O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 19
Décimo Oitavo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oie? Eu falei uma semana e demorei uma semana e meia kkkk ops!
Isso é culpa sabe de quem? Sim, da Dilma! Mentira! Nada a ver... A culpa é minha mesmo. Em vez de eu ficar pensando na fic e escrevendo, eu fiquei comendo chocolate, cantando e vendo filmes '-' tbem jogando Amor Doce e tentando bugar o sistema para conseguir mais pa.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625715/chapter/19

Estou sentindo como se tivesse sido esquartejado. Todo o meu corpo dói, principalmente a cabeça. Meu pai havia chegado de madrugada com uma garrafa na mão, ele a usou como arma para bater em mim e depois que ela se quebrou, cai de costas em um caco de vidro.

A sorte é que minha mãe ainda tinha um kit de primeiros socorros e então conseguiu dar os pontos, já que ela era quase uma médica no pequeno vilarejo onde morávamos. Dessa vez foram quatro. Por duas semanas achei que meu pai estava voltando ao normal e agora ele estragou tudo novamente.

Eu queria tanto acordar desse pesadelo. Eu queria tanto poder esconder meus sentimentos dos outros, mas não dá. Tenho recaídas todas as noites, apenas com medo do amanhã e aí conto ao Zeke, mas ás vezes percebo que ele não gosta de me escutar, não sei se é por medo também. Só que uma vez ele me disse que se sentia triste por mim e que muitas vezes ficava frustrado com tudo isso.

Não sei o que fazer, Diário. Preciso contar o que estou sentindo a alguém ou vou explodir.

08/02/2014”.

Escutei um solavanco perto do meu ouvido. Gritei, igual aquelas mocinhas de filmes. Quase deixei o diário de Christopher cair de susto, mas consegui segurá-lo.

Me virei para ver quem era o idiota.

–Ezequiel! – exclamei, ao vê-lo rindo.

–Não resisti – ele respondeu, parando com as gargalhadas aos poucos. – A diretora está te chamando.

Eu não havia feito nada esse ano. Quer dizer, deixei de fazer a tarefa de matemática naquele dia em que Christopher apareceu em minha janela pela primeira vez. Mas tirando isso, não havia nada que fiz ou deixei de fazer. Na verdade, eu nunca me metia em confusão.

Uma parte de mim gelou ao escutar que a diretora estava me chamando. Só que por um lado fiquei tranquila, já que eu tinha um bom histórico e boletim.

–Ei, este é o diário do Chris? – perguntou Izzy, estupefato. – Ele te deixou ler mesmo?

–Sim, deixou – respondi. – Você pode ficar com ele enquanto converso com a diretora?

Ezequiel sorriu e o pegou da minha mão.

–Sem problemas.

Desci da arquibancada. Nos dias em que não havia jogos, aquele era o lugar mais silencioso para ler, já que a biblioteca entrara em uma reforma eterna há quase um ano.

Entrei de volta na escola e segui pelo corredor principal até a sala da diretora. Na porta havia um vidro e pude ver Jane LaCross sentada de frente com Amelia.

–Entre, Senhorita Jones – ordenou a diretora.

Coloquei minha mão na maçaneta gelada, quase não conseguindo abrir a porta, pois eu estava tremendo muito. Entrei na sala devagar.

Meu Deus! Sou muito medrosa.

–Sente-se – puxei a cadeira ao lado de Jane LaCross, que estava com a bochecha arranhada e chorando. Pude ver algo roxo em seu braço também, parecia um leve hematoma.

–O que aconteceu com você? – perguntei, olhando assustada para Jane. Ela podia andar com Tiffany, mas ainda sim era uma pessoa como eu.

–E ainda pergunta! – respondeu ela, de mau-humor e cruzando os braços.

–Senhorita Jones, eu gostaria de saber por qual motivo atacou a Senhorita LaCross no banheiro? – perguntou Amelia, olhando profundamente em meus olhos.

Minhas mãos começaram a soar, pois eu estava totalmente nervosa.

–Eu não a ataquei, diretora – respondi, evitando olhar para Jane.

–A Senhorita Queen também estava no banheiro e foi ela quem ajudou Jane – disse Amelia, com sua voz grave. A verruga na bochecha dela só me deixava com mais medo ainda. – Sinto muito, mas levará uma advertência e amanhã só entrará se estiver acompanhada de algum responsável.

Tifanny Queen estava envolvida? Então era isso! Ela achava que tinha sido eu. Os comentários inadequados eram sobre Ronald Parrish, o professor de filosofia, e ela sabia que éramos amigos. Tiffany estava apenas me ferrando também, tudo com a ajuda de Jane.

Olhei incrédula para a garota “machucada” ao meu lado. Ela sorria. Mas naqueles lábios só havia maldade.

Alguns minutos depois, Amelia me entregou o papel da minha advertência. No segundo em que a toquei, meus dedos pareceram queimar. Não havia feito nada. Não merecia aquela advertência.

–Volte para a sala, Senhorita Jones – disse a diretora, com aquela voz grave e expressão ranzinza. – Ligarei para os seus pais e informarei o acontecido, amanhã quero um deles aqui para conversar comigo e o pai de Jane, que já está ciente de tudo.

Minha cara estava congelada. Eu não sabia para onde olhar, se deveria chorar e implorar para ela voltar atrás da decisão ou tentar achar uma prova de que não fora eu quem fizera aqueles arranhões em Jane.

Me levantei ainda assustada, sem fala e sem o menor conceito de realidade.

Eu levei uma advertência. Eu levei uma advertência.

Enquanto fechava a porta e andava pelo corredor, eu tentava assimilar o que acontecera nos últimos dez minutos, mas simplesmente não conseguia. O sorriso malicioso de Jane não saia da minha mente e sentia como se um elefante tivesse pisado em cima do meu crânio.

Entrei na sala e pedi licença à professora Susan. Me sentei na cadeira com um olhar vazio no rosto.

–O que foi? – escutei o sussurro de Christopher poucos segundos depois.

–Tiffany – uma só palavra resumia tudo, ou melhor, um único nome. – Ela me deu uma advertência, Christopher.

Minha voz já estava embargada. Não queria chorar logo na sala, então passei o maldito papel para a mesa de trás e evitei olhar para Tiffany. Também sentia o olhar de Izzy em mim e sussurrei um sutil “Depois” para ele.

Christopher já me salvou de uma grande cilada antes. Talvez pudesse me salvar agora também.

–Vou te tirar dessa – sussurrou.

***

Eu sabia que dessa vez não conseguiria esconder. Ezequiel me confortara depois que lhe contei tudo, me garantiu que Christopher sempre conseguia o que queria e que se ele havia dito que me tiraria dessa, então é porque me tiraria.

Mas primeiro eu teria que confrontar meus pais.

Guardei a mochila no quarto e coloquei o diário sobre a escrivaninha. O papel da advertência estava no bolso da minha calça e tudo que pude fazer para adiar “o momento” foi descer um degrau e depois subir dois.

–Venha logo comer, Blake – gritou minha mãe. – Seu pai já vai chegar, ele se atrasou hoje. E a Dona Sarah virá às duas da tarde para ficar com você, tudo bem?

–Okay, mãe – fui vaga, talvez se falasse mais do que isso, iria me denunciar.

Ao chegar à cozinha, vi que ela colocava os pratos e os talheres de forma organizada na mesa. Ajudei.

Assim que sentamos para comer a carne assada, olhei para o meu prato sem fome. Apenas pensando em todos os nomes que queria chamar Tiffany naquele momento.

–Mãe – chamei, a voz estava fraca e minha expressão era parecida com a de alguém que acabou de sentir o gosto de um limão. – Preciso te entregar algo.

Minha mãe me olhou calma. Talvez daqui a alguns segundos, ela não estivesse mais com essa expressão.

Vagarosamente, tirei a advertência do bolso, como se fosse uma bomba atômica, mas, na verdade, era mesmo uma. Um trilhão de coisas passaram pela minha cabeça quando ela pegou o papel e o abriu.

Esperei cuidadosamente que a bomba explodisse. E explodiu.

–Não acredito! – minha mãe exclamou. – Não acredito,Blakely!

Escutei o bater da porta e soube que estava ferrada em dose dupla.

–Andrew... – chamou ela, ainda em choque com a minha advertência. – Andrew, me ajude aqui!

Meu pai chegou assustado na cozinha, olhando de mim para minha mãe e de minha mãe para mim.

–O que foi, Elizabeth? – perguntou.

Como resposta, ela ofereceu a folha de papel para ele.

–Blakely – diferente das exclamações de minha mãe, o “Blakely” de meu pai foi algo inesperado. Foi dito com carinho, empatia e também tristeza. Ele me olhou com seus olhos claros e suspirou, estava desapontado, mas calmo.

–Sabe quanto pagamos por mês? – minha mãe começou seu sermão. – Acredite, não é pouco para você desperdiçar seu tempo batendo em uma garota no banheiro. E tem mais, eu não vou com você amanhã falar com os pais dessa garota. Sinto vergonha de...

–Chega! – me assustei. Aquele era mesmo meu pai falando? Ele estava realmente elevando o tom de voz daquela forma? Ainda mais com minha mãe? – Eu cuido disso, Elizabeth. É uma advertência.

–Só uma advertência, Andrew? – minha mãe repetiu a frase, ela estava com os nervos à flor da pele. - Só uma advertência?

–Por favor, me deixa cuidar disso, okay? – ele pediu, agora mais controlado, voltando a ser o Andrew de sempre.

Alguns segundos depois, escutei os passos apressados e raivosos para fora da cozinha.

Meu pai colocou as duas mãos na nuca e respirou profundamente. Ele estava cansado, estressado e havia acabado de brigar com a minha mãe.

Ah, merda, como eu ia estrangular Tiffany depois...

–Você não seria capaz de bater em alguém, seria? – meu pai estava de costas para mim e perguntou com a voz tão calma, que fiquei um pouco desnorteada.

Eu estava cabisbaixa, mas mesmo assim criei coragem para responder.

–Acreditaria em mim se eu dissesse que não?

Minhas mãos suavam, eu estava nervosa, mas no fundo sabia que ele me entenderia. Era o meu pai e não um homem qualquer.

Ele se sentou na cadeira onde minha mãe estava antes. Me encarou por alguns segundos com seus olhos e, por mais incrível que pareça, sorriu.

–Acreditaria em minha filha até mesmo se o mundo todo estivesse contra ela.

Eu poderia chegar amanhã e estrangular Tiffany Queen, pelo menos era o que eu queria até aquele momento. Mas, pela primeira vez, havia visto meu pai como ele realmente era, vi que sempre me amaria, independente de tudo.

E eu provaria ser inocente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem gente, eu realmente peço desculpas pela minha irresponsabilidade com a fic, como eu expliquei na Notas Iniciais (que eu tenho certeza que ninguém leu).
Mas relaxem, eu mudei! (mentira de novo, nao mudei)