Apenas uma garota... escrita por Luana Nascimento


Capítulo 19
Capítulo 19 - O dia antes de um dia importante


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente :D
Desculpe no atraso da postagem, mas eu passei a semana desinspirada para escrever esse capítulo, por isso que só estou postando hoje.
Espero que gostem.



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Acordei num salto, suando frio, ainda sentindo minha garganta arder, graças ao maldito pesadelo que tive envolvendo veneno, Christopher Lewis e Eve McCarthy. Tossi, tentando me livrar da sensação. Levantei-me e fui ao banheiro tomar água. Ok, nota mental: morte por cianeto não é uma boa morte. Mas sério que ele iria tentar matá-la envenenada?

É uma possibilidade”, Elizabeth respondeu.

Ótimo, era o que me faltava”.

Olhei as horas: 03:27 a.m., quarta-feira. A morte de Eve estava marcada para sexta e eu ainda não tinha ideia de como impedir. Ok, eu já sabia qual era o prédio em que ela trabalhava, sabia graças a Elizabeth que Eve saía às 08:30 a.m. de casa e voltava às 06:30 p.m., mas usar essas informações...

Ben estava sem falar com a mãe desde aquele dia, pelo que ele nos disse, de forma que, naquela semana, ele estava muito focado em não pensar em ficar irritado. A questão é que isso fazia com que ele parecesse mais irritado ainda. Na aula de esgrima, ele havia desarmado todo mundo com quem lutou e quando fui ver Jaden combatendo com ele na segunda, vi que ele lutava com raiva.

— Controle-se, Benners! — o loiro havia gritado para seu amigo, acabando por derrotá-lo.

Melinda parecia especialmente preocupada com Ben, Dave estava mais ou menos tranquilo, Clint, juntamente com Jaden, conversavam com o garoto tentando acalmá-lo e reconciliá-lo com a mãe.

E eu? Eu estava a cada dia mais nervosa e preocupada. Todo mundo me desarmou na aula de esgrima.

— Não fique tão distraída, Revenry! — Mr. Collins gritou. — É só tirar o florete do adversário no giro!

Bem, não adiantou muito. O treino de arco e flecha foi algo que me ajudou a relaxar um pouco, mas não o bastante. Até as aulas de física estavam sendo motivo para me deixar inquieta. Tinha que ir para casa, pensar em um jeito louco e eficiente de impedir a morte da mãe de Ben, ficar frustrada, ter que ir dormir, ver uma possibilidade de morte horrível, ter um pesadelo, não conseguir mais dormir, ir para a escola e repetir o ciclo.

Voltando à madrugada acordada, comecei a procurar algo no armário para me vestir.

— O que vai fazer? — Elizabeth indagou.

— Vou dar um jeito de conhecer o prédio. Invasão noturna, sei lá.

— Tem um jeito melhor de fazer isso.

— Como? — Bem, toda ajuda é válida, especialmente a dela.

— Deite-se e se cubra.

― Hã?

― Confie em mim.

Fiz o que ela pediu. Quando ela pegou a minha mão e me fez voar, foi estranho.

— Não é você, é apenas sua alma, seu espírito ou seja lá como você chame.

— Continua sendo estranho. — comentei ao sobrevoar a Mackenzie Street. — Por que estamos tomando um desvio para a esquerda se os prédios empresariais ficam à direita?

— Queria lhe mostrar um lugar que você não visita há algum tempo.

Em pouco tempo (eu acho), estávamos em Kitsilano. Meu Deus, Kits. Quanto tempo fazia que eu não ia àquela praia?

— Esse lugar fica incrível pela noite. ― comentei quando "pousamos" na calçada sobre a água.

O panorama era incrível. Os prédios sobressaindo, algumas janelas com a luz acesa, as ruas de Downtown brilhantes, iluminando a vista, as montanhas de gelo ao longe, solitárias. Vancouver.

― Essa é uma bela cidade. ― Elizabeth comentou.

― Verdade.

― Acho que eu adoraria morar aqui, se fosse viva. — Eu não duvidava, mas...

― Por que me trouxe aqui? — questionei.

― Você não viria até aqui sozinha à noite. E você precisa relaxar. Sua sexta-feira será tensa.

Era estranho. Podia até sentir o vento no local, gotículas de água pousando em meu rosto de quando em quando, as árvores fazendo sua dança suave na escuridão da noite. Achava interessante a política de não colocarem luzes na parte livre da trilha do bosque. Era um bom contraste com o centro da cidade.

― Seria bom trazer os Snakes aqui. ― comentei com ela.

― Verdade. O inverno está chegando.

― Falta pouco mais de dois meses ainda. — retruquei, encarando-a.

― Está chegando de todo jeito, não? — ela cruzou os braços com uma expressão engraçada.

― Verdade. ― olhei para as montanhas e senti alguma nostalgia. ― Minha mãe me levou àquela dali, a iluminada, aos oito anos.

― Foi bom?

― Maravilhoso. Tentei aprender a esquiar, mas não consegui muito bem. Foi bom.

― Por que você parou de sair com a sua mãe?

― Sei lá. Fui me isolando. Tentando ser normal sem ser.

― Parece triste.

Na luz do poste, Elizabeth quase parecia... real.

― Acho que temos que ir logo. ― procurei encerrar o assunto.

― Verdade.

Saímos voando pelo bairro e pela água até Downtown Vancouver, centro comercial e empresarial da cidade. Era um bairro bonito. Ah, por favor, Vancouver é linda. Paramos diante do prédio onde Eve trabalhava.

― Ok, o que fazemos? ― indaguei.

— Entramos. — Dito isso, ela me puxou e atravessamos a porta rotatória de vidro.

— Tem como me avisar antes de fazer isso?!

Ela riu.

— É legal, ué! Não é todo dia que você pode atravessar paredes!

Dei um tapa na minha própria testa e continuei seguindo Elizabeth.

— Bem, temos o modo difícil, impossível, tranquilizante...

— Não vou pedir para você me descrevê-los. Não tem nenhum modo que seja fácil?

— Claro que não. A possível morte dela vai ser no 31º andar.

— Ah, meu Deus... — esfreguei meu rosto. — Tem como ficar pior?

— Vão desligar a energia por causa das câmeras de segurança.

— Christopher não está agindo só. — deduzi.

— Eve McCarthy não é uma pessoa muito querida por aqui.

— Isso significa que terei que subir 31 andares de escada?

— A não ser que você chegue antes da eletricidade ser interrompida, mas aí você poderia ser identificada.

— É, não tem modo fácil. — suspirei.

— Bem, podemos conhecer o Park Place. Trinta e cinco andares, o prédio mais largo da Colúmbia Britânica, constantes ductos de ar em todos eles. Um legítimo trade center. Não está sendo 100% utilizado.

— Sério que você está falando a largura do Park Place para uma canadense? — olhei-a, cética.

— Desculpe.

Eu sorri.

— Vamos, Gaspar. — ofereci meu braço para ela apoiar. — Temos um andar para explorar.

— Sua referência foi desnecessária. — sua expressão era zombeteira.

— Também posso zoar você de vez em quando.

Flutuamos pelo fosso do elevador.

************************

A aula de biologia estava interessante, porém eu estava sem tempo. Muito sem tempo. Desenhei a estrutura da sala de Eve, incluindo os ductos de ar. Sim, eu cabia neles. E sim, veio muitas ideias na minha cabeça. Alguém me perguntou algo e eu tive que parar para olhar:

— O quê?

— Você está prestando atenção na aula? — Era Clint chamando a minha atenção.

— Desculpe, Clint. Algo que eu possa fazer por você?

— Qual a fórmula de energia potencial?

— Gravitacional ou Elástica?

— Elástica.

— T é igual a k multiplicado pela contração ou distensão da mola ao quadrado dividido por 2.

Ele agradeceu, continuou a escrever no seu caderno e eu voltei para o meu desenho. O porquê de ele estar me perguntando isso na aula de biologia eu não sabia, mas tudo bem. Minha mão estava dolorida, mas continuei. Cada detalhe era importante. Ok, tinha um ducto, copos, pessoas, banheiro, janela, portas. Ducto, copos, pessoas, banheiro, janela, portas. Ducto, copos, pessoas...

— Ei, Shelly, intervalo, ar livre... — Dave me cutucou. — Wow, que desenho foda!

Guardei rapidamente enquanto me levantava.

— É, eu desenho. Posso desenhar algo para você depois, Dave, mas esse é um pedido secreto da minha mãe.

— Coisas secretas não são feitas de dia, jovem padawan, são feitas de madrugada à base de muito café. — Ben comentou em um sorriso brincalhão, mas longe do que era para ser.

— Verdade, Ben. — concordei em um sorriso.

— Agora vamos, Queen Marie. Hora de brincar um pouquinho. — Jaden praticamente me empurrou para a saída. Melinda riu:

— Não esquecerei que a cadela de Ben é sua xará, Shelly!

— Ah, por favor, nem do meu nome do meio eu gosto. — retruquei crispando meus lábios.

— Vamos a dúvida que definirá se vocês são meus amigos: Star Wars ou Star Trek? — Ben iniciou a discussão do intervalo.

— Star Wars. — Jaden respondeu de imediato.

— Star Wars — Clint concordou.

— Star Trek.

— Star Wars. Por favor, Dave, não seja do contra. — Melinda olhou para seu irmão com tédio.

— Shelly? — Ben indagou.

— Se eu disser que nunca vi nenhum dos dois vocês acreditam?

Todos os olhares se voltaram para mim.

— Shelly — lá vinha Mel... — farei uma pergunta bem séria: Você é desse planeta?

Os meninos abriram um sorrisinho.

— Sim, mas...

— Não parece. Sério, se você for um E.T., posso lhe mostrar o planeta. Nossos costumes e tudo o mais.

Bati na minha própria testa.

— Eu sou desse planeta, só nunca vi nenhum dos dois. Pode acontecer, gente.

— O que você faz quando está em casa? — Dave questionou.

— Uh... Desenho, uso um pouco o computador, estudo, assisto MTV, ouço música...

— Ok, você realmente não sai muito. — Jaden sorriu em uma expressão surpreendida.

— De vez em quando eu saio também. Cinema, Stanley Park, Downtown Vancouver, algum shopping...

— E isso tudo sozinha. — a pergunta de Clint pareceu mais uma afirmação.

— Às vezes com a minha mãe.

O resto do grupinho se entreolhou e se reuniu em uma roda de conversação (sim, no meio do pátio da escola) e eu só peguei algumas partes, como "solitária", "sair", "animar".

— Shelly Marie Revenry — Jaden começou como se pronunciasse um discurso, arrancando risinhos divertidos. — Nós, como grupo, decidimos animar sua vida três vezes por semana, nos fazendo conhecer algum ponto turístico da cidade. Achamos que é uma troca justa. Concorda com isso?

— Pode ser. — dei de ombros. O pessoal comemorou.

— Vamos deixar Shelly sociável! Uhuu! — Clint comemorou. Trocaram batidas e socos nas mãos, incluindo Mel.

— Bem, vamos começar por hoje. — Dave decidiu.

— Hoje? Mas hoje eu tenho um desenho para terminar!

— Você pode terminar o desenho da sua mãe de madrugada — Ben retrucou. — Hoje, você terá que nos levar a algum lugar.

Ok, sem escolhas. A não ser que...

— Ok. Hoje, vamos conhecer o Harbour Centre.

************************

Bem, nós fomos ao terceiro prédio mais alto de Vancouver. A visão era impressionante. Ao ver o Park Place ao longe, o lugar onde eu precisaria estar na sexta-feira, uma onda de ansiedade percorreu minha mente. Eu estava tão sem planos... tentei focar em outra coisa. Clint pareceu desconfortável, mas quando perguntei se havia algo errado, ele respondeu:

— Tudo tranquilo. Tem algum outro local que seja significativo para você?

— Bem lembrado, Clint. Temos que conhecer Downtown Vancouver, gente. Tem muito mais a oferecer do que o Harbour Centre.

— Tudo bem, então.

Saí apontando alguns lugares:

— Bem, aqui fica o Morris J Wosk Centre for Dialogue, um centro de reuniões.

— Ok, por que precisamos saber disso? — Ben questionou em um sorriso divertido.

— Pode ser útil algum dia! Estamos na Rua Seymour. A alguns quarteirões, tem a biblioteca pública de Vancouver, caso vocês queiram ir. Ela lembra o coliseu, tem um ótimo acervo de livros e...

Parei de falar, pois tudo ficou difuso e com o familiar tom amarelado, duplicado de um jeito estranho e confuso. Oh, não, aqui não, aqui não... tudo pareceu em câmera lenta, as possibilidades aparecendo, abrindo-se como um leque. Pessoas com vidas calmas, atribuladas, com boas e más escolhas, com passados bons e doloridos e futuros promissores.

Meu cérebro vai explodir.

Na confusão de possibilidades, virei-me para a esquerda e vi um garoto fazendo uma curva de skate na rua e havia um carro na direção oposta, no meu lado. Tive certeza de que aquilo estava acontecendo naquele momento, então peguei o braço direito do skatista e o joguei na direção da calçada. Tudo voltou ao normal e a motorista freou o carro, não sem antes quebrar o skate.

— Wow! — Jaden segurou o cara, evitando dele ir ao chão. Levei minha mão à testa, com uma dor mista de formigamento, baixando a cabeça.

— Caralho, isso foi louco! — o cara exclamou, parecendo animado. — Ah, porra, meu skate.

— Cara, que sotaque é esse? — Dave indagou, ainda tentando se situar com o ocorrido — Você é britânico ou algo do tipo?

— Por que sempre me perguntam isso? — o estranho revirou os olhos quando voltou-se para nós, depois de recolher seu skate quebrado. — Vim de Boston, cara.

— Você... — murmurei, tentando ignorar a pulsação dolorida na minha cabeça. — Você não me é estranho. Qual é o seu nome?

— Meu nome é Carter e não, não nos conhecemos. — ele tinha um estilo meio punk, com piercings no nariz, na orelha e um na sobrancelha. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos eram de um tom castanho esverdeado. Ele era familiar por algum motivo. — Eu lembraria de uma garota tão diferente. E heroica, porque... bem, estou em dívida com você. Eu te daria uma nota, mas não acho que meu pai ficaria feliz em saber que eu estava andando de skate por aqui. Você está bem?

— Você está perguntando isso para mim? — questionei tentando ser divertida, mas parecia que eu havia comido cinco Snickers de uma vez só sem gastar as calorias, a mesma sensação de cabeça quase explodindo, mas, ao invés de açúcar, lembranças inconsistentes e confusas. Tantas possibilidades...

— É, cara. — Melinda me salvou sem saber. — Tem alguém para quem possamos ligar?

— Ei, garoto — a motorista chamou Carter — Mais cuidado ao andar de skate por aí. Posso comprar outro, se quiser...

— Eu tenho outro em casa — o garoto respondeu simpaticamente. — Pode ir. Estou bem, é sério. Obrigado.

A mulher lhe passou um cartão.

— Qualquer coisa, é só ligar.

E saiu, dirigindo seu carro.

— Shelly, que velocidade ninja foi aquela? — Ben questionou. — Em um momento, você estava toda distraída e no outro, você jogou o moleque para Jaden...

— Eu não sou um moleque! — Carter protestou. — Tenho 15 anos!

— Sei lá. — É, eu o ignorei. Haviam coisas mais importantes, como minha dor de cabeça e quem era aquele cara. — Podemos lhe ajudar em algo, garoto?

— Como já disse, não. Porra, vocês são insistentemente gentis, hein? Deem um tempo.

— Você tem sobrenome? — o tom da pergunta de Mel foi divertido. — Porque você também me parece bem familiar...

— Óbvio que tenho, mas não direi, obrigado.

— Você conhece meu avô. — Dave afirmou. — Eu sei quem você é, Carter.

— Ah, sim, os netos de Tom. Que cidade pequena.

— Eu moro aqui há 16 anos e essa cidade não é nada pequena. — retruquei, a sobrancelha erguida.

— Vocês concluíram a mudança para cá? Meu avô está na cidade? — Melinda pareceu genuinamente contente.

— Ele deve estar na sua casa.

— Dave, precisamos ir para casa agora. Vovô Tommy está em casa! Aaaah!

— Tudo bem para vocês? — Dave indagou.

— Vão lá. — Ben deu de ombros.

— Pode ir, faz bem uns 3 anos que você não vê seu avô, Mel. — Clint respondeu.

— Bem, eu não decido nada aqui — Jaden brincou. — Podem ir.

— O que vocês ainda estão fazendo aqui? — indaguei sorrindo. — Vão.

— Valeu, pessoal. Tchau!

— Até mais. — Dave se despediu num aceno.

— Bem, vou indo. — Carter se despediu. — Vejo vocês por aí.

— Assim, sem mais ou menos? Ah, foda-se. — Jaden praguejou ao ver o moleque se afastar sem olhar para trás.

— Vamos conhecer mais algum lugar? — Clint convidou.

— Seria interessante ter todo mundo aqui e eu estou um pouco cansada, se vocês não se incomodam.

— Tranquilo. — Jaden concordou.

— Está tudo bem, Shelly? — Ben indagou.

— Claro, só estou um pouco assustada ainda. Sei lá, muitas emoções.

— Então daqui vou para casa. Tchau.

— Posso lhe acompanhar, Clint? — Ben perguntou, solícito.

— Ah, claro.

Despedimo-nos deles.

— Você está bem? — Jaden indagou, demonstrando preocupação. — Parece um pouco atordoada.

— Só estou com uma dor de cabeça chata, nada demais. Talvez tenha sido o nervosismo de ainda a pouco. Só preciso da minha casa.

— Ok. — ele deu de ombros.

— Vamos, eu lhe mostro o ponto de ônibus.

O ônibus não demorou a chegar onde estávamos, então logo subimos nele. Sentei-me no banco da janela, aproveitando o vento, fechado os olhos e fazendo movimentos circulares nas minhas têmporas. Um flash de Eleanor e Jaden na serraria abandonada fez com que a minha dor de cabeça piorasse. Senti vontade de chorar. Era tanta coisa que iria acontecer, tanta gente mesquinha...

— Isso está me dando agonia. — Jaden comentou, certamente por causa dos meus dedos nas minhas têmporas.

— Desculpe, só está aliviando desse jeito. — minha voz soou entrecortada.

— Está doendo tanto assim? — concordei com a cabeça, esforçando-me para exercer o autocontrole. — Você está chorando? Não faz isso, vai piorar.

— Desculpe, eu não... — fungei, repetindo o meu pedido, mas ele me cortou:

— Por que você está me pedindo desculpas, Queen Marie? Não fez nada errado. Ao contrário, salvou a vida daquele garoto.

— Eu só não queria lhe preocupar. — tentei me recompor, enxugando as lágrimas e esfregando o rosto: — Vou ficar bem. Só preciso descansar.

Ele esfregou sua mão na minha cabeça, adentrando o meu cabelo.

— Espero que fique bem.

Apoiei a minha cabeça na janela e cerrei meus olhos, tentando fazer a cabeça doer menos. Logo, chegamos a Kerrisdale, próximo a minha casa. Senti-me zonza, mas procurei disfarçar.

— Minha mãe tem remédio para dor de cabeça, se você quiser. — meu vizinho ofereceu, gentil.

— Não sou muito chegada a automedicação. Nem a medicação prescrita por médico. Nem a medicação.

Jaden sorriu.

— Tudo bem. Eu posso ligar depois? Sabe, só para saber se você estará melhor.

— Tranquilo, Jaden — dei um sorriso fraco. — Contando que você não me ligue às 1:00 a.m.

— Oh, não, a essa hora, estarei dormindo, pode deixar. — Ele me deixou na porta da minha casa. — Você vai ficar bem?

— É só uma dor de cabeça, Jaden. — Ok, estava forte, foi depois de algo estranhíssimo e eu tinha visto a irmã dele morrer, mas era uma dor de cabeça, afinal.

— Sei lá, vai que você entra em combustão instantânea. Você é um pouco azarada.

Eu sorri.

— Exagerado...

— Até logo, Queen Marie. — ele desceu os dois batentes da minha casa e acenou.

— Até logo, Cap. — retruquei em uma piscadela.

Entrei em casa e minha mãe já havia chegado. Ouvi ruídos na cozinha

— Mãe, preciso da minha cama. Minha cabeça está explodindo. Tchau.

Subi as escadas e me joguei na cama. Óbvio que a minha mãe quis me empurrar uma aspirina, mas consegui fazer com que ela não me desse nada. Quando ela saiu, não demorou muito para que eu apagasse.

— Shelly? — ouvi uma voz insistente me chamar. — Shelly.

Abri os olhos e eu estava no banheiro da sala de Mrs. McCarthy de novo, mas com a mulher e Mr. Lewis na sala. Eu estava vendo a mesa dela, o homem envenenando o vinho tinto da mãe de Ben. Olhei para a esquerda e vi Elizabeth ao meu lado, observando a cena pela porta entreaberta, assim como eu estava fazendo.

— O que... — percebi que eu estava vestida de uma maneira estranha e senti a minha respiração voltar para o meu rosto. Minha balestra estava na minha mão.

— Bem, eis uma ideia para você. — Elizabeth quase pareceu orgulhosa de mim. — Espero que você consiga.

Acordei em um salto, um pouco atordoada: 02:12 a.m. Ok, tenho trabalho a fazer.


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Notas finais do capítulo

Quem será esse Carter? E a ideia de Shelly vai dar certo?
Desculpem-me pelo atraso, mas o Enem me deixou a-ba-la-da. Sério, Ciências da Natureza foi uma derrota na minha vida.
Mas vamos falar de coisas boas: percebi que estamos perto da metade do caminho da primeira parte! Olhaê u.u
Bem, obrigada a quem lê e a quem comenta.
Erros, sugestões, comentários e críticas aqui embaixo.
Beijos e até o próximo o/



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