Apenas uma garota... escrita por Luana Nascimento
Notas iniciais do capítulo
Aqui está a parte II, onde Shelly procura enturmar seu novo colega de classe.
Espero que gostem.
A escola até que era bacana. Jaden sorriu pouco, talvez preocupado com o desenho. Apresentei-o a algumas pessoas que eu conhecia que estavam de horário vago... e nem era tanta gente, mas era um começo. Ele até que ficava mais sociável e sorridente ao conhecer o povo, mas voltava a ficar distraído ao andar. Eu o levei até o telhado. Era o meu lugar preferido para pensar e tinha uma vista de tirar o fôlego.
— E esse é o meu lugar preferido da escola.
— É lindo. Shelly...
— Olá.
— De onde você tirou inspiração para fazer aquele desenho?
— Não sei. — respondi, evasiva. — Às vezes simplesmente dá vontade.
— É estranho. — ele murmurou.
— Então eu sou estranha? — ergui uma sobrancelha.
— Não, é que...
Tocou para o terceiro horário. Oh, droga. Corri, sem me importar com o novato. Ainda tive que pegar minhas coisas na sala e correr para o laboratório. Quando cheguei lá, o professor me olhou com cara feia.
— Atrasada, Miss. Revenrrie.
Ele tem um sotaque francês fortíssimo, de forma que meu nome sempre fica com aquela cara de nome francês. E é nessas horas que eu me pergunto: por que uma quase leiga em francês ensina francês e um francês ensina química? Nada faz sentido na minha vida.
— Desculpe-me, Mr. Abancourt. — pedi baixando a cabeça.
— Bem, Miss. Shelly, uma qualidade que eu admiro muito em uma pessoa é a pontualidade. Você sempre é pontual, então deixarei passar dessa vez.
— Eu garanto que isso não acontecerá mais, professor.
— Sente-se.
Sentei-me no meu lugar de sempre e assisti à aula com tédio. A matéria era interessante, afinal, Césio metálico com água pura era muito WOW!!!, mas a parte teórica... Para ajudar a minha total falta de foco, sentara-me do lado da garota mais popular e mais conversadora da sala, Ashley. Ficamos conversando pelo papel e a conversa foi essa:
Ashley: Aula chata, né?
Eu: Sem dúvida.
A: Por que você chegou atrasada? O mundo vai acabar?
Eu tive que prender o riso nessa parte. Não gostava de forma alguma de chegar atrasada aos meus compromissos.
Eu: Não, só tentei ajudar o calouro a situar-se na escola.
A: Ele é lindo, né?
Eu: Apenas atraente. Muito bobo.
A: Gostei dele.
Eu: Fique à vontade.
A: Sério?!
Eu: Claro!
A: Ah, valeu! Você é demais, Shelly!
E com isso eu tive que sorrir.
— Agora vamos à parte prática. Juntem NaOH com HCl.
A fórmula mais velha do mundo. Ou não. Não sei.
Fiz o que o professor pediu. A aula passou se arrastando. Depois dos dois horários, teve outro intervalo de 20 minutos. Fomos para o pátio. Apesar de estar no outono, ou seja, ventando muito mais que o comum, o pessoal ficou conversando lá fora.
Eu passei pelo grupo dos skatistas, cumprimentei todos com um hi-5 e ainda me arrisquei a dar uma de surfista em cima de um skate. Eles riram. Logo após essa cena louca, passei pelo grupo dos garotos populares e fiquei tirando sarro das histórias que eles contaram, das suas cantadas fracassadas de da fama de pegadores que tinham. Andando mais um pouco, encontrei Ashley e suas lacaias. Ah, era aqui que eu queria chegar. Logo vi Jaden olhando ao redor. Entendo o lado dele. É horrível ser o novato, onde todos são desconhecidos. Passei por isso no início do ano letivo. Ah, sim, estávamos perto da segunda unidade.
— Jaden! — gritei o mais alto que pude. Ele olhou para mim. — Vem cá, deixe-me apresentar as garotas.
Jaden aproximou-se com naturalidade e com um sorriso leve. Ouvi as garotas suspirando. Rolei os olhos. Meu Deus, dai-me paciência. Quando ele chegou, o apresentei:
— Jaden, essas são Cindy, Morgan, Olivia, Abigail e Ashley.
Todas disseram oi ao mesmo tempo. Ele sorriu mais largo e disse oi de volta.
— Fale-nos mais de você, querido! — Ashley pediu, animada.
Menos, querida. Menos.
— Bem, eu vim de Sacramento, Califórnia, meus pais mudaram-se a trabalho. Tenho 17 anos.
Elas ficaram tão concentradas na conversa que foi fácil me afastar e me aproximar do grupo dos nerds.
— E então, como estão no Mario? — perguntei. Aqueles caras eram incrivelmente viciados em jogos.
— Incrível. Estamos perto de zerar. — Adam falou num sorriso satisfeito. O resto do grupinho fez uma comemoração.
— Isso é que é jogar. Já tiveram coragem de jogar Diablo? — indaguei novamente. Diablo I era o desafio pessoal de cada um daquele grupinho. Eu pessoalmente não senti medo ao jogar. Meus pesadelos são piores.
— Estás louca, minha jovem? Aquele jogo é de arrepiar os pelos que eu nem tenho! — Mason, outro garoto do grupo, argumentou com expressão assustada.
Eu ri alto.
— Então ok... mas eu vou zerar antes que vocês, viu?
Nós rimos. Afastei-me e depois entrei na escola, a fins de lanchar. Lanchei e voltei para a sala de aula normal. Do jeito que o sono me invadia, eu ia dormir a aula de sociologia toda, então fui para o fundo da sala. Recostei minha cabeça na cadeira e apaguei. Só acordei com o toque para ir embora.
— Hoje você bateu seu próprio recorde. Os dois horários! — meu colega Carl comentou.
— A cada dia que passa, a aula dessa mulher está ficando mais entediante. – comentei com ar ainda meio sonolento, pegando minha mochila e saindo da sala.
Futuramente, iria passar de dois horários para a manhã inteira dormindo na sala, mas isso fica para mais tarde.
Saí da escola, depois de me despedir do povo, e fui para a parada do ônibus escolar. Adivinhem quem eu encontro na parada!
— Oi, Shelly.
— Jaden. — observei com tom enfadado. Tão concentrado com as garotas e sequer havia me cumprimentado novamente. Ingrato, huh?
— Podemos começar de novo? Eu não quis lhe chamar de estranha ou algo do tipo. — ele afirmou com jeito tímido.
Eu tinha outra opção a não ser falar com o garoto? Na verdade, eu tinha, mas quis ser simpática. Ele estendeu a mão e se apresentou de forma formal:
— Jaden Pendlebury. É uma honra conhecê-la.
Deu vontade de rir, mas ele foi tão natural que decidi falar no mesmo tom:
— Shelly Revenry. Digo o mesmo. — Dito isso, apertei sua mão amistosamente.
Ele olhou para mim com ar divertido e não resisti. Comecei a rir. Ele fez o mesmo. Quando paramos, indaguei:
— Você vai pegar o ônibus aqui?
— É. Você mora em que rua?
Falei o nome da rua. Ele sorriu, um sorriso travesso.
— Acho que somos vizinhos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Postarei dois capítulos de uma vez, só pra dar uma adiantada ;)
Acham que mereço reviews?
Beijos :*