Visionária escrita por Jafs


Capítulo 13
Meu sonho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/627460/chapter/13

A luz rosa banhava a galeria úmida com crateras no chão e Kyuubeys, muitos deles. Bonecas estavam em pleno ar, com os seus membros deslocados, caindo lentamente. Quem estava realmente flutuando eram duas garotas caídas dentro de uma bolha. Haviam outras duas garotas, uma que devia se achar ser um temido pirata, mais pelo seu tapa-olho do que pelas suas garras, e uma pequena que carregava uma curiosa vara peluda com cauda que nem de longe parecia ser uma arma.

Para Sayaka, aquela cena só levava a uma conclusão. “Que bagunça...” Ela se virou, ficando de frente para o holograma da Lei dos Ciclos. Em sua mão, uma semente da aflição com um laço rosa no topo. “Isso funcionou... acho que é mais seguro mandá-la de volta.” Então ela a arremessou em direção a imagem. Quando ambas desapareceram, a garota de capa e espada ficou perplexa.

Lá estava Madoka, inconsciente dentro de um cristal coberto por uma gosma viva e pegajosa.

Sons de coisas pesadas e duras caindo no chão chamaram a atenção dela de volta para o que estava a sua volta.

As bonecas haviam encontrado com o chão na velocidade que se era esperada.

Algo que Kirika também vira. “Bosta. Com esse show de luzes, acabei me esquecendo da minha magia.”

Enquanto Homura ficava de joelhos dentro da bolha, ela trocou olhares com Sayaka. “Miki-san...”

A garota mágica azul colocou a espada com a ponta no chão, falando consigo mesma. “Então ela está aqui...”

Antes que Homura pudesse ficar em pé, ela recebeu um forte abraço pelas costas.

Segurando a outra como podia, Oriko gritou. “KIRIKA!”

“Ok. Ok...” Kirika gesticulou para nova garota mágica. “Ei azulona, pode dar um passinho pro lado? Eu tenho que quebrar aquilo.”

“Hã?” Sayaka ergueu as sobrancelhas. “OOOOooooi! Você não viu aquela coisa preta não?”

Kirika suspirou. “É isso que dá ser um pouco educada...”

As bonecas começaram a se mover.

Assustando Yuma, que ainda estava próxima delas. “Papa! Elas estão se levantando!”

“Ah... cansei!” Kirika pisou com força no chão, gerando uma aura. “Já vi muita coisa estranha por hoje, é hora de isso acabar!”

Sayaka viu a outra erguer suas garras. “Eu não sei o que deu em você.” Uma aura azul circular se formou sob ela, tremulando a capa com a magia. “Mas eu não vou permitir você chegar perto dela.”

“Não preciso de permissão. Kukuku.” Quando tudo ficou lento a sua volta, Kirika correu visando o prisma. Suas garras prontas para o trabalho. Contudo, seus planos de deixar aquela garota de espada para trás foram interrompidos quando a mesma se pôs rapidamente em seu caminho. “O quê?!”

Instintivamente, ela deixou tudo ainda mais lento, dessa vez surtindo o efeito esperado na garota de cabelos azuis. Ela é rápida. Desviando, Kirika passou pela garota, que agora se virava lentamente para ela. Mas não o suficiente. Sorriu e seguiu até seu objetivo.

Envolta do prisma, inúmeros e pequenos portais circulares azuis surgiram e deles saíram espadas que ficaram parados no ar.

Kirika parou diante da parede de lâminas.

“O que eu disse a você?”

Ela se virou e viu a outra garota, em sua aura azul, novamente se movendo com velocidade normal. Kirika também aproveitou para ver como estava situação do resto.

Yuma estava com a boca meio aberta e olhos arregalados, seu passo em direção ao prisma criando uma verdadeira coroa de água em uma poça. As bonecas atrás dela já estavam ficando em pé.

Enquanto isso, Oriko ainda segurava a garota de aspecto assustador, as duas fazendo tensas caretas.

Sayaka também estava observando. “Você consegue deixar tudo mais lento.”

“E você parece que consegue compensar isso aumentando a sua velocidade. Até mesmo em seus reflexos.” Respondeu Kirika.

Com um leve sorriso como resposta, a garota mágica azul colocou novamente a ponta espada no chão banhando pela luz da sua aura. “Eu me chamo Sayaka Miki, qual é o seu nome?”

“Quer saber o nome da sua oponente?” Kirika estranhou. “Qual é o sentido nisso?”

“Talvez porque eu não quero que você seja uma.”

“Bem...” Kirika amolou suas garras, soltando faíscas violetas. “Eu tenho más notícias.”

Ao ver a outra garota avançar correndo em direção a ela, Sayaka levantou sua lâmina, catapultando água de uma poça.

Que respingou no olho de Kirika. Ela parou de avançar ao fechar ele, quando o abriu viu um fio prateado subir de seu nariz até a testa.

Sayaka recuou com a sua espada.

Kirika percebeu que sua visão estava mais clara e ampla. No chão, seu tapa olho.

“Deve haver um mal entendido. Vamos conversar antes que você se machuque.” Disse Sayaka.

“Garota.” Kirika arregalou os olhos. “Você tem um baita problemão agora.” Suas garras ganharam tamanho e ela saltou.

Apesar da fúria do ataque, com o esvoaçar de sua capa branca, Sayaka evitou o ataque facilmente.

Kirika conectou seu ataque com uma potente voadora.

Que Sayaka bloqueou com o corpo da sua espada, seus pés arrastando no chão com a força do golpe.

“Então você não vive só de truques. Bom, kukuku... muito bom...” Com um grande sorriso, Kirika se preparava para uma nova investida, mas se surpreendeu quando a outra de repente saiu voando que nem um torpedo, passando acima da sua cabeça. “Wow!”

Sayaka colocou seus pés em uma parede circular construída em pleno ar pela sua magia. Assim que a garota de garras se virou, ela saiu voando da parede em velocidade e deu uma cabeçada no peito da outra.

“Ugh!” Kirika caiu para trás de braços abertos. Ainda no chão, ela viu que Sayaka tinha ficado em pé, estralando seu pescoço.

“Você deve estar acostumada a lutar com a vantagem que a sua magia oferece. Eu já lidei com gente assim.”

Ainda recuperando o fôlego, Kirika se levantou. “A última pessoa... ah... que falou isso pra mim não se deu bem... sabia?”

“Eu poderia ter matado você.” Afirmou Sayaka.

“Azar o seu!” Kirika avançou novamente.

Sayaka recuava para evitar cada ataque. “Eu estou pedindo para você parar!”

“Quem deve parar é você!” A gema de Kirika brilhou.

Sayaka se preparava para um novo desvio, mas garras estavam mais rápidas ou, melhor dizendo, ela que estava mais lenta. “Aahh!” Três linhas rubras se desenharam em seu peito.

“É isso que eu quero ouvir.” Disse Kirika, mais confiante.

Porém Sayaka não reclamou mais da dor, ao invés disso ela revelou um olhar de convicção. Sobre seus cortes círculos negros se formaram e, enquanto giravam, as feridas se fecharam. Até seu uniforme fora reparado.

Kirika tentou levantar o tapa olho que ela não tinha mais. “Eiii... isso é apelação!”

“Está vendo?” Disse Sayaka com seriedade. “É melhor não desperdiçar mais sua magia.”

“Achei que você ia ficar quieta depois dessa... tu é um caso perdido mesmo.” Após dizer, Kirika abriu seus braços. “Acha que pode comigo? Você já está suando!”

Com a afirmação da outra, Sayaka ficara surpresa.

“E eu nem comecei. Eu só preciso cortar mais fundo.” As garras de Kirika passaram do violeta para o roxo e do roxo para o preto. Elas se alongaram e ficaram flexíveis, de seus corpos várias lâminas em forma de foice brotaram.

Sayaka fez brilhar mais a sua aura quando viu aquelas garras, agora chicotes de lâminas, ganharem vida e investirem contra ela. Em movimentos rápidos, ela aparou os ataques com a sua espada.

Kirika torceu pela outra em tom sarcástico. “Continue assim que você dura mais alguns segundos!”

Não suportando a pressão, Sayaka deu um grande salto para o alto e se cobriu com a sua capa. Quando abriu ela, várias espadas saíram voando em direção a sua atacante.

Kirika retraiu os chicotes que partiam de um de seus braços e bloqueou aquele ataque facilmente. “Quando começar a lutar sério, me avisa. Ok?”

Agora com duas espadas, Sayaka lutava contra os três chicotes que a perseguiam em seu retorno ao chão. Um dos chicotes subiu e mergulhou, visando o topo da sua cabeça. Ela rolou e ponta dele fincou no concreto.

Ao se levantar, Sayaka notou que ele ficara preso. Outro chicote se lançou contra ela. Conseguiu desviá-lo, mas ao custo de uma espada que voou da sua mão. Utilizando sua outra lâmina, a garota martelou repetidas vezes o chicote, afundando as foices de energia no solo. Só não continuou a fazer, pois o outro chicote atingiu sua espada, prensando ela junto com ele no chão.

Ele se prendeu a si mesmo? Sayaka perguntava para si mesma o que significava aquilo quando os chicotes esticaram-se, as foices neles servindo como ganchos. Ela então se virou.

Kirika vinha voando em velocidade, sendo puxada pelos chicotes como um carretel. Em seu outro braço, os chicotes haviam voltado a ser imensas garras, maiores que seu próprio corpo. “É hora do Gran Finale!” Seus olhos esbugalhados, seus dentes a mostra em regozijo.

Tal semblante que se aproximava era tão assustador, que Sayaka sentiu vontade de socá-lo e o fez.

“WHOOOAAAAAHG!” Kirika voou uma dezena de metros para trás, os chicotes arrancaram pedaços de concreto de onde eles estavam presos antes de desaparecerem.

Sayaka estava assustada, não pelo seu feito, mas pelo seu braço que agora estava revestido em ferro.

“Ai, ai, aiieee...” Kirika puxou seus lábios inferiores, onde seus dentes tinham afundado em sua carne. Sentido o gosto do sangue que escorria, ela se levantou de olho em sua adversária. “O que é isso? Agora usa uma armadura? Legal, não pensei que uma garota mágica podia ter mais de um uniforme.”

Água escorria pelo rosto da Sayaka e gotejava na armadura peitoral, com um laço vermelho. Seu corpo se arrepiava e tremia. “Oh não...”

“Tá passando mal garota?” Kirika aproveitou para ver como estavam as outras.

Yuma continuava em sua corrida. No momento, com os dois pés fora chão, parecia voar. Atrás dela estavam aquelas ameaçadoras ‘crianças’.

No entanto, ainda a maior prioridade depois do prisma era Oriko. A garota que usava tranças ridículas já havia se desvencilhado do abraço, ela devia ser muito perigosa.

“Por acaso torrou toda a sua magia?” Kirika voltou a conjurar suas garras. “Bem... melhor pra mim.”

Sayaka gesticulou com as suas manoplas. “Por favor! Pare!”

“Venha e tente!” Kirika saiu em disparada.

Sayaka abriu as mãos. As águas das poças próximas subiram até elas e se solidificaram, formando longos sabres.

“Mais truques?!” Assim que viu Sayaka brandir as lâminas, Kirika se abaixou e deslizou pelo chão molhado. A garota de armadura saltou para evitar as garras e ela passou por baixo.

“Aliás, sua capa agora está azul.” Kirika se levantou e segurou a capa, cobrindo a cabeça da Sayaka com ela. “Quer ver?”

Mas que droga!” Sayaka removeu a capa e girou com as suas lâminas. O que veio a seguir foi um movimento violeta brilhante. “AAAAHH!” Então ela sentiu, além da dor terrível, que um lado de seu corpo ficara mais leve. Olhando de relance, viu seu braço no chão, decepado na altura do ombro. Buscando a retaliação, ela tentou brandir novamente sua outra espada.

Mas não se moveu, pois estava presa entre as lâminas de uma das garras da Kirika. “Kukuku. Que pena, Sayaka-chan.” Ela ergueu a outra garra. “No fim você acabou perdendo a cabeça.”

Antes que pudesse desferir o golpe, no entanto, uma espada atravessou seu braço.

“Ah merda!” Como mais espadas vinham voando em sua direção, partindo da parede de lâminas, Kirika recuou com um longo salto.

Sayaka se prostrou e ergueu sua espada, cessando o ataque.

Com a trégua, Kirika checou seu ferimento. A lâmina estava fincada em seu bíceps. Bloqueando a dor, ela a removeu e o sangue verteu, mas não por muito tempo graças a sua magia. Contudo, o movimento do braço estava prejudicado. “É... parece que estamos empatadas.” Foi então que notou gotículas azuis em suas vestes, como se fosse uma tinta. Voltando sua atenção para a outra, algo a deixou abismada.

No local da amputação do braço da Sayaka, uma geléia azul clara saía e ganhava forma. Como anteriormente, a água veio das poças e envolveu aquela geléia, ganhando um aspecto metálico. No final, ali se encontrava uma nova manopla.

Enquanto isso, o antigo braço que estava no chão derreteu, se misturando com as poças.

“Isso é ruim.” Kirika cerrou os punhos. “Isso é realmente muito ruim! Do que ela é feita?!”

Com o seu novo braço, Sayaka levantou um pouco a saia para confirmar algo que ela temia. Sob a pele úmida das suas coxas, escamas de peixe estavam aparecendo. Ela tem razão.

Se levantando, ela olhou para as espadas que protegiam o prisma. Eu estou usando muita magia para manter isso. Depois para a outra garota. Além do que estou usando para competir com ela.

Mas por que eu não perdi o controle?

Sayaka se concentrou no peso sufocante da sua armadura. Minha barreira já deveria ter se formado por aqui. Sua aura azul continuava a brilhar, emitindo desenhos de notas musicais no ar. Será que é isso? Será que a magia dela está desacelerando esse processo?

A outra garota estava tentando mover o braço ferido até onde podia.

Eno quanto mais ela usar essa magia, mais tempo eu terei. Sayaka empunhou seu sabre com ambas as mãos. Mas eu devo me preparar. Ela deve estar em seu limite.

Kirika analisava a situação. Isso é a pior coisa que já enfrentei. Além dela ser forte, é chata pra burro. Se ela pode regenerar ao ponto de recuperar um membro inteiro, então a minha única chance é a gema da alma. Estava na barriga dela, né?

Mas...

Ela colocou a mão onde estava a sua gema. Meu braço já era, minha gema não deve estar diferente também. Enquanto observava a aura da espadachim de armadura. E eu não posso me dar o luxo de achar de que ela vai continuar passiva.

Depois passou mão no bolso volumoso da sua jaqueta. Ainda tenho cubos, posso tentar algo. Semicerrou olhar, satisfeita coma sua própria idéia. Eu posso desacelerar bem mais do que das outras vezes, mais do que já nunca fiz!

Kirika pôs isso em ação, sua oponente congelou como se tivesse parado no tempo.

“Isso vai colocar a minha gema no limite.” Kirika pegou sua gema da alma e se virou, colocando-a no chão de ladrilhos preto e branco. “Mas eu posso desacelerar a corrupção dela também!” Ainda falando consigo mesma, Kirika pegou os cubos e os colocou em volta da gema enegrecida. “Enquanto esses aqui continuam na mesma.”

Uma essência negra saía com velocidade normal da gema e era absorvida pelos cubos.

“Eu nem precisei consultar o amorzão dessa vez!” Kirika pôs a mão na cintura com orgulho. “Por enquanto não vou correr o risco de desaparecer... bem... não sei mais de nada. Boa coisa é que não é e...” Porém algo a deixou intrigada. “... por que o chão está assim?”

Enquanto procurava entender o que havia acontecido, seus olhos bateram com uma criatura rastejante, um verme, do tamanho de um gato. Verme foi a palavra mais próxima que ela conseguiu encontrar para descrevê-lo, pois na verdade era mais uma bolha disforme. Sua pele era branca e lisa, com uma parcial transparência que permitia ver a carne pulsante embaixo. Havia alguns pêlos, que dava para contar nos dedos, negros e enrolados, tão longos quanto grossos, distribuídos sem um padrão ao longo do corpo. O mais estranho, no entanto, era a cartola preta sobre o que seria a cabeça daquilo.

“Mas o quê?!” Kirika esfregou os olhos.

Sua visão agora só enxergava o concreto úmido.

“Ahhh! Eu já disse! Chega de bizarrices por hoje!” Irritada, Kirika se virou novamente para sua oponente e chamou sua garra. Contudo, apenas surgiu uma pequena lâmina de energia. “Vixe... não sobrou muita coisa, essa deve ser a minha última chance...” Recuperando o ânimo, ela avançou. “... e eu não vou perdê-la!”

Ao se aproximar mais, Kirika viu a aura da espadachim brilhar e ela começar a mover sua lâmina, mas ainda muito lentamente. Ela já percebeu, mas não sabe que precisa acelerar mais. Com as diferenças nas velocidades, tudo parecia fácil. Ela parou na frente da garota e desferiu o golpe aonde havia um desenho de um coração perfurado.

Sayaka abaixava a cabeça.

“MORRA!” Enquanto isso, Kirika desferia mais golpes no mesmo lugar. A mesma tinta azul de outrora escorria pelas perfurações, até que o braço da garota quebrasse a armadura e mergulhasse lá dentro. “E-Eca...” Não havia nenhuma gema ali, sua mão apenas trouxe de volta uma pasta azul úmida e grudenta.

Que começou a ser lavada por um jorro de água.

Kirika ergueu o olhar, seguindo a linha da água. O que ela encontrou não fora cabeça de uma garota, mas um elmo. Então sentiu a pressão dolorosa do metal enterrando em sua barriga.

A cavaleira revelou sua viseira, por onde a água havia saído. Em um único movimento, seu sabre abriu o abdômen da outra garota até o fim em um corte horizontal, espirrando o sangue sobre as poças de água. A justiça estava feita.

Kirika abriu um sorriso incrédulo. “Você... trapaceou.” Ela se afastou e se virou, abraçando o ferimento. Entre seus braços, uma cachoeira de sangue vertia. Em uma passada lenta e cambaleante, ela tentava alcançar sua gema, que agora parecia tão distante.

O mundo começou girar.

“Ah... de novo não...” Estendendo os braços em um último esforço, ela desabou no chão e suas roupas de garota mágica evaporaram.

Sayaka apoiou as mãos no chão. “eU A pUNi. EU a PUnI. eu A Puni. EU a PUnI.”

As espadas que protegiam o prisma caíram e se misturaram a água. Sua armadura começou a derreter.

“Eu a puni. Eu a puni. Eu a puni. Eu a puni.”

Seu corpo ensopado tremia.

“Eu a puni. Isso... isso...”

“FICA LONGE DO PAPAAAAAHHH!” Yuma golpeou com sua vara brilhante acompanhada de toda a sua fúria.

“UUAAAAAAAAAAHHHHH!” Sayaka voou alto, até onde as luzes da galeria não alcançavam.

A pequena garota mágica verde rapidamente apontou sua vara para Kirika.

A garota caída logo foi envolvida por uma luz verde. “Amorzinho...” Ser salva duas vezes por ela, fazendo-a gastar sua magia. Kirika já estava certa que teria uma discussão daquelas com a Oriko. Sim, teriam uma quando voltassem para casa. Quando luz verde dissipou, no entanto, um problema maior surgiu.

Duas daquelas crianças estavam segurando a sua gema, olhando para aquilo com certo fascínio.

“Ei!” Kirika tentou se levantar, mas sentiu um forte impacto em suas costas. Algumas haviam pulado em cima dela.

“Oh não!” Yuma tentou ir até ela, mas algumas crianças bloquearam seu caminho.

“GAROTA!”

Yuma atendeu o chamado que vinha da bolha que flutuava lá no alto.

Homura segurava a face de Oriko, enquanto sua outra mão estava sobre a gema.

“Mama!”

“Entregue a sua gema!” Homura ordenou.

Yuma se estremeceu com aquela voz, notando que uma criança se aproximou dela com sua mão branca e lisa estendida. Ela virou a cabeça e olhou para o prisma.

“Oh... você é corajosa.” Afirmou Homura. “Fique livre em tentar, mas com a certeza de que as duas irão morrer.”

Yuma olhou para pernas de Kirika que se debatiam, enquanto era mantida no chão por aqueles seres duros e frios.

“Entregue AGORA!”

Um flash de luz verde e seu uniforme de garota mágica deram lugar para um vestido verde escuro, sua touca para prendedores de cabelos dourados. Na palma da sua mão esquerda, Yuma ofereceu sua gema.

A boneca pegou o objeto com vontade. As outras que estavam perto se aproximaram, curiosas, observando a corrupção se comportando como um óleo em meio ao verde dentro daquilo.

“Ótimo.” Homura empurrou a face da Oriko, a jogando contra a superfície da bolha.

A menina se ajoelhou e sentou sobre seus calcanhares em silêncio, com uma expressão de desalento. Então ouviu passos nas poças e viu o brilho prateado de uma lâmina.

Sayaka achou por um momento que elas iriam trocar olhares, mas não foi caso.

“Está atrasada, Miki-san.” Disse Homura.

Sayaka se virou para ela, respondendo. “E você não parece estar sendo capaz de protegê-la, diabo.”

Homura fechou os olhos. “Você se lembra... uma pena que você sempre está um passo atrás.”

“Como é?”

Homura então os arregalou. “Diabo está morto!” Depois apontou para si própria. “Apenas sua carcaça permanece.”

“Carcaças não falam.” Sayaka suspirou antes de continuar. “Será que dá pra parar de falar desse jeito? Não estou com vontade de ficar adivinhando.”

“Somos semelhantes, Miki-san.” Disse Homura. “Ecos moribundos de nossos desejos.”

Sayaka prestou atenção nas vestes da outra e nas tranças que ela voltara a utilizar. “Você...”

Homura interrompeu. “Eu não estou tão surpresa de Madoka ter um plano de apoio do que você ser ele. Eu pensei que estivesse em um estado mais desagradável...”

“Ela sabe que pode confiar mim.” Sayaka sorriu. “Segui exatamente como ela me pediu. Eu aguardei todo esse tempo, procurando manter tudo o que a Lei dos Ciclos construiu, até que um sinal viesse.”

Homura acenou com a cabeça. “Entendo...”

“L-Lei dos Ciclos...?!”

Homura virou-se para Oriko.

A garota estava boquiaberta, os olhos arregalados e a testa franzida. “A... A Lei dos Ciclos não é um mito... eu... eu estava errada todo esse tempo.”

“Não. Você tem razão.” Respondeu Homura.

Oriko ficou confusa.

Ela continuou. “A Lei dos Ciclos é um mito, construído ao longo do tempo por aqueles que não tinham conhecimento algum do que é verdadeiro. A verdade é Madoka e somente Madoka!”

Oriko olhou para a garota dentro do prisma.

... Ela É a Lei dos Ciclos...

A voz de Kyouko ecoou em suas lembranças, ecoou de um futuro que ela felizmente pôde evitar. “Então é por isso que não desaparecemos...” Após balbuciar, Oriko chamou em voz alta. “Você! Você com a espada! Miki-san, não é?”

Sayaka apontou para si. “Oi? Sim?”

“Por favor!” Oriko pediu. “Quebre o prisma! Liberte a Lei dos Ciclos das garras do Incubator!”

Sayaka balançou a cabeça. “Não... aquela coisa preta ali, eu não sei o que é, mas parece perigoso.”

“Eu sei.” Oriko acenou. “Eu sei que aquilo quer corromper a alma da Madoka, seria nosso fim também, mas aquilo está fraco e ela forte. Eu trouxe muitos cubos, eu posso purificar ela antes que o pior aconteça!”

Sayaka pensou a respeito do que ouvira e olhou de relance para o prisma.

“Nem pense nisso.”

Apenas para sua atenção ser chamada pela Homura.

A garota de longas tranças continuou. “Diga o que você sabe, Miki-san.”

“Madoka me contou o plano dela. Eu nem acreditei quando eu o ouvi pela primeira vez.” Falou Sayaka. “Ela iria cooperar com Kyuubey para lidar com uma grande ameaça, e com a sua ajuda ainda.” Então ela apontou a espada para o prisma com certa indignação. “Mas isso tem cara de cooperação?”

“Ela pediu para confiar nela, não pediu?” Inquiriu Homura.

Sayaka abaixou o olhar, pressionando os lábios, antes de confirmar. “Sim...”

Homura sorriu. “Então...”

“Não dê ouvidos a ela!” Oriko interveio. “Essa garota insana quer permitir a aniquilação do universo!”

“E bota insana nisso.” Sayaka abaixou sua espada. “Mas eu não acredito mais que ela queira isso. Madoka jamais a perdoaria.”

Homura abriu um largo sorriso. “Você tem plena certeza de suas palavras? Sayaka Miki...”

“Você não vai me irritar com esse seu jeito fingido de vilã!” Sayaka disse irritada. “Eu sei sobre o ‘chá e biscoitos’.”

“Na verdade era uma espécie de bolinho frito...” Homura corrigiu.

“Sua tola! Isso não é um fingimento!” Oriko exasperou.

“Seus argumentos terminaram.” Após dizer para Oriko, Homura voltou a falar com Sayaka. “Miki-san, por acaso Madoka falou algo a respeito dessas garotas?”

“Não.” Sayaka ergueu as sobrancelhas. “Não foi você que as chamou?”

“Isso era para ser uma piada?” Homura questionou, aborrecida, depois levou a mão ao queixo. “Elas vieram por conta própria... hmmm...”

“Está pensando em algo?”

“Nada em especial.” Homura olhou para o alto. “Apenas que Madoka não deve ter falado nada sobre a bruxa também.”

“Bruxa?!” Sayaka ficou surpresa. “Que bruxa?!”

“Aprendeu a lutar, mas não sabe caçar ainda...” Comentou Homura. “Concentre-se e observe aquele túnel.”

Sayaka seguiu as ordens, olhando para o túnel com a névoa.

“Você deve estar sentido que a mais de uma fonte.” Disse Homura. “Eu enviei Charlotte até lá.”

“Então ela ainda está contigo.” Após responder sem pensar, Sayaka tomou notícia. “Ei! Não chama ela assim!”

Homura revirou os olhos. “Você me questiona depois do que fez com ela?”

Sayaka fechou os olhos e contraiu a face.

“Mas você tem a sua chance de se redimir e talvez até mais.”

“O que quer dizer com isso?” Sayaka perguntou desconfiada.

“Eu tenho algo interessante a lhe informar.” Homura continuou. “A garota que está ajoelhada ao seu lado, eu já me encontrei com ela. Eu me lembro que ela estava com Sakura-san e Tomoe-san.”

Oriko ficou estupefata.

Sayaka mais ainda. “Sério?!” Ela voltou sua atenção para a menina. “Me conte...”

Yuma viu o brilho da lâmina mais próximo, com isso ela se encolheu e pôs as mãos na cabeça.

Sayaka balançou a cabeça. “Não, eu não irei machucar você.”

“Verdade. Se falar, nada acontecerá contigo.” Afirmou Homura.

Sayaka se virou, furiosa. “Não fui isso que eu quis dizer!”

“Ora Miki-san! Ela é uma garota mágica.” Homura deu de ombros. “Cortá-la um pouco não vai fazer mal algum.”

Oriko se levantou. “Seu monstro!”

Apenas para ter seu cabelo segurado por Homura. “Diga!”

“EU CONTO! EU CONTOOHH!” Yuma caiu aos prantos. “Só não machuca mais a mama... uuuuhhhhhh...”

Sayaka ficou indignada.

“Funcionou.” Homura foi sucinta, enquanto arremessava Oriko novamente para trás.

“Madoka vai ter muito trabalho com você.” Disse a garota de cabelos azuis.

“Mami-senpai, Kyouko-neechan...” Yuma fungou o nariz antes de continuar. “E-Elas estão lá... e tem um monstro enorme.”

“Um cavaleiro vermelho com uma lança.” Homura complementou.

Yuma olhou para bolha com surpresa.

“Sim...” Homura olhou para Sayaka. “É ela.”

A espadachim cerrou seus punhos.

“Ela é uma bruxa muito perigosa.” Homura continuou. “E se Mami está lá, ela não vai querer lutar. Elas precisam de você.”

Depois semicerrou o olhar.

“Infelizmente não estou em condições de oferecer ajuda.” Homura sorriu. “Eu preciso manter a situação sob controle por aqui. A missão de Madoka não pode falhar.”

Sayaka rangeu os dentes e respirou fundo. “Eu irei retornar.”

“Estarei aguardando.” Homura cruzou os braços.

Vendo que a garota com capa estava realmente de partida, Oriko exclamou. “O que está fazendo?! Você foi escolhida por Madoka, não pode abandoná-la!”

Sayaka saiu correndo como um torpedo até o túnel, o vácuo erguendo as águas das poças no caminho.

“SUA IDIIIIOOTAAAA!” O grito de Oriko era de raiva e frustração.

“Ela sabe disso.” Falou Homura. “E você deveria agradecer.”

“Por quê...?”

“Se Miki-san fosse mais teimosa quanto ao prisma, eu ameaçaria a vida de vocês três.” Homura continuou. “Isso seria uma oferta irrecusável.”

“Você muito pior que ela.” Oriko abaixou a cabeça. “Todos os esforços, todos os sacrifícios, tudo está sendo esmagado pela sua ignorância.”

Homura virou a cabeça. “Quantas vezes você teve a visão desse momento?”

Oriko levou um tempo para responder. “Cinqüenta? Oitenta? Eu perdi a conta...”

“Hmmm... é um bom número...” Homura voltou sua atenção para um Kyuubey que estava coletando cubos da aflição próximo das crianças que estavam segurando a gema da Kirika. [Incubator.]

Aquele Kyuubey continuava com o seu ofício, mas a voz da criatura soou na mente da garota. [Madoka parece estar preparada para eventualidades.]

Homura olhou para a esfera, que mais parecia um buraco negro, absorvendo a abominação que agora só cobria um terço do prisma. [Me diga. Você está armazenando toda essa energia?]

[Armazenando e transmitindo. Ainda que seja acima das expectativas, nós estávamos preparados.]

[Certo...] Homura ergueu uma de suas mãos e ficou observando a palma de couro costurado.

[Tem algo a mais a perguntar?]

Homura fechou a mão. Como sempre, Kyuubey era muito observador. [Segundo as minhas memórias, Madoka não instruiu você a respeito do que fazer após tudo isso acabar.]

[Não. Ela não instruiu.]

Homura insistiu. [Mesmo em algum momento que eu não estivesse presente. Ela não comentou nada?]

[Eu não sei quando você não estava presente, Homura Akemi. Afirmo novamente, não recebi instrução alguma.]

Homura meditou, observando a garota dentro do prisma.

A expressão inconsciente de Madoka era de plena paz.

Levando a mão ao rosto, Homura fechou os olhos. [O que você pretendia fazer?]

Houve um silêncio.

A mão deslizou e cerrou na altura da boca. [Incubator...]

[Nada.] A criatura respondeu. [A verdade é que fizemos tudo antes disso acontecer. Estudamos Madoka, mas como ela não manifestou seus poderes, todos os resultados apontaram que ela é uma garota mágica tão comum quanto qualquer outra, mesmo nessa forma.]

Homura abriu os olhos e se deparou com o prisma e o monstro, ao lado deles o fraco reflexo distorcido dela mesma na superfície da bolha.

[Nós poderíamos aprofundar o estudo, mas depois do incidente que tivemos com você, não queremos mais lidar com tamanho risco.]

[Conforme o contrato, não é?] Homura complementou. [O fim do sistema de garotas mágicas.]

[Exatamente. Cumpriremos com a nossa parte.] Respondeu a criatura. [Com tantas visitas que estamos recebendo hoje, após acabar o melhor a fazer é liberá-la.]

[Não.]

[Homura?]

A garota prendeu a respiração, a mão sobre a boca tremia enquanto observava mais tentáculos negros sendo consumidos pela esfera. [Não liberte Madoka. Não faça nada.]

[Há algum motivo?] Kyuubey questionou. [Presumo que Sayaka Miki não esteja a par disso.]

[Se Madoka não deu instrução para fazer algo, então não faça.] Com certa inquietude, Homura liberou sua respiração e foi buscar suas tranças. Cada mão segurando uma das pontas com os dois laços amarrados.

/人 ‿‿ 人\

O estrondo de disparos e o flash na névoa foram as únicas evidências que os soldados de papel tiveram do fim deles, sendo despedaçados juntamente com a passarela em que estavam, em uma série de explosões.

“Ok Bebe! Pode ir mais rápido!” Mami girava a manivela do que mais parecia um moedor de carne, que puxava o infinito laço amarelo amarrado em sua gola. Aquilo alimentava os canhões, que alternavam a cada disparo. Ela já estava se acostumando com a velocidade, centralizando sua mira em qualquer chama que avistasse na névoa. Isso só era possível graças a confiança que ela havia depositado na serpente em que ela estava montada.

Charlotte subitamente parou.

Para o susto de Mami, que sentiu a força G a puxando. “Bebe?!”

Charlotte virou sua face de um lado para o outro, até que parou e fez várias caretas.

Mami observou aquele estranho nariz, que mais parecia um chapéu de aniversário, ficar se mexendo. “Você encontrou algo?”

Charlotte sorriu e acenou com a cabeça.

Os olhos de Mami brilharam em alegria, mas, antes que pudesse falar algo a mais, sua Bebe já estava seguindo caminho. Recuperando a concentração, ela notou que agora estavam voando paralelo a uma passarela.

Logo uma chama surgiu na névoa, mas Mami hesitou. Não seria Kyouko? No entanto, quando chegaram mais perto ela viu que era mais de uma, além de serem pequenas. Ela girou manivela, disparando contra a horda de soldados.

Outra passarela, que cruzava acima daquela que elas estavam seguindo, apareceu no caminho. Haviam soldados lá e eles jogaram fogo.

Mami virou os canhões. O primeiro disparo explodiu no ar, dispersando as chamas, enquanto o segundo acertou eles em cheio. Infelizmente, ela não teve tempo para comemorar, pois mais fogo vinha na direção delas.

O que Mami não esperava era quanto a esperteza de Bebe.

Charlotte passou por baixo da passarela e trocou de lado. Fazendo isso alternadamente, ela conseguia ao mesmo tempo desviar e obter cobertura contra os ataques.

“Muito bem, Bebe.” Mami continuava alerta, tanto que ela avistou uma nova chama, com certeza maior que as outras, ainda distante. Rapidamente elas se aproximaram e logo ela confirmou que a chama pertencia a uma cavaleira, igual a todas as outras que ela já tinha visto.

Charlotte fez uma curva e começou a circular a bruxa conhecida como Ophelia.

“Bebe, então é ela?” Mami tirou a mão da manivela.

Ophelia parou e ergueu sua lança. A névoa próxima a ela começou a se aglutinar e ganhar cores, nascendo ali novas cavaleiras.

“Nós não fomos muito discretas...” Mami concluiu diante daquilo. “Bebe, fique mais longe delas, eu vou tentar algo.” Ela então criou com os seus laços um megafone. Antes que pudesse usá-lo, porém, lanças voaram na direção delas.

Mami voltou para a sua arma, mas era tarde. Diferente das bolas, as lanças eram muito mais rápidas e perfuraram Charlotte em vários pontos. “Não!”

As lanças carregaram a serpente em agonia até fincarem na mureta de outra passarela.

Se Mami não estivesse presa em seus laços, ela teria voado ainda mais longe. “Bebe! BEBE!” Gritou desesperada vendo outra presa ali em uma situação excruciante.

Charlotte abriu sua enorme boca e uma cópia exata dela mesma começou a sair por ali.

“Bebe...?” Mami ficou tão pasma com aquilo que mal percebeu as cavaleiras cavalgando na passarela, já próxima delas. Em um ato que misturava instinto e desespero, ela se soltou de seus laços e saltou do corpo que se desinflava para se agarrar ao novo corpo de Charlotte, apenas com as suas próprias mãos.

A bruxa da sobremesa não tardou em fugir, antes que as cavaleiras também saltassem sobre ela.

“Bebe! Nós temos que tentar de novo!”

Fora um erro, Charlotte estava mais do que convencida. Ela expôs Mami a um risco imenso por algo incerto. O mínimo agora era encontrar um lugar seguro, mesmo que fosse sob protestos.

Contudo, escapar da verdadeira bruxa se provaria ser difícil.

Barreiras vermelhas formadas por correntes entrelaçadas surgiram no caminho bloqueando a passagem. Charlotte mudou de sentido para poder contornar, mas logo encontrou outra barreira e outra. Ela não pôde deixar sentir que estava sendo guiada para algum lugar.

Uma armadilha.

Então as barreiras sumiram, mas na névoa surgiram lanças. Elas vinham voando de várias direções e ângulos, nem mesmo recuar era possível.

Para Mami, era como se tudo tivesse ficado em câmera lenta. Bebe talvez tivesse uma chance de sobreviver a aquilo, mas ela não.

Que assim fosse.

A gema poluída de Mami brilhou e brilhou... como se estivesse mais pura do que nunca.

Assim aconteceu com o corpo de Charlotte, tomado por completo por um flash dourado. Do tecido que compunha a sua pele, laços amarelos gigantes brotaram e açoitaram as lanças, jogando elas para longe.

Com perca da aerodinâmica devido a esses corpos estranhos, a serpente voadora perdeu o controle. Só conseguiu parar ao cair sobre uma passarela.

Fora um pouso nada suave, mas não havia mais lanças as ameaçando e os laços gigantes evaporaram. Charlotte se virou para ver como estava Mami.

“Bebe... você está bem...”

A bruxa se sentiu mais aliviada em saber que a loira não havia se soltado, apesar de estar bem abatida.

“Esse brilho... eu sabia que era obra da Mami-san.”

Tanto Charlotte quanto Mami reconheceram aquela voz.

Caminhando pela passarela, Sayaka se aproximava das duas. “Aquela ruiva está dando trabalho, não é? Tsc tsc...”

A três ouviram o som de uma marcha.

“Ai ai... não podemos ficar em paz um pouco?” Sayaka se virou e de sua capa saíram várias espadas que fincaram entre as rochas. Usando a espada em sua mão como uma batuta de maestro, ela fez as outras ganharem vida.

Como estivessem sendo portadas por soldados invisíveis, elas avançaram contra as chamas na névoa. Logo, estas começaram a desaparecer.

“M-Miki-san...” Mami tomou fôlego. “A Lei dos Ciclos...”

“Não se preocupe, onde eu estiver, há esperança.” Sayaka se virou com um sorriso confiante.

Mami sorriu o melhor que pôde em resposta, mas logo olhou para trás, até onde a névoa cobria.

“Eu senti também.” Disse Sayaka. “Ela está perseguindo vocês, mas eu não permitirei que ela chegue aqui.”

“Por favor...” Mami se ajoelhou sobre Charlotte. “Kyouko...”

“Se você continuar a acreditar que Kyouko pode ser salva, ela será.” Sayaka respondeu prontamente. “Afinal você é a minha inspiração, Mami-san.”

“Obrigada... obrigada...” Mami respondeu em tom choroso.

“Agora descanse...” Sayaka chegou mais perto de Charlotte e falou em um tom mais baixo. “Nagisa.”

Charlotte acenou levemente.

Sayaka desviou olhar. “Você deve se lembrar, não é?”

A bruxa não se moveu, nem fez expressão alguma.

Sayaka sentiu que aquilo significava um ‘sim’. “Madoka me contou sobre o que aconteceu contigo.”

Charlotte abriu um pouco boca e ficou piscando os olhos, sem compreender muito o que aquilo significava.

“Eu pensei que estava mais certa que você e não me dei conta de que, assim, eu já estava errada. Madoka não nos contou sobre tudo, ela tinha motivos para isso. As palavras venenosas de Homura...” Sayaka ficou com raiva, raiva de si mesma. “Mas nada disso justifica! Eu acreditei que tinha superado tudo... como fui arrogante...”

Charlotte viu Sayaka suspirar.

“Eu não peço seu perdão, não mereço. Eu apenas acho que... você precisava saber.”

A bruxa abriu um grande sorriso e mostrou sua língua roxa, acompanhado de uma piscadela.

“Ok Nagisa!” Sayaka levantou a voz. “Proteja Mami-san com tudo o que tem! Se precisar tire ela daqui.” Ela então correu até onde Mami estava.

A loira estava abraçada consigo mesma e respirava fundo. Suas pálpebras caídas não escondiam o cansaço.

Uma aura azul surgiu sob Sayaka, antes dela dizer. “Acredite na justiça.” Então ela desapareceu, deixando um rastro azul e revirando a névoa com o vácuo que deixara.

Charlotte aproximou sua cabeça até Mami.

A loira voltou a sorrir. “Nós demos... o melhor... não é Bebe?”

A bruxa sorriu e abanou suas plumas.

“Estou tão... aliviada...” Mami fechou os olhos, deixando escapar uma lágrima. “Agora eu sei... que vai ficar... tudo bem...”

Charlotte ficou boquiaberta quando as roupas mágicas de Mami evaporaram e ela rolou até o chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Meu mundo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Visionária" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.