Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 15
A Recaída


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo!
Obrigada gente pela força e carinho de todos...
Estou trabalhando numa nova fic, mas que não tem nada a ver com essa, :( que está chegando a reta final.... aaaaaaaahhhh :( Buaaaa!
Que jeito, né!? :/ - tudo tem que ter um fim...
Bom... desculpem os erros e espero que apreciem!
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621353/chapter/15

Tony de fato era um homem surpreendente. Ele era gênio, bilionário, playboy, filantropo, alem de inventor, CEO e dono das poderosas Indústrias Stark. E ele estava ali parado à porta de Loki na Dinamarca.

Ele se antecipou tomando Loki entre os braços o apertando calorosamente contra seu próprio corpo reparando como ele estava magro e frágil. Loki poderia quebrar diante de si a qualquer momento, Stark pensou assim.

–Você não vai mais precisar acabar com o estoque de gel. – disse Loki sorrindo quando se separaram.

–Oh, você ficou... Razoável. – Stark sorriu fazendo uma expressão cômica, mas estava um tanto quanto chocado ao ver Loki tão magro, abatido e pálido e sem os cabelos negros. Houve um momento de desconforto, onde os olhos de Tony encararam o amigo com pena, mas não, Loki era um lutador, ele não merecia pena e sim admiração, só que ainda era chocante vê-lo tão vulnerável.

–Obrigado, eu acho. – Loki fingiu não notar o olhar dirigido a si. –Vamos entrar. – disse permitindo que Tony entrasse. Eles ficaram num estranho silêncio. Tony continuava a olhar para Loki como se ele tivesse crescido uma segunda cabeça. –Eu vou fazer um chá. – falou Loki por fim, talvez Tony se sentisse mais à vontade quando retornasse com o chá, de repente era melhor ele ter um tempo para se acostumar à nova condição que o amigo estava vivendo.

Stark ficou olhando o rapaz magro mexer nas panelas e armários na cozinha e se perguntou se estava agindo certo em vir ali, não era que fossem amigos íntimos, mas por algum motivo ele achava que Loki precisava de um ombro amigo, ele só precisava dizer que se importava.

A pergunta “como você está?” passou pela cabeça de Stark, mas ficaria retórica porque ele sabia que uma pessoa passando pelo que Loki passava não estaria nada bem, e era nítido que Loki não estava bem.

–Eu tenho uma reunião em Berlim. – disse Tony num tom alto que Loki pudesse ouvir lá dentro. –Então organizei minha agenda, e aqui estou. – completou sorrindo. –Estou me virando com Jarvis e Pepper fazendo a contabilidade, a gente ia migrar para a Borson, mas você me deixou na mão. Então no momento estou estudando propostas de outras agências, mas eu tive uma ideia. – disse Tony enquanto Loki retornava para a sala com duas xícaras de chá, usando uma toquinha verde (seria menos agressivo para Stark se ele não tivesse que olhar).

–Bom, eu realmente sinto muito por não ter cumprido minha parte no trato, mas foi por motivo de força maior. – falou Loki desconfortável. –Mas eu trabalhei muito no seu projeto na Borson, você devia reconsiderar...

–Loki, meu caro. Eu nunca concordei com os métodos de Odin. E Thor é o maior fracasso que Wall Street já viu, sejamos sinceros, minha fortuna está melhor sem a Borson. – Stark fez uma pausa. –Mas queria te fazer uma proposta. – disse ele. –Eu gostaria de contar com você ao menos para uma consultoria financeira. O que acha?

Loki piscou surpreso. Era algo muito importante essa proposta, mas ele não poderia aceitar, não nesse momento. –Eu realmente agradeço pela consideração, mas como você pode ver eu vou ficar um tempo longe do trabalho. – respondeu Loki.

–Loki, eu tenho lido bastante sobre sua doença e não precisa ser a linha final. Você pode trabalhar de casa quando estiver melhor, entre um clico e outro. E no mais, eu posso esperar o tempo que for preciso por você. – disse Tony incisivo. –Ora essa Loki, cadê aquela coisa de ousar? – sorriu.

Loki não podia negar que tanto a visita de Tony como a proposta o deixava muito lisonjeado. Ele sabia que sua preocupação nesse momento era a luta contra a leucemia, mas ainda assim pensar em fazer algo que tanto amava lhe dava forças. –Ok, eu topo ser seu consultor. – disse ele por fim.

–Tome seu tempo. – falou vitorioso bilionário.

Loki deu uma golada em seu chá de cascas de romã. –Obrigado Tony, por tudo. Principalmente pela visita, fora Laufey, você é a primeira pessoa que vem me ver desde que tudo isso começou.

–Eu estava preocupado. Depois de tudo que me disse por telefone eu queria ver como você estava indo... – disse Stark.

–Eu estou bem. – Loki falou. Mas sua aparência não era de uma pessoa “bem”. Eles ficaram um tempo se encarando, até ele abaixar os olhos verdes e começar a falar baixinho. –Na verdade... É assustador. – confessou. –A quimioterapia é devastadora, embora necessária. A cada ciclo parece pior. Eu tive meu terceiro ciclo na semana passada e enfrentei um inferno. – ele passou a língua pelos lábios muito ressecados. –Quando meus cabelos começaram a cair foi horrível... É um choque todo dia me olhar no espelho e lembrar o quanto estou doente, e que esse dia pode ser o último.

Tony tomou de seu próprio chá. Ele de certa forma entendia. Loki sempre foi um homem bonito e elegante que expirava força e atitude. Todas as vezes que viu o rapaz ele estava com aquele brilho petulante no olhar, sempre desafiando algo ou alguém. Então devia ser realmente chocante se ver desafiado por um inimigo invisível. Loki, apesar de se mostrar sempre tão forte e seguro devia estar morrendo de medo, quem não estaria? Essa doença era uma forma infalível de desconstruir alguém, e não seria diferente para o gênio de Wall Street. O rapaz estava definhando, era essa a impressão que Stark tinha.

–Loki, é demais para fazer sozinho. – Tony falou após um momento de reflexão. –A sua família, por pior que seja...

–Eu não estava pensando! – Loki o interrompeu. –Eu não achei que fosse tão difícil. – ele estava com os olhos marejados nesse ponto da conversa. –Quando soube que Thor ia ser o presidente e não eu, e que Odin não havia sequer se lembrado de mim nem para ser diretor, descobri que estava com câncer e que eles tinham mentido para mim a vida toda... Eu só queria sumir. Achei que era só largar tudo e vir aqui encontrar minha família biológica, começar o tratamento, mas eu... Eu não sabia que eu precisaria tanto de ajuda. Ou que eu sentiria tanto a falta deles. Eu devia ter ficado lá. Eu... Eu não sei... Eu estou com medo de morrer longe deles. – Loki estava confuso e assustado. Normal para quem estava passando por um grave problema como aquele.

–Tudo bem ter medo. – Tony disse enquanto via as lágrimas escorrendo pelos olhos de Loki. –Isso faz de você um homem normal, eu no seu lugar estaria apavorado.

–Eu nunca me vi numa bagunça tão grande, desculpe por essa cena... – falou Loki constrangido limpando as lágrimas. –Desculpe. – repetiu baixinho.

–Não peça desculpas, mas se você quer saber eu acho que devia procurar sua família e lhe dar a chance de se...

–De se despedirem. – Loki completou amargamente.

–De se desculparem. – remendou Tony sério.

–Eu não posso simplesmente ligar e dizer sobre a Leucemia, tão pouco posso sair da Dinamarca nessa fase do tratamento, nem posso deixar Laufey, estamos construindo uma coisa bacana. E eu não estou pronto para perdoá-los. – confessou Loki. –E depois de todas as mentiras de Odin eu acho que não sou capaz de olhar para ele com algum respeito.

–Eu entendo. E quanto a seu novo pai? Como ele está digerindo tudo isso? – perguntou Tony querendo mudar o tópico.

–Laufey é ótimo. Ele tem feito mais por mim nesses meses do que Odin fez a vida toda. – sorriu Loki. –Ele topou na hora ser meu doador e assim que for o momento os médicos vão fazer um transplante haploidêntico, que é quando a compatibilidade não atinge 100%. – explicou Loki.

–Espero que de certo. Estou torcendo muito por você. – Tony falou sincero.

–Obrigado, Tony, de verdade. Acho que estava precisando desabafar. – Loki mordeu os lábios levemente, estava aliviado de conversar com alguém, mas um pouco envergonhado de ter se exposto daquela maneira para o poderoso bilionário Tony Stark.

–Eu pensei que você precisava bater um papo. Essa coisa de ombro amigo. – sorriu Stark levantando. –Então se cuide! Eu ainda preciso de você para me ajudar a ganhar mais dinheiro. – brincou Tony de forma amistosa.

Eles apertaram as mãos na despedida. A mão fria e frágil de Loki contra a forte e calejada mão de Stark. –Obrigado! – disse Loki. –Eu queria que soubesse que se alguma coisa acontecer e por acaso... – ele fez uma pausa insegura. –Se acaso acontecer de...

–Ah! Por favor! Não faça isso. – Stark fez uma careta de enfado, mas não soltou a mão do amigo. –Você vai passar por isso. Se há alguém que pode atravessar isso, esse alguém é você.

–Só queria que soubesse que te considero um amigo. – completou Loki.

Tony o encarou por um momento. Essa poderia ser a última vez que se viam, e isso era estranho. Ele havia aprendido a gostar de Loki. Por fim seus próprios olhos se encheram de lágrimas e ele apenas assentiu com a cabeça confirmando que entendia o que Loki queria dizer e que o sentimento era recíproco. Sem mais eles se despediram.

Naquela mesma noite Loki pensava em como a visita de Tony havia servido para ele se sentir mais leve, bem como havia servido para fazê-lo lembrar de sua família e de seu trabalho. A visita do bilionário teve o poder de conectá-lo de volta com quem ele realmente era antes da chegada da leucemia. E tudo que Loki nunca tinha sido era um coitadinho, frágil ou indefeso. E um novo rompante de força para enfrentar aquilo tudo surgiu e nem ele mesmo sabia de onde. Ele só sabia que ele queria sua antiga vida de volta.

No entanto, a doença pareceu querer lhe dá uma resposta na mesma proporção da nova força.

E repentinamente, naquela noite ele sentiu o corpo enfraquecendo, pensou que ia desmaiar num súbito mal estar. Arrastou-se para o quarto se jogando na cama. O mundo girava violentamente. A sensação era horrível e ele se encolheu tremendo de frio, mas não estava frio até alguns minutos atrás. Sua cabeça estalou o motivo: febre.

A febre que havia sido temida desde o início do tratamento estava ali agora, e era avassaladora. O termômetro mediu 39,5°C. E Loki sentia-se preste a desfalecer. Sua vista foi escurecendo rapidamente, e ele podia descrever o que sentia como a agonia da morte. Nas últimas forças ligou para a linha de ajuda do hospital de Herlev.

(****~****)

Em Nova Iorque Frigga já tinha esperado demais. Fora quase por acaso que descobriu que Loki tinha câncer. Fazia três meses que o rapaz havia ido embora, sumido de sua vida sem lhe dar a oportunidade de dividir esse terrível momento.

Odin entrou no quarto do casal reparando como sua esposa estava abatida. Há três meses ela havia perdido a alegria de viver e agora, depois de saber da leucemia de Loki, ela simplesmente arriou sobre a cama num quase estado de banzo.

–Loki está sozinho uma hora dessas... – disse ela baixinho, olhando para o teto. –Com essa doença. E eu não faço ideia de como ele está. Só fico pensando... Fica martelando na minha cabeça 24 horas por dia que ele está precisando de mim. – as lágrimas escorreriam pelo rosto caindo no travesseiro.

–Minha querida, me dói também. – Odin afagou o rosto dela, secando-lhe as lágrimas. –Eu me sinto culpado, se eu sonhasse que algo como isso aconteceria a Loki eu nunca o teria... – Odin olhou para a foto na moldura bonita sobre a mesa de cabeceira. Aquela era sua família lá: esposa e dois filhos. –Eu tenho dois filhos, Frigga! – disse ele. –E um deles está longe de mim agora. E não vou me perdoar se Loki morrer...

–Não diga isso! – Frigga se virou urgentemente. Ela tinha que manter a esperança de que seu filho ainda estava lutando pela vida em algum lugar na Dinamarca e ela ia conseguir tê-lo em seus braços novamente.

–Vou trazer meu filho de volta e vivo. – Odin concordou. –Já sabemos que ele está na Dinamarca, será fácil um detetive seguir seus passos.

Naquela noite Frigga sentiu-se mais resignada. Odin havia contratado o detetive Heimdall, um homem que segundo ele era capaz de descobrir o paradeiro de qualquer pessoa no mundo.

Odin só precisava, pelo bem de sua família e de sua consciência, rezar para que não fosse tarde demais.

(****~****)

Era madrugada quando o telefone de Laufey tocou. –Pois não?

–Senhor Laufey Nál? Aqui é do hospital de Herlev. – a voz do outro lado falou ponderada. –Houve uma emergência médica com o senhor Loki Odinson, o senhor o conhece?

–Claro! Ele é meu filho! O que houve? – Laufey se viu quase gritando. Ele sabia que algo muito ruim havia acontecido.

Houve uma pausa longa até a voz tornar a falar. –Precisamos que o senhor venha ao hospital.

Laufey engoliu em seco. Ele sentiu que um frio líquido percorreu sua espinha, se espalhando por todo o corpo. A imagem de seu filho, tão magro e debilitado veio à sua cabeça. Que injusta era a vida. Qual era a lógica de lhe dar um filho somente para lhe retirar meses depois? –Ele está bem? – perguntou engolindo o bolo na garganta.

–Ele está na UTI. – disse ela.

Laufey fez o caminho até Herlev em tempo recorde. Sua voz grave tremia quando se identificou na recepção. Pouco tempo depois a doutora Lucent com expressão muito cansada veio ter com ele. –Senhor Laufey. – ela o cumprimentou.

–Como ele está? O que houve? – o homem logo perguntou.

A médica pode sentir todo o medo no rosto daquele pobre pai. –Calma! Precisamos conversar. – disse ela o levando para uma sala vazia.

–Por favor, diga como ele está! – o homem tinha os olhos marejados.

Suspirando pesadamente falou. –Finalmente o organismo de Loki começou a reagir à mudança dos quimioterápicos. – contou Lucent. –No entanto, isso destruiu suas defesas. Loki teve uma infecção pulmonar causada por uma bactéria. A febre aumentou drasticamente e ele entrou em colapso. – explicou a médica de forma simples. –Ele fez contato com a linha de ajuda que enviou os paramédicos. Loki está na UTI. – disse ela cansada. –O que podemos esperar das próximas 24 horas é que seu corpo, mesmo debilitado, reaja aos antibióticos e combata a infecção. Será uma longa espera.

–Loki! Ele corre risco de morrer? Quais são suas chances reais, doutora?

–Essas próximas 24 horas são cruciais para o organismo combater a infecção. – disse a médica. –Senhor Laufey, sei que é difícil, mas preciso ser muito sincera, a situação é delicada. Justamente quando a doença começava a entrar na remissão vem à infecção.

–Isso é tão injusto... – fungou o pai choroso.

–Prometo que estamos fazendo todo o possível. – disse ela lhe dando um tapinha no braço.

–Oh! – Laufey perdeu as palavras. Loki havia atravessado o oceano atlântico com a esperança da cura. Ele precisava sobreviver. As lágrimas banharam os olhos cansados do homem e ele se sentiu completamente impotente. Loki era seu único filho, e ele nada podia fazer senão assistir de camarote seu sofrimento. –Eu posso vê-lo? – perguntou esperançoso.

–Sinto muito. Mas, só através do vidro. – ela falou lhe guiando pelos corredores.

Uma vez sozinho Laufey pressionou a palma da mão contra o vidro. Era hora de reconhecer algumas coisas ali. Ele nunca soube que tinha um filho, mas agora que Loki entrara em sua vida ele sentia-se o homem mais satisfeito do mundo. Loki estava doente, muito doente, e estava visivelmente perdendo a batalha. E Loki tinha uma família, mágoas a parte, aquelas pessoas o criaram, eles tinham o direito de saber que seu filho estava morrendo. Odiava Odin, aquele maldito verme lhe tirou tudo, desde sua liberdade ao direito de ver seu único filho crescer, mas agora no papel de pai, Laufey entendia que não seria humano de sua parte separar Odin e sua esposa do filho que criaram a vida toda.

Talvez alguns anos atrás Laufey alimentasse seu desejo de vingança e pagasse a Odin na mesma moeda, deixando que seu filho morresse longe dele, mas hoje, depois de conhecer Loki, algo se modificara dentro de si. Loki tivera, mesmo que em pouco tempo, o poder de transformar Laufey em um homem melhor.

Então Laufey se entristeceu. Se Loki tinha que partir nessas próximas horas, o que lhe ressentia era não poder dizer ao filho um obrigado pelos três meses que ele lhe emprestou sua luz e tornando sua vida um pouco mais clara e quente.

(****~****)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijinhos!