Apenas uma garota... escrita por Luana Nascimento


Capítulo 18
Capítulo 18 - Conhecendo os McCarthy: Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente o/
Esse capítulo está agendado por motivos de evitar tecnologia antes do enem.
Espero que gostem :)



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Bem, quando algo pula em cima de você, é normal sentir um pouco de medo, mas acredito que o meu não foi normal. Afinal, eu havia descoberto que a mãe de um dos meus novos amigos iria ser jogada de um prédio de vinte andares e eu ouvi o futuro assassino falar isso ao telefone, então creio que eu tinha motivos para temer.

Gritei, assustada. Porém, quando pensei em gritar novamente, senti uma lambida no meu rosto e ouvi um latido no meu ouvido. Oh, droga. Cachorro peludo. Espirrei.

É, hoje o universo não está ao meu favor.

Ben abriu a porta.

— Queen Marie?! — Sério que a cadela era minha xará? — Como você entrou aqui, garota?

Espirrei novamente.

— Marie! — Melinda exclamou.

A cadela abanou o rabo e se jogou, feliz, na direção da ameríndia. Por sorte, Mel era forte e se posicionou na posição de lutador de sumô enquanto Marie lambia seu rosto.

— Ei, garota. Você não devia estar aqui. — a garota comentou enquanto alisava a cabeça da cadela.

— Benners! — ouvi a voz intimidadora e autoritária de Eve McCarthy gritar. — Tire a cadela daqui agora!

— Ok! — Dirigindo-se a cadela, ele chamou: — Vamos, Queen Marie. Hoje você não é a rainha aqui.

Ben a puxou pela coleira em seu pescoço, descendo as escadas. A cadelinha pareceu triste.

— A mãe de Ben sempre foi assim? — indaguei a Mel depois de espirrar novamente.

— Depois da morte da irmã, ela ficou assim, amarga, mas ela já era um pouco antes. — Melinda respondeu, a expressão demonstrando alguma preocupação. — Ben é muito esquentado. Não sei até onde ele vai aturar. Especialmente hoje.

— Sério que a cadela é sua xará, Shelly? — Jaden sorriu.

— Mais um motivo para você parar de me chamar assim. — cruzei os braços.

William subiu até a metade da escada.

— Já podem descer, o almoço está pronto. A maioria dos convidados já chegaram.

Chamamos os garotos que estavam jogando e descemos os degraus.

— Poxa, Dave, já pensou em ser melhor em Top Gear? Fico sem graça de lhe dar uma surra toda vez que jogamos.

— Sério que poxa realmente é um adjetivo, Clint? — Dave respondeu num sorriso irônico.

— Por que não seria? — indaguei, um tanto confusa.

— Meu Deus, tão inocentes... — Melinda comentou depois de rir.

— Isso é por sermos canadenses. — Clint cruzou os braços.

— Isso é tão injusto... — murmurei.

— Vocês podem parar com a inocência de vocês, por favor? — Ben se incluiu na conversa assim que descemos os degraus.

— Como assim? — franzi o cenho.

— Você poderia ter usado “isso é tão fodido”. — Mel sugeriu.

— Ou “isso é uma merda” — Jaden acrescentou.

— Ou até nos ofender, tipo, “vocês são tão cheios de merda”. — Dave deu sua ideia. Acho que fiz uma careta quando retorqui:

— Bem, não sei Clint, mas não vou me render a essa cultura estadunidense e cheia de palavras horrendas. Obrigada, de nada.

— Essa é uma legítima carnuck*. — ele falou em resposta. Apenas sorri e estendi minha mão fechada para que ele batesse e foi o que ele fez.

Havia muitas pessoas na ampla sala, talvez umas vinte e cinco. Homens e mulheres se misturavam, alguns bebendo champanhe, outros, beliscando um quitute. Procurei me concentrar em ouvir melhor para saber quem havia entrado no banheiro naquela hora, mas não obtive sucesso.

Fiquei olhando Eve McCarthy, pensando no que Elizabeth me disse: "Caberá a você decidir o que fazer". Deu para perceber que ela era fria, dura, até mesmo um tanto autoritária. Mas aquilo era motivo para deixá-la morrer? Era a mãe de um dos meus amigos.

Mrs. McCarthy fez sua taça tilintar, chamando a atenção de todos.

— O almoço está servido. Acompanhem-me até a sala de jantar, por gentileza.

— Se puderem se comportar bem, agradeço. — Ben resmungou para nós.

— Não se preocupe, eu sou um anjo — Jaden respondeu no mesmo tom. Sorrimos.

Sentamo-nos à mesa: Mel sentou-se à minha esquerda, Jaden à minha direita, Clint na minha frente, Dave diante de Jaden e Ben do lado do irmão de Mel. Enquanto eu colocava a comida, olhei para William, que conversava distraidamente com um homem. Ok, acho que ele é um executivo também.

Ao passar o olho pela sala de jantar, vi que Eve nos encarava duramente e procurei desviar o olhar quando aquela encarada fria pousou em mim. Por que Ben havia nos dito que a mãe dele nos intimara a ir se ela nos encarava de forma tão irritada?

Então, compreendi: Ben nos intimara a ir porque ele ficaria sozinho com todos aqueles executivos falando de negócios e transações. Nem o pai faria companhia a ele, pois o mesmo também estava entretido com a conversa. Por um instante, fiquei feliz em ter ido.

— Devo dizer que estou feliz em tê-los aqui, comemorando o meu sucesso. — tomei um susto quando ouvi a voz da mãe de Ben ecoar pelo ambiente. Ok, egocêntrica também. — Fico agradecida pela chance que Mr. Sparks me deu e me esforçarei para contribuir com o sucesso da Pasuto Industries. Obrigada.

Aplausos formais fizeram-se ouvir e resolvi bater palmas também. Ben parecia entediado.

— Gostaria de passar a palavra para o meu colega de trabalho e de função, Christopher Lewis.

Novos aplausos e um homem alto se ergueu.

— Boa tarde. — Acho que todo o sangue que havia no meu rosto fugiu para algum lugar desconhecido, porque reconheci a voz do futuro assassino como a do Mr. Lewis. Senti minha nuca formigar e quis sair correndo.

Era assustador o quanto meus sonhos estavam fazendo sentido. Lembrei-me de Eleanor e temi por ela. Temi por Jaden também. Ele era um cara legal, não merecia passar por aquela situação dos meus sonhos.

Mr. Lewis discorria sobre o planejamento e o progresso da empresa, Eve acrescentava alguns pontos na fala dele. Não sei se foi impressão minha ou se havia uma espécie de rivalidade entre os dois, só sei que fiquei quieta. Quieta demais. Mel estalou os dedos diante dos meus olhos.

— Está tudo bem? — ela indagou com os lábios.

Apenas concordei com ela, forçando um sorriso. Peguei uma taça de champanhe e engoli o líquido, tentando me acalmar.

— Você não é a única pessoa entediada aqui. — Mel sussurrou novamente, apontando para Ben com o queixo. Ele enchia uma taça, distraído.

— Quantas vezes ele fez isso? — indaguei sem emitir som. Ela mostrou o número sete com os dedos. Arqueei as sobrancelhas, surpresa.

— Isso não vai dar certo. — ouvi Jaden murmurar ao meu lado. Eve procurou dar fim à reunião:

— Por fim, agradeço a todos os que vieram pela atenção. Para os interessados, podemos conversar mais no escritório. — sua voz ganhou um tom meio trêmulo quando falou olhando para Ben: — Agradeço a minha família pelo apoio. Obrigada.

Mais aplausos e ouvi os suspiros de alívio dos Snakes. Ben bateu palmas de forma alta e pausada, como se quisesse demonstrar sarcasmo. Subimos a escada novamente.

— Puta merda, que saco! — foi isso que Ben gritou ao entrar em seu quarto. — Só a minha cabeça que deu uma viajada louca?

— Não. — respondi em apoio a Ben.

— Ben, precisava mesmo beber aquela quantidade de champanhe? — Mel indagou, parecendo preocupada.

— Acho que não. Só quis diminuir meu tédio.

— Vamos lá, Ben. — Jaden chamou, dando dois tapinhas na cadeira que estava ao seu lado. — Vamos jogar um pouco.

Ben acabou sentando-se e pegando o outro controle, mas antes, colocou um CD do Nirvana. Melinda olhou para o tabuleiro de xadrez e Dave fez o mesmo.

— Nem sonhe, maninha.

— Por que tão egoísta, Dave? — a garota meneou a cabeça, parecendo conformada. Sentamo-nos na cama enquanto os outros dois garotos começavam uma partida de xadrez.

— Obrigado por terem vindo. — Ben falou de costas para todos. — Teria sido mais chato sem vocês.

— Não foi tão mal. — respondi, tentando não pensar no formigamento na minha nuca e na sensação fria nos meus braços.

— A comida estava gostosa, como sempre. — Clint deu sua opinião.

— É, não foi tão ruim. — Mel concordou comigo.

— Bem, eu poderia estar tocando violino, mas estou aqui. — Jaden comentou num sorriso irônico. — Me ame, Benners.

— Você veio porque quis. — Dave argumentou.

— Gentil... — Jaden comentou ironicamente.

— Xeque-mate, David Callahan. — ouvi Clint dizer em tom vitorioso.

Melinda arregalou os olhos, Ben pausou o jogo, Jaden voltou os olhos para o tabuleiro, olhei surpreendida para a situação.

— O quê?! — a garota soltou um gritinho tão agudo que chegou a doer nos ouvidos.

Dave, aparentemente, estava surpreso.

— Ok, Clint: Como você fez isso?

— Acho que é o meu dia de sorte. — o canadense respondeu, sorrindo.

— Como assim você ganhou de David Callahan no xadrez, Clint? — Ben indagou, curioso e surpreso.

— Caramba, Clint. — comentei sorrindo.

— Qual é o lance do xadrez com Dave? — Jaden questionou sem entender.

— Dave é meio que imbatível no xadrez — Melinda explicou.

— Benners! — o susto foi geral ao ouvir a voz estridente e súbita de Eve McCarthy tão próxima do quarto: Clint derrubou seu cavalo no tabuleiro, Dave deu um salto que fez seu rei já caído ir ao chão, Melinda soltou outro gritinho, eu levei a mão ao meu peito, Jaden quase cai do puff, Ben iniciou o jogo acidentalmente, mas teve que pausar novamente.

— O que foi, caramba? — o residente berrou de volta, a voz carregada de raiva, assim como a ação de jogar o controle no chão.

— Olhe a língua! Por que você não prendeu a cadela direito?

— Eu prendi, mas estamos falando de uma labradora preta de dois anos, mãe!

Eve abriu a porta do quarto.

— Vá prendê-la agora.

Deu para entender o motivo da irritação: a saia impecável dela estava com uma boa parte da bainha rasgada. Ben levantou-se e saiu do quarto. Aquela sensação estranha na minha nuca voltou.

— Devíamos ir para casa. — falei, um tanto apreensiva. — Está ficando tarde.

— Vamos esperá-lo voltar. — Jaden contemporizou. Mordi a bolinha do canto da boca, nervosa.

— Seria vacilo irmos sem falar com Ben. Vamos daqui a pouco — Clint decidiu.

Ouvi alguns gritos e um ruído violento de uma grade sendo fechada com toda a força.

— Algo está errado — senti.

"Recomendo que você desça a escada para entender do que eu falei mais cedo à você", Elizabeth recomendou em tom simples e direto, quase como uma ordem.

Saí do quarto, ouvindo Melinda falar:

— Shelly, não faz isso!

Desci a escada rapidamente, mas quando cheguei na metade, parei ao ouvir os gritos vindos da sala de jantar:

— ... brigar comigo, mãe? Eu fiz algo de errado?

— Você podia ter dado mais atenção à palestra de apresentação da empresa!

— Metade daquela palestra era números, coisa da qual eu não gosto! Você me forçou a assistir aquilo.

— Foi para isso que trouxe seus amigos? Para torturá-los também? — Eve ironizou.

— Para que eu tivesse algo em troca. Você disse que eu podia pedir qualquer coisa. Não podia passar pelo inferno sozinho.

Ouvi o pessoal se aproximando, cautelosamente, atrás de mim.

— Devíamos fazer alguma coisa. — Melinda considerou com uma expressão preocupada no rosto.

— E ter que enfrentar Eve McCarthy? — Dave indagou em incredulidade.

— Ben é nosso amigo. — Clint retrucou.

— Parece sério. — Jaden comentou.

— Não fale isso de novo! — ouvi a voz alterada de Eve soar alta.

— Eu estou sendo realista. — Ben parecia ferido, irritado. — Para que eu não lhe incomodasse, você me trancava no estúdio de fotografia do vovô sozinho. E ainda queria que eu não aprendesse a fotografar.

De repente, um sonho de um menininho de cabelos curtos e negros trancado em uma sala vermelha fez sentido para mim.

— Benners, isso não dá futuro. Eu não vou sustentar um vagabundo viciado em fotografia.

— Eu não sou um vagabundo! — Ben gritou. — Você devia se orgulhar de ter um filho que estuda, que nunca usou drogas na vida!

— Você andava com um monte de drogados! O que você queria que eu pensasse?

— E daí que eles fumavam maconha? Eu nunca sequer encostei a boca naquilo! E você ainda duvida!

— Ben, o que você esperava que eu fizesse?

— Que me escutasse!

— O que custa você fazer algo que eu peço de vez em quando?

— Eu não sou seu joguete e não faço o que seus sonhos doentios querem você age assim! E nunca é de vez em quando! Se eu deixar, você vai ficar no mesmo jogo doentio de manipulação! Eu já deixei você dar dicas, mas você não pode interferir em tudo o que faço. Ser a minha mãe não lhe dá o direito de me controlar!

— Eu sei o que é melhor para você. Você me deve respeito e obediência.

Melinda desceu a escada e tentou parar de fazer Ben falar:

— Ben, por favor, pare.

— Não, Mel. Tenho que desentalar. — ele baixou o tom da discussão, voltando-se para Eve McCarthy: — Você não sabe o que é melhor para mim porque você não sabe o quanto a fotografia me faz bem. Porque você quer que eu me torne um dos seus subordinados que sempre concordam com você e que nunca lhe dizem como lhe enxergam, mas eu vou te fazer um favor, mãe: ser sincero com você como quando você me chamou de vagabundo. — a voz de Ben estava trêmula a esse ponto. Vi que Eve pareceu surpresa, mantendo-se calada. Ele continuou, procurando se manter firme: — Você é a pessoa mais fria, autoritária, arrogante, chata, mandona, não empática e mal-humorada que eu conheço. E eu nunca achei que podia e iria desejar dizer isso para a minha própria mãe, mas eu estou odiando o fato de ter que enxergar a sua cara de reprovação todos os dias, estou odiando a forma que você me trata, como se não me devesse respeito também, como se eu fosse seu empregado, e não seu filho.

Optei por intervir. Desci o restante da escada e segurei seu braço:

— Ben, chega.

— Não, Shelly, eu tenho que terminar. — seus olhos encontraram os meus e vi a dor neles. Decidi tirar a mão do seus ombros enquanto ele desfechava: — Eu estou odiando o fato de ter que ouvir da sua boca que fotografia é coisa de desocupado, de que eu não faço nada da vida. Eu estou com vergonha de ter uma mãe tão preconceituosa. Eu estou lhe odiando, odiando a pessoa que você se tornou de uns anos para cá. Se existe alguém culpado pela distância que há entre nós hoje, a culpa é sua.

Olhei para Eve: choque definia o seu rosto.

— O que está acontecendo aqui? — William chegou na sala de jantar, transtornado. — Eu não posso deixar os empreendedores em seus devidos carros que vocês já começam a discutir? Ben, eu ouvi. Peça desculpas a sua mãe.

Ben olhou para o pai, parecendo sem forças, e respondeu:

— Eu não me arrependo de nada do que eu disse e diria tudo de novo. Shelly, snakes, deixarei vocês na parada de ônibus. Vamos.

Ele caminhou em direção à porta quase correndo. Olhei para o casal perturbado e a única coisa suficientemente inteligente que me veio à cabeça foi:

— Obrigada pelo almoço.

Antes de sair por completo, ouvi Eve McCarthy gritar:

— Benners, volte aqui! Volte aqui agora!

Saí e os snakes fizeram a mesma coisa. Lá fora, Ben me indagou:

— Você sabe para onde fica a parada?

— Sei. — respondi.

— Você pode ir andando na frente com o pessoal? Queria ficar um pouco sozinho.

— Ah, tranquilo, Ben. Vamos, Snakes. Sigam-me.

Quando nos afastamos o suficiente de Ben, Clint comentou:

— Ok, isso foi brutal.

— Sem dúvida. — Dave respondeu.

— E vocês nem para apartarem uma briga?

— Mel, Ben é esquentado, mas ele não bateria na própria mãe. — Jaden respondeu sério. Dave pareceu concordar.

— Vocês sequer ouviram o que ele falou para ela? — indaguei olhando incrédula para eles. — Aquilo foi pior que um soco bem dado! Querem umas aulinhas de empatia?

Os garotos pareceram sem graça.

— Vou falar com Ben, se vocês não se incomodam. — Melinda falou com uma expressão chateada. Quando ela se afastou, Dave comentou:

— Shelly, não dá para se envolver em todas as brigas que vemos.

Acho que meu rosto ficou vermelho de raiva:

— Estamos mesmo falando do seu amigo, David Callahan? — questionei, ainda sem acreditar na frieza demonstrada.

— Eu entendo sua revolta, Shelly — Clint procurou contornar. — Mas sabe, Eve McCarthy não é uma pessoa muito gentil.

— O que eu fiz não foi nada de outro mundo. Eu só apoiei um amigo quando ele precisou de ajuda e tentei detê-lo. Nem mesmo cheguei a enfrentar a mãe dele! Não importa. Só fiquem aí e me sigam de longe, ok? Ok.

Andei mais rápido e ninguém se aproximou de mim, mas ouvi todos me seguindo.

"Tenso", Elizabeth comentou.

"Pois é".

"E então? O que você vai fazer?"

"Eu não vou deixar a mãe dele morrer. Eles precisam de uma segunda chance", respondi, preocupada.

"Você viu como está tudo abalado e ainda tem esperança?" Pude até imaginar as sobrancelhas de Elizabeth erguidas.

"São pessoas. Eles vão mudar de ideia". Pelo menos, essa era a minha esperança.

"Certeza? Você parece que vai impedir isso por não querer uma morte na consciência, não por altruísmo".

"É uma vida, eu não posso deixar algo acontecer se eu posso impedir".

"Quanto a você poder impedir, conversaremos em casa".

"Se você diz".

— Chegamos. — anunciei.

Melinda e Ben chegaram logo depois. Aparentemente, Mel havia conseguido acalmar mais seu amigo. Os garotos pareciam um pouco sem graça.

— Desculpe por não ter feito nada, Ben. — Jaden começou.

— Nenhum de vocês tem que sentir algo. Eu precisava dizer aquilo à minha mãe. Era algo que eu tinha que fazer. Vemo-nos amanhã na escola?

— Ok, Ben. — concordei, um sorriso preocupado. — Você pode me ligar ou ligar para qualquer um de nós, se precisar.

Quase olhei para os garotos para desafiá-los a dizer o contrário, mas optei por não fazê-lo. Despedimo-nos de Ben e o ônibus que levava até perto da minha casa passou, ou seja, sem tempo de discutir muito. Jaden sentou-se ao meu lado.

— Não gosto de discussões. — ele tentou puxar assunto.

— Também não. — limitei-me a responder.

— Você é leal. — ele reconheceu.

— E chata também.

— Você só não gosta de confusão rolando.

— Só fiquei incomodada com a briga deles dois. Filhos não deviam brigar com suas mães.

— Briguei poucas vezes com meus pais e em todas elas, me arrependi.

Olhei para ele.

— Você já brigou com seus pais?

— Eu era mais novo, imaturo e idiota.

— Se você sabe que brigar com os pais causa arrependimento, por que não impediu Ben de discutir com Eve McCarthy?

Jaden me olhou pela primeira vez na conversa, com seus olhos azuis-gelo encarando-me seriamente:

— Porque devemos aprender isso sozinhos. Devemos cometer nossos próprios erros. É assim que se aprende. Quando fazemos isso, deixamos de ser reflexo e nos tornamos alguém.

Ok, cara. Quer minha habilidade? Você estaria menos perdido do que eu estou.

— Interessante a ideia.

— Se você diz. — e ele simplesmente deu de ombros.

O clima ficou um pouco tenso entre nós pelo resto do caminho. Descemos do ônibus e ele voltou a conversar:

— Acho que isso não devia nos afetar tanto, huh? Uma hora ou outra, eles irão se entender.

Pode ser tarde quando eles quiserem se entender.

— Ótimo, francês de novo. Às vezes, eu acho que você diz coisas importantes em francês quando não quer que eu entenda, mas quer me dizer.

— Tão dramático. Agora vamos para casa, garoto. — pedi ao ver que chegamos na esquina da casa de Jaden, a fim de evitar discussões desnecessárias sobre problemas ocultos e insolúveis. — Nossas mães devem estar loucas atrás de nós.


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Notas finais do capítulo

*carnuck: é uma forma carinhosa de um canadense chamar outro, mas dito por alguém de fora pode ser ofensivo, mais ou menos como o "nigger" dos estadunidenses.
Tretas malignas. O que acharam de Eve? Shelly deve deixá-la morrer?
Não sei quem lerá esse capítulo, afinal, não sei quem fará o Enem, mas desejo boa sorte para quem for fazer. Desejem-me sorte :D
Críticas, comentários e sugestões abaixo vvvvvvvvvvv
Beijos.



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