O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 16
Décimo Quinto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

EU VOLTEEEEI! Estou de volta, liendas. Sim, depois de um long time fora , eu going back for vocês.
Nossa... Parece aquele moment que você começa a pensar em two linguas in the same time '-'
Pois bem... Leiam!!



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Eu estava quase dormindo em cima da mesa e caindo sobre as torradas que minha mãe colocara ali, quando meu pai se sentou ao meu lado e estalou os dedos.

–Acorda, Blake! – disse ele, me fazendo gemer e empurrar as torradas para longe, deitando a cabeça na mesa, como eu queria fazer já há um bom tempo.

–Blakely! – dessa vez foi minha mãe. – Já pensou na opção de comer as torradas em vez de empurrá-las?

Bocejei alto. Eu estava com muito, muito, muito sono mesmo.

Espera! O que ela disse mesmo?

–Falei para não ficar até tarde lendo – meu pai parecia mais preocupado do que bravo.

–Que livros você está lendo, querida?

Apontei para o meu pai, eu estava com preguiça até de falar.

–Os meus de psicologia, Elizabeth – disse ele. – Emprestei para ela.

–Parece que teremos uma psicóloga nessa casa daqui uns anos, hein? – senti uma leve cotovelada nas costelas, minha mãe sentara do meu lado.

–Você ainda tem bastante tempo para escolher, filha – meu pai passou a mão levemente em meu braço. Acho que o trauma de ter sido forçado pelo pai a cursar psicologia o perseguia até hoje. – Ei, estava pensando em irmos à biblioteca depois do almoço, Blake. O que acha? Preciso pegar alguns livros para o trabalho.

Dei um sinal positivo com o polegar.

–Meu Deus! – minha mãe riu. – Que horas você foi dormir?

Bocejei novamente, mas dessa vez retirei a cabeça da mesa. Sabia que ela ia brigar, só que mesmo assim eu tinha que dizer. Fiz um três com a mão.

–Blakely! – vai começar... – Não pode ficar até essa hora lendo, pode cansar a sua vista. Você quer usar óculos igual a mim pelo resto da sua vida?

–Mas você é bonita com óculos – falei, minha voz estava bem rouca. – E se eu ficar bonita assim também?

Ela nunca resistia a um elogio, então sorriu. Enquanto isso, pela visão periférica, vi meu pai revirando os olhos.

–Os livros de psicologia fizeram efeito – ele comentou, colocando as torradas para mais perto de mim. – Agora coma.

Assenti com a cabeça, bocejando já pela terceira vez.

Eu adorava ir à biblioteca com meu pai, acho que quando eu ficasse mais velha, iria ser uma boa lembrança para recordar.

Peguei uma torrada e dei uma mordida. Já estava ansiosa para depois do almoço.

***

Uma hora e meia depois de ler todos os títulos e andar por cada centímetro da biblioteca britânica, fui até a mesa onde meu pai estava lendo alguns livros, ele parecia concentrado demais para perceber que eu me sentei ao lado dele. Comecei a ler um livro legal, a capa era em preto e branco e o título era “Avalanche”.

Estava já no segundo capítulo quando escutei algo vibrar. Era o celular do meu pai. Ele me encarou e olhou rapidamente quem era.

–Volto já, Blake.

Então se levantou e atendeu.

–Martin, espere um minuto – disse, enquanto andava para fora da biblioteca.

Continuei a ler meu livro. Li mais um capítulo e meu pai ainda não voltara. Já se passara dez minutos e a preocupação começara a aparecer. Se era Martin, então havia algum problema na advocacia.

Merda! Precisavam do meu pai lá, em pleno domingo.

Mas por quê?

–Senhorita Jones – uma mulher chegou bem no momento em que eu estava prestes a me levantar. Era a bibliotecária. – Pode levar esse papel ao seu pai? Ele me pediu o endereço da nova livraria de Islington.

–Claro – sorri. Aquilo era tudo o que eu precisava para descobrir sobre o novo caso em que ele estava trabalhando. Tinha mesmo a ver com Christopher e o pai dele? – Vou fazer isso agora mesmo, senhora.

Peguei o papel e marquei a página onde estava. Me levantei logo em seguida e caminhei relativamente rápido para fora da biblioteca, não queria levantar suspeitas.

Meu pai era um advogado penal. Se eu quisesse escutar conversa escondida, teria que tomar cuidado, muito cuidado. Mas também não podia chamar a atenção.

Sempre quando meu pai recebia ligações na biblioteca, ficava no banco, ao lado da entrada. Uma câmera filmava exatamente na parte onde eu poderia me esconder. Droga!

Talvez eu pudesse fingir ir ao banheiro. As câmeras da biblioteca sempre eram bem centradas nas portas e entradas. Ou seja, no corredor entre a câmera da porta e do banheiro não havia perigo algum. Mas como eu faria para escutar a conversa do meu pai dali?

Só que então algo me surpreendeu. A câmera da porta de entrada virou para a do corredor e a do banheiro virara para o outro corredor que havia perto do banheiro feminino, que levava ao sanitário masculino.

Agora eu podia me esconder atrás da porta sem nenhum perigo. Fui rápida, para ninguém perceber.

–...não, Martin. O caso do Senhor Medeiros é complexo demais – escutei exatamente o que queria e precisava escutar mais um pouco, mesmo sendo errado. Claro que eu me sentia culpada com aquilo, mas tinha a ver com Christopher e eu só queria ajudá-lo. –Tente chamar o Gomez, ele é um bom delegado. Talvez possa nos auxiliar na procura do estuprador. O Senhor Medeiros vai nos ajudar no que precisarmos, ele quer mais do que tudo achar esse cara.

Estuprador? O novo caso do meu pai tinha a ver com estupro? Então não tinha a ver com Christopher! Mas tinha a ver com a família de Ezequiel e ele também era meu amigo.

Parecia que não era só Christopher Robinson que tinha segredos. Ezequiel também era um tanto misterioso.

–Tudo bem, Martin. Eu deixei a Blakely sozinha, tenho que ir.

Droga! Droga! Droga!

Tinha que sair dali antes que as câmeras virassem e o meu pai chegasse. Por sorte, assim que saí, as câmeras viraram. Então pude ir até o bebedouro e fingir beber água. Quando meu pai passou, acenei para que ele me visse.

–Você demorou – falei, eu não estava mentindo, por isso o encarei nos olhos, para que, se eu precisasse mentir, ele achasse que falei a verdade.

–Desculpe – sorriu.

Talvez se eu mudasse o assunto, não ficasse suspeito.

–A bibliotecária mandou eu te dar isso – entreguei o papel a ele.

–Ah, obrigado! – meu pai deu uma batidinha no meu ombro. – Sinto muito, Blake. Vamos ter que ir para casa agora. Vou pegar algum lanche e ir para a advocacia, Martin precisa de mim no trabalho urgentemente.

–É domingo – contrapus. – Não é justo com você, pai.

Ele tentou me reconfortar com um sorriso. Só que logicamente não adiantou em nada.

–Eu sei que pode não parecer justo, mas eu tenho que ir de qualquer jeito – às vezes eu pensava que a faculdade de psicologia fez muito bem ao meu pai, ele sempre conseguia encerrar conversas sem parecer rude. – Agora temos que ir. Vai levar algum livro?

–Acho que não.

–Okay, eu vou levar dois – ele disse e tirou a chave do bolso. – Vá indo para o carro.

Segurei a chave e fui andando pelo estacionamento, até achar o Chrysler. Entrei e fiquei esperando por mais ou menos cinco minutos, até que meu pai chegou com dois livros e os colocou no banco de trás, não consegui ler o título de nenhum.

Assim que chegamos em casa, subi as escadas e fechei a porta do meu quarto. Odiava minha necessidade de ficar sozinha, mas eu queria silencio para poder pensar.

Ainda não entendia o que estupro tinha a ver com Senhor Medeiros, talvez só tivesse relação com alguém que ele conhecia. No telefone meu pai falara que ele faria de tudo para achar o estuprador, então o estuprador fizera mal a alguém cujo Senhor Medeiros se importava. Mas quem?

Ezequiel tinha uma irmã mais velha, só que ele mesmo dissera que ela morrera no parto de Arkansas. Eu me lembrava muito bem de quando ele dissera aquilo. Não parecia ser mentira.

Talvez eu não devesse me meter. Estupro já era algo pesado demais.

–Blakely – minha mãe abriu a porta do quarto e entrou, olhando para toda a bagunça que ficava ali dentro. – Meu Deus! Você precisa arrumar esse quarto.

Eu ri. Já estava acostumada com aquilo.

–Enfim, vai querer me ajudar a fazer o jantar? – ela perguntou. – Pode parecer cedo, mas seu pai prometeu que comeria com a gente e eu pensei em fazer algo mais trabalhoso.

Trabalhoso...

–Tipo? – segurei um grande sorriso, aguardando ansiosamente pela resposta.

–Toad in the hole.

Tive que sorrir. Era o meu prato preferido e dava um bocado de trabalho para fazer.Se resumia numa massa com salsichas no meio.

–Temos todos os ingredientes para a massa? – perguntei.

–Temos sim, agora vem me ajudar.

Descemos as escadas rapidamente, indo para a cozinha.

–Pegue os ingredientes da massa que eu descongelo as salsichas.

Fiz o que minha mãe disse. Peguei o trigo, leite, ovos... Tudo que precisava para a massa. Assim que coloquei tudo na mesa, peguei a batedeira.

–E agora? – perguntei.

Minha mãe riu. É claro que eu não era boa na cozinha. Todas as vezes que tentei cozinhar, deixava queimar ou não temperava bem.

–Fique de olho nas salsichas, quando elas descongelarem, desligue o fogo – ela disse. – É uma tarefa simples, okay?

E ela riu novamente.

–Mãe! – cruzei os braços.

–Desculpe, Blake – ela disse. – Mas você definitivamente nasceu sem talento para cozinhar.

Suspirei, fingindo estar brava. Então me virei e fui para o fogão, vendo as salsichas.

Um dia eu ainda iria mudar essa fama de má cozinheira.

***

Quando a porta da entrada se abriu, eu sabia que era o meu pai. Já estava tudo pronto na mesa, os pratos, talheres e o Toad in thehole.

–É sete e meia – falei, assim que ele me viu no sofá. – Trinta minutos atrasados, pai.

Arqueei uma sobrancelha, ás vezes eu fazia isso quando queria acusar alguém.

–Pelo menos eu estou aqui – ele respondeu, tirando o casaco e colocando em cima do outro sofá, se sentando de frente para mim.

–Quase me ocorreu a ideia de comer meu Toad in theHole sem você.

Ele riu.

–Foi você quem fez, Blake? Aí que eu não como mesmo!

Mostrei a língua.

–Eu não cozinho tão mal assim, pai.

–Ah, vamos comer,okay? – disse, enquanto tentava parar de rir.

Quando minha mãe viu que meu pai chegara, ela o abraçou forte e sussurrou algo parecido com “Ainda vou dar uns tapas em Martin”. Então nos sentamo-nos à mesa e comemos. Comi tanto que minha barriga parecia a de uma grávida.

–Foi você quem fez, não foi, Elizabeth? – meu pai perguntou, ainda comendo as salsichas. – Isso está bom demais para ser verdade.

–Blakely deu uma ajudinha – minha mãe piscou para mim e bebeu um pouco de água. – E então, vai nos contar como foi essa semana na escola?

Faltei engasgar com a própria saliva.

–Hãm... Foi legal.

–Não conversou com ninguém diferente? Fez algum novo amigo? – meu pai perguntou.

Acho que eu já estava mentindo e escondendo informações demais dos meus pais.

–Sim, conversei – respondi.

–Isso é bom, filha. E com quem você conversou?

–Acho que você conhece – falei. – O nome dele é Ezequiel Medeiros.

Meu pai pareceu surpreso e minha mãe o olhou interrogativa.

–Ah, é... Ezequiel Medeiros é filho de Albert Medeiros, meu cliente –ele disse. – E é só com ele que vem conversando?

–Não. Também conheci outro garoto – hesitei por alguns segundos. -O nome dele é Christopher Robinson.

Minhas mãos soaram, nervosa. Pude ver que minha mãe sorria.

–E esse tal Christopher é legal?

Sorri também.

–É, ele é sim – respondi, menos nervosa.

–Que bom! Por que você não os chama para vir aqui um dia? – minha mãe supôs.

Olhei para o meu pai, ele estava quieto. Será que era só pelo fato de eu ter conhecido meninos?

–Talvez eu chame depois de descobrir se advogados têm armas em casa – comecei a rir alto, fazia muito tempo que eu não fazia uma piada e ria loucamente.

–O que você insinua com isso? –perguntou, ainda quieto.

Bebi um pouco de água e me levantei.

–Não insinuo nada – respondi. – Eu vou terminar minha tarefa de matemática.

Subi as escadas rapidamente, quando cheguei ao meu quarto e abri a porta, senti uma brisa fria. A janela estava aberta. Eu nunca a deixava aberta, não de noite.

Meu coração acelerou. Até que notei um livro estranho em cima da minha cama. Fui até ele e o peguei.

Era o diário. Passei a mão pela capa um pouco antiga.

Como isso parou aqui?

Escutei um barulho não muito alto. Olhei assustada para a janela, com medo.

Só que então, os olhos de Christopher se encontraram instantaneamente com os meus e eu soube que não havia nada a temer.


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Notas finais do capítulo

Vocês gostaram? Não gostaram? A Jean Grey aqui não consegue ler mentes, okok?
:D Tô tão feliz que voltei!