As Duas Faces Da Moeda escrita por Ella NH


Capítulo 3
Dia Três


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha, estou aqui como prometido.
Dependendo do meu tempo estarei postando na terça, do contrário apenas na quinta poderei postar o quarto capítulo.
Espero que estejam todos bem.
Apreciem a leitura.



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Outra vez a manhã chegava e eu me apressava para ir pro trabalho, terminava de colocar um generoso pedaço de bolo de chocolate em uma vasilha plástica quando minha mãe chegou já beijando a testa do meu filho enquanto ele comia os Waffles em formato de carinha feliz que fizemos juntos pela manhã.

— Bom dia, mãe... — Cumprimentei enquanto envolvia a vasilha em uma toalha e colocava dentro da bolça.

— Bom dia, querida. — Ela respondeu sentando no banco próximo do lugar onde eu estava.

Sorri para ela, ainda com toda aquela preocupação rondando a minha cabeça e ela me devolveu um sorriso condenado, como se dissesse que me entendia.

Eu novamente saí de casa antes que perguntas fossem feitas.

Na delegacia toda a movimentação era intensa, confusa, felizmente avisto Tenten abanando a mão pra mim. Vou até ela andando passos incertos apenas para que ela me arraste até a reunião do departamento. Lógico que assim que entro todos se viram para me olhar, aquilo já estava me incomodando.

— Alguma informação nova Hyuuga? Ele entrou em contato com você? — Meu chefe é o primeiro a perguntar. O silêncio evidenciava que todos estavam interessados.

“Estou em dúvida se isso é por serem bons policiais ou por serem fofoqueiros mesmo...”

Eu suspirei irritada. É claro que eu tinha, mas depois do que aquele imbecil que eu chamava de chefe me falou ontem, eu jamais contaria. Decidi manter a tática da “mentira ser a melhor maneira de se dizer a verdade”.

— Ele não entrou em contato por dois anos, senhor. Ele não entraria em contato agora, ainda mais se ele souber quem eu sou. — Respondi com um pensamento lógico. Danzou Shimura fez uma careta para mim, mas nada falou. Acho que ele seguiu essa linha de raciocínio também uma vez que não insistiu e quase soltei um suspiro de alívio quando ele parou de me encarar.

— Esse é Uzumaki Naruto. Ele está sendo indiciado por tráfico de drogas e nós o estamos rastreando nos últimos dois meses. Segundo nossas fontes, ele começou o seu trabalho em New York e recentemente vem buscando novo mercado consumidor na nossa jurisdição. — Ele começou falando em alto e bom som.

— Nos últimos dias finalmente descobrimos sua identidade e o colocamos sob vigilância 24 horas esperando o momento certo em que ele dê bandeira para nos aproximarmos. Graças as informações da senhorita Hyuuga, pudemos rastrear e descobrir as identidades das pessoas mais próximas a ele que são esses dois: Sasuke Uchiha — Segundo a foto em cima de seu nome, Sasuke Uchiha é um moreno alto e tão bonito quanto o loiro — e Haruno Sakura — a foto mostrava uma mulher belíssima de olhos de esmeralda e cabelos cor-de-rosa. — Que segundo nossas fontes pode ser o novo interesse amoroso do nosso acusado. — Danzou terminou me olhando, talvez para me testar. Eu admito que não gostei de ouvir aquilo, mas tentava manter a sanidade em negar esse sentimento por um criminoso e mais ainda manter o orgulho em não dar aquele velho idiota o sabor da vitória.

Vendo que a minha falta de reação, ele voltou a falar.

— Nosso único elo de ligação com o Uzumaki é a policial Hinata Hyuuga, ex-namorada do acusado e quem nos forneceu a maioria dos dados sobre a identidade dele. — Ele falou e todos voltaram a olhar pra mim. Fingi não reparar e continuei a olhar atentamente para o quadro. — Segundo alguns de nossos informantes, o Uzumaki tem feito negócios com distribuidores no centro e no norte da cidade tendo entrado em contato inclusive com a organização ‘Olhos Vermelhos’. — Com essa última eu arregalei os olhos e me engasguei. Felizmente ninguém, a não ser os curiosos que ainda me olhavam, e Danzou ,que me mantinha sob vigilância, pareceu notar.

“Filho da mãe!”

— Estamos esperando provas substânciais para executar a prisão, mas até que isso aconteça, estamos correndo cotra o tempo, por que a cada minuto que passa, Naruto Uzumaki se torna ainda mais poderoso dentro da nossa cidade. — Ele terminou dirigindo um olhar cheio de significados ameaçadores para mim e dispensando a todos para que realizassem seu trabalho.

Eu ainda fiquei na sala olhando bem para o quadro mirando bem na lista de organizações criminosas com que Naruto estava se envolvendo e semicerrei os olhos. Alguma coisa não estava certa nisso tudo. Sei que não posso mais confiar nas memórias que tinha de Naruto, mas aquilo não combinava em nada com o homem que foi a minha casa ontem a noite. Mirei bem as palavras ‘Olhos vermelhos’ e me lembrei de todas as vezes que Naruto criticou aquele grupo quando via as notícias do jornal sobre o envolvimento da quadrilha.

“Alguma coisa não faz sentido e eu ainda não sei o que é.”

Suspirei e decidi sair dali, sabendo muito bem que era observada.

O dia passava remando, nunca em momento algum, mesmo quando eu ia ao banheiro, tiravam os olhos de mim. Já estava sentindo como se eu fosse a criminosa da situação e não o babaca do meu EX–namorado. Em minha mente, já estava entrando no ritmo do sentimento porque estava tentando encontrar uma forma de explodir aquele lugar ou trucidar uma a uma das pessoas que vigiavam a minha vida.

— Hinata, tudo bem? — Era Kiba. Lembrei que devia desculpas a ele por abandoná-lo daquele jeito da última vez que nos vimos.

— Está indo, Kiba. Mas... Me desculpa por ter saído daquele jeito da festa e te deixado para trás. Sinto muito mesmo, mas... Eu não estava em condições de ficar ali por nem mais um segundo. — Minha voz mostrava meu arrependimento, mas as lembranças daquela noite ainda eram dolorosas o suficiente para me fazer abaixar a cabeça e olhar pro chão.

Eu estava cada vez mais confusa, a cada dia que passava eu tinha como resposta mais um enigma para desvendar o meu passado, quando eu achava que as coisas estavam se resolvendo, tudo voltava para me lembrar que eu tinha muito a entender. Em um dia eu estou sozinha com meu filho de dois anos de idade, no outro reencontro o homem que me abandonou e que é pai do meu filho,e por último ele me diz que se arrepende e que fez aquilo pra me proteger... Eu não sei mais o que pensar, o que sentir e no que confiar, mas esse não era o momento de pesar a minha vida, eu estava no meio de uma conversa.

— Relaxa, Hina. É totalmente compreensivo devido as circunstâncias... — Ele falou sorridente, mas mesmo eu pude ver que aquele era um sorriso forçado. Será que ele não me perdoou ou tudo aquilo era por causa de Naruto?

— Pelo menos eu descobri o seu gosto para homens... Não sabia que você gostava do tipo loiro, alto e musculoso, além de malvado é claro. Quem diria que a Hinatinha gostava dos Bad boys... — Agora sim ele parecia brincar, mesmo que no fundo ainda tivesse aquele tom de amargura.

Eu sorri constrangida e me lembrei que várias vezes Kiba me convidou para sair e eu sempre neguei inventando desculpas para não ter que aceitar.

— Não é isso que me fez me apaixonar por Naruto anos atrás, Kiba. Foi a maneira dele de enxergar a bondade no mundo mesmo que o mundo todo estivesse contra ele. — Confidenciei sem notar que essa era a maior verdade que eu parecia não querer notar. Isso era o que estava de errado no quadro, era por isso que eu não conseguia acreditar que Naruto estava fazendo tudo aquilo. Se eu não tivesse o visto, falado com ele e olhado dentro de seus olhos até poderia acreditar que Naruto simplesmente se tornou mal, mas não era isso, seus olhos ainda tinham a mesma pureza e bondade de ver o mundo, era isso que me deixava tão confusa e tornava tão difícil fazer meu coração desistir de amá-lo.

Algo estava errado nessa história, e agora que eu sei o que é tudo começava a ficar ainda mais confuso, a começar com a história de Minato e Kushina, pais de Naruto.

“Por que alguém forjaria a própria morte? E o pior, porque alguém forjaria a morte para fugir e deixaria para traz o próprio filho sendo que eles o amavam tanto?”

— Então sinto muito por você ter que ver quem ele se tornou. — Kiba falou me trazendo de volta a realidade. Eu senti sua sinceridade, mas vi em seus olhos que ele não estava tão triste assim, era algo como a esperança que uma vez que eu me decepcionara com Naruto eu iria correr para os braços dele.

Sorri um pouco forçadamente.

— Eu também sinto, Kiba. — Suspirei mais para mim do que para ele. Eu iria descobrir o que fez de Naruto o criminoso que ele é hoje.

Assim que deu a hora, fui para casa ciente de que estava sendo seguida. Estacionei meu carrou como de costume e entrei na minha casa jogando a bolsa na bancada da mesa. Meu filho estava vendo televisão e minha mãe se levantou e veio até onde eu estava tirando o casaco e parou com olhos preocupados.

— Quando você saiu, dois homens da polícia com mandado de busca entraram aqui e começaram a revistar a casa, felizmente eu tive tempo de esconder os porta-retratos de Boruto na minha bolsa e ele estava lá em cima me dando a chance de escondê-lo dentro do closet. Disse para eles que o seu filho estava no banho e ainda bem que eles não ficaram tempo o suficiente para eu ter que “tirá-lo” do banho. — Minha mãe foi direta.

Eu olhei pra ela em desespero e quase que caí no chão. Parecia que o círculo estava se fechando sobre mim, eu tinha que esconder Boruto e talvez minha única opção fosse o pai dele.

— Eu vi Naruto ontem, mamãe. Ele queria que eu o deixasse levar Boruto para um lugar seguro, fora do rastro, um lugar longe onde ninguém colocaria as mãos sobre ele, nem mesmo eu. Eu não iria aceitar, mas parece que eu não tenho mais muitas opções, é apenas uma questão de tempo até começarem a me questionar sobre meu filho e cheguem a conclusão que ele pode ser filho de Naruto e assim que olharem para ele tudo terá acabado. Eu não sei quem, além da polícia, pode querê-lo, mas sei que Naruto fez inimigos e que esses não mediriam esforços para atingi-lo. O que eu faço, mãe? — Eu disse tudo e abracei minha mãe deixando algumas lágrimas cairem . Minha mãe me aninhou em seu peito como quando eu ainda era uma menininha e eu pude mostrar toda a tensão sob a qual eu estava exposta. Eu finalmente desabei.

— Fique calma, minha querida, e pense racionalmente. Você acha que pode confiar meu neto ao pai dele? — Minha mãe perguntou erguendo suavemente meu rosto para olhar para ela.

Os olhos claros de minha mãe pareciam a luz no final do túnel. Ela não amava e nem odiava Naruto, quem sabe a opinião dela fosse mais racional, aquela que eu não conseguia enxergar?

— Se fosse a dois dias eu diria que não, mamãe, mas depois de tudo o que eu tenho pensado e as conclusões que eu tenho chegado, eu sinto que posso confiar em Naruto em relação a Boruto, afinal, Boruto também é filho dele. Mesmo assim eu tenho medo. Estou tão confusa... — Foi sincera.

“Confiar nele é a escolha certa? E se ele levar meu filho e eu nunca mais o ter de volta?”

— Sabe, minha filha? Eu não vejo Naruto desde que ele foi embora, mas se aquele rapaz que eu conheci foi o mesmo que veio até você, tenho minhas desconfianças sobre essa investigação da polícia. Mesmo com toda a aparência de rebelde e menino mal, Naruto sempre fez as escolhas certas. — Minha mãe parecia divagar com um sorriso doce no rosto e sinceridade nos olhos — Ele é leal a quem ele ama, Hinata. Por isso que mesmo com a popularidade, ele sempre foi fiel a você e, se aquela carta estiver correta, ele foi embora justamente para manter a palavra que deu a seu pai de proteger você acima de qualquer coisa. Se ele ama o filho, ele fará o mesmo. Não posso te dizer o que é o melhor a se fazer, apenas você pode decidir isso.

Escutei silenciosamente minha mãe, sabendo que ela não diria aquilo de Naruto a não ser que realmente pensasse aquilo, que ela não se arriscaria em me ver sofrer a não ser que realmente acreditasse que ele iria proteger nosso filho, mas que ela também sabia que eu precisava tomar aquela decisão sozinha. Minha mãe foi embora um pouco depois de me consolar. Eu dei banho no meu filho e o coloquei para dormir como sempre: contando uma história. Assim que fechei a porta do quarto dele, escutei um som abafado no meu quarto e fui até lá, Naruto estava novamente deitado na cama jogando displicentemente uma bola de baseball na parede e a pegando de volta.

— Você não deveria estar aqui. — Avisei.

— Eu precisava vê-lo. — Ele foi objetivo.

Assenti e sentei ao seu lado na cama.

— Quando você vai levá-lo? — Perguntei receosa. Eu segurei meus ombros em uma espécie de auto-abraço. Eu queria era proteção, queria segurança.

Naruto se sentou ao meu lado e parecia refletir na minha pergunta.

— Assim que você permitir. — Ele respondeu sucinto.

— E seu eu disser ‘sim’ agora? — Eu continuava nesse jogo. Olhei para seu rosto e encontrei seus olhos nos meus.

— Então eu pediria a você para arrumar a bolsa dele nesse instante que partiríamos para o aeroporto. — Ele respondeu sem tirar os olhos dos meus.

Eu assenti novamente e me levantei pegando a sua mão e puxando-o comigo. Ele parecia confuso mas se levantou e me seguiu pela casa. Paramos em frente ao quarto do nosso filho e ele arregalou os olhos, por um momento vi o nervosismo em sua face enquanto ele hesitava em abrir a porta.

Eu abri e entrei deixando- o parado ainda no batente.

— Boruto? — Chamei o meu filho.

— Eu ‘to’ ‘domindo’, mamãe... — Ele reclamou sem hesitar e eu sabia que ele ainda não estava dormindo.

— Filho, tem algo que a mamãe precisa te contar. — Eu falei sacudindo-o.

— ‘Manhã’... — Ele pediu ainda com preguiça.

— Vamos, anjinho... Tem haver com seu pai. — Eu joguei minha última cartada. Ele se levantou em um pulo e me encarou pedinte. Se eu não estivesse tão triste, teria rido de sua súbita animação.

Me limitei a suspirar e engoli o nó na garganta. Eu não consegui olhar para Naruto, mas Boruto também ainda não o tinha visto ali na porta o que de certa forma tornava mais fácil o que eu tinha a dizer.

— Seu pai, foi embora a muito tempo atrás para proteger a nós dois, já lhe contei isso, lembra? — Perguntei. E ele assentiu.

— Acontece que nós estamos em perigo de novo, então o papai voltou para nos proteger. — Contei e dessa vez olhei para a porta. Boruto prendeu a respiração e fez o mesmo. Lá estava Naruto, ainda parado e com lágrimas nos olhos. Meu filho se levantou e foi até o pai.

— Papai? — Ele chamou sem acreditar.

— Oi, Boruto. — Naruto respondeu e se abaixou numa tentativa falha de ficar na mesma altura do meu menino de 2 anos. De frente eles eram ainda mais parecidos, era como ver o reflexo do passado de Naruto e o futuro de Boruto.

O menino se lançou nos braços do homem o abraçando com todas as suas forças e vi Naruto fazendo o mesmo deixando as lágrimas rolarem livremente. Meu coração doeu e se ele já não estivesse estilhaçado, teria se partido mais uma vez.

— Eu deixarei vocês dois conversarem. Enquanto isso, vou arrumar as malas de Boruto. — Informei pegando as malas em baixo da cama e seguindo até o armário.

— Mala ‘pa’ que? — Ouvi o filho perguntar ao pai. E desliguei minha mente tentando superar o fato de que eu estava enviando meu filho a um destino incerto para evitar um mais incerto e perigoso ainda.

“Espero estar fazendo a escolha certa, mamãe.”

Quando eu acabei de arrumar a mala de mão e as duas mochilas colocando os documentos do meu filho, fui até a sala de estar onde pai e filho brincavam rindo suavemente. Aquela cena tocou meu coração de uma forma que tive dificuldades de segurar as lágrimas que estava segurando desde que tomei a decisão de mandar meu filho para a casa dos avós paternos.

— Tudo pronto. — Avisei quebrando o encanto. Os dois se levantaram perdendo os sorrisos, mas ainda de mãos dadas. — Como vamos fazer para sair daqui, Naruto? Estou sendo monitorada.

Ele pareceu pensar por uns instantes, mas logo pegou o celular e ligou para alguém.

— Sasuke? Preciso que me espere de carro perto da rodovia e peça para Iruka preparar as malas para ir agora mesmo para Ohio. Diga a Shion que ela já pode agir. — Ele falou rapidamente. Mal tive tempo de tentar entender aqueles comandos, pois logo Boruto estava no colo dele.

Ele pegou as mochilas das minhas mãos e as colocou uma em cada ombro como se fossem leves como plumas. A outra bolsa ele ia pegar também, mas eu o impedi indignada e eu acho que ele era inteligente o suficiente para não me enfrentar enquanto eu o olho homicida.

Nós fomos até o meu quarto no segundo andar e Naruto se escorou na parede olhando para fora da janela, com algum sinal invisível ele subiu no parapeito e se atirou displicentemente para fora em direção das árvores. Quase gritei aterrorizada, afinal aquele louco estava com meu filho no colo.

Ele aterrissou em baixo de uma árvore em cima de um monte de folhas secas e eu pude ver Boruto rindo. Naruto sorriu pra ele, mas tapou a boca da criança pedindo silêncio em seguida. Meu filho logo engoliu o riso, mas ainda tinha uma expressão divertida.

Vi o olhar de Naruto me mandando descer e eu hesitei. Ele olhou para o carro a paisana do outro lado da rua e eu olhei também e vi uma mulher muito bonita falando com os policiais segurando um par de saltos altíssimos na mão e parecendo embriagada.

Franzi o cenho, mas me concentrei em Naruto que me olhava urgente.

Eu logo fechei meus olhos e pulei. “Seja o que Deus quiser”.

Eu esperava me esborrachar toda no chão e imaginei a polícia recolhendo os meus pedaços, mas impacto foi surpreendentemente suave o que frustrou todo o meu lado dramático. Escutei as folhas farfalharem e me levantei.

— É uma bóia inflável de borracha. Diminui o impacto. — Ele explicou sussurrando me ajudando a ficar em pé.

Franzi a testa, mas nada disse. Ele voltou a me puxar em direção da mata e eu o segui sem questionar. Parecia que eu tinha andado por horas, mas quando olhei o telefone, haviam se passado poucos minutos, logo alcançamos a rodovia onde o rapaz moreno das fotos esperava escorada num carro velho.

— Sasuke! — ele cumprimentou o moreno. Eu praticamente me escondi atrás do loiro.

— Naruto... Ela é da polícia. — Ele falou simplesmente.

— Sim, ela é. Então, Hinata esse é Sasuke Uchiha, Sasuke essa é Hinata Hyuuga a mãe do meu filho que é esse carinha sorridente no meu colo. — Ele apresentou sorridente apontando em seguida para Boruto.

— Prazer. — Sussurrei intimidada.

— O prazer é meu. — Ele respondeu indiferente abrindo o porta malas e pegando a mala da minha mão e as bolsas que estavam com Naruto.

— Eu sei que o bom humor do Teme é contagiante, mas ele realmente está feliz em te conhecer. — Naruto falou debochado alto o suficiente para o moreno ouvir. Sasuke olhou pra ele de cara feia, mas pude ver o sorriso mínimo de lado me deixando perceber que o que Naruto disse era a verdade. Sorri mais tranquila mesmo que o Uchiha ainda me assustasse.

“Será que Naruto era o chefão e ele o encarregado? Aquele cara que fazia o serviço sujo e que servia de guarda-costas...”. Aquilo se passou pela minha mente, mas em momento algum aquilo pareceu possível, a linguagem corporal sugeria que eram mais como irmãos, como parceiros, do que ‘chefe e empregado’.

— Boruto, vem com a mamãe, vem... — Pedi erguendo os braços. Meu pequeno agarrou mais o pescoço do pai.

— ‘Mais’ eu ‘quelo’ o papai, mamãe... — Ele reclamou com seus grandes olhos arregalados se agarrando ainda mais ao loiro.

Eu suspirei em derrota.

— Tudo bem... — Comentei conformada.

— Teimoso como o pai. — Ouvi Sasuke comentar e Naruto deu língua a ele.

Bati no braço do loiro mais velho e fiz cara feia para ele.

— Não faz isso. Boruto vai copiar e daqui a pouco vai sair dando língua pra todo mundo. — Ralhei com ele. Naruto sorriu esfregando a nuca e se desculpou suavemente. Ouvi meu filho rindo e o Sasuke deixando escapar uma risadinha baixa.

Logo, Sasuke estava dirigindo e eu e Naruto estávamos no banco de traz porque Boruto não queria largá-lo e eu jamais permitiria que ele levasse meu filho no banco da frente.

Já era quase onze da noite quando chegamos ao aeroporto. Havia um homem esperando na entrada de embarque e eu tremi assustada, mas logo suspirei aliviada quando Naruto sorriu e se aproximou dele.

— Iruka essa é a Hinata, mãe do Boruto. Hinata esse é Iruka, ele irá levar nosso filho até os meus pais. Boruto, esse é o moço que eu te falei, o que brincava comigo quando eu era mais jovem. — Naruto apresentou a todos e Boruto tinha os olhos brilhantes quando Iruka o olhou amigavelmente.

Eu estava nervos apreensiva e com medo. Torci a barra da minha blusa e por um momento senti como se todo o Ártico estivesse se derramando em mim. Eu sentia frio, me sentia sozinha.

— Vamos porque o próximo avião já vai partir e vocês precisam assinar esses papeis. — O homem chamado Iruka avisou nos entregando as autorizações e pegando os documentos de Boruto.

Logo estava tudo acertado e eu via meu filho segurando a mão daquele homem o enchendo de perguntas uma em cima da outra. Por um instante ele olhou para traz e eu e Naruto acenamos para ele até que ele desaparecesse pelo corredor de embarque.

Fiquei ali até que o avião decolou levando consigo a luz da minha vida.

Finalmente senti minha força me abandonar. Meus joelhos ficaram moles e eu ia perdendo a força nos pés enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu só não caí por que Naruto me segurou rapidamente. Olhei pra ele e também vi a dor em seus olhos e isso foi a última coisa que faltava para que eu me rendesse a ele e o abraçasse tentando fazer aquele frio e a solidão de mandar meu filho pra longe desaparecer do meu corpo.

Não sei quanto tempo fiquei assim , mas em algum momento senti Naruto me erguendo e me levando para fora onde Sasuke mais uma vez nos esperava.

— Ainda bem que isso aqui está vazio... — Ele comentou abrindo a porta do banco detrás para Naruto me colocar.

— Você deve entender a dor dela, Sasuke. Como você se sentiu ao ter que deixar Sarada em casa para que ela não se envolvesse em nada disso? — Ouvi Naruto perguntar com a voz falha, estava tão arrasado quanto eu. E eu o entendia. “Ele finalmente pode se aproximar do filho e logo teve que mandar ele embora.”

Eu me recuperei durante a viagem. Sentei e abracei minhas pernas ouvindo Naruto e Sasuke conversando baixinho sobre o tempo de voo. Finalmente chegamos na estrada e Sasuke parou aparentemente no meio do nada, mas eu sabia que a metros dali estava a minha casa.

— Sasuke, espere aqui, por favor? Eu vou levá-la de volta e já retorno, ok? — O loiro pediu e o moreno assentiu mais uma vez.

Naruto me estendeu a mão e eu a peguei. Juntos entramos naquela infinidade de árvores enormes.

— Boruto vai chegar lá em menos de uma hora. Você poderá ligar daquele celular que eu te dei, eu deixei o número do telefone anotado em cima da bancada da cozinha. Salve na memória do celular e limpe a bancada. Usei um dos hidro-cores do Boruto para escrever. — Ele avisou coçando a cabeça da mesma maneira que meu filho faz quando apronta.

Sorri diante desse fato e corei levemente. “Se esses dois estivessem juntos desde sempre talvez não fossem tão parecidos”.

— Farei isso, mas ligarei a amanhã pela manhã, tenho certeza que ele chegará cansado demais para falar comigo. — Naruto assentiu e logo o silêncio se instalou entre nós.

— Então, quem era a mulher conversando com os policiais para a gente sair? — Perguntei tentando quebrar o silêncio e também porque estava curiosa quanto aquilo.

— É a Shion, ela trabalha comigo também. — Ele respondeu sucintamente me olhando. Reprimi uma careta insatisfeita.

Ele tinha muitas mulheres ao redor dele e isso estava me incomodando muito mais pelo fato de eu me importar.

— Ah! Assim como a Sakura. — Eu comentei levemente irritada. Ele ergueu as sobrancelhas para mim antes de sorrir largamente. Mesmo na escuridão podia ver a luz da lua refletindo em seus dentes branquíssemos e eu não gostei do que aquele sorriso significava.

Larguei sua mão e cruzei os braços. Ele riu baixinho.

— Sakura é casada com Sasuke e eles tem uma filha chamada Sarada. — Naruto esclareceu sorridente. Sorridente demais para quem acaba de mandar o filho para outro estado.

Ainda irritada, senti que uma parte de mim gostou de ouvir isso, mas eu repreendi essa parte e bufei contrariada, mas nada disse de novo.

Finalmente chegamos a minha casa.

— Eu... Fique bem, Hinata. — Ele ia começar a dizer algo, mas imediatamente trocou.

— Fique bem, Naruto. — Eu também disse. Ele olhou rapidamente para o carro parado em frente a minha casa e viu que os policiais cochilavam, ele me ajudou a subir para a janela do meu quarto e com um último adeus abanado ele sumiu na mata e pela primeira vez em dois anos, eu estava sozinha novamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Mande suas perguntas e suas opiniões e me ajudem a deixar a estória ainda melhor.
Até o próximo!!!