Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 12
O primeiro ciclo agente nunca esquece


Notas iniciais do capítulo

Oi, minhas pessoas queridas!
Venho aqui para o capítulo da semana. Então deixem-me fazer uma consideração.
Para mim, desde que comecei a fic, esse foi e tem sido o capítulo mais difícil de escrever. Parei por muitas vezes tomada pelo momento difícil.
Eu devo avisar, que ele possui uma dose grande de sofrimento e maior ainda de drama e angústia. Estejam preparados (as) de espírito forte... Porque é Pesado!
No mais espero que curtam! E fiquem na paz!
Beijos!



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Após a visita a Laufey na terça-feira Loki teve muito que pensar. O homem era diferente de tudo que tinha imaginado. Loki ainda estava confuso, mas havia uma certeza muito clara agora, e era que Odin havia mentido sobre tudo. Bastava olhar nos olhos de Laufey para saber que sua versão dos fatos era a verdade. Frigga sempre lhe dissera que a verdade podia ser contada com os olhos, e os de Laufey não mentiam.

E isso, senão servisse para lhe deixar completamente feliz, deixava mais aliviado. Saber que nem Laufey havia roubado Asgard, e nem Fárbauti era uma prostituta, e que seus pais haviam tido um relacionamento amoroso, era algo como um pequeno bálsamo no meio de tantas desgraças.

De qualquer maneira precipitado seria cair de amores por alguém que ainda era um desconhecido e a forma como Loki foi criado o deixava reticente e desconfiado em se abrir de vez a esse pai. Esse processo viria aos poucos, e isso se ainda tivesse a chance de ir aos poucos com alguma coisa, já que por vezes ele sentia como se sua vida escorregasse como areia numa ampulheta.

Estudar o perfil de Laufey era uma tarefa difícil para Loki. O homem vivia isolado numa casa velha e suja, e o pouco contato que tinha com as pessoas era puramente profissional. Numa análise rápida sobre Laufey, Loki chegou à conclusão que ele havia abdicado da vontade de viver depois de praticamente fugir de Nova Iorque tentando reconstruir algo que já não existia mais. De certo o sofrimento na cadeia, pagando por um crime que não cometeu o havia mudado para aquele homem recluso e decadente. Evidente que Loki não tinha tempo nem força para tentar recuperar Laufey, sequer sabia se o pai biológico ainda tinha recuperação depois de uma vida de perdas. Mas, alguma coisa lhe dizia que gostaria de ver o homem recuperando a auto-estima e a alegria de viver. Alguma coisa dizia a Loki que Laufey tinha um sorriso lindo quando o fazia sem tanta dor, mas quanto tempo estaria aquele homem sem sorrir dessa forma? Será que Odin sequer sonhava com o mal que havia feito a vida de tanta gente? Possivelmente não. E como Odin ainda conseguia levar sua vida sem pensar que outros não estavam felizes por sua causa, Loki não saberia dizer.

A quarta-feira foi voltada para Loki ir a uma grande livraria em Copenhague e abastecer sua estante embutida na parede com alguns títulos em inglês e outros em dinamarquês, também comprou alguns cursos e CDs em dinamarquês, de volta ao apartamento dedicou à tarde ao estudo da língua local. Já que ia viver naquele país era tanto melhor que aprendesse rápido o básico do idioma deles.

Na quinta-feira ele refez seu caminho até Herlev para a consulta com a Dra. Candly Lucent. Ela começou por apresentá-lo à sala onde eram ministrados os protocolos quimioterápicos. E ele que sempre tinha sido um lutador nato não esperava pelo medo que sentiu quando cruzou a porta branca com a placa escrita em dinamarquês: KEMOTERAPI.

Era medo por enfrentar algo desconhecido e alem de tudo sozinho. Loki sentiu uma grande tristeza tomar seu coração. Agora aquele fantasma que lhe rondara nos últimos dias era real. Era pra valer. Ia começar a batalha contra leucemia e ela ia mostrar definitivamente sua cara feia, com presas e garras afiadas.

Após o tour eles retornaram para o consultório. Dra. Lucent tinha algumas orientações para dar ao paciente antes de amanhã. Ela abriu a pasta com o nome Loki Odinson e tratou de falar:

—Felizmente não há danos no sistema nervoso central. – disse ela e Loki sorriu, era uma grande notícia. –Isso é ótimo, podemos respirar mais aliviados. – completou a médica e aproveitou para explicar sobre as drogas do protocolo quimioterápico que ia aplicar e o tempo de duração do tratamento que era composto de três fases: Indução, Consolidação e Manutenção.

—Na fase de indução o objetivo é chegar à remissão, ou seja, destruir o maior número de células leucêmicas possíveis e recuperar a sua medula óssea. – explicou ela. – a segunda fase é a consolidação, visa garantir a destruição das células leucêmicas residuais após a remissão, a última fase é a manutenção para garantir que a leucemia se mantenha longe. – disse a médica.

—E qual o tempo total do tratamento? – Loki perguntou.

—Todo o tratamento gira em torno de 2 anos. – respondeu Dra. Lucent e seguiu. –Assim que atingir a remissão ao fim da primeira fase seu sistema imunológico vai estar muito debilitado, seria o momento ideal para o transplante de células tronco.

Nesse ponto Loki sentiu-se tenso. Laufey não tinha outros filhos, conseguintemente ele não tinha irmãos que pudessem ser compatíveis.

—Vou precisar de seus parentes para fazer o teste de compatibilidade, você tem irmãos? Primos nos Estados Unidos? Será preciso que todos venham fazer o teste. – ela falou.

—Não tenho ninguém. Somente um pai aqui na Dinamarca, por isso eu vim pra cá, na esperança que ele pudesse me ajudar. – Loki se viu falando e soou muito estranho, era a primeira vez que ele realmente considerava Laufey como seu pai. E isso foi bom.

—Bem, vamos testar seu pai, então. E eu vou te colocar no banco de medula, de qualquer forma. – disse Lucent.

A doutora seguiu explicando que o primeiro ciclo de amanhã seria dividido em três etapas. Primeiro eles iam induzir alguns fármacos para preparar o corpo de Loki para a quimioterapia e amenizar os sintomas colaterais como náuseas, diarréias, vômitos, etc.

A segunda etapa seria o protocolo propriamente dito, as drogas quimioterápicas, e depois uma sessão de fluídos para hidratação. Ela aproveitou para passar o pós-quimioterápico, que eram os cuidados que ele deveria tomar: como ingerir bastante líquido, evitar alimentos gordurosos, manter-se em repouso, etc.

—Aqui estão todas as informações do tratamento. – disse ela entregando uma pasta a Loki.

—Dinamarquês... – ele constatou desapontado.

—Dinamarquês, mas você pode vir a mim se tiver quaisquer dúvidas. – disse Dra. Lucent. –Esses são os formulários de praxe, termo de responsabilidade, formulários de contatos pessoais, essas coisas... Geralmente são entregues na recepção, mas acho que podemos adiantar muita coisa e aproveitar que eu falo o seu idioma. – ela falou organizando os muitos formulários sobre a mesa. –E aqui estão descritos os procedimentos do pós-quimioterápico, esses eu tomei o cuidado de traduzir para o inglês porque você precisará segui-los a risca. – aconselhou Dra. Lucent.

Devidamente informado Loki deixou o consultório da médica. Mas ele estava um tanto quanto desorientado e acabou por dar voltas e voltas naquele lugar imenso, achando que já havia passado pelo mesmo corredor mais de uma vez. Quando já se aborrecia com aqueles labirintos ele chegou a uma ala na qual nunca havia estado antes. O local era rico em cores e as paredes eram repletas de motivos infantis, então ele notou que se tratava da ala dedicada às crianças, havia lido na internet que alguns hospitais estavam inovando e fazendo o tratamento do câncer infantil ser para as crianças uma grande brincadeira. Irônico, ele pensou. Nunca levaria algo tão sério na brincadeira.

Movido por curiosidade ele abriu lentamente as portas entrando na sala. Havia uma placa em dinamarquês, mas legendada em inglês informando que aquela era a Quimioteca. O lugar mais lembrava uma grande loja de brinquedos. Havia algumas crianças nesse horário, mas uma em especial lhe chamou a atenção. Loki tinha uma ótima memória fotográfica, e quem ele via sentada numa das poltronas era a garotinha sorridente que passeava com os pais em frente a sua casa no outro dia. Nesse momento ela pareceu perceber que ele estava lá e abriu um imenso sorriso.

Loki, que nunca fora atraído por bebês ou crianças, sentiu-se puxado para perto daquela menina. Ela estava tão mortalmente pálida e os lábios pequeninos ressecados. Ele não soube o motivo, mas abaixou em frente à cadeira dela, como seu coração pesado pelo sofrimento dela.

—Você também ta dodói? – a criança perguntou estudando o homem alto a sua frente.

—Estou... – disse ele meio sem saber o que dizer. Não era bom com crianças.

—Você vai sarar. – respondeu ela. –A minha mamãe diz que um beijo pode sarar tudo, por isso ela me beija toda hora quando fico doente. Sua mamãe não beija você? Cadê ela? – a menina pareceu procurar a figura da mãe do rapaz, mas não havia ninguém com ele.

—Minha mãe não está aqui, mas ela costumava me beijar quando eu ficava doente. – ele falou.

A garotinha pareceu pensar por um momento e espontaneamente, como todas as crianças agem, ela se projetou para frente, e delicadamente beijou a bochecha de Loki.

—Eu não sou sua mamãe, mas você é bonito. Então posso ser sua namorada? – ela sorriu sem de fato entender as implicações daquele pedido tão infantil.

—Querida, o rapaz já deve ter namorada. – a mãe veio acudir Loki que por essas alturas estava sem graça. Ele realmente não sabia lidar com as crianças. Umas eram fechadas, outras pirracentas, e outras eram como essa garotinha, tão alegres e falantes que ele mesmo não sabia o que dizer.

—Eu não tenho namorada. – ele sorriu.

—Então estamos namorando. Posso casar com o moço bonito, mamãe!? – ela perguntou.

—Querida... Teremos que ver. – a mãe apenas olhou para Loki com um olhar de desculpas.

—Combinado! Mas você terá que comer todos os legumes e tomar os remédios corretamente. Você precisa sarar para que possamos namorar e nos casar um dia. – disse Loki, nem sabendo por que embarcou com uma criança naquela inocente fantasia. Talvez porque estivesse cansado daquela paranóia de leucemia lhe ameaçando a vida dia após dia, e almejasse uma fuga daquele mundo de medo.

—Você ouviu seu namorado, não querida? Agora vai comer seus legumes quando a mamãe preparar, não vai? – sorriu a mãe.

Quando a enfermeira veio trocar a medicação, a menina estava sonolenta. E Loki aproveitou para seguir seu caminho. A mãe da garotinha caminhou com ele até a saída da ala. –Obrigada por ser tão gentil. Ela está em estado terminal, não há nada mais que possa ser feito. – explicou a ele com pesar.

Loki sentiu um choque percorrer sua espinha quando a mulher lhe disse isso de forma tão conformada. Ele a olhou angustiado. O que havia com aquela mulher? Ele teve vontade de sacolejá-la pelos ombros e gritar que acreditasse que sua filha ia sobreviver, mas a moça continuou. –Ela está lutando com o câncer desde que nasceu. Vencemos algumas etapas, mas ele sempre volta e dessa vez... – ela fez uma pausa dolorosa. – dessa vez há um tumor de grau 4 no cérebro do meu bebê, e é inoperável.

Ele não teve palavras. Por Deus, ele não estava preparado para lidar com a agressividade daquela doença. Mas teria que aprender que simplesmente algumas pessoas não iam conseguir passar pela tormenta. Nem todos iam atravessar aquela batalha com vida. Loki não sabia se ele próprio ia conseguir. De agora em diante, a única certeza que teria em sua vida, era a presença da incerteza.

—Obrigada por dar atenção a ela. – disse a mãe. –O câncer nas crianças é diferente que nos adultos. As crianças possuem o rico dom da inocência. Minha filha não teme o câncer, não como um adulto, porque ela ignora todas as implicações dessa doença. E eu a admiro... – as lágrimas escorreram pelo rosto pálido dela. – admiro porque mesmo sem saber o tamanho do inimigo ela o enfrenta com a dignidade e coragem. – terminou a moça apertando as mãos de Loki. Ambos tremiam. Ambos tinham as mãos geladas. –Obrigada. – sorriu entre as lágrimas.

—Eu... Eu sinto muito. – resmungou Loki, ele mesmo nem soube quando havia chorado, mas seus olhos estavam úmidos. E sua dor, de repente, era pequena demais perto da dor daquela mãe.

—Eu sei! Boa sorte na sua luta! – disse ela para Loki. –E quer um conselho? Não se esqueça de dizer às pessoas que você ama, ao menos uma vez por dia como se importa com elas, pode haver um longo tempo até que vocês voltem a se encontrar. – sorriu a moça.

—Senhora!? – Loki a chamou. –Qual o nome dela?

—É Suzan. – disse a mulher retornando para a Quimioteca.

Ele respirou fundo seguindo o corredor que o levaria para a recepção principal. O caso da pequena Suzan seria apenas um que ele veria na sua luta contra a leucemia. E um dia, todos esses casos juntos, teriam a força de torná-lo um homem melhor.

(*******)

Na manhã da sexta-feira lá estava Loki na sala de quimioterapia do hospital Herlev para 8 horas de infusão. Ele chegou com antecedência, se identificou na recepção, já havia preenchido a papelada no dia anterior com a ajuda da doutora Lucent, então só teve que aguardar. Logo uma enfermeira (falando um inglês aceitável) o levou para a fatídica sala.

Ela lhe passou algumas orientações, muitas das quais a própria Doutora Lucent já havia passado, e acrescentou alguns cuidados ao pós-quimioterápico.

Após todas as orientações ela confirmou a etiqueta da primeira bolsa. –Fique o mais confortável que puder. Esses – ela apontou para a bolsa em suas mãos – são os pré-quimioterápicos, vai amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia. – disse enquanto injetava a agulha na veia da mão esquerda de Loki e encaixava um pequeno tubo (preso com esparadrapo) após, ela encaixou a bolsa de fármacos ao tubo e a prendeu no suporte acima da cadeira estofada, ajeitando o conta-gotas. –Mantenha o braço descansando. Um sinal sonoro vai tocar quando terminar. Fique à vontade e chame se tiver qualquer desconforto. – disse ela se retirando para outros afazeres.

Loki foi deixado sozinho com seus próprios pensamentos. Seriam horas dali por diante. Ele relaxou mais, não havia muito que fazer agora senão esperar. O passo fundamental havia sido dado, a primeira sessão de quimioterapia havia começado e apesar de não parecer tão medonha quanto antes, Loki não se enganava, ele sabia que o pior ainda estaria por vir.

Mas tarde outros pacientes foram chegando para suas próprias sessões. Os olhos verdes de Loki pararam sobre uma senhora à sua direita, ela parecia frágil e cansada, seu rosto indicava que tinha idade. Falava mansinho num dinamarquês suave. Seus olhos serenos eram diferentes dos de Loki, que eram sempre afiados. Ele se pegou imaginando quão duro seria enfrentar aquela doença numa idade tão avançada.

Muitos ali vinham de uma batalha de anos contra o Câncer, lutando por mais um ano, às vezes meses, ou apenas dias, o que importava era sobreviver. Com o câncer ele estava aprendendo que todo minuto era valioso.

Enquanto a enfermeira cuidadosamente acoplava a nova bolsa em sua veia, ele respirou fundo se acomodando mais a maciez da poltrona, seus olhos passaram por cada rosto ali na sala mais uma vez e ele entendeu que podia amadurecer com aquele sofrimento. Ele estava aprendendo com o Câncer coisas como ser paciente e persistente, e aproveitar a vida, um dia de cada vez. Diminuir os planos na proporção que aumentava as ações. E pouco importava planejar, senão conseguia sair do papel. E se permitir mais lhe parecia uma boa ideia agora.

Estava cansado e sua mão, onde a agulha penetrava, ardia insistentemente. Ele fechou os olhos enquanto a bolsa acoplada em sua veia ia esvaziando lentamente. Agora a quimioterapia propriamente dita pingava gota a gota para seu corpo, e quão contraditória poderia ser essa droga? Ao passo que entrava para destruir as células de Loki era também sua melhor chance de sobrevivência.

Quando finalmente a última bolsa de hidratação esvaziou a Dra. Lucente veio verificar o rapaz. Loki aparentemente estava sentindo-se bem, somente cansado e com os músculos rígidos devido a ficar por horas na cadeira.

—Nada de náuseas ou enjôos? Quaisquer dores? – perguntou ela após ter feito todos os procedimentos de praxe.

—Eu me sinto cansado... E um pouco enjoado, mas é só. – respondeu Loki.

—Você vai ficar cansado, é um efeito bem comum na quimioterapia. – ela falou. –Mantenha repouso, beba muito líquido, coma alimentos leves, evite gorduras ou alimentos muito doces, faça de 6 a 5 pequenas refeições, e mesmo se tiver vômitos continue comendo. Leia o pós-quimioterápico. Lá tem todas das dicas, Ok? – Dra. Lucent o olhou.

—Sim, senhora. – disse Loki já bem cansado.

—Esses são meus contatos e os da linha de apoio ao câncer, eles têm pessoas que falam inglês em cada plantão, você vai ligar em caso de quaisquer dúvidas ou mal estar. – disse ela lhe passando os cartões de contato. –Controle a febre nos dois dias seguintes, há um termômetro no kit que te dei ontem, se você tiver algo acima de 38 graus deve vir para o hospital urgentemente. Se quaisquer sintomas, principalmente vômitos durarem mais de 48 horas venha ao hospital. Não fique em casa sozinho, procure um amigo ou parente com quem possa contar.

Após todas as orientações, e já com a noite caindo Loki refez o caminho para seu apartamento. Ele caminhou para o ponto do ônibus. Estava bem frio nesse início de noite. A viagem de volta durou em torno de 45 minutos e Loki acabou dormindo a maior parte do trajeto, quando acordou reconheceu que estava próximo a Valby. A exaustão havia levado a melhor e ele praticamente se arrastou até o apartamento, subir os três lances de escada foi um grande esforço... Ele não se lembrava de ter ficado tão cansado assim antes. Tudo que queria era cair na cama e dormir, no entanto, após trancar a porta, o sofá lhe pareceu bem confortável e ele praticamente apagou ali mesmo.

Ele não sabia quanto tempo havia dormido, mas acordou sentindo um mal estar horrível. Seu corpo estava esgotado e dolorido, e ele sentia-se muito gelado. Grogue, se levantou aos tropeços buscando as luzes, tateando as paredes, tudo parecia girar quando Loki chegou ao banheiro se lançando contra o vazo e vomitou muito duramente, e não parou mais, um jato de vômito atrás do outro, pondo para fora o que tinha comido no dia. No tempo os jatos cessaram, mas ele continuou golfando violentamente expelindo apenas bile.

—Deus! – ele gemeu quando se encostou à parede fria do banheiro, seu corpo tremia incontrolavelmente e ele suave frio. Sem qualquer aviso ele vomitou novamente, seus dedos longos apertaram a louça do vazo com força enquanto ele expelia mais líquido, achava que ia morrer de tanto esforço, e quando já não saía mais nada, a vontade ainda estava lá controlando seu corpo. As lágrimas escorriam livremente por seus olhos enquanto ele engasgava deprimente. Com algum tempo seu estômago foi acalmando, mas a náusea e enjôo continuavam. Bem como a fraqueza, a exaustão e o frio.

Loki estava completamente esgotado, destruído quando se olhou no espelho. Lavou a boca com a água da pia, a garganta estava em chamas e todo o corpo doía como se estivesse preste a se partir em mil pedaços.

Repentinamente tudo veio de novo, o mal estar intenso, era desesperador. E a noite foi passando assim lenta e dolorosa. Os episódios de vômitos voltavam a cada 20 ou 30 minutos e após algumas horas nessa tortura Loki se encolheu ali mesmo no chão do banheiro enrolado no lençol e edredom, tremendo de frio e esgotamento.

A cada vez que os vômitos voltavam, já sem nada para expelir era a bile que saía naquele esforço angustiante, e nessas horas ele chorava e tinha certeza que não ia dar conta daquele sofrimento, era simplesmente demais para ele... Era impossível sobreviver aquilo. Como as pessoas podiam suportar sessões e sessões daquilo? Ele não ia aguentar, por mais que fosse forte, por mais que quisesse viver, simplesmente ele não tinha como...

Era como uma visita ao inferno, o corpo parecia ferver mas a sensação de congelamento o fazia tremer. Arrepios percorriam sua coluna espalhando-se pelo corpo todo, e ele não se lembrava de ter sentido tanto frio em toda vida. “Não é febre! Por favor, Deus! Não deixe ser febre!”— gemia apertando o cobertor contra o corpo, ele sabia o risco quase fatal que a febre significava: infecção, e possivelmente morte.

Pensou em Laufey. Ou em qualquer pessoa que pudesse lhe ajudar nesse momento, mas não tinha como ligar para um homem que acabara de conhecer e lhe expor a uma situação tão medonha. Laufey, apesar de ser seu pai biológico, não tinha quaisquer obrigações consigo, e já era pedir muito a forma simpática como agiu. Mas precisava de alguém, de alguma coisa, precisava de força. Loki se arrastou para a sala buscando o celular, retornando para o banheiro pateticamente, em seu corpo não restara qualquer força, estava destruído e sentia que perdia aos poucos aquela batalha.

Nem era tão religioso, mas nesse momento implorou aos Deuses que lhe emprestasse a força para atravessar aquilo, ele não ia conseguir sozinho. Ninguém conseguia fazer aquilo sozinho. Loki não estava preparado para uma noite como essa. Ele precisava de Frigga ali com ele, só ela podia ajudar.

Seus dedos longos se arrastaram pelo visor do celular tateando até encontrar a foto de Frigga. Precisava tanto ouvir a voz dela. Acessou uma das mensagens que ela deixara lhe dizendo que lhe amava e implorando para voltar para casa.

E ele chorou ouvindo a voz dela. Ali no chão frio, tudo que Loki mais desejava era estar nos braços dela, um desejo que lhe era quase palpável. Ele podia ver seu rosto, ouvir o som de sua voz e sentir o aroma de seu perfume, sua mãe, tão suave e tão forte ao mesmo tempo. –Mãe! – chorou Loki ouvindo a voz de Frigga. Ela sempre estaria lá, de uma forma ou de outra.

“Loki, meu anjo. Eu sinto muito, por tudo. Eu sei que você está confuso e sofrendo e eu daria minha vida para que nada disso estivesse acontecendo com você. Eu imploro, volte para casa E eu prometo que darei um jeito em tudo! Eu amo você, minha vida!”— embalado pela mensagem ele pegou no sono, ali mesmo no chão frio do banheiro.

Mais pra frente haveria noites iguais ou piores. Era somente o início de um longo caminho a percorrer.


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Notas finais do capítulo

Ouch! Como sofro com esse capítulo! Força, Loki, meu anjo! Dias melhores virão! :(

Beijos!