Eu já estava sentindo os efeitos endemoniados em mim.

Minha pele estava começando a ficar vermelha, e eu estava com muita raiva. Algo coçava atrás de mim, e suspeitava que eram minhas novas asas.

Quem sabe seria melhor assim.

–Olha, olha. Pelo visto, seu príncipe angelical não vem... -Disse Ian, transformado em humano de novo.

–É melhor assim. -Eu disse.

Ele riu, e não disse nada. -30 horas já se passaram.

–E minha família? -Eu perguntei.

–Não me interessa a sua família. -Ele me respondeu.

Sentei-me na rocha vulcânica, temendo o que aconteceria em breve.

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–36 HORAS! -Gritou Ian, do outro lado da sala.

Olhei para ele, e de repente minha visão escureceu. Eu não enxergava mais. Gritei de ódio, a raiva tomando-me. Minha pele começou a flamejar, e algo atrás de mim cresceu e se expandiu.

Caí no chão.

Minha visão começou a clarear novamente, mas não me sentia a mesma. Minha mente lutava contra meu corpo, sem sucesso.

Minha boca articulou palavras que eu não queria que fossem ditas.

–Vamos acabar com aquele anjo negro. -Eu falei, apesar de não querer.

Me sentia presa em meu corpo, e não conseguia sair. Era uma sensação horrível.

–Prontinho, senhorita Clarke. -Debochou Ian. -Virou um demônio. Tão fácil, né? -Ele riu. -Sim, podemos acabar com o Rafael agora.

–Bem, conte-me a história. Toda. -Eu pedi, apesar de não querer falar nada, só matar ou ferir gravemente Ian.

–Hah, sempre curiosa. -Ele riu. -Bem. Irei contar a você. -Ele disse, fungando. -Bem, a real história: Rafael é um anjo com poderes especiais, um Criador. São muito raros de se encontrar. Ele já tem, para falar a verdade, 567 anos. Enfim. Numa noite de verão, ele teve um pesadelo. E tudo em que os Criadores pensam, é criado. Por isso, eles tem que tomar muito cuidado no que pensam. Enfim, nesta noite, ele teve um pesadelo, e sonhou com uma criatura igual à mim, que mudava de forma, e enganava mortais, como fiz com você. Quando ele acordou ali estava eu, criado em seu lado, por acidente. Então ele tentou destruir-me. Mas, ele é um Criador, não um Destruidor. Então, não conseguiu, e acabou sendo mandado ao governo. De lá, tiraram sua capacidade de sentir. Só não tiraram sua capacidade de criar porque é impossível. E desde então, ele viaja do Reino até a Terra por portais, onde ele tenta me encontrar. Em um dia, ele te encontrou. Como eu sou ligado à ele, por uma conexão da criação, eu senti algo, que estava amortecido. Senti amor. E foi a mesma coisa que ele sentiu, quebrando assim o feitiço que os Governadores fizeram, de que ele não poderia sentir nada. Assim, ele não pode se teletransportar para partes centrais do Reino, pois pessoas podem vê-lo.

Sorri, apesar de não querer.

–E eu tinha me apaixonado por esse babaca. -Ri, e com horror, percebi que a risada soou igual à de Ian.

–Vamos esmagá-lo! -Disse, com empolgação, saindo pela cratera do vulcão e planando.

Concordei, apesar de que eu não queria nunca concordar com aquele monstro. Rafael estava ali, e eu precisava salvá-lo. Mas, nessa condição, o que eu faria seria matá-lo.

–Vou juntar-me a ele. -Disse Ian, feliz. -E assim viraremos um demônio só, com poderes de criação, assim, poderemos tomar o Reino.

–É o melhor plano possível. -Eu disse, sorrindo.

Eu, por dentro, estava aterrorizada.

"Por favor, anjo negro, resista."