Apenas uma garota... escrita por Luana Nascimento


Capítulo 3
Capítulo 3 - O garoto novo: 2ª Parte


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a parte II, onde Shelly procura enturmar seu novo colega de classe.
Espero que gostem.



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A escola até que era bacana. Jaden sorriu pouco, talvez preocupado com o desenho. Apresentei-o a algumas pessoas que eu conhecia que estavam de horário vago... e nem era tanta gente, mas era um começo. Ele até que ficava mais sociável e sorridente ao conhecer o povo, mas voltava a ficar distraído ao andar. Eu o levei até o telhado. Era o meu lugar preferido para pensar e tinha uma vista de tirar o fôlego.

— E esse é o meu lugar preferido da escola.

— É lindo. Shelly...

— Olá.

— De onde você tirou inspiração para fazer aquele desenho?

— Não sei. — respondi, evasiva. — Às vezes simplesmente dá vontade.

— É estranho. — ele murmurou.

— Então eu sou estranha? — ergui uma sobrancelha.

— Não, é que...

Tocou para o terceiro horário. Oh, droga. Corri, sem me importar com o novato. Ainda tive que pegar minhas coisas na sala e correr para o laboratório. Quando cheguei lá, o professor me olhou com cara feia.

— Atrasada, Miss. Revenrrie.

Ele tem um sotaque francês fortíssimo, de forma que meu nome sempre fica com aquela cara de nome francês. E é nessas horas que eu me pergunto: por que uma quase leiga em francês ensina francês e um francês ensina química? Nada faz sentido na minha vida.

— Desculpe-me, Mr. Abancourt. — pedi baixando a cabeça.

— Bem, Miss. Shelly, uma qualidade que eu admiro muito em uma pessoa é a pontualidade. Você sempre é pontual, então deixarei passar dessa vez.

— Eu garanto que isso não acontecerá mais, professor.

— Sente-se.

Sentei-me no meu lugar de sempre e assisti à aula com tédio. A matéria era interessante, afinal, Césio metálico com água pura era muito WOW!!!, mas a parte teórica... Para ajudar a minha total falta de foco, sentara-me do lado da garota mais popular e mais conversadora da sala, Ashley. Ficamos conversando pelo papel e a conversa foi essa:

Ashley: Aula chata, né?

Eu: Sem dúvida.

A: Por que você chegou atrasada? O mundo vai acabar?

Eu tive que prender o riso nessa parte. Não gostava de forma alguma de chegar atrasada aos meus compromissos.

Eu: Não, só tentei ajudar o calouro a situar-se na escola.

A: Ele é lindo, né?

Eu: Apenas atraente. Muito bobo.

A: Gostei dele.

Eu: Fique à vontade.

A: Sério?!

Eu: Claro!

A: Ah, valeu! Você é demais, Shelly!

E com isso eu tive que sorrir.

— Agora vamos à parte prática. Juntem NaOH com HCl.

A fórmula mais velha do mundo. Ou não. Não sei.

Fiz o que o professor pediu. A aula passou se arrastando. Depois dos dois horários, teve outro intervalo de 20 minutos. Fomos para o pátio. Apesar de estar no outono, ou seja, ventando muito mais que o comum, o pessoal ficou conversando lá fora.

Eu passei pelo grupo dos skatistas, cumprimentei todos com um hi-5 e ainda me arrisquei a dar uma de surfista em cima de um skate. Eles riram. Logo após essa cena louca, passei pelo grupo dos garotos populares e fiquei tirando sarro das histórias que eles contaram, das suas cantadas fracassadas de da fama de pegadores que tinham. Andando mais um pouco, encontrei Ashley e suas lacaias. Ah, era aqui que eu queria chegar. Logo vi Jaden olhando ao redor. Entendo o lado dele. É horrível ser o novato, onde todos são desconhecidos. Passei por isso no início do ano letivo. Ah, sim, estávamos perto da segunda unidade.

— Jaden! — gritei o mais alto que pude. Ele olhou para mim. — Vem cá, deixe-me apresentar as garotas.

Jaden aproximou-se com naturalidade e com um sorriso leve. Ouvi as garotas suspirando. Rolei os olhos. Meu Deus, dai-me paciência. Quando ele chegou, o apresentei:

— Jaden, essas são Cindy, Morgan, Olivia, Abigail e Ashley.

Todas disseram oi ao mesmo tempo. Ele sorriu mais largo e disse oi de volta.

— Fale-nos mais de você, querido! — Ashley pediu, animada.

Menos, querida. Menos.

— Bem, eu vim de Sacramento, Califórnia, meus pais mudaram-se a trabalho. Tenho 17 anos.

Elas ficaram tão concentradas na conversa que foi fácil me afastar e me aproximar do grupo dos nerds.

— E então, como estão no Mario? — perguntei. Aqueles caras eram incrivelmente viciados em jogos.

— Incrível. Estamos perto de zerar. — Adam falou num sorriso satisfeito. O resto do grupinho fez uma comemoração.

— Isso é que é jogar. Já tiveram coragem de jogar Diablo? — indaguei novamente. Diablo I era o desafio pessoal de cada um daquele grupinho. Eu pessoalmente não senti medo ao jogar. Meus pesadelos são piores.

— Estás louca, minha jovem? Aquele jogo é de arrepiar os pelos que eu nem tenho! — Mason, outro garoto do grupo, argumentou com expressão assustada.

Eu ri alto.

— Então ok... mas eu vou zerar antes que vocês, viu?

Nós rimos. Afastei-me e depois entrei na escola, a fins de lanchar. Lanchei e voltei para a sala de aula normal. Do jeito que o sono me invadia, eu ia dormir a aula de sociologia toda, então fui para o fundo da sala. Recostei minha cabeça na cadeira e apaguei. Só acordei com o toque para ir embora.

— Hoje você bateu seu próprio recorde. Os dois horários! — meu colega Carl comentou.

— A cada dia que passa, a aula dessa mulher está ficando mais entediante. – comentei com ar ainda meio sonolento, pegando minha mochila e saindo da sala.

Futuramente, iria passar de dois horários para a manhã inteira dormindo na sala, mas isso fica para mais tarde.

Saí da escola, depois de me despedir do povo, e fui para a parada do ônibus escolar. Adivinhem quem eu encontro na parada!

— Oi, Shelly.

— Jaden. — observei com tom enfadado. Tão concentrado com as garotas e sequer havia me cumprimentado novamente. Ingrato, huh?

— Podemos começar de novo? Eu não quis lhe chamar de estranha ou algo do tipo. — ele afirmou com jeito tímido.

Eu tinha outra opção a não ser falar com o garoto? Na verdade, eu tinha, mas quis ser simpática. Ele estendeu a mão e se apresentou de forma formal:

— Jaden Pendlebury. É uma honra conhecê-la.

Deu vontade de rir, mas ele foi tão natural que decidi falar no mesmo tom:

— Shelly Revenry. Digo o mesmo. — Dito isso, apertei sua mão amistosamente.

Ele olhou para mim com ar divertido e não resisti. Comecei a rir. Ele fez o mesmo. Quando paramos, indaguei:

— Você vai pegar o ônibus aqui?

— É. Você mora em que rua?

Falei o nome da rua. Ele sorriu, um sorriso travesso.

— Acho que somos vizinhos.


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Notas finais do capítulo

Postarei dois capítulos de uma vez, só pra dar uma adiantada ;)
Acham que mereço reviews?
Beijos :*