Campinas, 11 de junho de 2015.

Querida Leslie Burke,

Eu sinto tantas saudades! Confesso que como já faz algum tempo que você morreu, vez ou outra eu acabo me esquecendo dos nossos momentos juntos, e até de que um dia você veio a realmente falecer. Com os anos, ter um leve esquecimento é inevitável, mas o que eu quero te dizer é que sempre quando me lembro dos seus cabelos loiros, dos seus olhos azuis e até mesmo do seu sorriso, meu coração palpita de dor inconsolável, e a minha alma clama para que você volte, para que seus pais tenham, por uma última vez, a oportunidade de dizer que amam você, para que eles olhem para o seu rosto por longos minutos e saibam identificar quando ele se torna um borrão melancólico nos diários sonhos.

Perder você foi como trancar minha alma em um caixão e assim deixá-la para morrer, fria e lentamente. A dor é extremamente forte. Tão forte que faz meu sangue esquentar e minha carne pulsar enquanto molho este simples pedaço fino de papel com lágrimas pesadas e frias. Um inverno contínuo se instalou quando você se foi. E perdura até hoje.

Seria pecado pedir aos deuses que você volte uma única vez, apenas para me ver em Terabítia? Porque se for, eu me arrisco a ser condenado ao Hades para ver seu sorriso uma última vez.

Sei que não te disse isso, mas eu te amo, Leslie. O Jess também te ama. Você mudou a vida dele. Você mudou as nossas vidas enquanto pôde estar presente. E era esse seu simples mudar a cada manhã que hoje te eternizou em nossos corações.

E é pela saudade profunda e aguda que eu escrevo esta carta com todos os sentimentos ao extremo nas entrelinhas. Você pode senti-los?

(Mais uma vez,) eu te amo Leslie! Nós te amamos, todos nós!

Com amor,

Falcão Negro,O Deus dos Raios Azulados