As Duas Faces Da Moeda escrita por Ella NH


Capítulo 4
Dia Quatro


Notas iniciais do capítulo

Gostaria primeiramente de agradecer a todos os que comentaram. Saiba que cada um dos comentários me deixou muito feliz.
Aqueles que mandaram sua crítica, saibam que levei em consideram cada argumento e ponderei sobre isso. Por isso gostaria de esclarecer algumas coisas:
1° - Por mais que eu tenha citado o romance policial, não estou trabalhando aqui o ponto de investigação, nesse caso a polícia é apenas o contexto e o plano de fundo para o romance.
2° - Eu acabei não citando isso anteriormente, mas gostaria de citar que é um protocolo comum que em casos de envolvimento pessoal o individuo é afastado de sua função. Nesse caso, a Hinata não poderia se envolver com o caso de Naruto para que não haja conflito de interesses.
3° - A estória é de autoria minha, e embora tenham elementos comuns de outras criações literárias, fui eu quem escrevi. Pesquisei sobre a geografia do lugar que escolhi e fiz algumas pesquisas no google para buscar um fidelidade maior para as circunstâncias da escrita.

Espero que isso ajude na compreensão e um melhor aproveitamento da leitura.
Então, boa leitura!



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Eu acordei sentindo o corpo duro e dolorido, pela posição em que eu estava suponho que dormi do mesmo jeito que cheguei ontem. Olhei o relógio no criado mudo e vi que estava quase atrasada para o trabalho.

“Hora de voltar a rotina...”

Tomei banho correndo e desci para comer qualquer coisa, a primeira que eu encontrasse. Pensei imediatamente no meu filho assim que vi o número de telefone ainda escrito com um hidrocor laranja. Imediatamente peguei o celular e gravando o número e o apagando a bancada utilizando álcool. Assim que tive certeza de que estava limpo, liguei torcendo para que Naruto não tivesse mentido para mim e que minha confiança nele tenha sido a melhor escolha.

O telefone chamou e antes do terceiro toque uma voz feminina atendeu.

— Alô? — A voz soou incerta como se a pessoa tivesse acabado de acordar.

— Oi, eu sou Hinata... — Falei tremendo e minha ansiedade me fez morder a pnta do meu polegar esquerdo. A mulher do outro lado da linha ficou em silêncio por alguns minutos.

— Olá, querida. Sou Kushina, Minato foi chamar meu neto. Ele é tão lindo... Eu nem acredito que posso conhecê-lo, abraçá-lo, beijá-lo... Muito obrigada, Hinata. — A mulher estava verdadeiramente emocionada. Não me lembro muito bem de Kushina, mas lembro que Naruto a amava demais. O que apenas levantava ainda mais perguntas em minha mente.

“Como essa mulher tão maternal pode abandonar o filho? Será que ela também não tinha escolhas? Mas por que? O que aconteceu para que ela tivesse que tomar tal medida?”

— Eu agradeço por cuidarem dele. Por favor, senhora Uzumaki, não deixe que nada de mal aconteça com ele. Por favor... — Pedi suplicante. Meu coração se partia em pedaços ainda menores, não sabia se aguentaria a dor de perdê-lo também.

— Não deixarei. É uma promessa. — Ela selou.

Eu tinha muitas perguntas a ela, mas não tinha cabeça para nenhuma delas. Tudo o que eu queria era ouvir meu filho.

— Mamãe... — Ouvi a sua voz e todo o meu mundo se estabilizou. Eu podia respirar aliviada mais uma vez.

Eu conversei com meu filho por poucos e rápidos minutos, antes de sair decidi esconder o aparelho por via das dúvidas e saí correndo de casa deixando para traz um bilhete para minha mãe.

Dirigi devagar e logo estava na delegacia, novamente mal coloquei os meus pés lá dentro e Danzou se aproximou de mim respirando pesado, era a imagem da raiva. Sem tempo para reagir não pude evitar que ele segurasse meu pulso e me girasse colocando algemas em meus pulsos e me empurrando rudemente para a sala de interrogatório.

Eu entrei caindo, ele me jogou na cadeira e eu sentia meus pulsos, tornozelos , quadril e glúteos doloridos por sua violência. Não estava entendendo nada, mas sabia que ele estava descontando seu ódio em mim. Antes que eu pudesse perguntar algo, ele jogou uma foto na minha frente. Uma foto do meu filho.

“Eles descobriram!”

— Reconhece esse menino, Hyuuga? — Ele questionou furioso.

Eu sentia tudo em mim gelar e pegar fogo naquele momento, sentimentos contraditórios sim, mas ao mesmo tempo dotados de sentido. O rosto de Danzou mostrava toda a sua ira e eu reconhecia que naquele momento eu não podia ser a garotinha chorosa que estava sendo nos últimos dias. Era como se a ameça ao meu filho suspendesse todos a confusão do meu interior, toda a insegurança, todo o medo, toda a dor e substituísse por determinação. Eu precisava ser a policial durona que a minha vida me ensinou a ser pelo meu filho. Foi assim que levantei a cabeça e olhei para ele irritada devolvendo o olhar ameaçador.

— Sim. — Respondi sucintamente. Eu era a imagem da indiferença.

— Pode dizer para nós quem ele é? — Ele pediu em escárnio, quase ri da sua tentativa inutil de me intimidar.

“Danzou, você acaba de despertar a leoa em mim. Não ache que irá me vencer.”

— É meu filho. — Eu me mantinha inexpressiva.

— Pode nos dizer quem é o pai dele? — Mais uma vez sua voz era cortante e cruel.

— Naruto Uzumaki. — Respondi e pude ouvir o silêncio ensurdecedor do lado de fora. A sala tinha anti-ruido, mas era impossível eliminar todo o som, para tal era necessário que todos do lado de fora se calassem, como acontecia agora.

— Pode nos dizer por que mentiu sendo você uma policial e conhecendo bem a lei? — Ele mais uma vez tentava me intimidar com o escárnio em sua voz.

— Nunca menti, apenas omiti alguns fatos. Não contei sobre meu filho simplesmente por causa de uma frase sua, senhor. Você disse que faria tudo, qualquer coisa para pegar Naruto. Eu trabalho aqui a muito tempo e já vi do que o senhor é capaz. Eu não permitiria que ninguém machucasse meu filho. Sou policial e já vi os dois lados da lei, sei que há pessoas com honra e moral, assim como conheço pessoas que não hesitariam em machucar o meu menino de 2 anos apenas para terem o que querem e não tenho certeza de que lado você se encaixa. Fiz tudo o que pude para encontrar Naruto por anos e te contei todas as informações que eu tinha, mas eu nunca colocaria meu filho em risco. Nunca! Ele é meu filho, o que queria que eu fizesse? Entregasse de bandeja para fazer o que bem entender até tentar chegar ao pai dele? Naruto nunca conheceu o filho, ele nem mesmo soube da existência dele porque quando eu descobri a gravidez ele já havia partido. Eu criei meu filho sozinha e lutei muito por ele, não permitirei que ninguém o machuque, nem mesmo seu pai ou o senhor. — Respondi duramente deixando toda a minha raiva naquelas palavras.

Vi suas narinas dilatarem pela raiva. Mas eu não me importei com isso, eu não deixaria dúvidas para aquele filho da puta que eu jamais deixaria que ele encostasse num único fio de cabelo de Boruto.

— Tem noção de que eu posso prendê-la por obstrução da justiça e cumplicidade? — Ele me ameaçou rangendo os dentes.

Dei de ombros. Se pudesse cuspiria na cara daquele filho da puta.

— Tenho, mas eu não me importo com as consequências se for por meu filho, aliás, eu sou inocente, eu não tenho mais nada com Naruto desde que ele foi embora a mais de dois anos atrás. — Afirmei sem hesitar.

Ele engoliu a fúria e se levantou.

— Onde está o menino? — Ele perguntou.

— Seguro. — Respondi direta.

— Onde? — ele voltou a perguntar.

— Acha mesmo que eu contaria para o senhor depois do que acaba de fazer comigo? — Foi a minha vez em usar de escárnio. Quase sorri pela fúria que vi em seus olhos. Quase...

— Você ainda tem chance de escapar da cadeia, Hyuuga... — Ele avisou ameaçadoramente novamente tentando conter sua fúria que pairava por sob sua pele quase escapando do seu controle.

— Nunca subestime uma mãe protegendo seu filho, Senhor Shimura. — Declarei terminantemente de maneira mordaz. Enquanto eu não perdia a postura determinada, ele perdia seu controle da raiva.

Danzou socou a mesa na minha frente, mas eu nem mesmo me movi, não por medo, e sim porque eu conhecia o limite em provocá-lo e eu não poderia ir além disso, mas também não voltaria atrás com minha determinação em proteger Boruto. Parecia que a qualquer momento Danzou estaria espumando de raiva e por um momento, eu fiquei feliz por isso.

“Esse homem é um cretino!”

O ouvi ranger os dentes mais uma vez e ele pareceu se decidir.

— Levem-na e joguem-na na pior cela que encontrarem. — Ele gritou e dois dos meus colegas apareceram me erguendo assutados e me levando para fora dali.

Fui conduzida através dos corredores gradiados até parar na última cela, onde me conduziram suavemente.

— Me desculpe, Hinata. — Eles pediram suavemente e eu sorri conformada.

— Não se preocupem. Poderiam pedir a Tenten para ligar pra minha mãe para avisar, por favor? — Pedi com gentileza, algo totalmente diferente do meu tom de instantes atrás onde usava toda a minha força para enfrentar aquele homem grotesco.

— Claro. — Um deles respondeu sorridente e eles foram embora.

Escutei os passos ecoando e encostei a minha cabeça na grade gelada deixando com que o peso do que eu acabara de fazer caísse finalmente sobre mim. Esperava o arrependimento, mas ele não veio, ao contrário, surpreendentemente sorri, pois sabia que tinha feito a escolha certa ao confiar em Naruto. Boruto estava a salvo.

Eu não sei quanto tempo fiquei ali, mas em algum momento Tenten entrou trazendo duas marmitas, logo sentou-se no chão daquele lugar imundo e eu sentei ao lado dela com a grade entre nós. Ela passou a comida pra mim e comemos em silêncio.

— Está uma bagunça lá fora desde que o chefe mandou você pra cá. — Ela comentou depois que eu já estava no meio da refeição.

— Imagino... —Bufei irritada. — Acho que nesse momento prefiro o cara criminoso que me abandonou grávida do que o chefe do departamento de polícia. Pelo menos o cafajeste era mais gentil. — Ri da minha própria piada e ele riu comigo.

Nossas risadas não duraram muito porque logo parei de rir e suspirei.

— Eu sinto como se o mundo todo estivesse contra mim. Pelo menos o meu filho está protegido de tudo e de todos. — Comentei pensativa.

Ela sorriu e apertou meu ombro.

— Espere o tempo, Hinata. As vezes as coisas não são exatamente o que parecem. — Tenten comentou filosoficamente e por um momento eu senti que ela sabia mais do que estava dizendo.

Balancei a cabeça dispersando esses pensamentos. “Acho que estou ficando paranoica.”

— Como está tudo lá fora? — Perguntei sondando-a como quem não quer nada.

— Uma confusão. O chefe está puto da vida por que o Uzumaki conseguiu uma sociedade com os “Olhos vermelhos” e já domina quase toda o tráfico local, em compensação já tem um monte de inimigos irritados com ele. Você fez bem em não contar sobre seu filho logo de cara, e ficar por aqui será uma benção. Se alguém do tráfico descobrir sobre a sua ligação com o loirinho... — Ela dava um parecer geral.

Eu assenti concordando com ela.

— Por outro lado, conseguimos localizar o braço direito do Uzumaki, o moreno Uchiha, ele que está negociando com “Olhos vermelhos” estamos esperando para ver se ele nos leva até o chefe e matamos dois coelhos com uma cajadada só, o Uzumaki e “Olhos vermelhos”. — Ela terminou seu relatório não oficial e eu sorri.

— Obrigada por me atualizar. — Agradeci verdadeiramente.

Ela piscou pra mim.

— Aliás, falei com sua mãe, ela quase enlouqueceu quando encontrou seu bilhete longuíssimo: “Boruto está seguro, não se desespere”, principalmente quando tentou falar com você e não conseguiu. Eu expliquei a situação para ela e agora ela está mais calma, mas disse que seu pai está puto com você e com seu ex. — Ela passou o recado e eu sorri.

— Tenho certeza que ele está. Acho que essa é a primeira declaração dele sobre mim desde que eu contei que estava grávida... — Relaxei encostando a lateral da cabeça na grade e segui pensativa analisando todas as reviravoltas da minha vida.

— Sei que tudo está sendo difícil, Hinata, mas por enquanto você precisa ser forte. Sabe que sairá daqui em breve por que o chefe não pode te deixar aqui por muito tempo já que não tem nada contra você, mas infelizmente vai ficar um tempo sem distintivo. Tudo irá se resolver, querida. Falta pouco... — Ela me confortou e me deu um abraço desajeitado por entre as grades de aço.

Eu ri e ela foi embora levando o que sobrou do nosso almoço.

Alguns minutos depois ouvi uma mulher perguntando a três celas de mim, a mais próxima habitada.

— Porque está aqui, ‘Tira’? — Ela perguntou com aquela marra típica das mulheres do mundo do crime, voz rouca, provavelmente pelo vício em cigarros, e os cabelos bagunçados até onde eu pude ver.

— Descobri que o pai do meu filho é um criminoso e quando não contei sobre a paternidade do meu filho, o chefe ficou furioso e me colocou aqui para “pensar”. — Murmurei pensativa.

Por um momento só tive o silêncio como resposta. Cheguei a imaginar que ela estava me ignorando, mas não era isso.

— Ninguém deve punir uma mãe por proteger seu filho. Quando sair daqui, chute o caralho daquele viado filho da puta porque é ele quem merece estar aqui e não você, boneca. — Ela afirmou convicta.

“Como? Mais alguém que parecia saber mais do que eu... Começo a achar que sou a única que não sei das coisas por aqui.”

— O que quer dizer com isso? — Perguntei curiosa. Sentia que havia algo a, algo muito interessante.

— Só vou dizer que há muita merda debaixo da bunda gorda de Danzou Shimura. — Ela falou e em seguida se recolheu sem responder ou atender meu chamado posterior.

Fiquei intrigada e comecei a pensar em tudo o que estava acontecendo, e depois dessa mulher, eu só tenho ainda mais certeza que a fúria suspeita daquele imbecil não era impressão minha. Havia muitas coisas erradas nessa história e Danzou era mais uma delas.

Fiquei mais algum tempo naquela cela e quando eu saí o sol já estava despontando no horizonte, deveria ser umas quatro horas da tarde. Peguei meus pertences, vendo que Tenten estava certa quando disse que eles ficariam com meu distintivo e minha arma, de cabeça baixa e perturbada, segui finalmente para o meu lar.

Entrei pela porta da frente e vi toda a bagunça que estava lá: móveis jogados, objetos no chão, alguns vasos quebrados, nem mesmo o quarto do meu filho escapou. Fui até meu quarto e sentei no chão observando toda a destruição ali. Iria arrumar, mas antes precisava me certificar de algo.

Abri meu cofre e tirei de lá uma caixa de papelão, fechei o cofre e hesitei ante de abrir. Lá tinha todas as lembranças que guardei de Naruto.

Nem bem tive a oportunidade de pensar naquilo e meus colegas de delegacia entraram constrangidos no meu quarto.

— Peço desculpas por isso, Hinata. Mas você vai ter que vir novamente e levar essa caixa. O Chefe diz que pode ter algo suspeito e eu preciso cumprir as ordens dele. — Shino, um bom amigo, era quem falava parado ainda na porta.

Eu suspirei sabendo que eles provavelmente estavam me vigiando e segurando a caixa saí com eles, entrei no carro de polícia e dei a chave para Shino fechar a porta para mim.

Logo que voltei ao departamento, Danzou me esperava mais uma vez na sala de interrogatório. Me sentei e sem esperara que ele perguntasse tirei item por item de dentro da caixa contando cada uma de suas histórias.

O primeiro item era uma rosa prensada. Lembrei desse dia com um sorriso no rosto e color no coração.

— Naruto me deu essa rosa no baile de formatura do colégio. Eu estava tão nervosa. Ninguém tinha me convidado por que eu era a garota nerd, tímida e estanha. Eu estava insegura e não sabia se ir era uma boa ideia, mas minha mãe insistiu tanto que eu fui. Assim que cheguei, ele estava lá na frente da quadra parado olhando lá para dentro. Ele tinha quebrado a perna durante uma manobra errada de skate e só ficou sabendo do baile naquele dia. Quando me viu sozinha perguntou se eu esperava alguém e eu neguei dizendo que ninguém havia me convidado. Ele disse que aquilo era uma lástima e que não poderia ficar daquele jeito, saiu correndo até a entrada do colégio e então voltou me trazendo essa rosa que me entregou, beijou minha mão e me estendeu o braço perguntando se eu o daria a honra de lhe deixar me acompanhar. Eu lembro que foi a primeira vez naquele dia que eu sorri. Me diverti como nunca naquele dia, foi como se eu tivesse sido escolhida a rainha do baile, a primeira vez que eu fui tratada como a mulher mais bonita do universo, acho que foi ali que me apaixonei por ele. — Eu podia escutar o sorriso em minha própria voz e quis chorar. Só de me lembrar daquilo, me senti me apaixonar mais uma vez.

“Como se eu tivesse deixado de estar apaixonada por ele...”

Coloquei a flor em cima da minha mesa me despedindo daquela lembrança e tentando apagar esse sentimento que mais uma vez crescia em meu peito incandescente como a premissa de algo destruidor. Logo peguei o próximo item.

— Esse era o colar da sorte dele, nessa época já namorávamos e ele tinha um trabalho de campo fora da cidade e ficaria lá por dois dias. Ele viu que eu estava triste por vê-lo partir então ele tirou o colar, a última coisa que ganhou de seus pais e me deu, prometeu que era uma garantia que sempre voltaria pra mim não importava a distância que ele tivesse que percorrer. — Eliminei aquele item sem me preocupar com a reação dele ou das pessoas que certamente nos assistiam. Provavelmente pensavam que isso significava que ele voltou por mim. Engano deles...

— Esse cachecol é bem especial. Eu tinha saído tarde da cafeteria que trabalhava em meio expediente para pagar e faculdade quando uns quatro homens apareceram para me assaltar. Eu estava com medo, tão apavorada que eu não conseguia me mexer. O cara ia me machucar quando Naruto apareceu e entrou na minha frente. Ele lutou com os quatro até que abateu dois deles e machucou bastante os outros dois, logo os dois machucados saíram correndo carregando os amigos e Naruto lamentou porque eles estragaram seu cachecol preferido. Eu fiquei preocupada com ele por causa dos ferimentos em seu rosto, mas ele apenas sorriu e perguntou se por ter salvado a princesa ele poderia tomar um café comigo. Foi o nosso primeiro encontro.

Eliminei mais aquele item cuidadosamente e peguei o álbum de fotografias.

— Eu montei esse álbum durante nossos 4 anos de namoro. Cada foto foi feita em um aniversário. Aniversário do primeiro beijo, aniversário do primeiro encontro, aniversário de namoro, meu aniversário, o aniversário dele, até mesmo o aniversário do meu pai, que Naruto fazia questão de comemorar só pra irritar o meu velho... Todos essas pequenas coisas Naruto fazia questão de comemorar para me mostrar o quanto me amava. Ele podia até ser bruto, idiota, cara-de-pau e cabeça oca, mas sabia ser o cara mais romântico do mundo. — Eu sorri alegre, meu último sorriso feliz, pois agora eram as partes tristes das lembranças da caixa.

Eu peguei o exame de sangue que mostrava minha gravidez.

— Meu teste de gravidez. Fazia pouco mais de um mês que Naruto havia ido embora, eu morava na casa que ele me deixou, mas não estava muito bem. Minha mãe insistiu que eu fosse ao médico e no final da consulta ele me deu isso. Eu fiquei deseperada, estava sozinha e agora com um filho para criar. Nunca odiei tanto Naruto como naquele momento, nem mesmo no dia em que ele foi embora, ao mesmo tempo estava feliz porque eu tinha mais um motivo para viver. Meu filho se tornou o centro do meu mundo, a coisa mais importante da minha vida, muito mais do que eu, ele era a minha luz no fim do túnel, a minha força e eu jamais deixaria que alguma coisa de ruim acontecesse com ele. — Não era apenas um declaração, era uma ameaça. E espero que isso tenha ficado bem claro para todos os que estivessem ali.

Deixei o teste e peguei o último item da caixa, o motivo de eu tê-la pego, a mais importante peça do meu quebra-cabeças.

— Essa foi a carta que Naruto deixou pra mim no dia em que foi embora, o momento mais doloroso da minha vida, onde vi todos os meus sonhos coloridos desmanchando como bolhas de sabão. Vou ler para vocês:

Hinata,

Gostaria de ter lhe dito adeus. Acho que você nunca irá me perdoará por isso, mesmo que eu lhe diga que não tive escolhas e deixar tudo o que eu ainda tenho para você.

Você deve saber que nunca fui o cara certo para você, todos sabiam e diziam isso, mas eu a amo tanto que ignorava cada um desses avisos, só que a verdade é que você sempre foi boa demais pra mim.

Ainda assim sou grato a você por cada momento que compartilhou comigo, cada segundo que fez de mim o homem mais feliz do mundo e por todo cuidado em tentar me tornar uma pessoa melhor. Sei que no momento você deve pensar que essas são palavras vazias e chorar por eu estar partindo o seu coração, mas saiba, Hinata, que essa é a mais pura verdade.

Me dói saber que eu estou lhe causando dor, mas essa era a única maneira de não te destruir com as escolhas que fiz em minha vida. Me odeie se achar melhor, nunca me perdoe se precisar, apenas não viva desse passado, faça seu futuro, seja feliz, Hinata, porque eu serei feliz com a sua felicidade.

Eu amo você e sempre vou amar,

Naruto.

— Esse foi o seu adeus para mim e fim da estória. Ele se foi, fiquei dois anos sem vê-lo, criei meu filho sozinha até reencontrá-lo quatro dias atrás quando eu pensei que ele já estava morto e enterrado, mas é como se diz, quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? — Concluí finalmente olhando para a cara do Chefe de polícia que não parecia muito feliz com tudo aquilo, afinal, nada daquilo provava que eu tivera contato com Naruto ou sabia onde ele estava, só mostrava que um dia nós compartilhamos uma história de amor.

— Você pode ir, Hyuuga, mas estou de olho em você. — Ele avisou.

— Como se eu não soubesse... — Comuniquei guardando minhas coisas de volta na caixa e indo para a entrada da delegacia.

Já era noite e eu me perguntava como iria para casa, já que nem dinheiro para um táxi tive tempo de pegar. Mas não pensei muito.

— Entra gata, acho que temos uma faxina na sua casa a fazer. — Tenten estacionou na minha frente e eu sorri agradecida mais uma vez naquele dia.

Depois de 4 horas de arrumação, finalmente havíamos terminado. Eu estava na sala comendo comida chinesa com Tenten e ela olhava meu álbum de fotos de Boruto.

— Cara, ele parece mesmo com o pai, por isso que você o escondeu tanto. — Ela comentou olhando atentamente foto por foto.

— Sim, ele não herdou quase nada de mim... — Me lamentei rindo suavemente.

— É assustador. — Ela comentou fazendo uma falsa cara de assustada e eu ri dela.

Logo o silêncio veio mais uma vez.

— Obrigada, Tenten. Por tudo que tem feito por mim. — Agradeci emocionada.

— Não tem o que agradecer, amiga. Eu agora entendo por que você era tão fechada e sinto muito por ter desconfiado de você, mas eu estou do seu lado. Principalmente agora. Pro que der e vier! — Ela gritou a última frase como uma frase de efeito, algo como os três moqueteiros. Ri dela e logo estávamos no deitadas no chão como duas idiotas.

Logo, ela foi embora e eu voltei a limpar o que faltou da casa, estava bem cientes das câmeras e das escutas que deveriam ter sido instaladas. Ainda bem que previ isso, colocando a única coisa que me incriminava no banheiro, o único lugar em que, por lei, não se pode por câmeras de vigilância: O celular que Naruto me dera.

Entrei no banheiro e me despi, entrei vagarosamente na banheira e deitei fechando as cortinas, em seguida, retirei cuidadosamente um dos azulejos e peguei o aparelho. Rapidamente digitei um “Estou sendo monitorada 24 horas, câmeras, escutas e sentinelas. Me encontre no meu lugar de pensar amanhã ás 9 horas.” E guardei de volta o celular no mesmo lugar.

Terminei meu banho e deitei na cama pensativa.

Eles não tem provas contra mim, e nem tem como já que não estou envolvida com os planos de Naruto, mas eu preciso descobrir porque Naruto foi embora, sinto que sabendo disso resolvo todo o mistério.

Em sua carta ele disse que não tem culpa e isso me intriga demais. Por que ele não teria culpa? Qual foi a decisão errada que ele tomou? Acho que eu saberia de alguma coisa se a escolha errada tivesse sido dele, acho que é mais provável que toda essa história tenha começo com Minato e Kushina, uma vez que foi onde tudo começou a desmoronar na vida de Naruto. E isso me lembra o que ele falou...

Como se o assassinato deles já não fosse estranho o suficiente, ainda tem o fato da morte ter sido forjada. Por que? Como? Naruto disse também que haviam pessoas atrás deles. Poderia ser por isso, para proteger o próprio filho, que tiveram que fugir e deixar ele para traz? Como Naruto fez comigo... Ainda assim nada disso faz muito sentido. Eles sempre foram pessoas pacíficas e sorridentes. Segundo me lembro, Minato Namikaze trabalhava como advogado e a senhora Kushina era dona de casa. Se fosse apenas o pai de Naruto, poderia supor que ele foi morto por causa de algum de seus casos: Ou um cliente insatisfeito ou a vingança de alguém que ele ajudou a condenar, mas isso não explicaria o envolvimento da senhora Kushina... Posso até supor que ela foi pega de surpresa e acabou se envolvendo, mas se fosse isso, ou ela sairia mais machucada como uma forma de atingir Minato, ou ela não sofreria tanto. Só que não foi isso que aconteceu, as fotos que saíram no jornal daquela época e os relatórios que peguei assim que me tornei detetive mostrava que o “assassino” foi igualmente brutal com ambos, sugeria que seja o que foi tinha raiva dos dois. E também, se eles foram capazes de forjar a morte, significa que esperavam por isso. Como eles podem ter antecipado um acidente?

Entrei para a polícia em busca de respostas e mesmo com algumas nada ainda faz sentido, tudo parece um beco sem saída. Mas dessa vez é diferente, sinto que estou perto das respostas e essa é a última peça que falta para eu montar meu quebra-cabeças e finalmente saber qual é o desenho final. Se eu descobrir isso, descubro todo o resto, inclusive por que da noite para o dia Naruto se tornou o traficante número 1 de Seattle.

Eu vou descobrir e amanhã Naruto me dará algumas respostas, ele não tem mais escolhas.


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Notas finais do capítulo

Continuem mandando suas opiniões, seus comentários, suas críticas e seus elogios.
Como podem ver isso tem me ajudado bastante.
Até o próximo pessoal. Irei postar na quinta!