Não era pra ser assim... escrita por Madreamer
Notas iniciais do capítulo
Oi, gente!
Resolvi fazer um "especial de Natal" e aproveitar para lhes desejar um Feliz Natal!
Espero que gostem!
— Jean! Tá empelancando! — Marco gritou.
Jean olhou para Marco e mordeu os lábios para não rir.
— Tá o quê? — perguntou.
— Empelancando.
Jean começou a gargalhar.
— Marco, você sabe o que é pelanca?
— É isso — ergueu a colher e apontou os grumos nela.
— Não, Marco, isso é uma pelota — respondeu com um sorriso convencido dançando nos lábios.
Marco abriu a boca, mas calou-se. Suas feições tomaram um ar pensativo.
— É verdade... — falou por fim e sentiu o rosto queimar. — Está empelotando. O que eu faço?
— Não para de mexer? — perguntou mais do que afirmou.
— Tarde demais.
Olharam-se e começaram a rir. Jean se aproximou e começou a mexer.
— Acho que ainda dá pra salvar — ergueu a colher e observou o creme cair na panela. — Tenta peneirar quando você terminar.
— Vai dar certo?
— Não sei. Daqui a pouco a gente descobre — disse e beijou o marido.
— Pai, ele me perturbou o tempo inteiro — gritou uma voz.
— E ela não me deixou dormir ontem à noite! Ficou lendo e deixou a luz acesa até tarde! — retrucou uma voz diferente.
— Venham aqui! — ordenou Jean.
— Estamos na cozinha — acrescentou Marco.
As crianças chegaram rapidamente.
— Vocês não podem atravessar a rua sem brigar? — questionou Jean.
— Podemos! — responderam ao mesmo tempo.
— E por que não o fizeram? O mercado é do outro lado da rua.
— Eu só tô me vingando por não ter conseguido dormir ontem — falou o garoto.
— Petra, até que horas você ficou lendo? — perguntou Marco.
A garota colocou os braços atrás do corpo e olhou para o chão.
— Uma — respondeu baixinho.
— Mentira! Foi até às três! — afirmou Samuel.
— Fica quieto!
— Ei! Sem briga! — falou Jean.
— E você podia ter dormido até duas da tarde se quisesse — Petra tornou a dizer. — Acordou cedo porque quis.
— Falei que eles não podiam dormir no mesmo quarto — Marco cochichou para Jean, o qual se recusou a dizer "Você tinha razão".
— Gente, é véspera de Natal. Dá pra vocês não brigarem só por uns dias? — pediu Marco. As crianças não responderam.
— Bem, trouxeram o que pedimos? — perguntou Jean.
— Sim. Está aqui — responderam ao mesmo tempo e ergueram a sacola que seguravam.
— Obrigado — disse ao pegar a sacola. — Sua vó quer falar com vocês.
E então eles saíram animadamente com a esperança de receber o presente antes da hora.
— Será que eles vão ser amigos algum dia? — Jean indagou.
— Provavelmente. Devem se aproximar quando ficarem mais velhos.
— Verdade...
Ficaram na cozinha por mais um tempo finalizando as preparações para a noite.
***
— Pais, eu tenho que usar vestido? — perguntou Petra.
— Claro que não! — falou Marco.
— Pode até vestir um pijama se quiser — Jean afirmou e a filha sorriu.
O casal foi para o próprio quarto. Jogaram-se na cama e encararam o teto. Deitaram de lado e ficaram frente a frente.
Marco segurou a mão de Jean e depositou um beijo sobre a aliança.
— Você imaginou que um dia estaríamos aqui? — perguntou.
— Aqui onde? Faz anos que estamos nessa cama.
— Jeanbo! Você sabe o que eu quero dizer.
— Imaginar? Sim. Acreditar que realmente aconteceria? Não.
— Por que?
— Não tenho certeza... Nossa relação não começou como um filme romântico, não é mesmo?
O sardento assentiu e se aninhou no corpo do marido. Jean beijou sua testa.
— Fico feliz que a gente tenha dado certo — tornou a falar.
— Eu também — sorriu.
Ficaram em silêncio por breves segundos.
— Tenho uma surpresa! — clamou Jean, levantando-se da cama num pulo.
Pegou um livro da estante e abriu-o. Tirou um envelope de seu interior e entregou-o a Marco. Seu marido abriu-o curioso.
— Jean! — exclamou. — É sério?
— Claro que sim! Nossa primeira viagem em família pro exterior.
— Canadá? A gente vai pro Canadá?
— Sim! E não se preocupe com o preço. Nosso restaurante tá fazendo sucesso.
— E com razão, né? Daqui a pouco eu engordo de tanto comer suas comidas deliciosas!
— Sem problema! Vou ter mais para amar!
Marco sorriu e beijou o marido.
— Vai se arrumar. Vou ajeitar a mesa enquanto isso — falou Jean.
— Ok, mas deixa um pouquinho pra eu arrumar também. Não quero você fazendo tudo.
— Tudo bem — disse e beijou o marido.
***
— O pavê "empelancado" é do Marco! — Jean afirmou assim que serviu a sobremesa.
Seus amigos, seus filhos e Marina estavam sentados à mesa. Marco, que estava ao seu lado, deu-lhe uma cotovelada. Jean mostrou-lhe a língua e beijou-lhe a bochecha.
Conversaram por algumas horas. Quando o relógio marcou meia-noite, Petra e Samuel correram para a árvore de Natal. A garota adorou o livro novo e o menino já queria jogar o novo jogo de videogame. Ambos juntaram algumas moedas que recebiam de troco ao irem ao mercado, mas ainda precisaram pedir dinheiro para a avó. Conseguiram comprar um porta-retratos e revelaram a foto de quando foram ao parque de diversões pela primeira vez. Tinham acabado de sair da montanha-russa. Os cabelos estavam bagunçados. Enquanto Marco e Petra sorriam, Jean e Samuel tremiam de medo.
Os pais ficaram tão felizes que quase choraram. Foi bom saber que os filhos trabalharam juntos, apesar de todas as brigas que tiveram e ainda teriam.
As crianças logo ficaram com sono. Jean e Marco fizeram questão de colocá-los na cama. Agradeceram mil vezes pelo presente e falaram que fariam algo especial no dia seguinte.
O casal fechou a porta do quarto e aguardou alguns minutos. Após confirmarem que os filhos não estavam brigando, desceram as escadas.
Os adultos conversaram baixo. Lembravam-se de momentos engraçados e embaraçosos que compartilharam desde que a amizade começou na adolescência. As relações passaram por alguns momentos difíceis e mantiveram-se fortes apesar dos anos que passaram.
A festa acabou cerca de duas da manhã. Os amigos foram para as próprias casas e agradeceram pela noite.
Marco sentou-se no sofá e Jean deitou em seu colo. O sardento começou a acariciá-lo. Jean colocou a mão no bolso e não deixou o marido ver o que tinha nela. Deixou a mão repousando sobre a cabeça do moreno e sorriu.
— O que está aprontando? — Marco perguntou.
— Olha pra cima.
E assim o fez. Ergueu os olhos e viu a mão de Jean segurando um visco. Sorriu e beijou o marido.
— Feliz Natal, Jean.
— Feliz Natal, Marco.
***
E, então, Jean acordou. Abriu os olhos lentamente e viu Marco ao seu lado, dormindo. Ambos ainda eram adolescentes, mas o sonho fora tão real. Acariciou o rosto do namorado delicadamente e sorriu.
Desde que perdera sua família, Jean se recusava a comemorar o Natal. Dizia "não" aos convites dos amigos e ficava sozinho no galpão fingindo que os dias vinte e quatro e vinte e cinco de Dezembro não existiam.
Agora, porém, as coisas poderiam mudar. Jean sentia que finalmente tinha um novo lugar para chamar de lar e devia isso a Marco.
A ideia de construir uma família com o sardento o fez sorrir ainda mais. Sentiu borboletas no estômago e, pela primeira vez em anos, começou a imaginar o que faria para a futura ceia de Natal.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Ficou bem simples, mas eu acho que valeu a pena escrever :)
Novamente, Feliz Natal!
Estou planejando fazer um capítulo de Ano Novo, mas, caso não termine a tempo, desejo-lhes um Feliz Ano Novo adiantado!
Até o próximo capítulo!