Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 14
Uma dura revelação


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Saudades! Primeiro aquele agradecimento coração a todos os amigos e amigas que me mandam tantas mensagens tão carinhosas... É realmente uma felicidade poder receber e responder todo esse incentivo! Vocês são muito fofos e fofas :) - todo mundo afinal, que manda comentário e todo mundo que acompanha também... Valeu mesmo meus bons amigos!!! Amo todos vocês!!!!
Bem... Então já que amo a todos, vão desculpando os erros que devem estar escondidinhos por ai... Mas eu prometo que amanhã quando eu for no trem vou dar uma olhada e arrumo o que estiver muuuuuito feio :p
Bom finalmente os Odinson vão descobrir que Lokito lindo está com leucemia... Mas um capítulo que foi um chororô escrever!
Então vamo que vamo e boa leitura!
Beijos!



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Loki acordou do cochilo sentindo-se muito mal. De pressa Laufey o ajudou a sentar no sofá. O rapaz estava confuso, mas logo atinou que estava mais uma vez na casa do pai biológico.

—Está muito enjoado? – o pai estava preocupado, ele não fazia ideia do que esperar de uma pessoa com câncer, recém chegada de uma sessão de quimioterapia. –Diga-me o que está sentindo. – o homem insistiu.

O rapaz fechou os olhos com força, agora sentado no sofá. Ele realmente não conseguiria explicar em palavras o quão mal estava se sentindo. Havia enjôo, e havia tanta dor, sua lombar, onde os quimioterápicos foram aplicados na punção, estava latejando. Ele respirou fundo tentando conter a náusea. –Eu... Vou ficar bem, é sério. – ele gemeu. –Eu só preciso de um pouco de... Espaço. – gemeu novamente arquejando por ar.

—Claro! Eu vou preparar alguma coisa para comer. – disse Laufey um tanto quanto decepcionado. Ele queria estar ao lado de Loki, mas entendia perfeitamente que o rapaz não se sentisse confortável dependendo da ajuda de um... Estranho.

Laufey sentiu um bolo incômodo atravessado na garganta. Ele sentia mágoa e até pena de si mesmo e de Loki por Odin tê-los separado dessa forma. Era para ser diferente. Eram para ser pai e filho e não dois desconhecidos. –Vou aquecer mais um pouco. A noite está fria... – disse ele disfarçando o desgosto, tratando de pôr mais lenha na lareira. Em seguida saiu silenciosamente para a cozinha anexa.

Loki foi deixando sozinho na sala imensa. Ele não conseguia lembrar o que havia de diferente no cômodo, estava passando muito mal para reparar detalhes, mas alguma coisa naquela sala estava mudada, de repente parecia limpa e acolhedora. A atmosfera da casa era confortável apesar de simples. Ele pensou que teria gostado de crescer naquele lugar, de repente aquela casa parecia um lar de verdade. Suas pálpebras pesaram, estava exausto e cochilou novamente no confortável sofá.

A meia luz da sala de estar era muito confortável, os quadros suaves nas paredes davam um tom acolhedor. A lareira crepitava deixando o ambiente aquecido, e da cozinha vinha um cheiro de frango com batatas e alecrim da sopa que Laufey havia preparado.

Instantaneamente aquela paz foi perturbava quando Loki se agitou acordando completamente desorientado e chamando por Frigga. Mas foi Laufey quem entrou em seu campo de visão.

—O banheiro! – Loki tropeçou na direção que o homem apontou. O tempo foi perfeitamente sincronizado para que ele entrasse no amplo banheiro, erguesse a tampa do vazo e se inclinasse para um jato de vômito. Tudo de novo e cada vez mais intenso.

Seu corpo tremeu violentamente, e suas pernas pareceram feitas de gelatina e ele tombou de joelhos naquele desespero de sempre.

Laufey sentia o coração apertado com o sofrimento do filho. Ele não queria romper a barreira da privacidade de Loki, mas simplesmente não podia mais ficar de fora enquanto o rapaz estava praticamente desmaiando sobre o vazo sanitário. Sem pensar ele se ajoelhou por trás de Loki removendo os ralos fios de cabelos grudados ao rosto pálido e suado os acariciando para trás, teve certo impacto quando alguns deles ficaram entre seus dedos.

Loki por sua vez se deixou amolecer nos braços do pai completamente esgotado. Sua coluna lombar estava chuchando e queimando, sua cabeça parecia que ia se rachar no meio e tudo parecia girar. Ele se agarrou a Laufey atrapalhando-se entre os golfos de vômito e as tentativas desesperadas de respirar em meio às lágrimas. Todo o corpo magro tremia... Ele estava desmontando.

Aquele episódio de vômito foi mais demorado e agressivo, embora Loki já tivesse vomitado a tarde toda no hospital. Seu corpo estava fraco e muito dolorido, ele já não aguentava mais aquele sofrimento. Alguém precisava parar aquilo, ele simplesmente não suportava mais.

Quando finalmente o estômago de Loki acalmou, ele desabou sobre o corpo de Laufey apertando-se a ele como se isso lhe mantivesse de se afogar num mar escuro e gelado. –Eu não vou aguentar. – disse ele por fim rouco e pateticamente frágil. –Eu achei que podia, mas eu não posso mais... – disse Loki entre as lágrimas.

—Calma! – Laufey o acariciou. –Vai passar. – dizia o pai entre afagos, mas ele próprio não sabia o que fazer. Era doloroso demais ver uma pessoa que ele já amava tanto quebrando bem diante de seus olhos e ele nada podendo fazer, a não ser mentir que tudo ia ficar bem. Ele não sabia se tudo ia ficar bem.

—Eu quero desistir. – gemeu Loki. –Eu só quero que acabe logo. Vou desistir. – o rapaz chorava tremendo. –É demais para mim. – falava agora baixinho, completamente esgotado.

—Loki, não! Você está cansado, é só isso. Você não quer desistir. Você não pode desistir. – Laufey falou acolhendo Loki contra seu peito. Ele próprio chorava nesse ponto agarrado ao corpo magro do filho. –Vai passar, você tem que ficar firme essa noite e amanhã tudo vai ser melhor! Eu vou ficar aqui com você, eu juro! Vamos passar por isso junto, ok? – Laufey disse entre lágrimas beijando a testa suada do jovem.

Eventualmente Loki foi ficando silencioso até praticamente desmaiar de esgotamento.

A noite seria longa e desgastante para ambos. Laufey entendeu que Loki ia ser tomado por crises desse tipo durante toda a noite e que ele não teria forças para fazer o caminho do quarto ao banheiro. Então fez um ninho de cobertores e edredons para ambos ali mesmo no chão, trouxe água fresca, toalhas e uma garrafa térmica com chá de gengibre. Aninhou Loki contra seu corpo e ali ficaram entre os muitos cobertores.

Eventualmente Loki acordava, vomitava espremendo os dedos de Laufey com toda a força que tinha. Laufey lhe dizia palavras de incentivo e Loki chorava. Laufey refrigerava seus lábios com uma toalha úmida ou lhe fazia engolir algum bocado de água fresca, finalmente Loki desmaiava e Laufey ficava ali rezando para que ambos tivessem forças para atravessar aquela noite.

Lentamente as horas foram passando. A noite se tornou uma madrugada tão fria, recheada de choros e gemidos. Mas ambos, pai e filho, atravessaram-na juntos. Laufey não dormiu, sequer cochilou. Na posição que estava tentava manter Loki o mais confortável possível e no mais ele temia fechar os olhos e acordar abraçado ao corpo frio e sem vida do filho.

Em um momento do dia quando teve a certeza que o rapaz não acordaria tão cedo, Laufey o carregou para a cama. Ele sentou-se na cadeira ao lado da cabeceira observando a bagunça que se tornara o rapaz bonito que chegara à sua porta se dizendo seu filho.

O celular de Loki tocou dentro da mochila do rapaz. E curioso Laufey tomou o aparelho moderno nas mãos e viu o rosto sorridente da bela mulher loira com a legenda: Mãe. Por um momento ele quis atender, dividido entre a mágoa de aquelas pessoas terem lhe roubado o filho e a pena de Loki morrer distante deles. No fim ele ficou ali sentado até o celular ficar quieto. Tudo na casa ficou quieto.

(****~****)

Os dias se passaram e Loki foi se sentindo mais recuperado. Finalmente o pior da quimioterapia havia passado com três dias. Ele ainda sentia-se péssimo, mas ainda assim melhor. Estava na casa de Laufey e agora que estava mais atento, sem a névoa da doença percebia que a ali estava realmente diferente.

Ele estava no quarto, o que Laufey havia limpado dizendo que era seu quarto para quando viesse visitá-lo. Loki se moveu na cama quando ouviu um barulho, olhando pela janela viu Laufey capinando o mato.

Então Loki conseguiu identificar o que havia acontecido ali. Era isso, a casa estava livre das antigas bugigangas, estava tudo arrumado e muito limpo, e era mais fácil aceitar que aquele lugar era o lar de alguém, no caso, o lar de seu pai. Um sorriso cresceu nos lábios de Loki, Laufey parecia aos poucos estar se voltando para a vida novamente.

Com certo esforço Loki se levantou caminhando lentamente pela casa. Havia fotografias, que não estavam lá na sua primeira visita, ou que simplesmente não tinha reparado antes. Em uma delas havia uma versão mais jovem e com certeza mais feliz de Laufey abraçado a uma mulher de olhos verdes e cabelos negros. E Loki teve certeza por aqueles sorrisos congelados no tempo que seus pais foram muito felizes.

—Que está fazendo de pé? – Laufey o assustou quando entrou em casa, estava suado e sujo de terra.

—Vim ao banheiro... – respondeu Loki. –E o que você está fazendo? – perguntou ele.

—O que parece? Estou arrumando as coisas. Andei lendo sobre sua doença e vou precisar manter isso aqui brilhando por causa da imunidade baixa. Também estou pensando em aproveitar o espaço para fazer uma horta orgânica, nada de agrotóxico para você. – explicou o homem entusiasmado.

—Você realmente não precisa...

—Sério, Loki? Não preciso melhorar nada pelo meu filho? – Laufey o questionou.

—Laufey... – Loki molhou os lábios ressecados. –Eu não sei como dizer, mas não quero que se sinta obrigado a nada.

—Ok, Loki. – disse Laufey. –Eu não preciso, nem sou obrigado, mas eu quero fazer isso. Você é talvez a última chance que a vida está dando a um velho fracassado, e eu quero fazer certo. Quero fazer o que um pai de verdade faria. – o homem sorriu tão sincero. –Agora vá descansar um pouco mais.

Loki assentiu com a cabeça se virando para o quarto, mas antes ele se voltou para o homem. –Laufey. Você é um pai de verdade... É muito mais do que eu tive a minha vida toda. E muito mais o do que sonhei ter... – sorriu sinceramente voltando para o quarto.

Na sala Laufey sorriu abertamente. Ainda não era o abraço espontâneo que ele desejava desde o primeiro dia, mas era um excelente progresso.

(****~****)

Eventualmente o tempo ia passando. Dias, semanas e até meses. Nesses últimos tempos Loki havia estreitado os laços com o pai biológico.

Agora fazia três meses desde que ele deixara a Borson e arrastara, por conseguinte, as indústrias Stark e mais alguns importantes clientes para fora deixando a empresa de Odin sem muita confiança no mercado.

Enquanto isso em Nova Iorque Thor era só esforço, dia e noite ele se virava para reverter o prognóstico negativo da empresa. Mas parecia que nada do que fazia conseguia colocar ordem na casa e de pouco em pouco eles caíram, perdendo um espaço precioso em Wall Street.

Thor não era bom como Loki. Ele não sabia o que fazer, seu pai estava distante e cansado demais. As outras gerências esperavam uma posição dele como presidente, mas ele realmente não sabia o que fazer, sentia-se um fantoche ali sentado atrás daquela mesa. Se ao menos Loki estivesse ali. Como sentia falta do irmão. Loki sempre sabia o que fazer.

Por agora o clima era mais ameno em Nova Iorque, alguns poucos dias escuros, e o frio do inverno havia dado lugar aos harmoniosos dias de primavera aonde as flores iam nascendo e enfeitando os parques da cidade. No entanto Odin Borson não parecia apreciar a estação do ano. Naquela manhã o velho chegou à Borson e foi direto para a sala de Thor. O filho agora era o primeiro a chegar e o último a sair, mas nem todo o esforço empenhado estava adiantando. Todos os jornais de peso estavam atacando sua empresa e muitos apontavam falência, clientes importantes estavam deixando-os quase que em caravanas.

—Bom dia, senhor Odin. – Andrezza veio ao encontro do chefe, que nem ao menos a olhou.

—Não nos interrompa! – foi o que ele rosnou se trancando na sala de Thor.

Thor por essas alturas estava em nível de stress tremendo, há três meses trancado na Borson e diferente do que ele próprio imaginou quanto mais o tempo passava menos ele amava a obra de seu pai e avô.

Logo a seguir berros exaltados entre pai e filho puderam ser ouvidos. A Borson estava ruindo.

Odin e Thor só faziam brigar entre si. Eles eram orgulhosos e temperamentais demais para entenderem que nesse momento era preciso ser unir se quisessem salvar o que ainda restava. Impressionante era como um verdadeiro império podia ruir da noite para o dia, sem uma correta gestão.

Lá dentro da sala os dois se encaravam com rancor nos olhos azuis. –Eu sinto falta de seu irmão! Ele sim era bom nos negócios! – Odin gritou.

—Se Loki não está aqui é culpa sua! – Thor rebateu tão alto quanto o pai. –Você o afastou!

—Seu moleque mimado! Não ouse falar do que não sabe! – o velho arregalou os olhos. Seu filho o estava enfrentando?

—Eu não sei!? – Thor abriu os braços com cinismo. –Loki se cansou de ser humilhado e menosprezado por sua arrogância. Assim como eu estou me cansando também! – gritou.

—Eu não admito! – Odin avançou por sobre a mesa tentando acertar Thor com um murro, mas o filho, mais jovem e mais forte, segurou seu pulso com força o encarando num misto de surpresa e mágoa.

Eventualmente eles se afastaram. Odin se deixou cair no sofá. –Meus filhos. – disse ele. –Meus próprios filhos se voltando contra mim. Primeiro Loki se foi e agora isso... – ele ressentiu-se e repentinamente apertou a mão sobre o peito. Seu rosto envelhecido se tornando uma máscara pálida de desconforto. Estava sem ar e enjoado.

Thor olhou para o homem mais velho. –Era ai que o senhor queria chegar, pai? – perguntou ele agora falando baixo. –Olhe para o senhor, olhe para tudo que construiu. Pense meu pai. O senhor fez tudo errado... – disse ele triste.

—Eu... – Odin engoliu o orgulho. O rosto suado e pálido denunciava muita idade. –Eu sei disso. – ele confessou finalmente. –Precisamos do seu irmão para nos salvar desse caos. – completou ofegante.

—Pai. – Thor se agachou próximo ao velho. –Precisamos de Loki de volta porque ele é nossa família, é meu irmão... – disse o loiro com os olhos lacrimosos.

—Posso ter cometido muitos erros, Thor. Mas eu também amo o Loki tanto quanto você. – disse Odin. –Agora... Ajude-me. Quero ir para casa que não me sinto bem.

Frigga que sempre fora uma mulher naturalmente elegante, que parecia flutuar pelos salões da alta sociedade em três meses parecia murchar. Ela ainda chorava nas noites quando não conseguia parar de pensar em Loki. Ela estava se deteriorando enquanto tentava dar ao filho o tempo que ele precisava, mas ela realmente achava que três meses era tempo suficiente.

Como toda mãe Frigga tinha a genuína necessidade de saber por onde o filho andava, se ele estava se alimentando bem, dormindo bem, se estava agasalhado... E ela ia surtar se passasse mais um dia sem saber sobre o paradeiro de Loki. A mulher foi retirada de seus pensamentos pela voz forte de Thor.

—Mãe? – ele chamou entrando em casa com Odin. –O pai teve um mal estar na Borson... – disse ajudando o velho a sentar no sofá.

—Ora, essa! Estou ótimo! Foi só uma falta de ar... – disse o velho com estrema má vontade.

—Não brinque com sua saúde Odin. Quanto tempo não faz um check-up? – ela o criticou. –Vou chamar doutor Johnson. – avisou indo telefonar para o médico.

Doutor Johnson, prontamente atendeu ao chamado de Frigga, que insistia que Odin passasse pela avaliação de seu médico de família. Ao fim Johnson os tranquilizou, dizendo que o velho Odin Borson estava gozando de muita saúde, apenas devia manter-se distante dos problemas da empresa. Nada como umas duas semanas de repouso, talvez uma viagem relaxante...

Frigga respirou mais aliviada depois da consulta médica. –Aceite um café, Doutor Johnson, já faz um bom tempo que não nos falamos. – ela disse sorridente entregando uma xícara para o médico.

—E não me leve a mal, doutor. – disse Odin servindo-se de chá. –Mas quanto menos o senhor precisar visitar minha mansão é melhor. – ele falou e todos riram. Johnson era um homem divertido e simpático.

—Senhor Odin está certo. Ninguém quer um médico rondando... – ele sorriu. E ficando mais sério lembrou-se do que estava para perguntar aos Odinson. –E Loki tem dado notícias sobre o tratamento na Dinamarca? – perguntou Doutor Johnson.

—Loki? – Frigga repetiu. O sorriso morrendo lentamente em seus lábios.

—Como assim? – Thor ainda sorria, mas sem a mesma graça de antes. As sobrancelhas se uniram numa expressão de completa confusão. Ele havia perdido algo ali.

—Sim. Ao menos a última vez que ele conversou comigo por telefone eu aconselhei o hospital de Herlev para a quimioterapia, mas não fizemos mais contato desde então. Estou para mandar um e-mail para ele, mas a falta de tempo... – o médico parou de falar reparando que as expressões da mãe, irmão e pai de Loki eram de surpresa. –Oh, meu Deus! Vocês não sabiam, não é? – ele constatou.

Aquele fragmento de informação pegou a todos eles completamente desprevenidos.

—Quimioterapia? O que está dizendo, homem!? – Odin olhava para o médico sem ainda conseguir entender. Aquele homem era louco?

—Loki veio ao meu consultório há quase três meses com um quadro gripal, após os exames descobrimos que se tratava de leucemia. – explicou constatando que nenhum dos Odinson sequer sonhava com a doença do seu caçula. –Loki tinha com um tipo agressivo de leucemia, na época ele tinha poucos dias de vida. – ele completou. Não havia uma forma apaziguada de dizer tal coisa para uma família, melhor ir direto ao ponto.

—Que está dizendo? – Thor falou baixo, até mais para si que para qualquer um na sala. A negação era uma primeira reação natural.

—Eu sinto muito. – disse Johnson. –Ele me disse que teria que viajar para a Dinamarca e eu indiquei um hospital próximo a Copenhague. – falou o médico. Não sentia por bem esconder mais nada.

A xícara escorreu dos dedos em garras de Frigga, derramando o café pelo estofamento elegante da poltrona e se quebrando no chão de mármore. E ela sorriu. Seus músculos estavam tesos. E seu sorriso se tornou uma máscara de dor quando ela trincou os dentes brancos e perfeitos com tanta força, e as lágrimas grossas escorreram suavemente pela sua face. Sua cabeça girava e girava. Aos poucos, da forma mais dolorosa possível aquela informação medonha foi se assentando. Loki, o seu Loki estava com uma leucemia, e tinha poucos dias de vida?

—Isso não faz sentido! É impossível! – disse Thor, ainda em negação. –Ele teria nos dito. O senhor não pode estar enganado? Não é outro paciente? O senhor está se confundindo. É que o meu irmão tem saúde perfeita... Ele é um gênio, sabia? – o loiro se tacou falar.

—Eu realmente sinto muito. Achei que Loki havia dito. – o médico disse tristemente. –Foi em meu consultório que ele descobriu que era adotado enquanto buscávamos entre vocês, sobretudo Thor, uma medula óssea compatível. – explicou ele não vendo mais motivos para esconder o que sabia.

—Ele não disse. – Odin falou pela primeira vez, amparou o rosto com as mãos as esfregando com força na face, como quem deseja acordar de um pesadelo. –Loki não disse nada... – falou de novo fechando os olhos com força. A constatação de que Loki veio até ele naquela noite sabendo que era adotado e sabendo que tinha uma leucemia terminal o atingiu como uma bomba. –Que pai eu sou? – se perguntou o velho Odin. –Como eu pude fazer isso com ele? – culpou-se.

Naquela noite ele havia mandado seu filho doente embora das suas vidas... E poderia ser para sempre.

—Meu filho!– Frigga desesperou-se. Ela imaginou como seu menino estava sofrendo, e que mãe era ela que não estava com o filho em seus braços? E de repente ela teve um insight que fez o estômago embrulhar. –Três meses... – gemeu ela assustada. –Ele pode estar... Pode ter... Oh, Meu Deus! – ela não teve coragem de pensar que nunca mais veria Loki e caiu em um pranto alto e sofrido. Thor a abraçou com força. Ele ainda estava tendo dificuldades para assimilar que Loki podia estar morto numa hora dessas. E que ele nunca mais veria seu irmão.

Doutor Johnson, que tinha sido o portador de toda a revelação, se foi deixando os Odinson com sua dor. Eles iam precisar de muita força e união nesse momento.

(****~****)

De volta a Valby Loki ia como podia. As sessões de quimioterapia eram sempre a mesma coisa e ele achava que ia morrer a cada vez que voltava do hospital, e estava muito magro e debilitado. A terceira sessão havia sido ministrada há uma semana e ele finalmente sentia-se um pouco mais forte para voltar para seu apartamento.

Laufey o havia ajudado e muito a passar por essas duas últimas sessões. O homem era um amigo e tanto e pela primeira vez Loki sentia o que era poder contar com um pai. Mas ele ainda pensava muito em sua família adotiva, principalmente em Frigga, a mulher, apesar de tudo, seria sempre sua mãe. Ele já não estava tão magoado, mas simplesmente não sabia como dar aquele passo. Não poderia retornar aos Estados Unidos até que estivesse melhor, sua imunidade por essas alturas estava muito baixa. Impossível viajar sem correr riscos de uma infecção. Tão pouco podia ligar para Frigga e dizer: “Mãe! Que saudades. A propósito, esqueci de mencionar, mas estou com leucemia.” Definitivamente ele não poderia tratar um assunto desses dessa forma e por telefone.

Ele sentou-se com uma xícara de chá no sofá, o chocolate quente que tanto gostava era uma das coisas que mais lhe enjoava em todo esse processo e ele havia trocado esse doce prazer achocolatado por um chá morno, sem cor e sem gosto.

Pensava em Frigga, e estava se sentindo sozinho em um país distante tendo como lazer as idas ao hospital de Herlev apenas, e jogar cartas com Laufey aos fins de semana. Ele sentia falta da agitação da bolsa, dos desafios de Wall Street, que lhe era como um vício.

Nesse momento a campainha tocou. Loki achou estranho, Laufey devia estar lecionando numa hora dessas. Mas a pessoa que viu parada na sua porta naquela manhã estava distante de ser seu pai, mas mesmo assim ela conseguiu arrancar um grande, surpreso e sincero sorriso de Loki.

Foi como se ele estivesse perdido num mar de rostos estranhos durante anos e finalmente via alguém conhecido. Seu coração se aqueceu imediatamente. E de todas as pessoas que ele podia imaginar estar ali sem aviso prévio, Antony Edward Stark era a menos provável. Mas sim, ele estava ali lhe sorrindo daquele jeito cínico que era sua marca.

—Bem, você não convidou, mas Antony Stark não precisa de convites. – disse o bilionário.


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Notas finais do capítulo

Beijos! Boa semana meus doces!