes em uma expressão ameaçadora. “Anseios, lamúrias, preocupações... eles não irão embora, muito pelo contrário. Para onde você for, eles serão sua carne, seus ossos, seu sangue. Tem certeza que é isso que você quer?”

Mami levou a sua mão até boca da bruxa, seus dedos deslizando sobre os dentes. “Sem medo.”

Nagisa ficou paralisada, exceto sua mão com a semente, que se fechou.

“Uh... AAAGH!” Mami retraiu sua mão, se cortando com os dentes, mas a verdadeira dor vinha de outro lugar. Seu corpo se arcou e ela segurou a sua gema com toda força.

Saboreando com culpa aquele sangue com gosto de queijo derretido, engolindo sua saliva para que ele fosse embora, Nagisa escondeu seus olhos multicoloridos debaixo de suas pálpebras brancas. “Sua grande mentirosa. Você está resistindo.”

“Huhu... pois é...” A respiração de Mami ficara mais curta. “Vocês já têm Kyouko para se preocupar. Eu não... posso me deixar levar ainda.”

Nagisa segurou a mão ferida, o sangue manchando sua luva marrom.

“Nagisa...” Mami checou como estava a sua gema. “... é melhor você ir. Se eu... perder o controle... eu não quero machucar você.”

“Não! Eu vou cuidar de tu.”

“Eu posso me tornar em uma bruxa muito perigosa... sabia?”

Nagisa levou sua mão até a outra que estava segurando e trouxe a mão de Mami até seu peito. “Eu acredito... eu acredito que você será uma bruxa boa!”

“É...?”

“Uhum!” Ela acenou com a cabeça, convicta. “Eu até sei o que você vai ser. Você será a bruxa do chá! Eu...” Então ela sentiu a mão ficar tensa.

Na verdade, o corpo inteiro de Mami novamente se contorcia. Sua expressão de dor, suas pernas chutando o nada.

Nagisa deixou que a mão segurasse e apertasse seu pulso, enquanto acariciava ela com o seu rosto. Poderia ser aquele o momento.

Mas as convulsões cederam e gema permanecia, contrariando as expectativas. Mami estava suando muito, mas ainda conseguiu esboçar um sorriso. “Bruxa... do chá?”

Nagisa pressionou seus lábios. “Sim. Sim! Nós poderíamos ter chá todos os dias! Acompanhados dos meus doces!”

“É... não soa tão mal.” Mami olhou para Nagisa. “Mas eu gostaria de fazer algumas das minhas receitas também.”

“Claro! As suas sempre serão as melhores.” A garota abriu seu sorriso com enormes dentes, se esforçando para que sua pele branca da face não fosse pintada de roxo.

/人 ‿‿ 人\

Falta muito pouco agora.

Sentada, Oriko observava a abominação sendo absorvida. Seus últimos tentáculos se segurando ao prisma buscando adiar o inevitável fim.

Enquanto isso, a outra garota que estava dentro da bolha com ela também observava aquilo, segurando com firmeza as pontas de suas tranças.

Homura Akemi... essa garota, assim como aquelas outras duas que apareceram...

Oriko então olhou para aquele ponto vazio da galeria.

Eu não vou conseguir prever isso. Minhas visões são... incompletas. Cometerei sempre os mesmos erros. Uma situação sem saída.

Depois voltou novamente sua atenção para o prisma e a esfera negra acima.

Mas estou certa quanto ao Incubator, ele mesmo revelou suas intenções. Ele já deve mais do que alcançado a quota e para o nosso mundo restará um futuro negro pela frente, isso se houver um. Ele está lidando com forças além da compreensão, um grave erro. Ela sentiu um calor chegar a sua cabeça, a chama do ódio. Deslizando os dedos sobre a sua gema escurecida, uma constatação estava clara em sua mente.

Eu falhei.

Foi quando ouviu um som. Seus olhos seguiram a fonte até encontrarem com folhas de jornais sendo carregadas pelo vento.

Aquilo era um absurdo, Oriko estava ciente disso, mas algo dentro dela dizia o contrário. Ela os acompanhou com o seu olhar até quatros pessoas no chão, dois casais, todos com os seus olhos arrancados, ‘olhando’ para ela.

Mesmo naquela situação que elas estavam, Oriko não sentiu terror algum, na verdade os reconheceu. Papa. Mama. Eu falhei. Mesmo atravessando o limiar da moral, sacrificando o que é mais valioso. Eu falhei e estou em um ponto sem volta. O que me resta a fazer?

As quatro pessoas viraram suas cabeças ao mesmo tempo, para mesma direção.

Oriko seguiu a indicação até menina que estava ajoelhada. As lágrimas como única evidência que ela estava chorando.

Os olhos verdes oliva então procuraram por um objeto que também era verde. Infelizmente, a gema que estava de posse daquelas bonecas havia perdido muito da sua cor.

Contudo, algo no fundo de Oriko cresceu e era longe de ser desespero.

Um propósito.

Eu entendo. A garota sorriu levemente, satisfeita com a resposta que alcançara. Eu só preciso trabalhar mais duro.

Entre soluços, Yuma balbuciava consigo. “Papa. Mama. Eu falhei. Sou uma garota fraca... eu não consigo proteger vocês.”

[Yuma.]

A menina atendeu ao chamado telepático, olhando de relance para a bolha. [Mama...]

[Quer que eu lhe conte uma história?] Oriko continuou. [Que nem aquelas que eu contava antes de você se tornar uma garota mágica? Quando você ficava com medo de dormir e acordar sozinha no meio da noite.]

Ainda que a situação não fosse nada animadora, a voz calma fez Yuma se deixar levar pela curiosidade. [Qual história?]

[Sobre o meu desejo.] Oriko respondeu. [Você nunca perguntou.]

[Não sabia se podia...]

Ela manteve o sorriso. [Eu era uma garota que buscava a perfeição, as pessoas com que eu convivia não esperavam menos de mim e eu me esforçava muito. Infelizmente chegou o dia que isso tudo acabou e as pessoas passaram a me odiar, mesmo se eu não tivesse culpa alguma.]

Yuma agarrou com força a saia de seu vestido. [Você ficou sozinha?]

[Sim, todos me abandonaram e nessa época eu ainda não conhecia Kirika.] Mesmo sendo telepatia, Oriko tomava cuidado para manter a calma na sua ‘voz’. [O pior de tudo é que eu não via um futuro para mim. Eu tentei continuar me esforçando, mas todos julgavam tudo que eu fazia como ruim e você descobre que viveu uma mentira. Eu perdi a confiança em mim e não via uma saída. Foi quando Kyuubey me visitou.]

[Kyukyu...]

[Sim. Eu queria saber o que eu valia, queria saber se havia um motivo para eu ver o amanhecer. Então eu desejei...] Oriko fitou Yuma. [Desejei saber qual o sentido da minha vida.]

[Sentido da vida?] Yuma começou a imaginar o que se poderia obter com tal desejo.

Oriko continuou. [Logo que me tornei uma garota mágica, tive a minha primeira visão. Sabe o que eu vi?]

A garota de cabelos verdes permaneceu em silêncio, sem idéia alguma.

[Você.]

Tanto que ela ficou surpresa com a resposta que recebeu.

[Sim, Yuma, você. Estava justamente assim, com lágrimas, encolhida, se escondendo atrás de sacos de lixos em algum beco no meio da noite.] Oriko se esforçava muito em manter sorriso, contraindo a face, mas lágrimas a traíam. [Eu me perguntava ‘Por que ela está assim?’, ‘Será que ela está sofrendo o mesmo que eu?’, ‘Será que as pessoas perseguem ela? Nessa idade?’.]

[Mama...] Yuma se lembrou daquela noite fria que a outra descrevera. Nunca passou pela sua cabeça que alguém estaria olhando por ela naquele momento.

[‘Isso é muito cruel. Ninguém deveria impor a ninguém o que ela deve ser, ao que ela deve acreditar, ao que ela deve amar.’ Foi o que eu conclui. A partir daquele momento eu sabia que nós estávamos destinadas a nos encontrarmos.] Oriko respirou fundo e se recompôs, adquirindo uma expressão séria e determinada. [Eu prometi para mim mesma que eu protegeria um mundo onde eu não veria você assim. Isso continua de pé, então não se preocupe. Salvarei meu mundo.]

Kirika estava em uma situação nada agradável. Bonecas brincavam com a sua face. Cutucavam seus olhos, puxavam seu nariz e lábios, produzindo bizarras e dolorosas caretas.

[Kirika.]

A voz de seu grande amor em sua mente era como raios de sol diante daquela tortura. [Desculpe por tudo, hoje não é o meu dia.]

[Não é necessário se desculpar ou desistir.] Disse Oriko. [Sabe essas bonecas? Elas pertencem a essa garota que está aqui comigo.]

[Bonecas? Então é isso.] Kirika recebeu um beliscão em sua bochecha. [Elas são controladas pela magia dela. Então se ela cair...]

[Sim. Elas vão parar.]

[Você teve uma visão disso?] Kirika questionou.

Algo que Oriko demorou a responder. [Na verdade... é só uma idéia.]

[Então você pode estar errada.]

A garota sentada na bolha compartilhou a conclusão da outra em silêncio.

A boneca enfiou a mão dentro da boca de Kirika e começou a puxar sua língua. “Eeeehhhgg...” [Amorzão. Mesmo se estiver errada, eu seguirei você. Pode confiar.]

[Eu acredito.] Oriko levou a mão ao seu peito e sentiu seu coração palpitar cada vez mais. [Mas eu não quero que faça isso.]

“EEEaaahhgg?!” [Amorzão?!]

[Eu quero que você tire Yuma daqui em segurança.] Instruiu Oriko. [Ela tem avós. Se tudo ficar bem, eu quero que contate eles. Diga que uma pessoa a encontrou perdida na rua e investigou sobre a família dela. Ficarão felizes em saber que ela está viva. Vai fazer isso por mim?]

[O que quer dize...]

[Apenas diga se vai fazer.] Oriko insistiu. [Por favor.]

Kirika era forçada a virar a cabeça, para acompanhar sua língua sendo puxada de um lado para o outro. [Sim... eu faço. Claro...]

[Obrigada.] Oriko engoliu seco e olhou bem para Homura. [Yuma?]

A menina respondeu. [Sim mama.]

[Quero que ouça com atenção. Haverá uma explosão.]

Yuma arregalou os olhos. [Explosão?!]

[Sim. Uma bem grande.] Continuou Oriko. [Está vendo onde Kirika está? Quando isso acontecer, eu quero que corra até lá.]

[Mas e essas...] Ela olhou para as bonecas que a cercavam.

[Não se preocupe quanto a isso. Apenas se encontre com Kirika, depois peguem suas gemas e procurem o túnel sem neblina. Corra, corra sem olhar para trás.]

[Ok...] As instruções de Oriko eram claras, para Yuma só restava uma dúvida. [E você mama?]

Do qual ela não recebera resposta.

[Mama?!] Yuma ergueu a cabeça, assustada com o que estava suspeitando.

Algo que não passara despercebido por Homura. Vendo a expressão da garota e a direção que ela olhava, logo chegou uma conclusão. “Você está falando com ela?”

[Yuma. Agora eu sei que, não importa quanto a minha vida valha, sempre valerá a pena usá-la para proteger o mundo.] Dessa vez Oriko não segurou, suas lágrimas não precisavam trair mais. [Você, Kirika. Vivam! Amem! Eu não mereço todo esse amor que recebi, esse é tudo o que posso fazer por vocês.]

[Oriko?! Oriko!] Ao receber também a mensagem, Kirika voltou a lutar contras bonecas que a seguravam.

“Não. NÃO!” Yuma tentou ficar pé, para logo ser empurrada para o chão por aqueles braços de cera.

“O que você disse para ela?” Homura não economizou na ameaça em suas palavras. Não obteve resposta, no entanto, apenas sentiu certo balançar na bolha. “Por que você está ficando em pé...” Dizendo enquanto se virava, ela não chegou a terminar a pergunta antes de ser atingida por uma esfera direto em seu peito.

“Não! MAMA!” Yuma estendeu o braço em desespero, como se pudesse alcançar bolha lá no alto.

“Ah! Ahg! Uh...” Homura foi atingida por uma série de esferas. No torso, braços, pernas... seu corpo sendo pressionado contra a superfície da bolha. A última atingiu em cheio seu rosto, o virando.

Oriko tinha uma mão sobre a sua gema e a outra estendida. Respirando profundamente, apesar das lágrimas, ela estava determinada.

Mesmo com a boca torta, Homura ainda sorriu. “Vejam só! Havia ainda um resquício de esperança em você, mas não tem mais magia para usar contra mim.”

“Eu tenho o suficiente!” O braço estendido de Oriko estremeceu.

Homura sentiu sendo ainda mais pressionada contra a superfície da bolha por aquelas esferas.

Pai...

Oriko fazia o impossível para manter as esferas. Ela não estava preparada. Nunca havia se arriscado, nunca precisou. Aquela sensação de que alguma coisa estava querendo sair de dentro dela havia retornado e não era seu coração, este que parecia que estava prestes a explodir.

Foi assim?

“MAMAAAAH!” Yuma gritou do fundo de seus pulmões.

Em seus últimos momentos...

Ao ver a menina lá embaixo, foi então que Homura percebeu que a bolha estava se movimentando e ganhando velocidade. Olhando de relance, viu o prisma e seus vértices cada vez mais próximos.

... você pensou em sua filha?

Suas pernas ficaram bambas. Oriko nem tinha idéia de como estava em pé ainda, parecia que já havia desgarrado de seu corpo. Nem respirava, pois para o futuro que lhe aguardava, não precisava mais.

A bolha pressionou contra um dos vértices. A superfície era mais resistente do que aparentava, mas ainda assim cedeu. Com um estouro, a bolha se desfez e as duas garotas caíram de encontro ao chão úmido e duro.

Yuma tentou engatinhar até elas, mas uma boneca puxou seu cabelo enquanto outra se colocava em seu caminho.

Oriko estava deitada de costas para o chão, sem entender o que havia acontecido, até que suas dores aumentaram. “AhhAHHHHH!” Um flash de luz prateado e o seu uniforme se foi. Logo sentiu um objeto na palma de sua mão esquerda, que ela tinha completa certeza do que era.

Sua gema da alma completamente negra, nem sequer um vestígio de sua cor original. Foi então que notou que Homura já estava de pé ao lado dela.

A garota de vestido negro estava com uma expressão inerte, somente sua voz tinha um toque de curiosidade. “O que você pretendia fazer?”

Oriko olhava de um lado para o outro, sem dizer nada.

Homura semicerrou o olhar. “Oh... sério?! Você não sentiu quando ela tocou a bolha?”

Isso fez Oriko parar e olhar fixamente para outra.

“Claro que você sentiu o fluxo de magia, mas confiou mais nas suas visões...” Homura balançou a cabeça em desaprovação.

[Está consumado.]

As garotas prestaram atenção na voz de Kyuubey. Homura viu a última essência negra sendo absorvida pela esfera.

[Madoka cumpriu com a sua parte.]

“Que bom que está satisfeito, Incubator.” Depois de falar com as criaturas, Homura voltou novamente para a garota caída ao seu lado, cochichando. “Mikuni-san...”

“A... kemi...” Oriko viu a outra cerrar seus punhos de couro negro.

“Eu nunca acreditei que você ousaria fazer isso, ainda mais sem poder prever.” Homura continuava a falar baixo. “Se você cometeu tamanho ato desespero, é porque você não mentira e pode até estar certa.”

A garota no chão arregalou seus olhos.

“Mas eu preciso ir até o fim.” Homura abaixou a cabeça e fechou os olhos. “Eu preciso saber se a Madoka que está ali dentro é a pessoa que eu desejei salvar. Eu não posso voltar atrás. Se ela não for, então nada mais importa...”

Oriko estendeu a mão, visando alcançar a perna de couro da outra, quando então a voz de Kyuubey fora ouvida.

[Algo não está certo.]

Aquilo foi como se uma corrente elétrica tivesse passado por Homura. Ela logo presenciou estranhas rachaduras se formando no ar, que pareciam ser feita da mais pura luz, surgindo pelo ambiente, incluindo o prisma e a esfera acima.

“Não... estamos todos condenados...” Suspirou Oriko.

Ao ouvir aquilo, Homura não tinha mais dúvidas quanto a previsão da outra, mas ainda assim ela queria mais respostas e rápido, pois as rachaduras ganhavam tamanho. “INCUBATOR!”

[Isso não faz sentido. Essa luz pode ser captada por nossos sensores ópticos, mas não conseguimos detectar uma fonte. Parece ser algo mais primordial.]

“Primordial?! O que quer dizer com isso?” Enquanto aguardava uma resposta, Homura invocou um alfinete e lançou contra o prisma. No entanto, uma rachadura surgiu na trajetória e engoliu o projétil sem deixar vestígios. A galeria estava cada vez mais iluminada. “Criatura! Encontre a causa!”

Disse Kyuubey. [Eu recebi uma informação relevante. Aparentemente a energia que coletamos não está se comportando como uma propriedade física, ela demonstra ter consciênci...] Outra voz, proveniente de outro Kyuubey, se intrometeu. [Eu não recebi nenhuma informação.] E outra. [A informação que recebi é que este fenômeno está acontecendo em todo o universo.]

A cacofonia de vozes tomava conta da mente de Homura, que viu uma rachadura se espalhar rapidamente até onde estava Kirika e as suas crianças.

“AAhhh!” Nem a garota, nem bonecas, escaparam.

[Nossa comunicação foi comprometida. Repito. Nossa comunicação foi comprometida.] Os Kyuubeys que estavam conectados a esfera não tiveram nenhuma chance. Os outros faziam o possível para não ser tragados pela luz. [Eu estou observando desvio da gravidade próximo ao horizonte de eventos.] [Eu não estou sendo mais capaz de detectar certos tipos de onda, vocês estão recebendo essa mensagem?] [Precisamos converter a energia para outra forma.] [Não consigo estabelecer contato.]

As bonecas que estavam próximas de Yuma se dispersaram. Aproveitando a oportunidade, a menina se levantou e começou a correr até onde Oriko estava.

A garota no chão estava com o corpo tão fraco e dolorido que só pode ver ela chegando.

Até a menina parar de repente.

Em um primeiro momento parecia que ela havia dado um passo em falso, mas os olhos de Yuma começaram a perder vida. Lentamente, o mesmo aconteceu com o seu corpo e ela tombou.

Oriko ficou boquiaberta, um grito que ela não conseguiu soltar. Ela se lembrou que Yuma não estava com a sua preciosa gema e sim uma das bonecas, que ela só pôde supor que não havia escapado. Um movimento registrado pelo canto de seu olho e ela viu que Homura estava recuando.

As duas trocaram olhares. Homura continuava a se afastar da luz que se aproximava enquanto contemplava a expressão de Oriko. A que ela mais temia.

Desprezo.

Então, como um gigantesco trovão, uma rachadura caiu sobre e cobriu por inteiro o corpo da vidente.

[Poderia o tecido da realidade estar se rasgando?] [Sim, essa luz é uma forma de energia deste universo, mas nunca a detectamos. Isso deve ser o sangue dele.] [Entendo.] [Eu tive a mesma conclusão.] [Entendo.] [Entendo.] [Entendo.] [Entendo.] [Sim, os conceitos estão dissipando.] [Entendo.] [Entendo.] [Entendo.] [Ela mentiu para mim.] [Entendo.] [Entendo.] [O universo está morrendo.] [Ela mentiu para mim.] [Entendo.] [Entendo.] [Ela mentiu para mim.] [Morrendo.] [Entendo.] [Ela mentiu para mim.] [Entendo.] [Entendo.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Entendo.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Morrendo.] [Morrendo.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para mim.] [Ela mentiu para...]

Homura parou o tempo com a sua ampulheta, obtendo o absoluto silêncio. Sob as cores mortas, ela examinou uma verdadeira árvore de luz que havia se desabrochado onde Madoka estava. Seus galhos e raízes consumindo o mundo.

... Ela mentiu para você, te envenenou...

Para a surpresa da garota, uma rachadura surgiu na ampulheta. O tempo, assim como os outros conceitos, estava se encontrando com o seu fim.

... Ela enganou eu, Incubator, todos...

E outra.

... Ela que é uma maldição para si mesma...

E outra.

... Tudo estará acabado e a maldição terá obtido seu objetivo...

E outra.

... Quando uma árvore cai e morre em meio uma floresta, ela oferece seu espaço e a luz do sol para que outra árvore cresça...

E outra.

... O fim das aflições. Algo que eu desejaria...

Apenas por um milagre que a ampulheta não havia estourado ainda.

... Homura-chan...

... Homura...

Onde ela havia sentido isso? Homura indagava para si própria. Essa sensação de mergulhar para o infinito. “Madoka...”

... Confiar em mim!...

/人 ‿‿ 人\

Dentro da jaula feita de correntes, as duas bruxas duelavam em uma luta equilibrada.

Oktavia tinha vantagem no tamanho, aliado ao seu corpo incomum, lhe permitia explorar em seus ataques.

Ophelia compensava isso com o alcance de sua lança, mas o seu maior trunfo é que ela não estava só. Ela empinava seu cavalo e seus cascos golpeavam sua adversária.

A bruxa sereia tinha armadura para resistir, algo que sua oponente tinha em falta. No entanto, a outra manejava o seu fiel cavalo muito bem e o usava como um escudo. Suas massivas espadas atingiam a superfície dura de cerâmica do animal, causando rachaduras, mas não conseguia derrubá-lo.

A cavaleira tentava circular a outra bruxa, visando a sua cauda de peixe que estava exposta. Contudo, a bruxa de armadura demonstrava disciplina, sempre mantendo uma distância segura entre as duas e bloqueando o caminho com suas espadas.

Impaciente com o impasse, Ophelia deu uma poderosa estocada, que a outra aparou facilmente. Porém, aquilo foi apenas para que ela tivesse tempo de virar o cavalo e cavalgar pela arena que ela havia construído. Após ganhar distância, ela avançou com a sua lança em riste.

Quando a cavaleira estava próxima o suficiente, Oktavia brandiu uma de suas espadas para interceptá-la, enquanto a outra ficaria para bloquear.

Era exatamente isso que Ophelia esperava. Ela continuou a cavalgar, mas arremessou sua lança para trás.

A espada apenas cortou o ar.

A bruxa e seu cavalo haviam desaparecido, justamente para aparecer metros atrás, recebendo a lança que voava em seu caminho, sem parar com a sua corrida.

Oktavia buscou proteger seu flanco exposto, mas foi tarde. A lança perfurou sua armadura e a bruxa soou um som agudo e metálico, além de deixar a espada cair.

Ophelia torcia sua lança, aumentando o ferimento e a quantia de sangue azul que jorrava. Até que a manopla segurou a sua arma.

A sereia empurrou seu corpo contra lança, fazendo a atravessar seu corpo por completo.

Vendo que a outra agora estava muito próxima, a cavaleira abandonou sua lança, mas não conseguiu escapar, pois a manopla agarrou seu corpo.

A única coisa que lhe restou foi ver a lâmina descer sobre ela.

O cavalo seguiu em frente, mas a vela cortada ficou. No chão, o pavio dela só havia uma brasa do que já fora uma vigorosa chama.

Oktavia, com a mesma manopla, arrancou a lança de seu corpo e a jogou para longe. O ferimento levaria um tempo para se fechar.

Então, a chama da vela reacendeu.

Ouvindo um relinchar, Oktavia se virou apenas para levar um coice do cavalo. Ela voou metros de distância e, antes que pudesse se levantar, o cavalo já estava sobre a sua cauda.

O animal furiosamente empinava e esmagava a cauda com os seus cascos, espalhando o azul sobre o vermelho das rochas.

Enquanto o cavalo pulava sobre o seu quadril, Oktavia tentou usar sua espada, mas não estava em mãos. Ela viu que a arma estava caída próxima dela.

A criatura de cerâmica pisoteava a armadura, já bastante danificada devido ao duelo de anteriormente.

Tinta azul escapava pela viseira de seu elmo, enquanto esticava seu braço até a espada.

Os olhos negros do animal estavam arregalados, tomado pela selvageria. Seu relinchar soou mais alto quando ele empinou, pronto para esmagar a cabeça.

Assim que Oktavia alcançou a empunhadura, ela rapidamente apontou a lâmina para o seu algoz.

O cavalo caiu sobre a espada e acabou errando o seu ataque por um triz. A arma se quebrou, mas sua ponta ficou enterrada na barriga dele. Grandes rachaduras se formaram a partir daquele ponto, se somando a tantas outras espalhadas pelo corpo. Ele ergueu a cabeça uma última vez antes de se despedaçar por completo, liberando uma nuvem de cinzas no ar.

A vela se apagou e tanto a névoa quanto as passarelas começaram a oscilar e perder foco.

“Bebe!” Algo que Mami logo notou. “Está vendo... isso?”

A menina havia recostado a cabeça sobre a garota caída. Ela se levantou e seus olhos coloridos observaram o mundo mudando a sua volta. “A barreira está se desfazendo.”

“Então... Miki-san conseguiu...”

Nagisa acenou, concordando.

Mami suspirou e sorriu, mas logo voltou a ficar séria ao abrir a mão para ver a sua gema.

“Tem certeza?” Nagisa indagou novamente.

“Sim.” A loira respondeu sem hesitar. “Só... irei esperar pela Miki-san...”

Nagisa balançou a cabeça. “Ela não vai aprovar isso.”

“Eu creio... que não.” Mami deu uma piscadela. “Mas... sua senpai não pode... permitir ser deixada para trás por suas kouhais.”

Nagisa sorriu. “Hehe... é... não pode.”

De repente, uma luz branca cortou através do que restava da névoa.

Mami protegeu os olhos. “O que é isso?!”

“Eu não sei... eu...” Nagisa se virou e a luz ficara ainda mais forte, mal oferecendo tempo para ela colocar os braços à frente. “RAWWWR!”

“Nagisa!” Mami não encontrava mais ela meio a luz. Então a gema sobre seu peito subiu e ela não conseguia sentir mais o chão.

Ela concluiu que estava flutuando ou até mesmo caindo. Estendo a mão, Mami tentou alcançar a gema antes que esta ficasse longe demais. Não havia tempo para pensar no que estava acontecendo.

Infelizmente, a gema estava rodopiando rápido demais e seus dedos acabaram se chocando nele, o afastando ainda mais.

Um silêncio, um vazio, sua angústia e frustração contrastando com o branco infinito onde sua alma lentamente desaparecia.


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Notas finais do capítulo

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