O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 33
Trigésimo Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, gente! Agora tentarei postar toda segunda e quinta!



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Eu andava pelos corredores da escola procurando Ezequiel, infelizmente não consegui vê-lo enquanto fazia meu percurso até meu armário. Coloquei a senha e então retirei os livros de que iria precisar.

            Enquanto trancava o cadeado, senti uma mão em meu ombro, não precisei nem me virar para ver quem era, pois a luva evidenciava isso, sinal que ele andara bem nervoso ultimamente.

—Ezequiel faltará hoje – disse, comprovando algo que eu já suspeitava.

—Por quê? – perguntei, fazendo-me de sonsa.

Christopher estava sério, olhava para o meu rosto desconfiado. De repente ele não parecia mais aquele garoto doce e fofo de antes, mas talvez ele nunca o tivesse sido.

Respirei fundo, sabia que Christopher não iria me responder. Porém, quando tentei ir para a sala, seu braço bateu com força no metal dos armários, me impedindo de seguir meu caminho.

—O que você sabe? – perguntou, ainda sério e com o semblante “duro”.

Por um milésimo, tive vontade de chorar e cair em seus braços como uma garotinha desesperada. Não, eu não seria mais fraca. Tinha que vencer a mim mesma.

—Eu quero passar – falei, cabisbaixa e tentando evitar olhá-lo.

—E eu quero que você me diga o que sabe. Seu pai é o advogado do caso da Katherine, você deve ter descoberto tudo depois de ontem.

Apertei forte os livros que estavam comigo.

—Então é esse o nome dela? – sussurrei.

—Sim – respondeu Christopher, já demonstrando certo amargo na voz. – E você sabe o que aconteceu com ela?

Ele tocou gentilmente em meu queixo, o levantando devagar para que eu olhasse em seus olhos. Eu sabia que se o olhasse estaria perdida, voltaria a ser a garota fraca e chata de sempre.

Com um pouco de força, virei meu rosto para a esquerda, tirando sua mão de mim. Nesse mesmo instante, o sinal tocou e então, querendo ou não, Christopher teve que me deixar escapar, mas eu sabia que não iria conseguir fugir dele.

Ninguém consegue esconder algo de Christopher Robinson.

                                               ***

Foi uma tortura ter que esperar até o primeiro intervalo. Só quando o sinal tocasse é que eu estaria livre de Christopher, segundo o que eu escutara de algumas conversas entre os meninos, haveria um jogo de futebol e ele era o atacante.

Como eu previa, Christopher saiu da sala junto com Dake, Scott e outros cinco garotos. Ele era do time agora, tinha seus compromissos.

Não me apressei em pegar meu pote com algumas bolachas dentro de minha mochila.

—Por que seu namorado faltou, Blakely? – a voz do Senhor Parrish me pegou desprevenida.

—O quê? – perguntei alto demais, olhando assustada para o professor de Filosofia. – E-ezequiel não é meu n-namorado!

Ele riu, mas é claro que riu, eu com certeza estava com as bochechas vermelhas e uma grande interrogação em todo o rosto.

—Não foi isso que presenciei alguns dias atrás na arquibancada – disse, ainda rindo um pouco.

A tensão piorou, em vez de vermelha, devo ter ficado roxa naquele instante.

—Não... Não foi nada... – tentei me explicar, beijos dentro da escola eram contra as regras, era um milagre eu e Ezequiel não termos sido punidos.

—Sério? – indagou o Senhor Parrish. – Por que pelo que eu saiba a Senhorita Queen viu o ocorrido e disse a diretora, mas para te salvar, Ezequiel levou uma ocorrência e iria cumprir a detenção hoje.

Senti apenas nós e mais nós se formando em minha cabeça.

Merda.

—Por isso estou perguntando, Ezequiel é um aluno aplicado demais para fugir de suas responsabilidades – completou.

Eu queria chorar, queria me debater e espancar Tiffany. Aquela idiota... Estragara tudo novamente!

Um misto de raiva, gratidão e confusão tomou meu corpo. Eu não sabia no que pensar.

—Acho que não deveria ter comentando isso com você, Blakely – comentou o professor, fazendo uma expressão arrependida.

—Não, o senhor não deveria ter comentado – respondi rudemente, enquanto dava passos apressados para fora da sala de aula.

Eu iria desmoronar de novo?

E mesmo longe, Ezequiel conseguia ser a pessoa mais bondosa do mundo. Ele estava passando por uma situação muito difícil e tudo o que eu fazia era arrumar uma detenção e uma ocorrência para ele ter de suportar.

Eu era mesmo fraca, sempre fora. Só que agora provaria o contrário.

Engoli o choro.

A cada passo que eu dava em direção àquele ginásio, minha fúria crescia. Como Tiffany poderia ter dedurado Ezequiel? Ele não merecia isso, só estava triste por causa de sua irmã e precisava de um apoio – que no caso, fora o beijo.

Sentia como se uma explosão de hormônios tivesse acontecido dentro de mim. Virei à direita e depois à esquerda, estava de frente com a grande porta que dava acesso ao ginásio, já até conseguia ver as líderes de torcida pulando e cantando, entre elas uma loira oxigenada com um batom rosa horrível.

Fechei minhas mãos em punhos e mordi com força o lábio inferior, senti um gosto de sangue, mas simplesmente o ignorei.

—Blakely! – uma voz fraca e sem vida disse meu nome.

Não era possível.

Abri minhas mãos e senti a força se esvair de mim, eu tremia exageradamente naquele momento. Olhei para Tiffany novamente e meus olhos só se encheram de lágrimas ao ver que eu iria desmoronar mais uma vez.

Virei-me vagarosamente para o garoto de olhos inchados e vermelhos que estava só a alguns passos de distância. Ele estava com o mesmo moletom cinza de sempre e uma calça jeans mais ou menos surrada.

Não pensei. Apenas corri para os seus braços.

Minha cabeça bateu em seu peito e meus braços o apertaram com força. Ezequiel me abraçou também e pareceu deixar algumas lágrimas caírem em minha blusa.

—O que você estava pensando em fazer? – ele disse com a voz embargada. 

—C-como você...

—Meu pai me trouxe para entregar alguns documentos à diretora. Vou ficar alguns dias afastado da escola. Queria falar com você e apenas encontrei o Senhor Parrish na sala, ele me disse o que aconteceu.

Os olhos castanhos de Ezequiel estavam irreconhecíveis. Ele parecia sem vida, um corpo sem alma.

—Eu sinto muito – falei, pronta para confessar o que eu já sabia. – Escutei uma conversa do meu pai e então só foi ligar os pontos. Não fazia ideia de que era um assunto tão sério assim, eu sinto muito mesmo.

Ezequiel apertou-me ainda mais em seus braços, colocando seus lábios perto de meu ouvido.

—Tudo bem. Eu não a culpo – sussurrou. – Para falar a verdade, a culpa é toda minha, Blakely.

—O que você quer dizer? – perguntei, me soltando aos poucos.

Ezequiel estava chorando, as lágrimas traçavam um caminho em suas bochechas e depois caiam no chão.

—Eu matei a minha irmã, Blakely– ele disse, fazendo o fluxo de lágrimas aumentar ainda mais.

—Fique calmo! – peguei em suas mãos e tentei levá-lo até o corredor principal, onde havia alguns bancos e o bebedouro, mas Ezequiel simplesmente se manteve parado no mesmo lugar. – Por favor, Izzy...

Ao chamá-lo pelo carinhoso apelido, ele começou a se mover. Levei Ezequiel até o banco mais próximo, percebendo amargamente que suas lágrimas haviam cessado ao parar de falar de Katherine.

Izzy segurou minha mão e então pareceu entrar em pânico, olhando para todos os cantos como se procurasse uma saída.

—E-eu... Eu... – ele tentava dizer, mas sua voz apenas falhava.

Apertei sua mão com o intuito de lhe dar confiança.

—Ela não queria... – Ezequiel colocou sua outra mão nos olhos, tentando conter o choro. – Ter a Arkansas. Ela não queria. Katherine queria abortar.

Uma parte de mim lutava constantemente contra o choro. Não, não podia fraquejar.

Permaneci em silêncio, sem saber o que dizer ou fazer. Ezequiel tentava engolir o choro, mas isso só parecia estar aumentando o fluxo das lágrimas.

—Eu a forcei a ter a Arkansas – ele disse entre fungadas. – E então ela morreu.

Não aguentei mais vê-lo naquela situação. Abracei Izzy novamente, colocando sua cabeça em meu ombro. Eu sabia que logo minha camiseta estaria toda molhada, mas não me importei.

—Você não tem culpa dela ter morrido no parto – eu disse, era a única coisa útil a se dizer. Talvez.

Ezequiel afastou-se de mim, ele olhou bem fundo em meus olhos. Naquele momento, eu parecia ver toda sua dor, agonia e medo.

Era assustador.

—Eu menti – confessou. – Katherine não morreu no parto.

Eu o olhei sem entender nada, com medo do que aconteceria.

—Ela se matou, Blakely.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo de hoje! Fico feliz com a quantidade de leitores que está aumentando cada dia mais e queria agradecer a todos que estão lendo e comentando!
Outra coisa, o que vocês acham do nome Arkansas? Parece nome de doença do coração?