O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 5
Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olha só! Mais um capítulo! Eu espero que vocês comentem, eu não ando recebendo muitos comentários ultimamente. Tipo: só três kkkkk



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Meu coração batia mais acelerado do que o normal. E quando entrei no meio da aula de física do professor Tales, ele me olhou como se eu tivesse algum tipo de problema mental.

–Você está bem, Senhorita Jones? – perguntou ele. Já era um homem de meia-idade e bem conhecido por sua sabedoria mais do que inexplicável. Sobretudo, era um homem que sabia perceber se você estava com algo fora dos trilhos.

–Sim, senhor – menti, retomando a uma postura mais apresentável. Até dois minutos atrás eu me encontrava abalada e em estado de choque, me recuperando de um ataque de claustrofobia e surpresa. – Desculpe pelo atraso.

Sentei-me diante de minha mesa e senti um medo ao olhar a cadeira de Christopher Robinson vazia. Ezequiel Medeiros, ao meu lado, parecia também preocupado, já que, pelo que parecia, eles eram amigos.

Tales começou a explicar que esse ano aprenderíamos a respeito de avalanches e compreenderíamos os pequenos movimentos de massa e placas que causavam tal fenômeno .

Não consegui prestar atenção em mais nada. O professor e seus rabiscos na lousa eram apenas um borrão. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo e também não sabia se...

–Ei – escutei um cochicho. – Blakely, no chão.

Não sabia de quem tinha vindo a voz. Olhei para o chão e vi uma bolinha de papel amassada ao lado do pé de Ezequiel Medeiros, ele a chutou para mais perto de minha mesa. Por que raios ele falaria comigo?

Peguei a bolinha de papel o mais discretamente o possível e então a abri quando vi que Tales virara as costas para escrever alguma coisa no quadro.

Onde está o Robinson?”

É claro que era sobre Christopher!

Peguei uma caneta azul e comecei a escrever logo abaixo que não sabia onde ele estava. Mas fui interrompida por um solavanco na porta, que me fez, sem querer, riscar a folha. Levei um susto.

Porém, a imagem que vi estampada na porta era a de quatro meninos. Miles, William, Alan e... Christopher! Ele estava ali e tudo que se podia ver de hematomas em seu corpo era o olho roxo de antes. Não conseguia acreditar que ele saíra ileso. Quando meu olhar foi para os outros três garotos, um grito ficou preso na garganta.

Eles estavam horríveis! Hematomas por todo o corpo. Olhos inchados e lábios com gelo. Os três olhavam com medo para mim, como se em um movimento brusco demais, eu pudesse pular em cima deles e comê-los vivos.

–Desculpe pelo atraso – disse Christopher, de um modo ranzinza e com raiva, olhando para o professor, que parecia estupefato demais para dizer uma palavra sequer.

O garoto loiro continuava com sua touca e luvas, andando a passos rápidos para o seu lugar. Tentei não encará-lo muito, mas era impossível. Quando Christopher passou por mim, senti um calafrio forte.

Ele mexia comigo de uma forma negativa. Mesmo me salvando, eu continuava vendo-o como um inimigo. E eu não sabia o por quê.

–Hãm... Oh... Classe, todos em seus lugares – disse o professor, voltando a sã consciência e mandando os outros garotos para seus lugares.

Olhei para o lado e percebi que meu olhar se encontrara com o de Ezequiel. Pelo visto, já sabia da resposta, então simplesmente amassei de novo o papel e o coloquei sob a mesa. Jogaria no lixo mais tarde.

Meia hora depois a aula de Tales se deu ao fim e então o sinal anunciou o primeiro intervalo. Eu ainda estava estarrecida por ver Miles, William e Alan daquele jeito, com certeza era uma das imagens que eu daria tudo para apagar da minha mente.

Eu queria sair logo daquela sala, ir até a arquibancada do ginásio e comer meu lanche sozinha. A rotina de todos os anos.

Levantei-me, peguei o pote onde eu guardara o pão com queijo e presunto e dei um passo em direção a porta. Antes que eu desse o segundo, uma mão me impediu.

–Espera! – disse uma voz atrás de mim. Eu já sabia de quem era e não queria que fosse dele, por mais que eu devesse uma a Christopher.

Virei-me devagar, imaginando o que aquele garoto iria querer comigo. Tentei não encará-lo nos olhos, eu sabia que Christopher tinha íris muito azuis e não queria dar uma de idiota olhando intensamente para ele, completamente abestalhada por causa de uma estúpida cor.

Eu não era uma dessas menininhas. Não era uma da panelinha de Tiffany Queen.

–Você se meteu lá porque queria...

–Não é isso! – ele me interrompeu. – Só queria perguntar se está tudo bem com você.

Mordi o lábio. O que diria agora?

Atrevi-me a levantar o olhar e então me deparei com seus olhos azuis. O roxo no olho esquerdo parecia ter diminuído e sua expressão era tão pacífica que me perguntei se ele era bipolar. Talvez ele não fosse uma pessoa ruim. Talvez... Mas o medo de ser machucada me pegara desprevenida naquele momento.

Eu me sentia intimidada.

–Sim – confirmei, olhando para o lado e desvencilhando-me de seus olhos azuis intensos. – E você? Está bem?

Ele riu. Uma risada sarcástica que me fez ter medo.

–Ah, estou ótimo – respondeu. – Mas Harrison não muito bem. Chamarão a minha mãe e os responsáveis dos outros garotos.

Meus olhos se arregalaram e todo aquele nervosismo foi embora, dando lugar a culpa. Aquilo começou inicialmente comigo e uma rixa antiga (que eu não sei de onde surgiu) com Harrison.

A culpa era, em grande parte, minha.

–Como assim não muito bem? – perguntei, estarrecida.

–Christopher! – escutei uma exclamação.

Olhei para o lado e vi Ezequiel Medeiros no mesmo estado de nervos que eu. Assustado e sem fala.

–Por favor, não me diga que quebrou alguma parte do corpo dele, cara! – o garoto colocou as mãos na cabeça e puxou levemente o cabelo, suspirando. – Tem ideia do que sua mãe vai falar? Ela está dando tudo de si para te manter aqui, Chris!

Não ousei olhar a reação do rapaz. Sabia que, pelo pouco que presenciei de sua personalidade explosiva, ele estava com raiva. Muita raiva. Mantive meus olhos concentrados em um ponto no chão e então vi que os nós dos dedos de Christopher, onde a luva não cobria, estavam brancos de tanta força que ele fazia ao cerrar os punhos.

Era como uma panela de pressão prestes a explodir.

–Não tente mandar em mim, Zeke – disse ele. – Sabe que não vai conseguir.

–Só quero te acordar antes que seja tarde demais – respondeu.

–A vida é minha!

Segurei firme o meu potinho, passando para ele toda a minha inexplicável raiva no momento. Me sentia uma intrusa por estar ali. Eles pareciam grandes amigos e eu só atrapalhava aquela discussão por estar onde estava. Como se fosse um poste no meio da rua.

Os dois se encaravam como se a qualquer momento fossem pular um em cima do outro e brigarem feio. Perguntei-me se Christopher era capaz daquilo. Mas então, ele relaxou as mãos e jogou todo o ar de seus pulmões para fora, lentamente.

Deu passos calmos até a porta, abrindo um caminho entre as fileiras para evitar passar por mim e então, simplesmente nos deixou sem nenhuma explicação.

–Acho que vou atrás dele depois – comentou Ezequiel, parecendo cansado.

Assenti.

–É uma boa ideia.

***

Depois do lanche, voltamos à sala e então eu acabei por rever a querida professora de Geografia, Anabel ou então Anabelle, já que ela era tão rabugenta que chegava a ser assustador.

Quando a aula dela acabou, mal pude descansar. A professora Susan chegou e começou a tagarelar a respeito dos acontecimentos históricos que estudaríamos esse ano, além de falar sobre outras diversas coisas chatas que aconteceram em suas “interessantes” férias.

Logo depois da emenda de aulas chatas, o sinal da saída bateu. Agradeci a Deus por ter escutado minhas preces novamente. Minha mãe sempre era pontual, o que me favorecia um pouco quando estava morrendo de fome no almoço.

–Como foi a escola? – ela perguntou como sempre fazia todos os dias.

–Normal.

Foi tudo que conversamos no caminho inteiro até Stamford Hill. Quando cheguei em casa, papai estava vestido com seu jeans azul e sua blusa branca de linho, como em todos os dias. Ele me deu um beijo e almoçamos. Depois disso, ambos saíram para trabalhar e então o silêncio tomou conta da casa.

Mas eu sabia que Dona Sarah chegava em menos de meia hora para ser a minha... babá! Era horrível ter alguém te supervisionando, porém Dona Sarah já tinha meia idade e isso era bom, pois ela passava as tardes tomando café e vendo TV, embora acabasse dormindo na maioria das vezes.

Peguei minha bolsa e subi as escadas até o meu quarto. O ninho de bagunça continuava o mesmo. Cama desarrumada. Janela entreaberta. Escrivaninha cheia de cadernos, livros, folhas com poemas e canetas sem tinta. CD’s das minhas bandas preferidas em um amontoado ao lado da cama. Guarda roupa com mangas de blusas para fora.

A única coisa legal naquilo era a parede. Eu colocara alguns pôsteres de bandas antigas e enfeitara também com alguns esboços, rimas e estrelinhas fosforescentes. Eu amava estrelas. Tinha vários potes de galáxia pelo meu quarto e uma vez consegui customizar objetos de vidro com tinta fosforescente, fazendo vários pontinhos que brilhavam de noite.

Joguei a bolsa no chão e depois joguei a mim mesma na cama. Estava cansada. Estava exausta. Poderia dormir por vinte e quatro horas seguidas.

–Blakely! – escutei o grito de Dona Sarah. – Cheguei, amada!

Gemi. Não queria ser grossa com ela, mas a mania de gritar era horrível. Será que Dona Sarah tinha algum problema no ouvido?

Levantei-me da cama e dei alguns passos, até colocar o pé em uma superfície lisa e cair de cara no chão de madeira.

Senti uma tremenda dor na testa. O que raios me fizera cair?

Bufei, me levantando rapidamente e olhando para qualquer objeto perto do meu pé. Vi um livro antigo com capa marrom e lisa.

Aquele livro não era meu.

O peguei e dei uma olhada melhor na capa, percebi que havia algo escrito nela. Rapidamente li. E então entendi o que estava em minhas mãos.

Aquele era o diário secreto de Christopher Robinson.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se que eu tenho que saber se vocês estão gostando!



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