Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 13
Aprendendo a ser pai


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Primeiro obrigada a todo mundo que está me dando uma força acompanhando e torcendo pelo Loki ficar bom!
Fico feliz que tanta gente esteja gostando da fanfic, embora o tema dramático e pesado por vezes... :(
Agradecimento especial para todos os lindos comentários que venho recebendo, isso é muito gratificante e motivador.
Bem, esse capítulo introduz um pouco o sentimento do Laufey em relação ao Loki.
A gente agora vai entrando numa reta final... snifff sniff... Onde vamos pensar se o lindo vai ou não se recuperar.. o jeito é seguir acompanhando rs :)
Grandes beijos a todos e todas :)
Obrigada! E boa Leitura!



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Na Borson as coisas não estavam indo nada bem. Thor nunca havia se visto tão atolado na empresa, tudo havia caído em seu colo repentinamente.

Ele estava há cerca de uma semana tocando a empresa da forma que podia. Odin não aparecia desde quando descobriram que Loki foi embora, e Thor ficara obrigado ao cargo de presidente e ele não fazia ideia de como ser um presidente.

Nessa manhã ele estava em sua sala imerso em planilhas das quais pouco entendia quando o interfone tocou. –Thor, Stark está na linha — disse Andrezza o fazendo respirar pesadamente, definitivamente não sabia o que fazer em relação a Tony Stark e seu contrato bilionário com a Borson. –Thor? Está ouvindo?— a secretária voltou a insistir pelo aparelho. –Antony Stark ainda está aguardando na linha 1. O que devo fazer?

Passe – disse ele finalmente sem ter ideia do que dizer ao bilionário.

A luz do aparelho acendeu indicando que a chamada havia sido transferida e Thor engoliu em seco.

Bom dia, Stark — disse polidamente.

Porque fiquei esperando? Onde Está Loki? — a voz de Stark reclamou do outro lado da linha. –Quem é Steve Rogers e porque ele se identificou como meu Gerente de Contas?

Bom dia, Stark!— Thor insistiu impaciente, ele não sabia lidar com pessoas como Antony Stark.

Não, Thor. O meu dia não está bom – rebateu o bilionário. –Quer saber por quê? Eu te digo. Antes eu acordava, olhava minha conta e descobria que meus cofres tinham algumas moedas a mais, era como mágica, eu só tinha que dormir e acordar e meu dia era ótimo, mas hoje eu acordei para saber que meus investimentos, administrados pela Borson, estão estagnados, ai eu ligo para entender o que deu errado e um idiota, — Stark parou para tomar fôlego e tão logo prosseguiu sem dar chances a Thor – um completo idiota, que eu não faço ideia de quem seja, atende e se identifica como meu gerente de contas. Acho que perdi alguma coisa — terminou ele petulante.

Como Loki conseguia fazer aquilo? Parecia tão fácil. Loki realmente era o melhor naquela área e como Thor desejou que ele estivesse ali, que nada daquilo tivesse acontecido.

Não é a melhor forma de lhe dar essa notícia, eu esperava que meu pai pudesse marcar uma reunião para esclarecer os fatos – disse Thor — a Borson passou por reformulações na diretoria e...

Deixe-me adivinhar – Stark o cortou novamente. —Seu pai criou algum juízo e nomeou Loki para diretor? Ou o quê, não me diga que ele virou CEO? — Stark questionou.

—Não, Stark. Eu sou o novo presidente da Borson, e Steve Rogers vai ser o gerente da sua conta, ele entrou no lugar de Loki que não está mais conosco – respondeu Thor.

—Mas que porra é essa!?— Tony se surpreendeu. –Que tipo de merda Odin tem na cabeça, ele dispensou Loki?

—Loki pediu demissão quando eu fui nomeado – revelou Thor sem querer citar os fatos pessoais que levaram seu irmão a abrir mão de tudo, Stark definitivamente não precisava ficar sabendo de seus problemas familiares.

—Claro, que sim. O que mais alguém com o talento dele faria? Melhor catar papéis no Central Park que ser presidido por alguém que não tem os neurônios necessários para amarrar os próprios cadarços — ironizou Stark.

Tony, eu sei que é estranha essa mudança, e lamento que você tenha que ficar sabendo dessa forma, mas eu não vou admitir esse tipo de...

Thor!— novamente o cortou Stark. –Tínhamos um acordo. E havia um único motivo para eu firmar esse acordo: Loki. E agora que vocês o perderam eu estou fora. Considere anulada qualquer expectativa de ter minhas indústrias com vocês. E aguarde meus advogados para rescindir os investimentos abertos com a Borson.

Você não pode fazer isso!— Thor desesperou-se, contudo ele pouco podia fazer. –O Loki pessoalmente planejou seus investimentos, Stark, não seja assim, a Borson ainda é sua melhor opção. Rogers é ótimo ele só precisa de tempo para estudar e entender tudo que Loki pensou para suas empresas.

Tempo é dinheiro, meu chapa. E Antony Stark não perde dinheiro. Aguarde meus advogados – disse o bilionário e a linha ficou muda.

—Filho de uma puta! – irritou-se Thor jogando um peso de papel de vidro cristalizado contra a parede assistindo ele se esfarelar.

—Thor? Meu Deus! – Andrezza veio correndo.

—Estou farto disso! A Borson está ruindo e eu não sei o que fazer – ele gemeu sustentando a cabeça com as mãos. Estava desesperado. –Perdemos Stark – informou.

—Não! – Andrezza alarmou arregalando os olhos e cobrindo a boca com as mãos numa expressão de surpresa.

—São rápidos, os filhos da mãe, Thor – disse Sif aparecendo na sala da presidência. –Acabei de receber a notificação dos advogados. Perdemos tudo. Não só o novo contrato, mas todos os demais investimentos deles! O que faremos agora? – perguntou a moça.

Definitivamente Thor estava perdido. –O que Loki faria? – perguntou-se o loiro sem rumo. Mas ele sabia que Loki nunca estaria numa situação dessas... ele era esperto demais.

 

(****~****)

 

Na mansão Odinson Frigga desligou o celular. Uma semana sem Loki. Ela era mãe, e mesmo não tendo lhe dado nascimento podia sentir que o filho estava precisando de ajuda. Havia um aperto no peito que ela só sentia quando Loki estava em apuros.

—Meu Loki, como pode fazer isso com sua mãe? – perguntou-se baixinho apertando o aparelho celular contra o peito.

—Ele está magoado. Voltará quando pensar melhor – disse Odin entrando no quarto. –Querida, você sabe como Loki é. Ele está querendo nos punir de certa forma.

Frigga o encarou. –Será que você não consegue ver o quanto Loki está sofrendo? Pelo amor de Deus, Odin. Você não pode ser tão frio – disse ela. –Loki é seu filho também, você o criou, será que não há qualquer amor para com ele?

—Frigga, o que quer que eu faça? – Odin perguntou chateado com as acusações.

—Eu quero que o encontre – disse ela. –Quero meu filho aqui comigo. É pedir demais? Eu sou mãe, Odin. Sou a mãe dele! – disse nervosa, mas Odin lhe abafou aos gritos.

—VOCÊ NÃO É A MÃE DELE! – gritou estrondoso e raivoso. Estava em seu limite.

O grito de Odin doeu em Frigga. Um silêncio pesado caiu no quarto. Não era verdade, aquele homem era um mentiroso. Ele mentira sobre tudo e essa última frase vinda da boca dele soava apenas como mais uma das suas mentiras.

Frigga se encrespou e sem mais hesitar estalou a mão contra o rosto do marido com tamanha força que podia pôr para fora todo o silêncio de anos de submissão. –Eu sou a mãe dele! – disse trêmula, porem assertiva.

Odin tombou para trás tomado pela surpresa. Frigga nunca se rebelara dessa forma. O velho caiu sobre a cama, cobrindo o rosto enrugado pendeu a cabeça em vergonha. –Eu sinto muito – disse ele e sua voz agora tornara-se um fiapo, longe de qualquer arrogância. –Perdoe-me, eu imploro – definitivamente não era da boca para fora.

—Perdão, desculpa, sinto muito... – Frigga falou secando as lágrimas. –São apenas palavras Odin. Elas, infelizmente, não possuem a força para apagar o passado. Palavras não curam a dor, às vezes nem o tempo pode curar. E não é a mim a quem você deve desculpas. É a Loki – disse ela o deixando sozinho no quarto.

(****~****)

 

Enquanto isso Loki enfrentava sozinho a rigorosidade do primeiro clico de quimioterapia. Ele havia passado três tenebrosos dias numa rotina de vomitar até desfalecer no chão frio do banheiro, se arrastar até a cozinha comer e beber, vomitar de novo, um loop infinito.

Nada, nem mesmo água se mantinha no seu estômago, ele estava sem forças e desidratado. Teve que retornar ao hospital no quinto dia para receber uma infusão na veia de medicamentos e hidratação ficando internado por dois dias.

Na primeira noite ele não conseguiu dormir, sentia muito frio e estava desconfortável naquela maca. Loki odiava hospitais. Eram nessas horas que sentia mais saudades de Frigga, se ao menos a mãe estivesse ali segurando sua mão e dizendo que tudo ia ficar bem teria sido mais fácil.

No segundo dia Loki tinha saudades até do irmão. Quando criança, ele costumava seguir Thor para todos os lugares e costumava achar que Thor era tão forte que podia lhe proteger de todo e qualquer perigo.

Pena que as crianças cresciam, e agora havia anos de distância entre os meninos Thor e Loki que costumavam dizer que nunca iam se separar. Loki riu amargamente com essa lembrança, afinal ele estava no leito de um hospital sozinho enfrentando as reações de sua primeira sessão de quimioterapia e onde estava Thor?

Quando teve alta, já medicado e hidratado tudo que Loki mais queria era tomar um banho quente e se afundar na cama. Exausto, tinha acabado de deitar quando o celular de Nova Iorque tocou, e para sua surpresa o visor não indicava Odin, Frigga ou Thor e sim Tony Stark chamando, e ele devia uma explicação ao bilionário.

—Tony? – atendeu Loki.

—Loki, sua voz está péssima! Porque sumiu da minha vida? Sabe que nem eu e nem minha fortuna duraremos muito sem você! – brincou Stark.

—Tony... – Loki achou graça. –Eu sei que você deve estar decepcionado, mas eu precisei sair. Eu sinto muito te deixar na mão, mas deixei tudo pronto antes de ir...

—Você pode ter feito seu melhor, Loki, mas não tem ideia de como pessoas incompetentes no poder podem fuder tudo – disse Antony. –Mas eu não o julgo, Thor me contou e eu acho que você fez certo.

—Thor falou com você? – Loki achou difícil que o loiro tivesse contado os reais motivos, porque somente o próprio Loki os conhecia.

—Falou, e como é idiota seu irmão. O que houve? Você foi trocado na maternidade? – perguntou Tony.

—Quase isso... – dessa vez Loki riu. Ele estava há tempo demais com aqueles problemas trancados para si e apesar de Stark não ser um amigo íntimo (ele não tinha amigos), era uma pessoa inteligente e racional a ponto de lhe ouvir. –Eu fui adotado e Odin mentiu para mim a vida toda – disse ele. –Por isso Odin deu a presidência da Borson para Thor, mesmo ele sendo um total idiota, ainda é filho legítimo.

Tony ficou calado do outro lado da linha. Agora fazia sentido Loki ter deixado a Borson. –Isso faz sentido. Você não viu alternativa a não ser deixar a empresa deles. Olha, Loki, eu não fechei com a Borson, agente tinha um trato, se você se lembra, eu queria você trabalhando para mim, e continuo querendo. Porque não vem me encontrar hoje? Podemos conversar sobre sua contratação nas Indústrias Stark, você pode ter seu próprio departamento...

—Tony, eu realmente agradeço – disse Loki em tom de recusa.

—Oh, Claro! Você deve ter milhões de propostas – sorriu Stark do outro lado da linha.

—Não é isso. É que eu estou na Dinamarca não sei quando volto, na verdade nem sei se volto – explicou Loki.

—Cassete! Dinamarca!? Eu sei que deve ter sido um trauma descobrir a adoção, mas você não precisava ter fugido para tão longe, precisava?

—Na verdade, é uma longa história – Loki suspirou.

—Tenho tempo e adoro longas histórias, conte-me – Stark rebateu.

—Descobrir a adoção e Thor ser presidente não foi tudo. Eu tenho leucemia e vim atrás do meu pai biológico, que é um desafeto de Odin, e trabalhou na empresa de Bor, pai de Odin – resumiu Loki. Não era um assunto a tratar por telefone, mas ele se sentia melhor desabafando com alguém. Ele passou mais detalhes para Stark, que ouvia pacientemente.

—Parece novela – assoviou Stark após Loki ter lhe resumido a tragédia de sua vida. –Como você está? – perguntou Tony ficando sério.

—Bem. Não é tão ruim quanto parece – mentiu Loki.

—Sei... – Tony sabia que não era verdade, ninguém passando o que Loki estava passando estaria bem. –Suponho que sua família adotiva não saiba sobre a leucemia, mas é grave e existe o risco de... – ele fez uma pausa sem saber como dizer.

—Estou ciente que tenho poucas chances de vida. Laufey, meu pai, não tem outros filhos e estou aguardando no banco de medula – disse Loki.

—Loki, – Tony começou – você não vai dar a eles a chance de ao menos se desculparem? – perguntou sem querer ser invasivo demais.

—Eu realmente não sei. Eu queria ter tempo para pensar em perdoá-los – respondeu Loki.

—Ok, tudo bem. É seu direito não perdoá-los – disse Stark. –Mas e agora? Não me diga que o mago da economia vai se aposentar? – brincou Stark querendo quebrar o clima pesado.

—Digamos que vou tirar umas férias. Mas vou sentir saudades... – disse Loki.

—Nós em Nova York também vamos, Loki – Antony falou e o clima ficou triste. Um economista como Loki realmente ia fazer falta, mas alem do profissional, o rapaz arrogante, de língua afiada e personalidade divertida ia ser uma grande perda. –Ok. Bem... – Tony temperou a garganta. –A Dinamarca é encantadora. Já fui umas vezes, me passa seu endereço assim te faço uma visita qualquer dia desses – disse ele.

 

Quando Loki desligou o celular após se despedir do amigo pela primeira vez sentiu falta de sua vida em Nova York. Sua rotina, sua paixão pelo mercado financeiro, seu trabalho, e sua família.

Ele sorriu nostálgico, era bom conversar com um homem como Antony Stark, que não agia como se Loki fosse um coitado infeliz em estado terminal.

 

 

(****~****)

 

Eventualmente o tempo ia passando.

A Borson foi notícia nos corredores de Wall Street, os semanários financeiros atribuíam a crise da gigante à incompetência da nova gestão. E a empresa ia ladeira abaixo. A entrada de Thor na presidência, a saída de Loki, a perda da conta das Indústrias Stark, entre outros fatores abalaram a imagem que a empresa de Odin.

Concomitantemente, outras contas foram sendo encerradas. Uma vez que Loki havia saído e não era encontrado para dar sua versão dos fatos, muitos falavam em uma ruptura entre o gênio e a Borson, bem como se falava em Thor ser um fracasso completo como gestor e Odin estar cansado e obsoleto.

Algumas semanas depois, Odin se viu obrigado a retornar ao comando da Borson. Sua aparência havia declinado como se ele tivesse avançado 10 anos em um mês. Ele via a Borson caindo assim como Asgard caiu, era como assistir um filme de terror pela segunda vez.

Thor era completamente inapto para qualquer cargo, ficava claro como água da montanha que com ele no comando a empresa parecia um carro desgovernado. E Odin se arrependia. Se Loki tivesse ascendido à presidência tudo seria diferente. A Borson estaria com Stark e estaria muito bem cotada em Wall Street. Mas agora ele apenas podia sentar e ver seu império ruindo.

 

(****~****)

 

Enquanto isso na Dinamarca Loki não teve uma boa notícia. Com frustração Dra. Lucent informou que ele não havia reagido bem ao primeiro ciclo de quimioterapia e a leucemia estava distante da remissão. A única opção era mudar o protocolo para um mais agressivo.

E assim estava ele no hospital Herlev para o novo ciclo de quimioterapia. Dessa vez as drogas quimioterápicas seriam injetadas não só na quimioterapia longa (QL) intra-venal, mas também diretamente na medula por meio de uma punção lombar.

A sala de quimioterapia estava cheia e agitada, diferente da primeira vez que Loki esteve ali. Mas hoje seria diferente. Loki começou a sentir-se mal já na segunda bolsa. Ele sentiu um frio repentino gelando os ossos e sua vista escureceu, a cabeça girava violentamente.

O coitado estava passando muito mal quando chamou a enfermeira, ela trouxe a bacia higiênica de inox e lá ficou ele, olhando para o vazio tentando respirar lentamente na esperança de controlar a náusea e o enjoo, mas ele já devia ter aprendido que não tinha como domar aquele instinto primal de seu corpo, e logo estava vomitando ruidosamente ali mesmo, sentia-se patético tentando firmar a bacia com a única mão livre enquanto seu corpo tremia incontrolavelmente com os violentos espasmos.

A enfermeira acudiu equilibrando a bacia. Um bom conjunto de minutos se arrastou com Loki naquela situação, aos poucos os deprimentes barulhos de engasgos foram diminuindo bem como o odor almíscar do vômito foi amainando na sala. Ele se encostou praticamente desacordado contra a poltrona, seu rosto estava branco como um papel e ele suava frio. A náusea nunca ia embora e Loki sabia que logo teria outra crise.

A tarde foi horrível. Loki sentia que seu último fiapo de dignidade havia se esvaído entre vômitos e cochilos, sentia-se patético, mas isso era outra coisa que o câncer estava lhe ensinando: se despir de orgulho ou vaidade. É que na luta contra uma doença tão violenta, não importava quantas vezes se caía, ou quão profunda era a queda e sim quantas vezes a pessoa conseguia se reerguer. O fato de ele estar tão debilitado era simplesmente porque estava lutando.

—É só respirar, darling. Vamos passar por essa tarde – uma senhora de seus aproximados 70 anos, sentada na cadeira a sua esquerda, falou num inglês carregado. Loki apenas meneou com a cabeça, tão metido em seu torpor para conseguir falar.

E de alguma forma milagrosa a noite havia chegado e a última bolsa havia terminado, mas Loki estava destruído. Era outro homem, diferente do mesmo que entrou no hospital pela manhã.

 

Lá fora o homem chamado Laufey Nál estava preocupado. Ele entrou pela imensa recepção. Havia estado naquele hospital umas três vezes, mas nunca no setor de Oncologia. Teve que perguntar algumas vezes até chegar à recepção do setor onde a simpática recepcionista lhe recebeu. –Meu nome é Laufey Nál, eu recebi uma ligação do hospital por causa de um paciente na quimioterapia – explicou ele.

—Senhor Laufey. Siga o corredor à direita – instruiu a moça e o homem fez conforme solicitado. Quando ele entrou na sala a primeira pessoa que viu foi Loki. Desde que o rapaz o procurou, eles não haviam se visto mais, apenas trocado palavras por telefone e por isso Laufey ficou chocado com o estado de Loki. Estava muito mais magro e mais abatido, pálido e doente, era medonho o quadro do jovem, e Laufey teve uma estranha e opressora sensação: Loki não ia conseguir passar por aquilo.

Com o coração apertado o pai se aproximou do filho. Loki estava cochilando na sala quase vazia, a bacia de inox descansava sobre seu colo e ele não notou aproximação até sentir a mão de Laufey apertando delicadamente seu ombro. Num sobressalto ele abriu os olhos verdes turvos e a bacia caiu com estrondo contra o chão de cerâmica.

—Laufey? – Loki falou recobrando a consciência. –Oh, eu sinto muito – disse ele constrangido. –Eles não iam me deixar sair e eu não tinha mais ninguém, me desculpe por dar seu telefone.

—Tudo bem. Não é incômodo – Laufey falou e era verdade, estava feliz que Loki lembrou-se dele, mesmo que fosse a única opção conhecida na Dinamarca, ainda assim estava feliz.

Loki estava fraco e enjoado quando se ergueu da cadeira, ele sabia que nunca conseguiria passar por essa noite sozinho, mas não queria a ajuda de Laufey por não se sentir no direito de pedir algo desse tipo a ele. Não seria certo pedir para Laufey cuidar de um doente, desde que eles se conheciam há tão pouco tempo. Mas Loki não tinha outra opção. E aceitou de bom grado a ajuda quando o corpo do homem mais velho o apoiou, e teria caído senão fosse aquele apoio. Suas pernas pareciam feitas de gelatina quando ele tentou dar os primeiros passos. Mas Laufey praticamente o carregou até o estacionamento do hospital. Ambos agradeceram a Deus quando chegaram finalmente no carro.

O caminho do hospital até Valby era feito rapidamente de carro, algo em torno de 30 minutos.

—Como chego ao seu apartamento? – Laufey perguntou quando estavam no bairro. –Loki? – o filho não respondeu. –Loki!? – ele estava dormindo, a cabeça pendendo molemente para o lado e Laufey suspirou, o rapaz estava exausto. Um projeto do homem que bateu a sua porta.

—Esse mar é revolto e fundo demais para você atravessar sozinho, rapaz – disse Laufey baixinho.

Quando finalmente estacionou no quintal da antiga casa, pequenos flocos de neves caíam. Laufey agitou cuidadosamente o ombro do rapaz adormecido no carona, sentindo os ossos pontiagudos, Loki estava realmente muito debilitado e novamente o homem sentiu aquele aperto no coração que dizia que seu filho podia morrer a qualquer momento. Olhando profundamente para aquele rosto abatido Laufey desejou que Loki tivesse ainda muitos anos pela frente. –Loki? – chamou baixinho de forma macia e finalmente aqueles olhos grandes de um verde maciço piscaram para ele.

— Hum? – gemeu Loki.

—Venha. Está bem frio aqui fora. Vamos entrar – disse carinhoso.

Loki foi mais uma vez praticamente carregado por Laufey e depositado cuidadosamente no sofá em frente à lareira que o dono da casa tratou de acender. O rapaz acabou por se encolher no sofá cochilando. E Laufey ficou lá olhando o filho dormir, nunca imaginou ter um filho seu buscando proteção em sua casa. Ele nunca havia sonhado que Loki existia antes do rapaz aparecer em sua vida há um mês.

Laufey estava realmente contente que ele e Loki tiveram pelo menos a chance de se conhecer antes que essa doença o levasse embora definitivamente.

 

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Notas finais do capítulo

No próximo a família do Loki vai ficar sabendo do dodói do nosso anjinho! :(
Beijos!