Hell on us escrita por Sami


Capítulo 42
Quando tudo estava bem até demais...


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos e lindas bom dia! Eu sei que demorei para postar capítulo novo, mas é que com a estréia de batman v superman chegando está bem difícil ficar na internet por causa dos spoilers. Pois bem, hoje teremos capítulo duplo. Isso mesmo pessoal!!
Então segura o coração aí porque vamos ter um momento que todos estavam querendo que chegasse e esse momento finalmente chegou.

Queria agradecer a minha leitora Sra Snow que me presenteou com uma recomendação maravilhosa! Adorei muito viu? Capítulo dedicado a você!

Sem mais aproveitem.



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I see the bad moon rising
I see trouble on the way
I see earthquakes and lightning
I see bad times today

[...]

Depois do que pareceram ser três longos dias após os dois incidentes na reunião organizada por Deanna, as coisas em Alexandria deram uma leve melhorada. Rick conseguiu convencer Deanna de que as pessoas deveriam aprender a usar armas e a se defender das futuras ameaças que poderiam surgir com o tempo; além é claro da ameaça que há conhecíamos. Os errantes.

Claro que depois de todos terem conhecimento sobre a ameaça que os salvadores poderia representar para todo o lugar Rick achou melhor que todos os moradores passassem a andar armados; o que eu achei uma ideia ótima já que poderíamos encontrar outro salvador a qualquer momento e quando menos estivéssemos esperando.

O dia havia começado fazia algumas poucas horas e parecia que todos ali já estavam fazendo suas devidas tarefas, como eu ainda estava com os pontos no ombro por causa do tiro que havia levado dias atrás, eu ainda não podia fazer muito esforço –bom, de acordo com Denise eu tinha que evitar qualquer tipo de esforço para que os pontos não soltassem- e bem, ontem eu já havia levado uma pequena bronca por eles terem soltado. Eu não gostava disso, tanto Denise quanto David estavam me tratando como se o tiro tivesse sido muito grave e David havia ficado protetor até demais depois disso; nem Carl estava me tratando dessa forma –até porque eu mesma falei que se ele fizesse isso ficaria sem beijos por muito tempo. Mas eu não vou mentir, até que estava gostando um pouquinho sim desse tratamento especial que estava recebendo; mesmo que eu achasse que era um completo exagero já que um simples tiro não seria o suficiente para me matar, precisaria de muito mais para me derrubar e aquele tiro que levei não chegou nem perto.

—...Vocês precisam segurar com firmeza para conseguir matá-los. Isso mesmo! —David havia se comprometido junto com Rosita para ensinar aqueles que quisessem aprender a se defender e digamos que havia um bom número de pessoas que realmente estavam dispostas a aprender. Vi que Ron e Jessie no meio das pessoas que estavam querendo aprender, notei que Ron parecia sempre distraído quando David começava a falar, perguntou umas duas vezes quando que eles iriam aprender a atirar e pareceu ficar irritado quando recebeu como resposta “logo”.

Cobri a boca quando vi David começar a fazer alguns movimentos como se estivesse fingindo estar matando algum errante e os outros o imitaram, ele repetiu isso acho que umas cinco vezes e começou a ensinar algumas técnicas para tirar a faca do cinto com rapidez caso necessário. Olhar aquilo me lembrou de quando ele também começou a me ensinar, eu já sabia usar a faca então ele precisou apenas me ensinar a ter boa pontaria e atirar da forma correta nos errantes. Não foi assim tão fácil porque, David em certos momentos era muito pavio curto e sempre que eu errava ouvia vários palavrões; acho que acabei ficando tão boca suja por causa dele.

—Evitem deixar que eles se aproximem demais de vocês —Falou guardando o facão no cinto. —podem acabar morrendo.

Uma mulher ruiva levantou a mão.

—Mas e as armas? —Ela perguntou. —Não são melhores que as facas?

—São, mas as armas fazem muito barulho quando atiramos e quanto mais barulho fizermos mais dos mortos vão aparecer e não vai demorar muito para que você seja cercada por uma horda e acabe virando o jantar deles. —David respondeu pegando uma arma pequena. —Por isso que só a usamos quando realmente necessário. Afinal, não queremos atrair mais deles não é?

Eu continuei calada apenas ouvindo e prestando atenção em tudo o que ele dizia.

—Mas a faca não parece ser assim tão eficiente então. —A ruiva tornou a falar. —A arma faz barulho demais e a faca não vai dar conta de tantos assim, então vamos acabar sendo mortos do mesmo jeito.

Todos olharam para ela.

—É verdade sim, —Ele riu brevemente. — por isso que evitamos sair sozinhos por aí.

Ele continuou falando porém eu parei de prestar atenção assim que vi que Carl estava vindo na minha direção, enquanto ele se aproximava reparei em seu cabelo que já estava começando a crescer novamente. Era incrível como aquela juba crescia mais rápido que grama.

—Não vai acreditar no que eu consegui pegar na despensa sem que a Olivia visse. —Ele se agachou ficando mais ou menos na mesma altura que eu sentada.

—O que? —Perguntei o olhando. —Eu vou gostar disso?

Carl fez cara de pensativo por alguns segundos.

—Acho que sim, não sei muito bem o seu tipo de gosto, mas acho que disso você vai gostar.

Franzi a testa tentando pensar no que seria, até que desisti disso. Eu nunca fui muito boa em jogos de adivinhação.

—Fala logo o que é! —Falei dando um leve empurrão nele. —Já conseguiu me deixar curiosa.

Carl sorriu de canto e se levantou.

—Eu vou mostrar o que é. —Falou enquanto arrumava o chapéu de xerife em sua cabeça tentando esconder um pouco do cabelo que já estava crescendo. —Vamos?

Olhei para David novamente e ele já estava ensinando sobre as armas e me levantei tentando não fazer muita força com meu braço para que os pontos não soltasse outra vez. Bati as mãos na minha calça tirando um pouco da grama que havia ficado grudada nela e acompanhei Carl até onde ele havia falado que havia escondido a surpresa que ele pegou.

Fizemos o caminho de volta para casa e ele pediu que eu o esperasse do lado de fora para que ele pudesse pegar a tal surpresa sem que eu visse o que era, quando ele retornou carregava um pote escuro e duas colheres na outra mão, assim que eu tentei ver o que ele tinha em mãos ele tentou esconder o pote dizendo que só iria mostrar quando fôssemos para um lugar em que Olivia não nos veria. Concordei na hora e assim fizemos, caminhamos mais um pouco até chegar numa parte pouco isolada de Alexandria onde as pessoas não pareciam frequentar sempre, havia algumas casas ali, porém todas estavam vazias então não iríamos ter problema nenhum.

Sentamos debaixo de uma das árvores e Carl finamente mostrou o que havia dentro do pote que ele estava carregando, pedindo para que eu segurasse as duas colheres ele tirou a tampa do pote devagar até revelar todo o conteúdo dentro dele. Arregalei os olhos no mesmo segundo olhando-o logo em seguida completamente surpresa.

—Por favor, me diz que eu não estou sonhando e que isso é o que eu estou pensando que é!

Carl sorriu novamente.

—Não, você não está sonhando e sim, isso é sorvete de flocos.

—Isso é... —Cocei a cabeça rindo. —Sabe que se a Olivia descobrir ela vai fazer picadinho de você, não sabe?

Ele concordou.

—Tem mais uns oito potes lá, ela não vai dar sumiço de um só. —Falou despreocupado. —E além disso, se eu não pegasse pelo menos esse aqui outras pessoas poderiam pegar e acabaríamos não comendo sorvete.

Carl parecia um pouco orgulhoso por seu trabalho, mostrou novamente o pote de sorvete exibindo todo o seu conteúdo para mim e ergueu uma sobrancelha como se estivesse perguntando se eu iria querer um pouco. Que pergunta mais idiota essa, eu lá tenho cara que recusa um sorvete?

—Toma. —Lhe entreguei uma colher. —Vamos ter que comer tudo antes que ele derreta e vire sopa de flocos.

Falei olhando rapidamente para o céu e depois para o sorvete dentro do pote, lá tinha uma quantidade que daria para dividir para mais umas duas ou três pessoas, mas eu sabia que Carl não iria querer fazer isso. Talvez por querer passar um tempo sozinho comigo já que, desde a noite que Rick havia matado Pete não passamos mais do que dois minutos sozinhos; havia notado que ele parecia criar qualquer pretexto para passar um tempo comigo e bem, isso só pareceu dar certo mesmo agora que ele tinha pegado sorvete.

—E aquele livro que você está lendo, já está em qual página? —Perguntou dando a primeira colherada no sorvete.

—Acho que já passei da página cem. —Respondi já dando a segunda colherada. —Deveria ler ele também, é um livro muito bom.

Carl fez uma careta.

—É livro para menininha. —Falou comendo mais um pouco do sorvete. —Não gosto desses livros melosos e bobos.

Revirei os olhos.

—Orgulho e Preconceito não é um livro para menininhas como você disse, —Eu o olhei. —é muito mais que isso e não é um romance bobo, se você desse uma chance e lesse ele saberia disso.

Me arrumei no meu lugar mudando um pouco de posição, pois já estava começando a sentir um pouco de dor por ter ficado naquela mesma posição desconfortável de antes.

—Não tenho tempo para ler esses livros. —Ele falou enquanto devorava mais um pouco de sorvete.

—Tempo é o que não nos falta hoje em dia xerifinho. —Olhei para o pote de sorvete em sua mão e peguei mais um pouco. —Não precisamos nos preocupar com muitas coisas com esse mundo louco de hoje

—Só com grupos que podem nos atacar e com os errantes, fora isso não precisamos nos preocupar com mais nada. —Ele me cortou falando tudo aquilo com um pouco de sarcasmo. Odiei ouvir todo aquele sarcasmo em sua voz. —Não quero ler livros, quero proteger as pessoas que eu gosto e isso te inclui também.

Eu o olhei na mesma hora, acho que Carl não havia se dado conta do que havia acabado de falar, ele estava distraído parecia distante enquanto falava aquilo. Ele continuou falando sem perceber que eu o encarava até que ele foi pegar mais um pouco de sorvete e então finalmente percebeu que eu estava olhando diretamente para ele e por algum milagre ele provavelmente pela primeira vez ele não pareceu sem graça.

—Eu vou confessar que essa deve ter sido a terceira coisa mais fofa que você já me disse até agora. —Me inclinei um pouco para frente. —Só não ganha de quando você assumiu que gosta de mim e quando disse que se preocupa comigo.

Agora ele pareceu ficar sem graça.

—Mas é a verdade. —Ele respondeu com a voz um pouco baixa. —Já perdi muitas pessoas e não quero perder mais ninguém.

Deixei a colher dentro do pote de sorvete e voltei a olhar para ele.

—Eu já disse isso antes, mas pelo jeito vou ter que falar isso de novo. —Passei a língua pelos meus lábios tirando um pouco do sorvete que ficou neles. —Você não vai conseguir se livrar de mim tão fácil assim, esse mundo vai precisar se esforçar muito para conseguir me matar.

Carl me olhou por alguns segundos juntando suas sobrancelhas ficando completamente sério; exatamente do mesmo jeito quando eu disse algo parecido quando ainda estava de cama por causa do tiro que havia levado. Ele realmente não gostava nem um pouco quando eu tocava nesse assunto.

—Não gosto quando você brinca com essas coisas Ayla. —Ele mexeu em seu chapéu por um tempo. —Não se brinca com algo sério como isso.

Respirei fundo tentando evitar começar uma briga com ele por causa disso, não por saber que deixaria ele sem qualquer argumento, mas por eu simplesmente não estar nem um pouco afim de discutir naquele dia.

—Você sabe muito bem que esse é o meu jeito de lidar com algumas coisas. —Falei. —A gente passa tanto tempo preocupados com essas merdas que estão sempre acontecendo nessa droga de fim de mundo, só queria descontrair um pouco.

—Mas não brinque com morte. —Carl respondeu num tom firme. —Pode falar qualquer coisa, até mesmo as suas piadas péssimas que você sabe, mas não com isso. Por favor.

Ri de canto.

—Minhas piadas são ótimas, só falta você admitir isso em voz alta. —Falei convencida. O clima entre nós já estava ficando um pouco mais leve que segundos atrás. —Isso é uma verdade e espero que você possa admitir isso antes de ficarmos velhos e enrugados.

Ouvi Carl rir baixo.

—Ainda bem que eu vou ser um velho bonito. —Ele voltou a comer o sorvete; que já estava começando a ficar mais derretido que antes.

—Você vai ser aqueles velhos metidos a cowboy ou será aqueles que se acham o dono do pedaço. —Falei em tom de deboche. —Ainda mais se continuar usando esse chapéu.

Carl me deu um leve empurrão no meu ombro bom.

—Por que você é tão contra meu chapéu? —Perguntou. —Acho que não teve um único momento desde que nos conhecemos em que você não tenha reclamado ou feito alguma piada sobre ele.

Revirei meus olhos novamente o olhando.

—Eu não sou contra o seu chapéu, acho ele muito legal. —Respondi pegando um pouco de sorvete. —Só acho que você usa ele até demais para uma pessoa normal, não tem medo de pegar piolho com isso não?

Ele riu.

—Piolho? Você acha que existe piolho hoje em dia? —Ele me olhou ainda rindo. —E também, usar um chapéu quase sempre não vai me dar piolhos.

—Não mas pode te deixar careca, sabia? —Falei. —Meu pai sempre usava boné e ele começou a ficar calvo por causa disso.

Carl comeu mais um pouco de sorvete e me olhou com descrença sem acreditar no que eu havia dito.

—Você é mentirosa demais, sabia disso?

—Acredite se quiser, mas que isso aconteceu com meu pai aconteceu mesmo. —Declarei. —Se ele ainda estivesse vivo estaria completamente careca por ter usado boné sempre e se você continuar a usar esse seu chapéu todo santo dia vai acabar ficando careca antes dos vinte.

Ele começou a rir um pouco mais.

—Eu não vou ficar careca. —Falou tirando o chapéu e colocando-o na minha cabeça. —Agora vamos terminar logo esse sorvete porque ele já está virando uma sopa, xerifinha.

Eu o olhei tentando não rir por ele ter me chamado do mesmo apelido que eu costumo chamar ele, fingi ignorar a pequena ênfase que ele deu na palavra e voltei a comer um pouco mais de sorvete. Tentei não reparar no gosto esquisito que ele começou a ter por estar já um pouco derretido, afinal, não seria sempre que iríamos ter a sorte de comer sorvete. Ainda mais se tratando de sorvete de flocos.

Ficamos os dois comendo em silêncio e quando já estávamos quase acabando com ele ouvimos um barulho um pouco parecido com o rangido de alguma coisa, na verdade era um som realmente muito estranho, porém o que aconteceu logo em seguida nos assustou. Não era uma explosão, era o som como se algo que pesava algumas toneladas caísse no chão fazendo ele tremer por alguns poucos segundos; aquilo era totalmente novo.

Eu e Carl paramos de comer e então nos olhamos no segundo seguinte, alguns minutos se passaram até que ouvimos uma mulher gritar alto o suficiente para deixar nós dois ainda mais assustados que antes, nos levantamos imediatamente deixando o pote de sorvete e as duas colheres no chão e corremos até onde seria a origem do som e do grito que havíamos escutado. E assim que chegamos nos assustamos ainda mais ao ver o que estava acontecendo.


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